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A importancia da arquitetura sustentavel nos paises de clima tropical - Mário Gourgel

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Prévia do material em texto

A importância da arquitetura sustentável nos países 
de clima tropical 
Análise de casos na cidade de Luanda 
 
 
 
 
Mário Alcino Pio Gourgel 
 
 
 
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em 
Arquitetura 
 
 
 
 
 
Júri 
 
Presidente: Profª Doutora Ana Cristina dos Santos Tostões 
 
Orientador: Profº Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro 
 
Vogal: Profº Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes 
 
 
 
Fevereiro de 2012 
 
 
i 
 
Agradecimentos 
 
 
Em primeiro lugar estou grato à Deus por ter tornado possível a realização deste trabalho. 
Os meus agradecimentos são dirigidos, especialmente, ao professor Manuel Pinheiro, pelo 
apoio e disponibilidade demonstrados na orientação da Dissertação, cuja referência e competência 
profissional aqui realço e reconheço desde que tive o prazer de o conhecer no curso de arquitetura do 
Instituto Superior Técnico. 
Ao professor Manuel Correia Guedes pelo apoio e conversas havidas, de incentivo ao desen-
volvimento deste trabalho e pelo material disponibilizado. 
À arquiteta Filomena do Espírito Santo, pelo tempo concedido em conversa, apoio e motiva-
ção no desenvolvimento do trabalho, e material disponibilizado. 
Aos meus pais, com amor, pela educação transmitida, sem a qual não seria o que hoje sou, e 
por toda a paciência e auxílio nas várias etapas da vida. 
À minha companheira, pelo apoio moral e compreensão demonstrados nos momentos difíceis 
e exigentes do trabalho, o meu profundo amor e carinho. 
Aos meus amigos, por acreditarem em mim, aos quais agradeço, pois que, sem eles a moti-
vação para os projetos pessoais não teria a mesma expressão. 
Não posso deixar de evidenciar os meus tutores, conhecidos e “desconhecidos”, que continu-
amente me motivam a seguir o caminho da sabedoria para o alcance de metas, na realização de 
projetos pessoais e profissionais, que têm como principal alvo o benefício da humanidade. 
 
 
ii 
 
Resumo 
 
 
As questões relacionadas com o ambiente natural têm merecido, nos dias de hoje, a atenção 
dos órgãos decisores de vários países e das organizações mundiais. 
A construção tem provocado grandes impactes e pressão sobre o ambiente natural. Assim, a 
arquitetura sustentável e os seus princípios poderá garantir um bom desempenho ambiental e socio-
económico, com ênfase nos países de clima tropical, pretende-se com o presente trabalho realçar a 
importância da arquitetura sustentável, e dos seus princípios, na diminuição dos impactes ambientais, 
com particular destaque para os países de clima tropical, analisando o caso da cidade de Luanda. 
Para compreensão da matéria exposta, estabeleceu-se um enquadramento conceptual no 
qual foram sistematizados os conceitos relacionados com o tema nomeadamente, o de desenvolvi-
mento sustentável, arquitetura sustentável, arquitetura tropical, entre outros, que serviram de base de 
análise ao objeto de estudo. 
De modo a obter-se uma compreensão prática apresenta-se, no final, um estudo de caso no 
qual são analisadas duas tipologias habitacionais edificadas em Luanda – um apartamento e uma 
moradia –, onde se pretendeu perceber, diagnosticar e avaliar com o sistema LiderA1 os seus de-
sempenhos ambientais de acordo com indicadores e critérios deste sistema. 
O resultado desta avaliação permitiu que se propusessem medidas para melhoria de desem-
penho da situação existente para cada caso. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura sustentável, Luanda, Angola, Avaliação da sustentabilidade 
Construção sustentável, 
 
 
1 Sistema voluntário para avaliação da construção sustentável (www.lidera.info) 
 
iii 
 
Abstract 
 
 
Actual environmental aspects due to its increase importance in built environment have de-
served, nowadays, the attention of decision makers from various countries and organizations world-
wide. 
Urban construction has been increasing impact and pressure on natural environment. So, sus-
tainable architecture and its principles could help to assure good environmental performance and so-
cioeconomic service, emphasizing tropical climate countries. 
For sustainable architecture comprehension, a conceptual framework has been reviewed in 
which concepts were systematically related to sustainable development and tropical architecture. 
In order to obtain a practical understanding it is presented a case study, in last chapter, in 
which two built housing types in Luanda city - an apartment and a house – has been evaluated by 
LiderA2 system. 
The result of this evaluation made it possible to propose measures to improve the sustainable 
performance of the existing situation for each case. 
 
 
Keywords: Sustainable architecture, Luanda, Angola, Sustainability assessment, 
Sustainable construction. 
 
 
2 Voluntary system for assessment of sustainable construction (www.lidera.info) 
 
iv 
Índice 
Agradecimentos ..................................................................................................................................... i 
Resumo.................................................................................................................................................... i 
Abstract ................................................................................................................................................. iii 
Índice de Figuras .................................................................................................................................. vi 
Indice de Quadros ............................................................................................................................... vii 
1.  Introdução ................................................................................................................................. 1 
1.1.  Enquadramento ...................................................................................................................... 1 
1.2.  Tema e Motivações ................................................................................................................ 4 
1.3.  Objetivos ................................................................................................................................ 5 
1.4.  Abordagem e Metodologia ..................................................................................................... 6 
1.5.  Estrutura e limitações do trabalho ......................................................................................... 6 
2.  O clima, o homem e o ambiente construído .......................................................................... 8 
2.1.  O clima mundial - caracterização das diferentes zonas climáticas ....................................... 8 
2.2.  Clima Tropical – tipos e caraterísticas ................................................................................. 10 
2.2.1.  Variáveis climáticas ..................................................................................................... 11 
2.3.  O conforto térmico humano, a envolvente natural e o ambiente construído ....................... 12 
2.4.  O consumo de energia ......................................................................................................... 13 
2.5.  Outros impactes e custos do ambiente construído .............................................................. 21 
2.5.1.  Impactes do ambiente construído ............................................................................... 21 
2.5.2.  Custo do ciclo de vida e dos impactes ambientais da construção .............................. 22 
3.  Arquitetura sustentável e arquitetura tropical .................................................................... 24 
3.1. Enquadramento histórico, origem e conceito de arquitetura sustentável ............................ 24 
3.2.  Princípios da arquitetura sustentável e instrumentosde apoio ao projeto sustentável ....... 27 
3.2.1.  Princípios de arquitetura sustentável .......................................................................... 27 
3.2.2.  Instrumentos de apoio ao projeto sustentável ............................................................ 29 
3.3.  A Arquitetura tropical ............................................................................................................ 32 
3.3.1.  Origem do conceito ..................................................................................................... 32 
3.4.  Arquitetura tropical e sustentável – relação e aspetos a considerar na conceção de projetos 
sustentáveis. ..................................................................................................................................... 36 
4.  Medir e suportar a procura da sustentabilidade ................................................................. 41 
4.1.  Indicadores de sustentabilidade .......................................................................................... 41 
4.1.1.  Pegada ecológica ........................................................................................................ 42 
4.1.2.  Pegada de carbono ..................................................................................................... 43 
4.2.  Avaliação do ciclo de Vida ................................................................................................... 44 
4.3.  Sistemas de avaliação e certificação da construção sustentável ........................................ 46 
4.4. LiderA – Sistema Voluntário de Avaliação da Construção Sustentável .............................. 49 
4.4.1.  Princípios globais ........................................................................................................ 49 
4.4.2.  Vertentes e áreas ........................................................................................................ 50 
4.4.3.  Critérios e níveis de desempenho ............................................................................... 50 
4.4.4.  Ponderação ................................................................................................................. 52 
4.4.5.  Aplicação do Sistema Lidera ....................................................................................... 52 
 
v 
4.4.6.  Certificação pelo sistema LiderA ................................................................................. 54 
5.  Estudo de caso – Análise de casos na cidade de Luanda. ................................................ 56 
5.1.  Enquadramento - A República de Angola e a cidade de Luanda ........................................ 56 
5.2.  O Clima em Angola – Principais caraterísticas e as diferentes zonas climáticas. .............. 57 
5.3.  A cidade de Luanda – enquadramento, clima e estrutura urbana ....................................... 58 
5.4.  Caraterísticas da arquitetura e da construção em Luanda – do passado ao presente (uma 
abordagem crítica) ............................................................................................................................ 59 
5.5.  Os casos de estudo – Aplicação do LiderA África às duas unidades habitacionais em 
Luanda. ............................................................................................................................................. 67 
5.5.1.  Enquadramento ........................................................................................................... 67 
O Projeto NOVA VIDA .................................................................................................................. 67 
Moradia Unifamiliar ....................................................................................................................... 77 
6. Discussão dos resultados .............................................................................................................. 83 
7. Conclusão ........................................................................................................................................ 85 
Bibliografia ........................................................................................................................................... 87 
Anexos .................................................................................................................................................. 90 
 
 
 
vi 
Índice de Figuras 
 
Figura 1 – Movimento elítico da terra à volta do sol e as estações anuais ............................................ 1 
Figura 2 – Clima e diferentes zonas climáticas ....................................................................................... 9 
Figura 3 – Temperaturas (Clima tropical) .............................................................................................. 10 
Figura 4 – Orientação otimizada para a cidade de Luanda .................................................................. 11 
Figura 5 – Diagrama do regime anual de ventos em Luanda mostrando a frequência dos ventos 
dominantes ............................................................................................................................................ 11 
Figura 6 – Gráfico bioclimático com as diferentes zonas ...................................................................... 13 
Figura 7 – O efeito da ilha de calor urbano sobre uma área urbana e rural ......................................... 14 
Figura 8 – Variação temporal típica Urbana e Rural. (8 a) Temperatura do ar, (8 b) Taxas de 
arrefecimento/aquecimento e (8 c) A intensidade da ilha de calor urbano resultante sob condições 
atmosféricas .......................................................................................................................................... 15 
Figura 9 – A diferença máxima entre a temperatura Urbana e Rural para as cidades Norte 
Americanas e Europeias ....................................................................................................................... 17 
Figura 10 - O processo de aumento do consumo de energia ............................................................... 19 
Figura 11 – Relógio solar horizontal (10a); Diagrama retangular (10b) ................................................ 30 
Figura 12 – Diagrama radial .................................................................................................................. 30 
Figura 13 – Diagrama psicrométrico ..................................................................................................... 31 
Figura 14 – (a) O “banggolo”; (b) O bungalow adaptado pelos Europeus ............................................ 33 
Figura 15 – Ilustração de uma incorreta implantação face a exposição solar e as chuvas (acima) e de 
correta implantação (em baixo) ............................................................................................................. 38 
Figura 16 – Orientação correta, considerando o regime de ventos ...................................................... 39 
Figura 17 – Orientação dos edifícios [em planta] e a influência dos ventos. ........................................ 39 
Figura 18 – A proteção solar ................................................................................................................. 40 
Figura 19 – A presença de elementos arbóreos e a sua importância quer na proteção solar, quer na 
ventilação............................................................................................................................................... 41 
Figura 20 – Esquema de vertentes e áreas do Sistema LiderA............................................................ 49 
Figura 21 – Classes de desempenho ambiental ................................................................................... 51 
Figura 22 – Ponderação por vertentes na versão 2.0 ........................................................................... 52 
Figura23 – Certificado Lidera ............................................................................................................... 55 
Figura 24 – Mapa administrativo de Angola .......................................................................................... 56 
Figura 25 – Ocupação informal: bairro suburbano ................................................................................ 62 
Figura 26 –Prédios com varandas encerradas e uso do ar-condicionado, em Luanda (mau exemplo 
de uso) ................................................................................................................................................... 65 
Figura 27 – Bom exemplos de soluções arquitetónicas em Luanda (grelhas de proteção do vidro e 
ventilação natural) ................................................................................................................................. 65 
Figura 28 – (a) Obstrução da brisa por edifícios altos em climas quentes e húmidos (esquerda); (b) 
Edifícios em construção na marginal em Luanda (direita) .................................................................... 66 
Figura 29 – Localização do projeto Nova Vida em relação ao centro da cidade .................................. 68 
Figura 30 – Localização dos edifícios onde se situa o apartamento (Projeto Nova Vida) .................... 69 
Figura 31 – Vista aérea da construção do projeto Nova Vida e uma das ruas com moradias 
construídas ............................................................................................................................................ 70 
Figura 32 – Vista exterior de edifícios do Projeto Nova Vida ................................................................ 71 
Figura 33 - Vista interior da zona de serviço (grelhas de ventilação) e do apartamento ...................... 74 
Figura 34 – Vistas do hall de acesso aos apartamentos (aberturas permitem a promoção da 
ventilação natural) ................................................................................................................................. 77 
Figura 35 – Moradia vista de fora .......................................................................................................... 77 
Figura 36 – Interior da Moradia ............................................................................................................. 80 
 
vii 
 
Indice de Quadros 
 
Quadro 1 – Padrões do consumo de energia por diferentes atividades nos Estados Unidos, Reino 
Unido e Sri Lannka ................................................................................................................................ 18 
Quadro 2 - Comparação entre a Pegada Ecológica de África, Mundo e Angola .................................. 43 
 
1 
 
1. Introdução 
1.1. Enquadramento 
 
As atividades humanas, de que a construção é um exemplo, têm acompanhado o 
crescimento populacional e o desenvolvimento, nomeadamente por via do aumento do nível de vida 
individual das populações, da maior capacidade de mobilizar recursos e do consequente impacte 
ambiental (Pinheiro, 2006). 
Os edifícios e o ambiente construído são os elementos definidores do ambiente urbano. Estes 
determinam o caráter e os marcos mais importantes de uma cidade que criam uma sensação de 
familiaridade e identidade que podem fazer das cidades locais aprazíveis e agradáveis, onde as 
pessoas gostem de trabalhar e viver. Por conseguinte, a qualidade do ambiente construído tem uma 
forte influência na qualidade do ambiente urbano, mas esta é muito mais profunda e abrangente, 
ultrapassando largamente considerações de caráter puramente estético (Pinheiro, 2006). 
 A capacidade inventiva do homem permitiu-lhe desafiar os rigores ambientais utilizando o 
fogo para se aquecer, e peles para se cobrir. Quando o mais débil de entre os animais substituiu o 
engenho prometeico pela adaptação física similar a das outras espécies, o abrigo converteu-se na 
defesa mais elaborada contra climas hostis. À medida que evoluía o abrigo acumulavam-se 
experiências que, com engenho, diversificavam-se para enfrentar os desafios e a grande variedade 
de climas. A interpretação do clima como fator principal é justificável, somente, se a envolvente 
climática influi diretamente na expressão arquitetónica (Olgyay, 1962). 
 Os antigos reconheciam que a adaptação era um princípio essencial da arquitetura. Vitrúvio 
(citado por Olgyay, 1962) disse em De Arquitectura: “O estilo dos edifícios deve manifestar-se 
diferente no Egito em relação a Espanha, em Pontus e em Roma, e em países e regiões de 
caraterísticas diferentes […].” 
O Dr. Walter B. Cannon (citado por Olgyay, 1962) afirma que: “O desenvolvimento de um 
equilíbrio térmico estável no nosso edifício deve observar-se como um dos mais valiosos avanços na 
evolução da edificação.” Esta tese pode confirmar-se ao observar as diversas formas de vivenda 
desenvolvidas por grupos étnicos de origem étnico similar, estabelecidos em diversas regiões 
climáticas. Para os arquitetos, o “homoclima”, ou seja, as necessidades humanas, constituem o fator 
determinante (Olgyay, 1962). 
Jean Dolfus (citado por Olgyay, 1962), com o seu mostruário de vivendas caraterísticas de 
todo o mundo, confirma que o principal objetivo dos construtores foi sempre a procura das condições 
ótimas de conforto térmico. Segundo o resultado das suas análises, conclui que a tipologia 
construtiva encontra-se definida mais pelas zonas climáticas do que pelas fronteiras territoriais. 
Na abordagem do conforto térmico surgem questões relativas ao consumo de recursos, o que 
nos remete para a questão da sustentabilidade que veio de outros domínios para a arquitetura: “It 
was not in architecture that the term sustainability was introduced for the first time. Already by the end 
 
2 
of the 1980´s, the term “sustainability” was used extensively in the economics field in reference to 
development for criticizing earlier models of economic growth for nations or regions that had favored 
fast returns and accelerated growth, while disregarding that in the long-run they were depleting 
irreplaceable resources – the very resources their growth depended upon” (Baweja, 2008). 
Existem evidências de que é fundamental a consideração da susentabilidade: “The question 
of the long-term, unanticipated negative impact of an economic policy on its performance was further 
extended to cover the effect of new products – chemical, agricultural, and mechanical – on 
environmental quality in the long run. It was in relation to this latter problem that the criterion of 
sustainability entered into architecture and urban design, providing a conceptual framework to handle 
the long-term negative impact of the application of techniques and materials of construction on 
material resource consumption and environmental physical quality “ (Baweja, 2008). 
A procura de soluções ajustadas ao clima e de desempenho foi uma preocupação sempre 
crescente nas soluções arquitetónicas desde Vitrúvio no século I a.C. (Guedes, et al., 2011), até ao 
assumir nos exemplos do arquiteto, presentes em Angola e Luanda. 
Nas últimas décadas o assumir de abordagens passivas e de baixa energia condiziu a várias 
abordagens, veja-se a PLEA – Passive and Low Energy Architecture3 que desde 1982 organiza 
conferências e eventos sobre estas abordagens. 
 Integrado na reflexão sobre desenvolvimento sustentável, surge nos países mais desenvolvi-
dos, um movimento internacional em 1993, (Kibert, 2003; citado por Pinheiro, 2006) que procura defi-
nir e implementar o conceito de construção sustentável. 
No ano de 1994, realizou-se em Tampa, na Flórida, a Primeira Conferência Internacional so-
bre Construção Sustentável ("The First International Conference on Sustainable Construction") patro-
cinada pelo Rocky Mountain Institute, da Universidade da Florida, e a CIB - International Council for 
Building Research Studies onde se fizeram diversaspropostas no sentido de definir o conceito de 
construção sustentável. A definição mais aceite foi a apresentada por Charles Kibert em 1994 que 
define Construção Sustentável como a "criação e gestão responsável de um ambiente construído 
saudável, tendo em consideração os princípios ecológicos (para evitar danos ambientais) e a utiliza-
ção eficiente dos recursos" (Pinheiro, 2006). 
Inevitavelmente, em associação com o conceito de construção sustentável, surge o conceito 
de arquitetura sustentável, pois, como afirma Corbella (2003, 8)4: “o arquiteto, sem desprezar o belo e 
a plasticidade das formas, [teve que] forçosamente reencontrar o meio ambiente, cujo equilíbrio é de 
fundamental importância para a sobrevivência da espécie humana na Terra”. Outro conceito de arqui-
tetura sustentável é fornecido por Corbella (2003, 17)5 que a define como sendo a conceção e o de-
senvolvimento de edificações que objetivem “o aumento da qualidade de vida do ser humano no am-
biente construído e na sua envolvente, integrado com as caraterísticas de vida e do clima locais, 
além da redução do uso de recursos naturais”. 
 
3 http://www.arct.cam.ac.uk/PLEA/Home.aspx 
4 (citado por Vieira e Barros Filho, 2009), fonte: http://www.esuda.com.br/revista_humanae.php 
5 Idem 
 
3 
Já de acordo com Steele (1997, 11)6, a arquitetura sustentável “consiste na produção de uma 
edificação que se adapte ao clima, à iluminação, ventilação e topografia, tirando proveito das condi-
ções naturais do lugar reduzindo o desperdício energético. 
Há muitas definições para arquitetura sustentável, mas a essência da sustentabilidade está 
intrinsecamente ligada à essência da arquitetura. Um bom edifício é naturalmente sustentável 
(Guedes, et al., 2011). 
Baweja (2008) argumenta que a arquitetura sustentável já existe implícita na relação com a 
arquitetura tropical: “Green Architecture, which is considered a recent discourse, cannot therefore be 
fully grasped unless it is historicized in relationship to Tropical Architecture”. 
Sobre a arquitetura tropical Baweja (2008), refere ainda que: “Existing histories locate Tropical 
Architecture as a neo-colonial project that emerged in the 1950s along the networks of the diminishing 
British Empire” (Baweja, 2008). 
Baseado nos escritos de Koenigsberger, Baweja (2008) define essa arquitetura com um forte 
envolvimento com a dimensão energética, climática e consideração dos recursos: “Tropical 
Architecture paradigmatically as climate-responsive and energy-conservative design that makes the 
best use of locally available resources”. 
Neste sentido, a mesma autora (Baweja, 2008) afirma a existência de um conjunto de autores 
com reflexão na prática e abordagem: “From its inception in the 1930s through the 1950s, Tropical 
Architecture also developed and circulated through a network of global conferences. In the UK, 
Tropical Architects such as Otto Koenigsberger, Jane Drew, Maxwell Fry, Leo De Syllas, Fello 
Atkinson, and George Atkinson were engaged in the production of knowledge on energy-conservative 
climatic design”. 
Com base nestas assunções, considera-se pertinente sistematizá-las e estudar casos na ci-
dade de Luanda. 
Devido a sua localização geográfica, apresenta um clima que se pode classificar como «hú-
mido sem Inverno», correspondente ao subtipo «clima da savana» [...]. Desde a década de 50 Luan-
da assiste a um grande crescimento demográfico, que implicará um aumento significativo da constru-
ção e da consolidação urbana. Durante esta década, adquire progressivamente uma imagem de ci-
dade moderna, assente em premissas do Movimento Moderno e, particularmente, baseada nos prin-
cípios da Carta de Atenas. Após a descolonização, o crescimento demográfico acentuado mantém-se 
em progressão geométrica. Os movimentos migratórios justificados pela guerra civil, que irá prolon-
gar-se por quase 30 anos, tornam Luanda numa cidade densa, sobrelotada e caótica. Por outro lado, 
os anos de guerra não permitem o investimento nas infraestruturas urbanas, nos equipamentos ou 
nos edifícios, o que força naturalmente a degradação da cidade e da sua arquitetura (Magalhães, 
2009). Em nosso entender estes serão alguns dos problemas que poderão conduzir a situações de 
insustentabilidade decorrentes da degradação do ambiente construído naquela cidade como os refe-
ridos no capítulo 2 (cf.2.3). 
 
6 (citado por Vieira e Barros Filho, 2009) 
 
4 
 
 
1.2. Tema e Motivações 
 
Em 1987 no Relatório de Brundtland – "O Nosso Futuro Comum" – é apresentado um dos 
conceitos mais importantes ao nível ambiental, o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Este é 
definido como: "desenvolvimento que dê resposta às necessidades do presente, sem comprometer a 
possibilidade de as gerações futuras darem resposta às delas" (Pinheiro, 2006). 
As atividades construtivas – infraestruturas, edifícios e outras – potenciam não só um impor-
tante efeito económico e social mas também ambiental, desde logo associado à ocupação e ao uso 
do solo, ao consumo de recursos (nomeadamente água e energia), à produção em larga escala de 
resíduos e efluentes (líquidos e gasosos), bem como à alteração dos ecossistemas naturais, que 
podem interferir diretamente com o ambiente envolvente (Pinheiro, 2006). 
Por esse facto, o tema deste trabalho reveste-se de grande importância, pela sua relação 
com o de desenvolvimento sustentável em virtude da, cada vez maior, preocupação com a gestão 
dos recursos naturais com destaque para os países em vias de desenvolvimento, dos quais Angola 
faz parte. 
Neste sentido, as motivações para o desenvolvimento deste trabalho são, entre outras, o inte-
resse que o tema suscita atualmente e, dada a sua importância para o exercício profissional da arqui-
tetura, realçar a necessidade de contemplar os princípios da arquitetura sustentável no projeto de 
modo a conseguir-se uma integração, tanto quanto possível, da construção com o ambiente envol-
vente - natural ou construído -, minimizando os impactes ambientais, sociais e económicos que pos-
sam advir. 
Mas, uma vez que os impactes ambientais decorrem de um processo mais vasto, desde a ex-
tração de matérias-primas, sua transformação, utilização e “destruição” do produto final, a motivação 
do trabalho recai igualmente sobre a necessidade de se estudar o impacte causado pela utilização de 
materiais não sustentáveis na construção que, de certo modo, condicionarão o comportamento dos 
utilizadores, no que ao consumo de energia diz respeito. 
 
 
5 
 
 
1.3. Objetivos 
 
Constitui objetivo principal do Dissertação, o estudo e análise da importância da arquitetura 
sustentável, e dos seus princípios, na definição de estratégias para as opções construtivas em países 
de clima tropical, de que Angola é exemplo, e do seu contributo na redução dos impactes ambientais 
que decorrem do uso ineficiente, e não racional, de recursos naturais não renováveis. 
Para o efeito definiram-se os seguintes objetivos específicos: 
 
 Apresentar as causas prováveis e fatores que contribuem para o desconforto térmico 
existente na cidade de Luanda; 
 
 Analisar, de forma crítica, em que medida as construções existentes em Luanda con-
templam princípios de arquitetura sustentável; 
 
 Apresentar medidas de melhoria e orientação, que se adequem à realidade estudada, 
fundamentadas na pesquisa efetuada, e nesse sentido fazer do presente Dissertação 
uma referência de apoio aos arquitetos, aos profissionais do ramo da construção, e 
aos principais atores sociais, dotando-os de uma ferramenta essencial para o exercí-
cio das suas funções, para que as decisões que tomem sejam consentâneas com a 
preservação do ambiente natural através da mitigação dos impactes existentes, e la-
tentes, provocados pela construção em todo o seu processo; 
 
 Estudar casos de construçõescom uso habitacional – um apartamento e uma mora-
dia –, na cidade de Luanda, avaliando o seu desempenho ambiental utilizando como 
instrumento de apoio o LiderA África v.2.00 – Sistema de Avaliação da Construção 
Sustentável adaptado aos PALOP7. 
 
7 Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa 
 
6 
 
 
1.4. Abordagem e Metodologia 
 
De acordo com os objetivos propostos, considerou-se pertinente estabelecer uma aborda-
gem descritiva, com procedimentos técnicos assentes em pesquisa bibliográfica e estudos de caso. 
Para o efeito, a metodologia adotada foi a pesquisa e análise de documentos sobre o tema de estu-
do, nomeadamente artigos, teses, sítios na internet, publicações de organismos nacionais8 e interna-
cionais sobre o tema, que serviram de apoio a compreensão e exposição das ideias. Estes documen-
tos foram igualmente úteis no estudo das tipologias construtivas propostas para o estudo de caso (um 
apartamento e uma moradia). 
 
 
1.5. Estrutura e limitações do trabalho 
 
 
No sentido de atingir os objetivos definidos, o trabalho foi estruturado como a seguir se des-
creve. 
No primeiro capítulo é feita uma introdução ao tema e são descritas as motivações que con-
duziram ao seu desenvolvimento, aos objetivos e à abordagem e metodologia adotados. 
No segundo capítulo, faz-se uma compreensão sobre o conceito de clima, das variáveis pa-
ra sua medição, e a sua relação com o homem e o ambiente construído. Para o efeito, considerou-se 
pertinente introduzir e caracterizar as diferentes zonas climáticas mundiais, premissa essencial para o 
entendimento da relação com o ser humano, no que ao conforto térmico diz respeito, e das suas op-
ções relativamente ao ambiente construído. Na mesma linha de raciocínio são definidos os fatores 
que se relacionam mais diretamente com a qualidade de vida dos seres humanos em ambientes 
construídos e que influenciam direta ou indiretamente nos impactes ambientais. 
No terceiro capítulo é definido o conceito de arquitetura sustentável e dos seus princípios. 
De seguida são apresentados alguns instrumentos de apoio ao projeto sustentável. Posteriormente é 
introduzido o conceito de arquitetura tropical, sua origem, e relação com o conceito de arquitetura 
sustentável, onde se apresentam alguns aspetos a considerar na conceção de projetos sustentáveis. 
No quarto capítulo é apresentado o conceito de indicador de sustentabilidade e, de entre os 
muitos existentes, são exemplificados dois – pegada ecológica e pegada de carbono –, comummente 
utilizados na avaliação da sustentabilidade das construções e dos ambientes construídos, e onde se 
indica o valor dos mesmos para o caso de Angola.. Considerado relevante e desenvolvido neste capí-
tulo é o conceito de Avaliação do Ciclo de Vida. Estes conceitos estão relacionados com o LiderA – 
Sistema Voluntário para Avaliação da Construção Sustentável, que de forma global e resumida é 
apresentado. 
 
8 Angola 
 
7 
Este sistema de avaliação da construção sustentável (LiderA África v.2.00)9 é utilizado no Es-
tudo de Caso – quinto capítulo – no qual são avaliadas duas tipologias construtivas existentes na 
cidade de Luanda, um apartamento e uma moradia, localizados na zona periurbana da cidade. O 
objetivo deste estudo é avaliar, através de princípios de sustentabilidade, os seus desempenhos em 
termos de sustentabilidade. No final faz-se a discussão dos resultados obtidos – sexto capítulo -, bem 
como a conclusão do trabalho – sétimo capítulo. 
O trabalho tem, no entanto, algumas limitações relativamente a informação sobre a cidade de 
Luanda, uma vez que devido a escassez de informação e dados estatísticos produzidos em Angola, 
tornou-se difícil confronta-los com a realidade estudada. Outra limitação foi a não possibilidade de 
apresentar valores concretos de possível medição, com meios e instrumentos concebidos para o 
efeito, para aferição das condições ambientais das unidades habitacionais estudadas. 
 
9 Sistema LiderA adaptado aos PALOP 
 
8 
 
 
2. O clima, o homem e o ambiente construído 
 
2.1. O clima mundial - caracterização das diferentes zonas climáticas 
 
O clima é um conjunto de condições atmosféricas que prevalecem num determinado local e 
hora; […] pode ser definido como a integração no tempo, de condições climatéricas caraterísticas de 
uma certa localização geográfica (Szokolay, 2004). 
A terra recebe quase toda a sua energia a partir do sol na forma de radiação10, e o sol é a in-
fluência dominante no clima. A terra move-se à volta do sol numa orbita elítica ligeira. No máximo 
(aphelion) a distância terra-sol é de 152 milhões de quilómetros e no mínimo (perihelion) 147 milhões 
de quilómetros. O eixo da terra não é perpendicular ao plano da sua órbita, mas inclinado em cerca 
de 23,5º (Szokolay, 2004). 
Milankovitch teorizou que a inclinação do eixo da terra nem sempre é de 23,5°. Há uma certa 
oscilação com o passar do tempo. Ele calculou que a inclinação muda entre 22,1° e 24,5° dentro de 
um ciclo de cerca de 41.000 anos. Quando a inclinação é menor, os verões são mais frios e os inver-
nos, menos rigorosos. Quando a inclinação é maior, as estações são mais extremas11. 
Consequentemente o ângulo entre o plano equatorial terrestre e a linha terra-sol (ou a eclíti-
ca, o plano da órbita terrestre) variam ao longo do ano. Este ângulo é conhecido como declinação 
(DEC) e varia conforme o esquema seguinte (Szokolay, 2004,): 
 
+23,45◦ a 22 de Junho (Solstício do Norte) 
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−23,45◦ a 22 de Dezembro (Solstício do Sul) 
 
Ao nível global os climas são formados pela incidência diferencial de calor solar e da quase 
uniforme emissão de calor sobre a superfície terrestre. As regiões equatoriais recebem a maior inci-
dência de energia do que as áreas mais próximas dos polos. Este diferencial é a principal força con-
dutora dos fenómenos atmosféricos (ventos, formação de nuvens e movimentos), que proporcionam 
um mecanismo de transferência de calor do equador para os polos. Na ausência daquela transferên-
cia de calor a temperatura média no polo norte seria de -40 ºC, em vez de -17 ºC e no equador de 
cerca de 33 ºC e não de 27 ºC como no presente (Szokolay, 2004). 
 
 
10 Esta radiação pode ser classificada como radiação ultravioleta, de alta frequência e de pequeno comprimento 
de onda, que causa efeitos fotoquímicos, branqueamento, por queimadura de sol, etc; radiação de luz visível, e 
radiação infravermelha de grande comprimento de onda, produzindo calor radiante e alguns efeitos fotoquímicos. 
Fonte: http://people.aapt.net.au/jclark19/ 
11 Fonte: https://www.planetseed.com/pt-br/node/15879# 
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2.3. O conforto térmico humano, a envolvente natural e o ambiente 
construído 
 
Os efeitos do meio ambiente incidem diretamente tanto na energia como na saúde do ho-
mem. É muito comum a experiência de que em certos dias, as condições atmosféricas estimulam e 
dão vigor às nossas atividades ao passo que outras deprimem os esforços físicos e mentais. Tam-
bém é muito conhecido que nas zonas climáticas onde prevalece calor ou frio excessivo, o esforço 
biológico de adaptação a tais condições diminui a nossa energia (Olgyay, 1962). 
O meio ambiente físico está formado por numerosos elementos que se relacionam. É possível 
tentar descrever os constituintes da envolvente tais como: luz, som, clima, espaço, etc. Todos eles 
incidem diretamente no corpo humano, o qual pode abosorvê-los ou tentar contrabalançar os seus 
efeitos. Na luta para conseguir o equilíbrio biológico produzem-se diversas reações físicas e 
psicológicas. O homem esforça-se para chegar ao ponto em que adaptar-se à sua envolvente lhe 
requeira somente um mínimo de energia. As condições sob as quais consegue este objetivo define-se 
como “zona de conforto”, donde a maior parte da energia humana se liberta para dedicar-se à 
produtividade (Olgyay, 1962). 
Os elementos principais que afetam o conforto humano são: a temperatura do ar, a radiação 
solar, o movimento do ar e a humidade. Os meios através dos quais o corpo humano troca calor com 
a sua envolvente podem classificar-se em quatro processos principais: radiação, condução, 
convecção e evaporação. Estima-se que o corpo humano perde dois quintos (2/5) do seu calor 
através da radiação, dois quintos (2/5) por convecção e um quinto (1/5) por evaporação; sem 
prejuízo, estas proporções podem mudar se se produzem variações nas condições térmicas (Olgyay, 
1962). 
A vivenda é o principal instrumento que nos permite satisfazer as exigências de conforto 
adequadas. Modifica a envolvente natural e aproxima-nos às condições ótimas de habitabilidade. 
Deve filtrar, absorver ou repelir os elementos do meio ambiente segundo a sua influência benéfica ou 
negativa no conforto do ser humano. O critério ideal para o desenho de um abrigo em equilíbrio, 
relativamente ao seu meio ambiente seria o que cobrisse satisfatoriamente todas as necessidades 
fisiológicas humanas. O problema do arquiteto consiste em criar uma envolvente que não produza 
tensões negativas sobre o mecanismo de compensação de calor do corpo. O objetivo deve 
reinterpretar-se em termos de conforto, a representação deve ser gráfica e, para ser facilmente 
aplicável (exemplo figura 6), os dados derivados dos estudos empíricos devem ser expressos de 
forma a poderem ser utilizados na prática arquitetónica (Olgyay, 1962). 
 
 
 
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de calor antropogénico e poluentes na atmosfera urbana contribui ainda mais para a intensidade do 
efeito da ilha de calor urbano (Taha, 1997)23. Os centros urbanos tendem a ter maior demanda do 
que as áreas circundantes como resultado da sua elevada densidade populacional. Apesar de o efei-
to da ilha de calor urbano reduzir a necessidade de aquecimento no inverno, isto é compensado pelo 
aumento demanda de ar-condicionado durante os meses de verão (Landsberg, 1981)24, que por sua 
vez é causa aumento da poluição do ar, local e regional, devido a produção de energia elétrica pela 
queima de combustível fóssil. A poluição criada pelas emissões a partir da produção de energia, au-
menta a absorção da radiação na camada limite (Oke, 1982)25 e contribui para a criação da inversão 
de camadas. A inversão de camadas previne a ascensão do ar de arrefecimento a taxas normais e 
abranda a dispersão dos poluentes produzidos nas áreas urbanas (Sahashi et al., 2004)26. 
Consequentemente, a ilha de calor urbano não só cria impacte no conforto e saúde dos habi-
tantes mas também no consumo de energia para aquecimento ou arrefecimento de edifícios. 
Oke (1982)27 correlacionou a intensidade da ilha de calor urbano ao tamanho da cidade. Utili-
zando a população (P) como substituta do tamanho da cidade, ur é observada como proporcional 
ao log P. Oke (1982) salienta que produção de temperatura urbana quente tem relação direta com a 
população urbana. Isto é devido a densidade da área construída e a produção de fontes de calor an-
tropogénicas, tais como, os transportes públicos, automóveis e atividades industriais, desenvolvem 
com o crescimento da população. 
 Oke (1987)28 acrescenta que o caso ideal de ventos calmos e céus limpos que geram o valor 
máximo da ilha de calor urbano (Tur (max)) varia com o log P para muitos assentamentos Norte 
Americanos e Europeus. 
 
 
22 Idem 
23 Idem 
24 Idem 
25 Idem 
26 Idem 
27 Ibidem 
28 Citado por (Shahmohamadi, et al., 2010) 
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Superfícies impermeáveis à água, refere-se a predominância de superfícies impermeáveis 
nas áreas urbanas. Os edifícios e as ruas pavimentadas escoam a precipitação para as bacias hidro-
gráficas, que criam um deficit de evaporação na cidade. Ao contrário, nas áreas rurais, os solos ex-
postos e vegetação natural retêm a água, que conduz ao resfriamento por evapotranspiração. 
Durante o dia, a cobertura da superfície urbana propicia a troca de calor sensível e suprime o 
fluxo de calor latente, ao passo que as superfícies húmidas rurais suprimem a transferência de calor 
sensível e propiciam o fluxo de calor latente. 
O quarto fator que contribui para a ilha de calor urbano está relacionado com as propriedades 
térmicas da construção urbana. A capacidade calorífica e consequentemente a inércia térmica, dos 
materiais de construção urbanos, tais como o betão e o asfalto, é maior do que dos materiais naturais 
encontrados nos ambientes rurais. Uma maior capacidade calorífica significa que os materiais urba-
nos absorvem e retêm mais radiação solar do que os solos e a vegetação em espaço rural. De noite, 
este calor absorvido é libertado lentamente da superfície urbana, ao contrário da rápida libertação das 
superfícies em espaço rural. 
A geometria complexa das superfícies urbanas influencia a temperatura do ar de duas for-
mas. Primeiro, o aumento da fricção criada por uma superfície urbana rugosa (comparada com uma 
superfície rural suave) reduz o fluxo de ar na cidade. O ar quente estagna nos desfiladeiros urbanos 
em vez de serem ventilados pelo ar fresco dos espaços rurais. Segundo, a geometria complexa das 
superfícies urbanas alteram o balanço da radiação urbana. Durante o dia, os desfiladeiros de paredes 
verticais retêm (isto é, refletem e absorvem) as radiações de onde curta. As perdas noturnas da ener-
gia infravermelha são igualmente retardadas devido ao decréscimo da visibilidade do céu por baixo 
do nível do telhado. As superfícies rurais, por outro lado, são comparativamente suaves e portanto 
experimentam maiores divergências de fluxos radiativos noturnos do que as complexas superfícies 
urbanas. Consequentemente, as altas temperaturas criam impactes de consumo de energia através 
do aumento das cargas de energia para arrefecer os edifícios; altas temperaturas ambientais aumen-
tam os picos de carga de eletricidade. 
É de realçar que as teorias e os modelos acima expostos poderão ser extrapolados, com as 
necessárias adaptações, para a realidade da cidade de Luanda de modo a explicar as prováveis ra-
zões do uso excessivo de sistemas mecânicos de ar-condicionado, da demanda deenergia elétrica, 
do desconforto térmico relacionado com as temperaturas observadas, o que poderá resultar na mani-
festação do fenómeno ilha de calor urbano, em parte, devido ao processo de urbanização resultante 
do acelerado crescimento urbano, ao longo da guerra civil e desde a fim da mesma que durou cerca 
de 30 décadas, os processos e tecnologias construtivos utilizados nas construções por vezes não 
adequados à realidade local, e a sobrelotação de população na cidade de Luanda. 
 
 
 
21 
 
2.5. Outros impactes e custos do ambiente construído 
2.5.1. Impactes do ambiente construído 
 
Os edifícios e espaços envolventes (empreendimentos) respondem às necessidades huma-
nas, originando na sua construção, operação e desativação, impactes mais ou menos diretos: nos 
recursos, nas emissões, nas cargas e nos ambientes construídos e de forma indireta nos ambientes 
naturais. Um aspeto relevante a considerar assenta no facto de que para os edifícios satisfazerem as 
funções para que foram criados (por exemplo, residências, escritórios, entre outros) necessitam de 
infraestruturas e por isso, de forma indireta, também os impactes a elas associados podem decorrer 
da presença e operação dos edifícios. Os impactes dos edifícios, tal como os das restantes estrutu-
ras, refletem-se de formas diferentes nas diferentes fases do seu ciclo de vida, [...] (Pinheiro, 2006). 
A fase de planeamento e conceção37 consiste no levantamento das condições que permi-
tem executar o projeto, até à sua elaboração; [...] é nesta fase que se tomam as principais decisões a 
que muitos dos impactes ambientais, que ocorrem posteriormente, estão associados e são, essenci-
almente, provocados nas outras fases. Os efeitos ambientais diretos estão associados aos trabalhos 
de conceção e levantamentos efetuados, para obtenção de dados. Em termos de dimensão, os im-
pactes efetivos desta fase são muito reduzidos e quase sem significado quando comparados com as 
restantes fases, sendo essencialmente associados aos consumos (muito reduzidos) (Pinheiro, 2006). 
Na fase de construção incluem-se todas as ações que vão desde o concurso e o início da 
construção propriamente dita, até à receção da obra por parte do proprietário, numa escala temporal 
que pode ir de dias a alguns anos, [...]. Na fase de construção a atenção recai, sobretudo, sobre a 
forma de desenvolvimento do processo construtivo, sendo esta associada, essencialmente, à inter-
venção no local, com alteração do uso do solo, consumo de matérias-primas, energia e água e alte-
rações nos ambientes natural e/ou construído. Os impactes da extração, ou transformação, são tam-
bém importantes, ainda que, na maior parte dos casos, sejam da responsabilidade da indústria produ-
tora, pois não são específicos do sector da construção. No caso das estruturas edificadas estima-se 
que o impacte devido aos materiais represente cerca de 10-20% do impacte de um edifício, em todo o 
seu ciclo de vida38 (Edwards e Bennet, 2003)39. 
A fase de operação estende-se desde a receção da obra por parte do proprietário, até ao fim 
da utilização do empreendimento. Nesta podem incluir-se, também, as operações de manutenção e 
renovações pontuais. Os impactes relevantes associados ao empreendimento edificado, decorrentes 
da sua operação, resultam: no consumo de energia, de água e de materiais e na produção de resí-
duos, de efluentes e de emissões atmosféricas, com consequentes impactes diretos. Existe igualmen-
 
37 Esta fase é, provavelmente, a mais importante do processo, pois é nesta altura que se tomam as principais 
decisões referentes ao local, à conceção, aos fornecedores, aos materiais a utilizar, às necessidades energéticas 
e de água e outras, cujas consequências se irão refletir nas restantes fases do ciclo de vida da construção. 
38 Para os parâmetros usuais de avaliação do ciclo de vida (Pinheiro, 2006). 
39 Citados por (Pinheiro, 2006). 
 
22 
te um conjunto de emissões interiores e exteriores de outras substâncias. Por exemplo, cerca de me-
tade dos CFC produzidos no mundo inteiro são usados na refrigeração de sistemas de ar condiciona-
do e na refrigeração de edifícios, em sistemas de extinção de incêndios e em sistemas de isolamento 
(Pearce, 2001)40; [...] um dos efeitos indiretos, também associados aos edifícios, prende-se com o 
aumento das necessidades de transporte e a alteração do tráfego local, a pressão sobre os serviços 
urbanos e a geração de emprego e riqueza. A operação dos empreendimentos edificados, embora os 
seus efeitos sejam mais discretos, lentos e progressivos ao longo de usualmente várias dezenas de 
anos, acaba por consumir recursos, gerar emissões, alterar os sistemas ambientais naturais e cons-
truídos, de forma mais significativa do que a fase de construção [...] (Pinheiro, 2006). 
Ao nível dos sistemas socioeconómicos, podem referir-se: incómodos nas populações e co-
munidades, eventuais riscos de saúde pública, na obra e para os utilizadores, necessidades suple-
mentares de acessibilidades, de transportes e de alteração do tráfego local, pressão sobre as infraes-
truturas e serviços urbanos, alteração das condições de segurança, mas também: geração de empre-
go, conforto, funcionalidade, riqueza e desenvolvimento (Pinheiro, 2006). 
 
 
2.5.2. Custo do ciclo de vida e dos impactes ambientais da construção 
 
Atualmente, muitos dos custos ambientais da edificação (emissões de gases de estufa, o 
consumo de recursos finitos tais como madeiras duras e metais, e a criação de lixo de construção) 
não se refletem quer no custo inicial de construção quer nos custos correntes de manutenção da 
construção. As taxas sobre a água, o lixo e a energia estão a modificar gradualmente estes aspetos, 
e tornam a construção verde economicamente cada vez mais atrativa. Será necessária uma análise 
do custo do ciclo de vida, para que o cliente possa fazer a avaliação do retorno financeiro de um in-
vestimento inicial, em medidas de poupança de energia ou preservação de recursos, ao longo da vida 
útil de um edifício (Ordem dos Arquitetos, 2001). 
O objetivo é a otimização do valor de um projeto de construção ao longo da sua vida útil, ten-
do em conta todos os custos do projeto, tanto diretos como indiretos. Isto envolve a definição de um 
prazo de vida apropriado para o edifício No entanto, com cuidados de manutenção, qualquer edifício 
poderá durar quase indefinidamente, sendo mais fácil atribuir um prazo de substituição para os siste-
mas e componentes individuais. Quando se totaliza os custos anuais de operação e manutenção, 
este prazo de substituição pode ajudar a determinar o custo de ciclo de vida. Para uma avaliação 
ambiental completa, será necessário atribuir custos a outros fatores ambientais que não se contabili-
zam: poluição, esgotamento de recursos (Ordem dos Arquitetos, 2001). 
No caso de um projeto de baixa energia ou de natureza sustentável, a consideração dos cus-
tos do ciclo de vida desde o início será essencial. O equilíbrio entre o custo de construção e o custo 
durante a utilização é fundamental para a arquitetura do edifício. Por exemplo, o desenho de uma 
 
40 Idem. 
 
23 
janela terá implicações no que se refere a aquecimento, arrefecimento, ventilação e iluminação artifi-
cial, emissão de poluentes, dimensão das instalações especiais e custos de manutenção (Ordem dos 
Arquitetos, 2001). 
 
 
24 
 
3. Arquitetura sustentável e arquitetura tropical 
3.1. Enquadramento histórico, origem e conceito de arquitetura sus-
tentável 
 
Para perceber os conceitos de arquitetura sustentável e arquitetura tropical, considera-se per-
tinente contextualiza-los na história das preocupações ambientais. 
O movimento ambiental moderno, teve uma dinâmica alargada a diferentes países, sendo 
frequentemente entendido como tendo iniciado nos Estados Unidos em1962 com o Silent Spring de 
Rachel Carson, a publicação que causou uma mudança de paradigma no entendimento do impacte 
ambiental do uso do pesticida41 (Baweja, 2008). 
Dos Estados Unidos da América, Ian McHarg, o emigrante escocês, publicou o seu trabalho 
seminal Design with Nature em 1969, sete anos depois de Carson. A tese ecológica de McHarg 
expande a disciplina do paisagismo, arquitetura e planeamento: ele é um dos pais fundadores do 
desenvolvimento sustentável. McHarg argumentou que o desenvolvimento humano deveria ser 
planeado de modo a ter-se em consideração a natureza e os processos naturais (Moughtin, et al., 
2005). 
Small is Beautifull de Schumacher (1974)42 é outro marco na análise das causas dos 
problemas ambientais e no desenvolvimento de princípios “green”. Uma causa dos problemas 
ambientais de acordo com Schumacher é a noção de que podemos continuar a produzir e consumir a 
taxas crescentes num planeta finito. Schumacher advertiu que o planeta, nosso stock de capital, está 
a ser ameaçado pela produção excessiva: pelo efeito, a raça humana está a consumir o seu capital 
numa taxa alarmante, pondo em perigo os limites de tolerância da natureza, e como tal ameaçando 
os sistemas de suporte da vida que nutrem a espécie humana (Moughtin, et al., 2005) 
Contudo, as raízes do ambientalismo podem ser mais profundas. Farmer (1996) citado por 
(Moughtin, et al., 2005) traçou o desenvolvimento da “Green Sensibility” na arquitetura dos edifícios 
populares e no culto da casa no século XIX nos escritos de Ruskin, no trabalho do movimento das 
Arts & Crafts até ao século XX e as ideias orgânicas na Arquitetura Moderna. O planeamento pode 
citar também a sua lista de planeadores com credenciais “green”.. 
As preocupações com os impactes ambientais humanos cresceram exponecialmente nos 
anos 80, durante os quais o discurso foi dominado pelos acidentes industriais43, […]. Estes acidentes 
realçaram a magnitude dos processos humanos e seus impactes ambientais. (Baweja, 2008). 
 
41 Shirley A. Briggs, "Remembering Rachel," EPA Journal 18, no. 2 (May-June 1992), M. Jimmie Killingsworth 
and Jacqueline S. Palmer, Ecospeak: Rhetoric and Environmental Politics in America (Southern Illinois UP: Car-
bondale, 1992), Linda J. Lear, "Rachel Carson's Silent Spring," Environmental History Review Vol. 17, no. 2 
(1993), Craig Waddell, ed., And No Birds Sing: Rhetorical Analyses of Rachel Carson’s Silent Spring. 
42 Citado por (Mougtin, et al., 2005). 
43 Including the 1984 Bhopal gas disaster, the 1986 Chernobyl nuclear disaster, and the 1989 Exxon Valdez oil 
spill. 
 
25 
Já nos finais dos anos 80, o termo sustentabilidade foi usado extensivamente no campo da 
economia em referência ao desenvolvimento para criticar os novos modelos de crescimento econó-
mico para as nações e regiões que favoreciam os rápidos retornos e crescimento acelerado, enquan-
to ignoravam que a longo prazo eles esgotariam os recursos não renováveis – os recursos dos quais 
dependem. A questão de longo prazo, dos impactes negativos não previstos de uma política 
económica no seu desempenho foi posteriormente dessiminado devido ao efeito de novos produtos – 
química, agricultura e mecânica – na qualidade do ambiente a longo prazo. Foi por causa deste 
último problema que o critério de sustentabilidade apareceu na arquitectrura e desenho urbano, 
fornecendo um quadro conceptual para lidar com o impacte negativo a longo prazo da aplicação de 
materiais e materiais de construção no consumo de recursos naturais e da qualidade física ambiental 
(Bay, et al., 2006). 
Em 1987, as Nações Unidas estabeleceu a Comissão Mundial para o Ambiente e 
Desenvolvimento (WCED), que se tornou conhecida como Comissão Brundtland, […]. O relatório da 
comissão, conhecido como Relatório Brundtland introduziu o conceito de “sustentabilidade” no discur-
so ambiental, transformando o discurso arquitetónico e estabelecendo a “Arquitetura Verde” (Baweja, 
2008). 
No Relatório de Brundtland – "O Nosso Futuro Comum" – é apresentado um dos conceitos 
mais importantes ao nível ambiental, o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Este é definido 
como: "desenvolvimento que dê resposta às necessidades do presente, sem comprometer a 
possibilidade de as gerações futuras darem resposta às delas" (Pinheiro, 2006,). 
O relatório identificou o consumo excessivo de recursos naturais pelos ricos e a existência de 
pobreza extrema como constitutiva de problemas ambientais. O relatório Brundtland salientou que a 
sustentabilidade não pode ser alcaçada sem equidade social porque o desenvolvimento sustentável 
requer, não somente uma distribuição equitativa dos recursos no tempo para as futuras gerações 
mas, também, através do espaço sincronicamente, deste modo colmatando o fosso entre os ricos e 
as nações pobres. O relatório prescreveu o corte no consumo de energia nas nações ricas, que teve 
um impacto directo e significativo na definição de Arquitetura Sustentável (Baweja, 2008). 
Depois do relatório Brundtland, o marco significativo na história da “Arqutectura Verde” foi a 
formulação da Agenda 21, em 1992, “Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e 
Desenvolvimento” no Rio de Janeiro (Baweja, 2008). 
A Agenda 21, um plano normativo para o desenvolvimento sustentável, contém instruções 
específicas para a prática da arquitetura sustentável. Os pontos-chaves previstos na Agenda 21 para 
a indústria da construção sustentável são o uso de tecnologia e materiais locais; tecnologias 
construtivas de trabalho intensivo; design energeticamente eficiente; reciclagem de materiais, 
prevenção de resíduos,; desenvolvimento de conhecimento sobre o impacte ambiental dos edifícios; 
ajuda na autoconstrução de casas para os pobres (Baweja, 2008). 
Esta tem sido interpretada em diversas Agendas locais e regionais. Uma dessas 
interpretações com especial relevância para o sector da construção é a Agenda Habitat II, que 
resultou da Conferência das Nações Unidas, em 1996, realizada em Istambul. A Agenda Habitat II 
 
26 
demonstra uma preocupação com abrigo para todos e a sustentabilidade dos aglomerados humanos 
e contém diversas secções dedicadas ao sector da construção civil e à forma como os governos 
nacionais devem encorajar a indústria no sentido da sustentabilidade. A especificidade dos países 
levou á disponibilização de Agendas 21 para a sustentabilidade na construção (Plessis, 2002)44, que 
salienta a importância do ajustamento à realidade especifica e ás soluções ajustadas (Pinheiro, 
2006). 
O consumo de recursos e o status económico têm uma forte correlação. Assim como o nível 
de renda aumenta, também cresce o do consumo de recursos. A correlação entre os redimentos per 
capita e o consumo de energia demonstra esta tendência. A arquitetura é uma das formas 
conspícuas de actividade económica. Prevê-se que a intensidade do padrão dos recursos 
arquitetónicos (o rácio consumo de recursos arquitónicos per capita e renda per capita) seguirá os 
mesmos padrões […]. Ao longo da existência de um edifício, este afeta o ambiente local e global 
através de uma série de atividades humanas interconectadas e processos naturais. No estágio inicial, 
o desenvolvimento e a construção influenciam as caraterísticas ecológicas indígenas. Apesar de 
temporário, o afluxo de equipamentos da construção e pessoal para um local de obras e o processo 
de construção em si perturbam a ecologia local (Kim, et al., 1998). 
A aquisição e a manufatura de materiais impactam no ambiente global. Uma vez construído, 
as operações de construção infligem impactes de longa duração no ambiente. Por exemplo, a energia 
e água usados pelos seus habitantes produzem gases tóxicos e dejetos; o processo de extração, 
refinação e transporte de todos os recursos usados na manutenção e operação de um edifício têm 
também numerosos efeitos no ambiente (Kim, et al.,

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