Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Marianna Matos – PLE – 20.2 Aula 4 –Farmacologia Neuroendócrina SNA Simpático: Agonistas dos receptores adrenérgicos Nós vimos que os receptores adrenérgicos são subdivididos em receptores α e β adrenérgicos. Os receptores α1 são ainda subdivididos em α1 e α2. E os receptores β são subdivididos em β1, β2 e β3. (OBS: DC = débito cardíaco/ RVP = resistência vascular periférica/ FC = frequencia cardíaca) PARTE I Essa classe farmacológica é bastante importante porque nós temos antagonistas seletivos. Então, nessa figura nós temos a representação dos receptores α e β adrenérgicos, mais especificamente, os antagonistas, que já estão disponíveis na clínica para uso como bloqueadores desses receptores adrenérgicos. Então, nós podemos ver que nos temos os receptores α : Não seletivos; α1-seletivos (os mais importantes na aula) e α2- seletivos. Com relação aos β, como nós sabemos, no caso dos bloqueadores ou antagonistas, os receptores β1 são os mais importantes. Como se dá na clínica de fato? Nós temos uma primeira geração chamada de não seletivos (como por exemplo, o propranolol); depois veio a segunda geração, os antagonistas β1- seletivos (metoprolol e esmolol); e nós temos ainda os fármacos chamados de terceira geração, que além de serem β1 seletivos, eles são também, vaso dilatadores porque eles possuem uma outra propriedade farmacológica que vai conferir a ação vasodilatadora ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL. Vamos relembrar o conceito de que a PA depende do DC x RVP. Nesse esquema, nós vemos que o sistema cardiovascular tem seu componente venoso, seu componente arteriolar e ainda nós temos a importante participação do Rim. Porque o rim é o órgão que vai filtrar o sódio e definir o volume extracel. E esse volume vi ser responsável por regular o controle do retorno venoso. Nós sempre falamos que, fisiologicamente, se tudo estiver funcionando corretamente, o retorno venoso regula o débito cardíaco. Então, na verdade, esse DC depende: da FC e da força de contração, mas também depende do RV. Quando o RV aumenta, o DC precisa aumentar para bombear todo aquele sangue que está retornando. E da mesma forma, se o RV diminui, o DC pode ser reduzido, afinal, o coração terá menos sangue para bombear. Marianna Matos – PLE – 20.2 E qual é o contexto do SNAutônomo Simpático no controle da PA? Nessa imagem, nós temos a representação da fibra pré ganglionar (tem origem a nível de SNC), e a fibra pós ganglionar (fibra eferente/periférica) que vai liberar a noradrenalina. E a noradrenalina liberada por esse neurônio vai atuar nos receptores adrenérgicos, sejam eles α1 e α2 ou β1. E uma vez que noradrenalina tenha sido liberada, nós teremos vasoconstricção via α1; taquicardia; secreção de renina via receptores B1 e, secundariamente á ativação do sistema Renina Angiotensina Aldosterona, nós teremos a retenção de sódio que vai aumentar a volemia, aumentando o retorno venoso (RV) e aumentando débito cardíaco (DC). Ora, se faz vasoconstricção, aumenta o DC por aumento de FC, de força de contração e de volume, então nós já podemos imaginar que os receptores α e β adrenérgicos são muito importantes dentro do contexto da doença chamada Hipertensão. Bom, a hipertensão arterial é denominada como uma elevação da PA acima dos valores ditos de normotensão que seria de uma PA sistólica (máxima) de até 120mmHg, e uma PA diastólica (mínima) de até 80mmHg. Bom, e porque é importante conhecermos esses limites de pressão arterial? Porque segundo vários dados clínicos, quando a PA começa a aumentar para além desse limite, nós começamos a aumentar o risco de AVC. E aí, qualquer aumento acima desses limites, será denominado como um estágio de pré hipertensão (se for um aumento discreto), ou um estágio de hipertensão estabelecida, e nesse caso, nós temos o estágio 1 (hipertensão leve a moderada) e o estágio 2 (severo). Quanto maior o nível pressólico, maior o nível de ter um AVC. Quais seriam esses tipos de acidentes? Nós temos com a hipertensão há um aumento do risco de infarto agudo do miocárdio, ou seja, de doenças coronarianas e até mesmo infarto; há um risco maior de AVC e um risco maior ao rim. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES BETA ADRENÉRGICOS: EFEITOS BLOQUEIO B1. Nós estudamos que temos o nodo sinoatrial onde temos a célula marcapasso que dá o ritmo dos batimentos cardíacos; nós temos o sistema de condução átrio-ventricular e o Purkinje; e nós temos a musculatura esquelética cardíaca que é o tipo celular envolvido na contração, ou seja, no processo de bombeamento do sangue. Nós temos o momento de sístole quando o coração bombeia sangue que estava contido nas suas câmaras e em seguida temos a diástole que é quando essa musculatura cardíaca relaxa, as câmaras se abrem e o sangue volta a preencher essas câmaras. Cronotropismo, dromotropismo e inotropismo, ou seja, frequencia cardíaca, velocidade de condução e força de contração, todos esses parâmetros são estimulados pela ativação de B1, quer por noradrenalina quer por adrenalina. Então, o bloqueio de receptores B1 no coração, vai promover uma redução da FC, velocidade de condução e força de contração. Marianna Matos – PLE – 20.2 Aqui, nesse gráfico nós temos então no eixo Y a escala em milivolts, de -60 a +10 mV. E no eixo X o potencial de repouso que gira em torno de -70mv. Nós temos um traçado preto e um vermelho. Na ativação do nodo sinoatrial, ela prevê então a geração de um primeiro potencial de ação. (primeira subida em preto) e um segundo potencial de ação que está registrado em vermelho. Entretanto, na vigência de um fármaco bloqueador do receptor B1 adrenérgico, esse próximo potencial de ação cardíaco, ele é atrasado/adiado, então, o intervalo entre cada frequencia cardíaca aumenta. Então isso vai responder pelo efeito bradicardizante dos bloqueadores B1 adrenérgicos ou o mesmo o chamado efeito cronotrópico negativo. Ora, se nós temos uma redução da FC e uma diminuição da força de contração, voltando na fórmula do débito cardíaco, nos já sabemos que haverá uma redução do DC, logo, uma redução da PA. Quando o coração tem sua FC reduzida, a cada minuto o numero dos batimentos diminui, e se diminui a cada minuto, a demanda metabólica desse miocárdio também estará diminuído. E se essa demanda metabólica está diminuída, isso significa dizer que o consumo de oxigênio por esse tecido será menor e isso é um efeito extremamente benéfico pro coração porque diminui muito o risco de quadro isquêmicos. Bom, então esse é o efeito cardíaco do bloqueio B1 adrenérgico e no momento em que houver o bloqueio do receptor B1 na cél justaglomerular, nós teremos a redução da secreção de renina que vai ajudar a evitar que o volume extracel aumente, evitando assim o aumento do RV. Nessa figura nós temos o fluxo sanguíneo coronariano em 2 momentos no coração: sístole e diástole. Se o intervalo entre cada batimento cardíaco aumenta, por unidade de tempo, o coração terá um numero de batimentos menor, diminuindo o consumo de oxigênio. Além disso, se nós pensarmos na sístole, o que vai acontecer com os vasos coronarianos (artéria coronária e seus vasos de ramificação) que são responsáveis por perfundir todo o coração? Se a musculatura contraiu, ela vai obstruir mecânica/fisicamente os vasos sanguíneos. Então durante o momento em que o coração está contraindo (momento da sístole), ele bombeia mas quase não recebe sangue oxigenado. E no momento em que ele relaxa, o fluxo sanguíneo coronariano é reestabelecido, vai ao máximo e a medida em que uma próxima sístole se aproxima, esse fluxo coronariano começa a cair até que ele bastante reduzido novamente. Então na verdade o fluxo coronariano vai em ondas de maior valor de fluxo e valores menores de fluxo. E é no momento de sístole que a gente evita que o coração seja bem perfundido. E por outro lado, é no momento da diástole, quandoo coração está relaxado que ele consegue receber uma melhor perfusão. Então, a redução da frequencia cardíaca é extremamente benéfica porque ela diminuí a FC, diminui a força de contração e diminui a demanda de oxigênio. E diminuindo a demanda de oxigênio, leva a diminuição do risco de infarto e isquemia. Marianna Matos – PLE – 20.2 CLASSIFICAÇÃO: Nós temos algumas gerações, e essas gerações foram divididas e caracterizadas em formas de seletividade, então nós temos fármacos seletivos ou não a B1; nós temos alguns fármacos que é chamada de atividade simpaticomimética intrínseca (ASI) que na verdade são fármacos chamados de agonistas parciais; e nós temos os fármacos de terceira geração, que além de serem B1 seletivos ou não, tem um efeito vasodilatador Como fármaco de primeira geração, nós temos como por exemplo, o Propanolol e um segundo fármaco que usado apenas em formato de colírio, o timolol. Os de segunda geração são B1 seletivos representados inicialmente pelo Metoprolol e com maior destaque para o Atenolol. Ainda dentro dessa primeira e segunda geração, nós podemos ter aqueles fármacos antagonistas plenos/clássicos, ou seja, aqueles que se ligam ao receptor e não promovem nenhuma sinalização, bloqueando a ação do agonista endógeno, ou nós podemos ter fármacos que são agonistas parciais, mas que tem uma eficácia muito pequena, o que significa isso? São fármacos que ao se ligarem ao receptor B1 adrenérgico podem até promover um aumento do AMPc, só que esse aumento da sinalização celular é muito menor se comparado ao da noradrenalina ou o da adrenalina. Então, nesses casos, esses fármacos estão sim fazendo um antagonismo aos agonistas endógenos. E um exemplo é o Pindolol e Acebutolol. Clinicamente, esses fármacos tem uma aplicação muito restrita. E aí vem os fármacos de terceira geração, que estão cada vez mais substituindo os antagonistas não seletivos ou os B1 seletivos, porque? Porque esses fármacos além de atuarem nos receptores B1 do coração, também tem efeito vasodilatador. E nós temos 2 formas de um fármaco pertencer a essa categoria de terceira geração: a primeira forma está representada através do Labetolol, ele tem na sua estrutura 2 centros quirais, e com isso então ele tem 4 esteroisomeros; ele é denominado como fármaco dual , porque além dele bloquear o receptor B-adrenérgico, e aí nesse caso sendo um antagonista B não seletivo, um dos isômeros do labetolol bloqueia o receptor A1 adrenérgico. Ou seja, além de ele exercer um efeito no coração por bloquear B1, o labetolol também tem um efeito vasodilatador por bloquear receptores A1 adrenérgicos, que como estudado, esses receptores são muito encontrados nos vasos sanguíneos controlando, portanto, a resistência vascular periférica. Bom, a segunda forma de um fármaco ser classificado como de terceira geração, será novamente ter o bloqueio B1 e exercer um efeito vasodilatador, mas existem fármacos como o Nebivolol, cujo efeito vasodilatador está relacionado não ao efeito em outro receptor adrenérgico, mas sim por ativar a via do óxido nítrico (NO) endotelial. Então, esses fármacos, por algum motivo atuam na célula endotelial e promovem a liberação do NO endotelial que é vasodilatador. E além disso, eles também bloqueiam os receptores B1 adrenérgico. Se nós pensarmos que além do bloqueio B1, aumenta o NO, será que a intensidade dos dois fenômenos são equiparáveis? Ou seja, ele é um potente antagonista B1 e um potente indutor do NO? Não. Então, o Nebivolol, a sua principal propriedade é ser um antagonista B1 adrenérgico, mas adicionalmente, esse aumento do NO é Marianna Matos – PLE – 20.2 muito favorável, ainda que não seja ainda o maior aumento possível, mas é sim uma produção de NO que agrega valor ao fármaco porque dá a ele alguma ação vasodilatadora. CARACTERÍSTICAS FARMACOCINÉTICAS Visto então esses principais fármacos, nós vamos dar ênfase ao: Propanolol (antagonista não seletivo), Atenolol e metoprolol (antagonista B1 seletivo), Labetolol (terceira geração - antagonista B não seletivo e A1 adrenérgico) e Nebivolol (B1 seletivo e aumenta a disponibilidade de NO endógeno). Uma característica importante dos bloqueadores B-adrenérgicos é a sua lipossolubilidade, porque fármacos mais lipofílicos atravessam melhor a BHE do que fármacos menos lipofílicos. E nesse sentido então, nós temos o propanolol como o mais lipofílico de todos, enquanto nebivolol, labetolol e atenolol tem uma lipossolubilidade menor e o metoprolol tem uma lipossolubilidade moderada. Esses fármacos de alta lipossolubilidade, a exemplo da classe, o Propanolol, eles tem uma grande limitação porque o bloqueio de receptores B-adrenérgicos no SNC pode causar alguns efeitos adversos. E se o fármaco é mais lipofílico, ele vai depender de um metabolismo hepático mais pronunciado de forma a tornar o seu metabólico mais hidrofílico para ser eliminado na urina. No que diz respeito a biodisponibilidade por via oral, ela é variável, mas nós podemos ver que pelo menos pros fármacos mais antigos (do propanolol até o labetolol na tabela) nenhum fármaco tem uma biodisponibilidade absoluta. E o nebivolol sofre, assim como os demais bloqueadores B-adrenérgicos, o efeito de primeira passagem. E esse efeito do nebivolol é muito variável, então nós temos pacientes que não respondem bem a ele porque a biodisponibilidade por via oral é baixa, enquanto outros tem uma ótima resposta terapêutica ao uso do mesmo. Logo, ele precisa ter sua dose titulada começando com a menor dose possível e observando se o efeito anti hipertensivo que o paciente via desenvolver vai ser suficiente para o controle da PA. Do ponto de vista do tempo de ½ vida, todos tem um tempo de ½ vida baixo, mas em geral são usados apenas 1x ao dia. E o nebivolol, uma vez que a sua biodisponibilidade pode variar muito, e essa variação está ligada a capacidade de metabolização da CYPD6 que pode variar muito de paciente para paciente, então é esperado também que o tempo de ½ desse fármaco possa variar. Como comentado, nós temos fármacos mais lipofílicos como o propanolol, menos lipofílico ou mais hidrofílicos como o atenolol. Então, resgatando o conceito de que se o fármaco é mais lipofílico ele precisará desse metabolismo hepático mais pronunciado e isso é importante porque se eu estiver usando o propanolol (que é metabolizado pelo sistema microssomal hepático) e eu fizer alguma interação medicamentosa com outro fármaco que iniba esse sistema microssomal hepático, então o tempo de ½ do propanolol vai aumentar e com isso eu teria um efeito adverso. E outra coisa importante, é que se eu sei que o fármaco depende muito do metabolismo hepático e se esse meu paciente tiver uma insuficiência hepática ou cirrose, seria um fármaco que eu iria evitar, e aí eu daria preferencia a fármacos mais lipofílicos como o atenolol, que não dependem tanto de metabolização para serem eliminados. Por outro lado, se o paciente tiver uma insuficiência renal, esses fármacos mais hidrofílicos (atenolol, nadolol, sotalol, carteolol) que podem ser eliminados na forma inalterada, seriam contra-indicados nesse paciente. Quais são os usos clínicos? O principal uso clínico sempre a chamar atenção, será sempre o tratamento da hipertensão arterial. Tanto da HÁ leve a moderada, quanto da HA mais severa, embora nos casos de hipertensão mais graves será necessário fazer uma associação medicamentosa. O labetolol e o esmolol podem ser usados por via intravenosa no caso da emergência hipertensiva. Como eles, os antagonistas B1 adrenérgicos, diminuem a FC e a velocidade de condução através do sistema de condução; se o paciente tiver uma arritmia associada a uma taquicardia ele poderá ser tratado com esses antagonistas B1 adrenérgicos, é uma condição que chamamos de taquiarritmia. Marianna Matos – PLE – 20.2 Se o paciente tem a chamada Angina; aquele paciente que tem do no peito quando seestressa, ou quando faz atividade física. Essa situação de angina é uma situação que pré dispõe ao infarto agudo do miocárdio, então os bloqueadores B-adrenérgicos são bastante úteis porque diminuem a FC aumentando o tempo em diástole nesse coração, e nesse momento em que há o aumento da diástole, diminui o consumo de O2, aumenta a perfusão cardíaca ou coronariana e com isso então, diminuímos o risco de isquemia. E no caso do Timolol, a indicação clínica dele mais importante é o seu uso em gotas com uma condição clínica que não se relaciona com a PA, e sim com o glaucoma. Porque lá no corpo ciliar que tem o componente glandular responsável pela secreção do humor aquoso; aquela secreção de humor é dada pelo receptor B1 adrenérgico. E com isso então, se eu bloqueio o receptor B1, eu diminuo a produção do humor aquoso. Com isso então, nós já sabemos duas formas de tratar o glaucoma, ou aumentar a drenagem estimulando receptor muscarínico, ou diminuindo a produção do humor aquoso através do bloqueio dos receptores B adrenérgicos. Quais seriam os efeitos adversos? Então, se houver bloqueio B1 muito intenso, nós teremos uma quedada FC muito grande, uma queda da força de contração levando a uma redução do DC muito acentuada, e, portanto, hipotensão arterial. Então, o tratamento de um indivíduo hipertenso é para regular a PA e não para induzir a hipotensão. E a classe de antagonistas B, principalmente a classe não seletiva, ou seja, que bloqueia todos os sub tipos de receptores B-adrenérgicos, está relacionado ao aumento da glicemia e ao aumento do colesterol (principalmente do LDL). Quais são as contra-indicações? Gravidez – ao diminuir o DC, vai diminuir a perfusão placentária, então isso vai diminuir a chegada de sangue oxigenado para o feto. Bradicardia – Se o paciente já tem bradicardia, o uso desses fármacos irá piorar a situação Asma – O receptor b2 adrenérgicos presentes no brônquio é importante para fazer broncodilatação. O paciente asmático de vez em quando tem a crise caracterizada pelo broncoespasmo. E se bloquearmos esse receptor B2 adrenérgico, como é o caso do propanolol, então nós podemos desencadear uma crise asmática simplesmente por bloqueio não seletivo desse receptor Pacientes que tem a doença vascular periférica – essa doença se caracteriza por uma vasoconstricção de extremidades, então esses indivíduos tem uma perfusão sanguínea dificultada nas exterminadas dos dedos, e se nós fizermos o bloqueio de receptor B2 vascular, essa vasoconstricção será ainda maior, levando ao caso de gangrena. Diabetes – Como nós vimos, o bloqueador B-adrenérgico tende ao longo dos anos promover um aumento da glicemia, e além disso, nós estudamos que receptores B2-adrenergicos hepáticos são importantes para estimular a glicogenólise (em resposta a adrenalina) e com isso aumentar a glicemia. O paciente diabético usa insulina como hipoglicemiante, ou algum medicamento oral, mas que tem o mesmo efeito. E o que acontece com o paciente se ele errar a dose de insulina e ele se autoadministrar uma dose maior? Ele entraria em um quadro hipoglicêmico, e num quadro assim, o mecanismo de defesa que o organismo tem para tentar se reestabelecer na glicemia é estimular a secreção de adrenalina pela adrenal, que vai até o fígado, estimula B2 e o receptor ativado, vai promover a glicogenólise hepática. Se esse receptor B no fígado estiver bloqueado, essa adrenalina não consegue induzir a glicogenólise hepática então esse mecanismo importante para a recuperação da glicemia, fica comprometido. Depressão – O propanolol, que é o fármaco mais lipofílico, é contra indicado e para pacientes que tenha um distúrbio do metabolismo de colesterol (Hiperlipidemia). No caso da hiperlipidemia, se o uso do bloqueador B for mandatório, então, nós podemos associar com uma classe farmacológica, as estatinas, que vão normalizar esses níveis de colesterol. Marianna Matos – PLE – 20.2 Quais são as interações medicamentosas? Essa classe dos antagonistas β-adrenérgicos como comentado, alguns fármacos precisam de uma metabolização hepática pelo sistema microssomal hepático para se tornarem mais hidrofílicos e serem eliminados. Então nós temos uma característica farmacocinética importante e que é passível de sofrer interação medicamentosa. Se nós usarmos o propanolol, por exemplo, associado com a cimetidina ou omeprazol (fármacos usados para tratar gastrite ou úlcera), o tempo de meia vida do propanolol vai aumentar, e por outro lado, se usarmos o propanolol associado ao fenobarbital (anticonvulsivante e que tem a capacidade de induzir a atividade dessas enzimas do metabolismo hepático), faz o tempo de ½ vida do propanolol diminui. Isso é importante ressaltar porque o paciente hipertenso faz a medicação anti-hipertensiva de forma contínua, e vez ou outra, algum fármaco pode entrar no tratamento desse indivíduo por uma doença que ele tenha pontualmente, por exemplo, gastrite. E esse novo fármaco introduzido no tratamento, pode vir a causar uma interação medicamentosa e interferir na eficácia e segurança do tratamento. Na relação de medicamentos essenciais nós temos alguns desses antagonistas: Atenolol e metoprolol (antagonistas B1 seletivos); propanolol (não seletivo) e um terceiro fármaco que é da terceira geração, carvedilol (antagonista A e B adrenérgico) PARTE II RECEPTORES A ADRENÉRGICOS: Nós precisamos relembrar que os receptores A são divididos em a1 e a2 adrenérgicos. Embora a gente tenha um fármaco antagonista a2, a Ioimbina, esse fármaco tem uso clínico considerado obsoleto. Por outro lado, os receptores A1 adrenérgicos tem uma grande relevância no controle da pressão arterial e no controle de uma doença chamada hiperplasia prostática benigna, então são fármacos que tem uma relevância do ponto de vista de aplicabilidade de prescrição de antagonista mais pronunciando. E relembrando que os receptores A1 são subdivididos em: A1A, A1B, A1D. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES A ADRENÉRGICOS Considerando receptores α1 e β1, o que nós sabemos sobre a farmacologia desses receptores? Ambos são ativados pela nora que por sua vez é liberada pela fibra pós ganglionar simpática. E essa nora, além de ativar a1 e b1 pós sináptico, ela pode também ativar a2 inibitório (pré sináptico) que faz um feedback negativo. Lembrem que esse α2 é aquele receptor acoplado a ptn Gi, que além de inibir adenilato ciclase, também hiperpolariza a membrana, e com isso, esse é o mecanismo importante para o freio na liberação de noradrenalina. E como ficaria essa sinalização se agora nós utilizarmos um antagonista A adrenérgico não seletivo? Nós teríamos o bloqueio α1, mas também o α2, e no momento em que produzíssemos esse bloquei α 2 pré sináptico, aquele freio que a noradrenalina fazia na sua própria liberação estaria diminuído e assim haveria um aumento na liberação de noradrenalina e uma hiperatividade dos receptores B1 adrenérgicos nos tecidos alvos, que seria o coração (aumento da FC e da força de contração) e na cél justaglomerular (aumentando a secreção de renina, ativando o SRAA o que levaria a retenção de líquidos e sódio). Um fármaco para exemplificar um antagonista A não seletivo, temos a Fenoxibenzamina, que também é considerado um fármaco obsoleto. Bom, além disso, nós temos outra possibilidade de bloqueio farmacológico que seria o bloqueio do receptor A1 apenas, através dos chamados fármacos antagonistas α1 adrenérgicos seletivos, esses fármacos são usados Marianna Matos – PLE – 20.2 clinicamente porque eles promovem um bloqueio A1 desejado para o controle da hipertensão, por exemplo, mas eles não interferem na auto regulação da liberação de noradrenalina. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES A1 ADRENÉRGICOS: COMPETITIVOS REVERSÍVEIS. Os antagonistas dos receptores A1 adrenérgicos tem como característica serem fármacos com ação competitiva e reversível. E aí a principal classe química de antagonistasA1 adrenérgicos presentes na clínica seria a classe das quinazolinas, representada pela prazosina e pela terazosina. Ambos os dois fármacos são antagonistas A1 seletivos, entretanto esses dois fármacos não discriminam os subtipos de alfa. Então, eles bloqueiam o A1 e a sua principal atividade farmacológica é o efeito vasodilatador e anti-hipertensivo. Lembrando que nós temos 3 subtipos de A1 que são igualmente bloqueado por ambos os fármacos. E aí qual seria a consequência farmacológica da ação desses dois fármacos? Nós temos, devido ao bloqueio A1 adrenérgico nós temos vasodilatação arterial, então com uma redução da RVP, e uma vasodilatação venosa, que vai aumentar o calibre dos vasos de capacitância e diminuir por unidade de tempo o volume de sangue que chega do coração, e com isso então nós dizemos que tem um efeito de redução da pré-carga. Se eu diminuo RVP, eu tenho efeito anti-hipertensivo; se eu diminuo a pré carga é porque eu estou reduzindo o RV, se o RV reduz, eu também reduzo o DC e com isso também, eu tenho o efeito anti-hipertensivo. Nós temos que além do efeito principal que é o de vasodilatação arterial e venosa, que contribui para o efeito vasodilatador, esses fármacos ainda ajudam ao paciente hipertenso porque diminui o LDL e aumenta o HDL. Essas lipoptns são muito importantes para o sistema cardiovascular, porque a formação de placa de ateroma propicia um maior risco de infarto. Então qualquer fármaco que venha a ajudar a produção de LDL, que é a lipoptn de baixa densidade envolvida nessa placa e obstrução vascular, vai ajudar no controle geral da hipertensão desse paciente. A vantagem da prazosina e terazosina: Elas causam o efeito vasodilatador e em particular, a redução da RVP; eles não alteram a glicemia e não aumentam o LDL. E além disso podem ainda aumentar o HDL. Esses efeitos farmacológicos são uteis em pacientes hipertenso e principalmente em paciente hipertenso com síndrome metabólica, (paciente que tem uma disfunção na glicemia, tendo hiperglicemia, e na maioria das vezes é diabéticos, e também tem uma dislipidemia. Então ele tem glicemia alto e colesterol alto); E esses fármacos serão uteis em pacientes hipertensos com a chamada HPB. A grande desvantagem: eles causam retenção hídrica. E isso significa que, pela sua ação vasodilatadora, quando a sua RVP cai, e que cai a PA, o organismo tenta disparar mecanismos compensatórios. E entre eles está a retenção de sódio e água, então aumentando a volemia, causando um edema no paciente que vai necessitar de associação com fármacos diuréticos. A prazosina em particular tem um efeito de primeira passagem bastante intenso, só para ilustrar, tem uma redução de cerca de 50% na biodisponibilidade do fármaco, mas isso não inviabiliza o seu uso clínico. ANTAGONOSTA DOS RECEPTORES A1A ADRENÉRGICOS: COMPETITIVO, REVERSÍVEL: Nós temos 3 subtipos de receptores α1: α1A, α1B e α1D. Nos vasos sanguíneos nós temos os 3 subtipos de receptores, porém, em alguns vasos, pontualmente o α1B pode ser mais importante. Por outro lado, nos últimos anos, nós tivemos o desenvolvimento de fármacos com afinidade maior para o subtipo α1A adrenérgico, como por exemplo a Tamsulosina. Ou fármacos que quando administrados tenha a capacidade de se concentrar mais no tecido prostático como é o caso da Alfuzosina . Exemplo de 3 fármacos que tem aplicação terapêutica muito distinta da prazosina (sua principal indicação clínica era anti-hipertensivo), então Tamsulosina, Alfuzosina e silodosina não podem ser prescritas como Marianna Matos – PLE – 20.2 anti-hipertensivos porque elas não bloqueiam receptores no sistema cardiovascular como um todo, então eles não reduzem a RVP. Esses 3 fármacos vão atuar mais em receptores α1A adrenérgico, então seria numa condição clínica, que o receptor α1A seja o subtipo de receptor que está envolvido na complicação. Hiperplasia prostática benigna: A HPB vai ocorre em homens acima dos 40 anos; em muitos casos ela é totalmente assintomática, porém em alguns paciente essa hiperplasia é muito severa, e com isso obstrui a passagem da uretra causando no paciente, quadro de retenção urinária. Essa proliferação da próstata é mediada por receptores α1 e além disso, a contração prostática é dependente de receptores α1 adrenérgicos. Então isso significa dizer que se a próstata estiver hiperplásica, mas ela não contrai, ela não vai causar obstrução urinaria. Entretanto, na maioria dos casos, além de ela aumentar o tamanho, ela contrai, e nesse momento da contração maior então ocorre a obstrução da uretra prostática impedindo o esvaziamento. Então, os antagonistas α1 eles não vão impedir o aumento da próstata, entretanto, eles vão relaxar toda a musculatura lisa da próstata e uretra facilitando o esvaziamento. Tem alguns pacientes que podem ficar totalmente controlados apenas com esse bloqueio A1. Em outros casos não, aí o paciente precisará de um procedimento cirúrgico para desobstrução. Quais os usos clínicos? Os antagonistas α1 adrenérgicos, no caso da prazosina e terazosina que bloqueiam os 3 subtipos de receptores (α1A, α1B e α1D), eles são usados no tratamento clinico da hipertensão arterial. E no caso da Tamsulosina, Alfuzosina e silodosina, que atuam mais a nível de próstata bloqueando os receptores A1, eles terão uso exclusivo para o controle do sintoma da hiperplasia prostática benigna, ou seja, para evitar a retenção urinária. Quais são os efeitos adversos? Ao bloquear receptores A1, nós teremos uma vasodilatação generalizada, tanto do lado arterial quanto venoso. Então, isso pode causar a hipotensão postural (indivíduo deitado ou sentado se levanta abruptamente, porque quando nós ficamos de pé, as veias precisam contrair para manter o fluxo sanguíneo em direção ao coração, e ele bombear esse sangue para o cérebro. Se essas veias estão dilatadas, então o RV está diminuído e essa diminuição faz com que, quando o paciente se levanta abruptamente, faz com que temporariamente o fluxo sanguíneo para o cérebro diminua. E é isso que dá sensação de desmaio. Para evitar isso, o paciente precisa ser orientado para que toda vez que ele passe muito tempo deitado ou sentado, que ele fique um pouco na posição sentada e que depois ele levanta; e evitar fazer o movimento de abaixar para pegar alguma coisa. Pode ter taquicardia (reflexa), porque como falado, eles atuam diminuindo a RVP e com isso então, se a PA começa a cair, que é o objetivo terapêutico, mas essa queda de PA que o fármaco está induzindo, os barorreceptores podem estar entendendo essa queda como uma queda problemática e desencadear um mecanismo reflexo. E dentro desse mecanismo tem aumento de noradrenalina, que vai ativar B1 e causar taquicardia reflexa. Pode haver o edema periférico – essa vasodilatação generalizada, quando ocorre a nível de SNC, isso pode causar uma cefaleia pulsátil e também o bloqueio de receptores adrenérgicos no SNC pode dar um pouco de sedação. PARTE III FARMACOS SIMPATOLÍTICOS: INIBEM LIBERAÇÃO DAS CATECOLAMINAS Esses fármacos simpatolíticos são fármacos que inibem a liberação das catecolaminas endógenas, então eles não vão atuar nos órgãos alvos, eles vão atuar a nível pré-sináptico. Marianna Matos – PLE – 20.2 Então nós temos o esquema, relembrando, houve a formação da dopamina que foi vesiculada, e é dentro da vesícula que ela vai ser transformada em noradrenalina para sofrer exocitose. A Reserpina é um fármaco que foi bastante usado como anti-hipertensivo, hoje em dia ele é considerado um fármaco obsoleto, porque? O mecanismo de ação dele é inibir esse sistema de vesiculação e com isso impedindo que a dopamina entre na vesícula, e se a dopamina não entra na vesícula, ela não é transformada em noradrenalina; logo, no momento da exocitose a vesícula não tem teor de noradrenalina, pois ela está tão diminuída, que a sinalização dos receptores pós sinápticos vai estar comprometida. Entãoa Reserpina vai ter um efeito vasodilatador e vai diminuir o DC. O seu uso é considerado obsoleto porque ela pode causar um efeito adverso grave que é a depressão. Porque a Reserpina atravessa muito bem a BHE e ela vai inibir a liberação de noradrenalina a nível de SNC então, toda sinalização que a noradrenalina faria no SNC também estará comprometida. E com isso ela pré dispõe o paciente ao quadro de depressão. Existe outro fármaco que também tem ação inibitória sobre a liberação de noradrenalina que é a Clonidina. A clonidina pertence a família de fármacos chamados imidazolínico, porque ela apresenta o grupamento imidazol. A clonidina é um agonista de receptores A2 adrenérgicos e nesse neurônio simpático a ativação de receptores A2 adrenérgicos pré sinápticos inibem a liberação de noradrenalina. Então a clonidina também tem uma ação simpatolítica periférica. E, além disso, ela atravessa a BHE e também tem ações ao nível de SNC que vão culminar com a redução da sinalização noradrenérgica. E com isso então a clonidina exerce um efeito vasodilatador e também diminui o DC por diminuir a FC e a força de contração. Ela tem um efeito central e periférico e ambos convergem para a redução da sinalização de noradrenalina. Ela também é usada como anti-hipertensivo e ela é um fármaco que é reservado a pacientes que são refratados a outros fármacos anti-hipertensivos. Ainda olhando para o receptor pré sináptico, nós temos um outro fármaco chamado alfa metil dopa. Esse fármaco tem a capacidade de entrar no neurônio simpático e também é substrato para as enzimas da via de síntese de noradrenalina. Então a metildopa vai competir pela dopa e ela (metildopa) vai ser convertida em A- metildopamina e posteriormente em a-metilnoradrenalina. Então esse neurônio que liberaria a noradrenalina, terá na vesícula cheia de A-metilnoradrenalina; e no momento da exocitose, esse metabólito gerado através da metildopa será liberado e esse metabólito é um agonista desse receptor A2. Então, clonidina e o metabólito da alfa metildopa tem exatamente o mesmo efeito no neurônio: Inibe a liberação de noradrenalina na fenda. Qual seria a característica de ação desses fármacos (clonidina e α-metildopa)? Ambos os fármacos diminuem a liberação de noradrenalina e como consequência reduzem a RVP e a FC, logo diminui o DC e, portanto, reduz a PA. No entanto a α-metildopa tem a capacidade de atravessar a BHE, então assim como a clonidina, ela tem efeito periférico nos neurônios simpáticos. E também a nível de SNC diminuindo a ativação daquela fibra simpática que liberaria a noradrenalina. A α-metildopa tem um uso muito restrito, então, o seu uso clínico é anti-hipertensivo, mas não necessariamente naquele paciente que é refratário aos outros anti-hipertensivos, como foi o caso da clonidina. A α-metildopa é usada principalmente na gestante que tem associado um quadro de hipertensão arterial. Então, a paciente era hipertensa e ficou grávida e aí tem que mudar a medicação porque nos temos que ter um fármaco que não tem efeito teratogênico e que não comprometa a perfusão placentária. Marianna Matos – PLE – 20.2 E aí nesse caso, a α-metildopa pode ser o fármaco de escolha para o controle da pressão arterial durante a gestação em paciente que apresente a hipertensão arterial ou um quadro chamado de pré-eclâmpsia, que é uma elevação da PA que ocorre somente na gravidez. Os efeitos adversos mais comuns da α-metildopa são: Sedação Cefaleia - vasodilatação cerebral Hipotensão postural ou ortostática – porque faz venodilatação e diminui o RV Bradicardia – redução da FC muito exacerbada Boca seca – a α-metildopa assim como a clonidina também fazem esse efeito porque elas vão inibir a secreção salivar. Quais as contraindicações da α-metildopa? Ela não pode ser indicada para pacientes com doença hepática e não pode ser indicada com fármacos inibidores da MAO, porque a MAO vai degradar parte do fármaco. Se eu inibir a MAO, toda dose do fármaco que for administrada ao paciente será convertida no metabólito ativo e com isso eu posso causar uma hipotensão severa no paciente. Nós já estudamos uma classe que atua diminuindo o DC : antagonistas B adrenérgicos Uma classe que diminui a RVP : vasodilatadores Fármacos que tem uma ação central e periférica diminuindo a liberação de noradrenalina no coração e nos vasos e com isso também tendo uma ação anti-hipertensiva.
Compartilhar