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Aula_04 Proteção dos Direitos Humanos

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1 
 
 
 
 2 
AULA 4: SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS 4 
SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 8 
SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 9 
SISTEMA REGIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 13 
O BRASIL E A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 18 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 19 
ATIVIDADE PROPOSTA 22 
REFERÊNCIAS 22 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 
CHAVES DE RESPOSTA 26 
ATIVIDADE PROPOSTA 26 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 26 
 
 
 
 
 3 
 
Artigo/Case relacionado: 
Leia o artigo “ONU cobra investigação imediata sobre barbárie em presídio 
maranhense”. 
 
Introdução 
O reconhecimento dos direitos humanos está atrelado às conquistas do 
homem na longa trajetória histórica da limitação do poder. O período entre a 
Antiguidade e a Idade Média corresponderia à pré-história dos direitos 
humanos. A fase intermediária da evolução dos direitos humanos é 
denominada de fase de afirmação dos direitos naturais. A última etapa, dita 
fase de constitucionalização, é marcada pela consagração do Estado 
constitucionalista. 
 
Dentro dessa perspectiva, surgem os sistemas de proteção dos direitos 
humanos. Um sistema protetivo universal dos direitos humanos, desenvolvido 
pela Organização das Nações Unidas e outros, dada as especificidades de 
cada região, como os sistemas europeu, americano e africano. 
 
Destaca-se que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, 
de 1998, desempenha papel importante na atualidade para coibir 
desrespeitos aos direitos humanos. 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivo: 
 
 4 
1. Analisar a evolução e os sistemas de proteção dos direitos humanos 
como fulcro temático da atualidade e do Tribunal Penal Internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo 
Direitos Humanos e Direitos Fundamentais 
Embora os termos: direitos humanos e direitos fundamentais sejam utilizados 
como sinônimos, existe uma imprecisão doutrinária na utilização das 
terminologias empregadas, tais como direitos do homem, direitos públicos 
subjetivos, direitos humanos, liberdades públicas, direitos fundamentais, 
direitos humanos fundamentais, entre outras. A própria Constituição Federal 
 
 5 
brasileira, à semelhança de outras constituições, faz referência a inúmeras 
terminologias a fim de designar o conteúdo do direito a ser protegido. 
 
É preciso assim reconhecer que a confusão entre as denominações não se 
revela como intolerável. Da mesma forma, o tratamento dos direitos humanos 
não segue uma uniformidade e, por isso, é concebido de variadas maneiras, 
de acordo com o paradigma científico vigente, bem como o modelo 
socioeconômico ideológico predominante. 
 
O valor atribuído à pessoa humana faz parte de uma tradição que remonta às 
origens da humanidade. Historicamente, constata-se que tal valor, enquanto 
fundamento dos direitos humanos, adquiriu um progressivo dinamismo, a 
despeito das diversas controvérsias suscitadas pelos princípios sobre os quais 
os direitos humanos assentavam-se. 
 
Durante todo trajeto evolutivo percorrido pela doutrina dos direitos humanos, 
vários de seus aspectos constituíram objeto de contestação, a exemplo do 
caráter de indeterminação e excesso de individualismo de que seriam 
portadores e da ausência de um valor jurídico real de seus preceitos, que 
representariam meros anseios e não direitos. 
 
Como já tivemos oportunidade de ressaltar, a doutrina clássica de Klaus Stern 
assevera que existem três etapas distintas de evolução dos direitos humanos, 
que passariam de uma fase denominada de pré-história para uma fase 
intermediária e, ao final, chegariam a atual fase de constitucionalização. 
As reivindicações pela codificação dos direitos humanos surgiram ao longo da 
história em face da necessidade da afirmação das pessoas em relação aos 
abusos cometidos por parte dos Estados. Historicamente, por via de 
codificação, merecem destaque célebres textos elaborados na Inglaterra em 
reação ao Poder Absoluto: A Magna Carta de 1215, a Petition of Rights, de 
1628 e o Bill of Rights, de 1689. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Magna_Carta
http://www.conedh.mg.gov.br/conedh/petdir.htm
http://www.conedh.mg.gov.br/conedh/petdir.htm
 
 6 
A Petition of Rights, de 1628, a exemplo da Magna Carta, objetivou também 
resguardar os direitos fundamentais naquela consagrados, tais como a 
liberdade de ir e vir, a propriedade privada, reconfirmando esses direitos e 
reclamando outros, como o respeito ao princípio do consentimento na 
tributação, o julgamento pelos pares para a privação da liberdade e a 
proibição de detenções arbitrárias. Igualmente, o Bill of Rights, de 1689, 
direcionou-se à proteção dos direitos dos ingleses, avultando a preocupação 
com a independência do Parlamento. 
 
Além da contribuição dada pela Inglaterra ao desenvolvimento da posterior 
codificação dos direitos humanos, merecem especial relevo as teorias 
contratualistas, que, impregnadas da doutrina do Direito Natural formulada 
por Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau, compuseram a 
fase intermediária de evolução dos direitos humanos. 
 
A Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, elaborada por uma das 
treze colônias americanas, no dia 12 de janeiro de 1776 constituiu, segundo 
alguns, o registro de nascimento dos direitos humanos na história. No 
documento houve o reconhecimento expresso de que todos os homens 
seriam igualmente vocacionados ao aperfeiçoamento constante de si 
mesmos.1 Em artigo sobre a estratégia de segurança nacional dos Estados 
Unidos, Antônio Celso Alves Pereira reconhece que “considerando as tradições 
democráticas dos Estados Unidos, e, ainda, o pioneirismo do país na luta 
pelos direitos humanos – A Declaração da Virgínia, de 1776, inspirou a 
Declaração de Direitos do Cidadão de 1789, da Revolução Francesa”.2 
A Declaração de Virgínia de 1776 reuniu relevantes direitos como de que a) 
todos os homens são iguais, livres e independentes; b) todo poder emana do 
povo; c) o governo é, ou deve ser, instituído para o comum benefício, 
 
1 COMPARATO, Fábio Konder.A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 
2003. p. 49. 
2 PEREIRA, Antônio Celso Alves. A nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos: Aspectos 
políticos e jurídicos. In: DEL’OLMO, F. S. (Org.). Curso de Direito Internacional Contemporâneo. 
Rio de Janeiro: Saraiva, 2003, p. 62. 
 
 7 
proteção e segurança do povo, nação ou comunidade; d) ninguém tem 
privilégios exclusivos, nem os cargos ou serviços públicos são hereditários; e) 
os Poderes Executivo e Legislativo deverão ser separados e distintos do Poder 
Judiciário, e que os membros dos dois primeiros poderes devem ter 
investidura temporária e suas vagas preenchidas através de eleições 
periódicas e regulares; f) as eleições devem ser livres; g) seria ilegítimo todo 
poder de suspensão de lei ou de sua execução, sem o consentimento dos 
representantes do povo; h) assegurado o direito de defesa nos processos 
criminais, bem como o julgamento rápido por júri imparcial, e que ninguém 
poderia ser privado de sua liberdade, salvo pela lei da terra ou por 
julgamento de seus pares; i) vedadas fianças e multas excessivas e castigos 
cruéis; j) vedada a expedição de mandados gerais de busca e detenção, sem 
especificação exata e prova do crime; m) a liberdade de imprensa seria um 
dos grandes baluartes da liberdade; n) todos os homens têm igual direito ao 
livre exercício da religião. 
 
Contudo, tal declaração não possuía um caráter de universalidade, pois se 
preocupou mais em tutelar os direitos dos cidadãos americanos, munindo-os 
de garantias para fazer valer os seus direitos reconhecidos, protegendo-os, 
assim, de possíveis abusos de poder. 
 
A Declaração de Direitos doHomem e do Cidadão, elaborada por Lafayette e 
aprovada em 26 de agosto de 1789, devido às repercussões da Revolução 
Francesa, exerceu maior influência do que a norte-americana, apesar de estar 
nesta fundamentada. 
 
Parte da doutrina acredita que, a partir da segunda metade do século XX, 
após o flagelo da 2ª Guerra Mundial, que os direitos humanos, especialmente 
no plano internacional, adquiriram simultaneamente o caráter de 
universalidade e de dinamismo, devido ao seu grande potencial de inovação 
em face de mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. 
 
 
 8 
Sistemas de Proteção dos Direitos Humanos 
Em relação ao âmbito jurídico em que se desenvolve a proteção dos direitos 
humanos no sistema internacional, duas são as classificações que se 
complementam. 
 
A primeira surge no reconhecimento da proteção dos direitos humanos num 
sistema global ou universal, desenvolvido no seio da ONU. 
 
A segunda leva em conta a vocação regional de alguns Estados que mais ou 
menos possuem valores aproximados, de acordo com suas experiências 
jurídicas, culturais e ideológicas. Nesse último sentido, foram aperfeiçoados 
os sistemas de proteção europeu, interamericano e africano. A figura abaixo 
facilita o entendimento da classificação dos sistemas de proteção dos direitos 
humanos: 
 
A essa classificação liga-se mais de perto o tema do relativismo cultural, que 
dificultaria, quando não impediria, o desenvolvimento apropriado do sistema 
universal de proteção.3 
 
 
3 MÔNACO, Gustavo Ferraz Campos. A proteção da criança no cenário internacional. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2005. p. 108. 
 
 9 
As nomenclaturas utilizadas nesses dois sistemas variam 
entre os doutrinadores; uns preferem designar o 
primeiro de sistema universal ou também geral; e 
outros, para a segunda classificação, em regional ou 
particular e também específico. Há ainda os que 
preferem, de acordo com uma preocupação das pessoas 
envolvidas, utilizar as expressões: homogêneo, dito 
universal, e heterogêneo, para o sistema regional. Com 
efeito, [...] parece mais apropriado falar nesses sistemas 
sob a denominação sistema homogêneo e sistema 
heterogêneo. Pensa-se, sinceramente, que essa 
nomenclatura tem o condão de facilitar a compreensão 
do espectro de pessoas atingidas. Assim, no sistema 
homogêneo, dito universal, é a homogeneidade da 
condição de pessoa humana que garante a todos os 
seres humanos a proteção de seus direitos. Da mesma 
forma, no sistema heterogêneo, dito particular, a 
heterogeneidade da situação de determinado grupo 
humano que autoriza os maiores cuidados e as maiores 
preocupações dispensados pela sociedade internacional 
(global ou regionalmente considerada) em seu próprio 
benefício e na forma do que se convencionou chamar de 
discriminação positiva ou afirmativa.4 
 
Sistema Universal de Proteção dos Direitos Humanos 
Pode-se dizer, em termos gerais, que até o fim da Segunda Guerra Mundial 
não havia um sistema universal de proteção dos direitos humanos. Após a 
Segunda Guerra, com os horrores ocasionados pelo holocausto, foi preciso 
estabelecer uma sistemática de proteção dos direitos humanos de forma 
 
4 MONACO, Gustavo Ferraz Campos. A proteção da criança no cenário internacional. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2005. p. 109. 
 
 10 
universal, o que contribuiu para o fortalecimento do processo de 
internacionalização e a sua expansão. Por isso, chega-se a classificar o direito 
internacional como anterior à segunda guerra e o direito posterior a ela.5 
 
Antes de 1939, a Liga das Nações, idealizada pelos 14 pontos de Wilson, não 
foi capaz de fornecer a proteção aos direitos humanos de forma adequada. A 
criação da ONU, em 1945, com as suas agências especializadas, determinou o 
surgimento de uma nova ordem internacional, que instaurou um novo modelo 
de atuação nas relações internacionais, sobretudo com a contribuição da 
Assembleia Geral para a efetivação dos direitos humanos, em que cada 
Estado comprometeu-se a cooperar entre si para a promoção dos direitos 
humanos. 
 
Dentro de um sistema protetivo universal dos direitos humanos, a 
Organização das Nações Unidas – ONU desempenha papel fundamental, pois 
um dos propósitos explícitos na Carta da ONU foi de conseguir uma 
cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter 
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o 
respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem 
distinção de raça, sexo, língua ou religião. Foi nesse sentido que a principal 
organização internacional da atualidade promoveu diversos documentos 
internacionais. 
 
O sistema de proteção dos Direitos Humanos não pretende substituir o 
ordenamento jurídico interno, mas constitui forma subsidiária de efetivar tais 
direitos, mormente quando houver omissão ou lacuna, bem como falha das 
instituições nacionais. O sistema universal não se limita a determinada região 
e, por isso, pode alcançar qualquer Estado integrante da ordem internacional. 
 
 
5PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 11. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2010. p. 130. 
 
 11 
As Conferências promovidas pela Organização das Nações Unidas, 
principalmente na década de 90 do século passado, conhecida como a 
Década das Conferências, tinham como principal preocupação o 
desenvolvimento sustentável e a proteção dos direitos humanos. 
Embora comumente se considere a Declaração de 1789 a mais famosa, a 
universalidade dos direitos humanos, de fato, só foi conquistada com a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Organização das 
Nações Unidas. O enunciado do conjunto de direitos previstos nesse 
documento internacional consagrou a certeza de direitos, exigindo que 
houvesse uma fixação prévia dos direitos e deveres; a segurança dos direitos, 
ao impor normas que garantissem o respeito aos mesmos; e a possibilidade 
dos direitos, ao exigir que fosse assegurado a todos os meios necessários à 
fruição do direito, por parte daqueles que gozam apenas de uma igualdade 
formal. 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresentou um grande 
problema concernente a sua eficácia, visto que era considerada “soft law”, ou 
seja, possuía um valor meramente moral, sem qualquer caráter de 
obrigatoriedade para os Estados. No entanto, é preciso registrar que o 
entendimento moderno considera a referida Declaração como norma 
internacional, dotada de obrigatoriedade. 
 
À vista daquele antigo entendimento, procurou-se elaborar diversos Pactos e 
Convenções Internacionais sobre o patrocínio da ONU, visando assegurar a 
proteção dos direitos do homem, a exemplo do Pacto Internacional de 
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, aprovados pela Assembleia-Geral em Nova Iorque, em 16 
de dezembro de 1966, com o fim de conferir dimensão jurídica à Declaração 
de 1948, superando a obrigatoriedade apenas moral que a caracterizava. O 
Brasil só aderiu a esses pactos em 1992, porquanto do regime autoritário que 
o regia antes. 
 
 
 12 
A ONU também tem tratado dos direitos humanos em várias outras 
declarações e convenções que versam sobre temas específicos como a 
Declaração dos Direitos das Crianças de 1959, a Declaração sobre a 
eliminação de qualquer forma de discriminação racial de 1963, a Declaração 
sobre eliminação da discriminação à mulher de 1967, a Convenção sobre 
Genocídio de 1948, a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 
1986, a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher de 1988, sobre a 
eliminação de todas as formas de discriminação racial de 1966 e sobre a 
punição do crime de apartheid de 1973, dentre outras. 
 
O movimento de internalizaçãodos direitos humanos foi consolidado pela 
Carta de São Francisco, que a partir do consenso entre os Estados elevou a 
promoção desses direitos. Ao aderir a Carta da ONU, os Estados 
reconheceram que os direitos humanos são de elevada importância 
internacional e, nessa medida, não são mais uma preocupação exclusiva dos 
Estados nacionais. 
 
O Conselho Econômico e Social, órgão da ONU, composto por cinquenta e 
quatro membros, tem atribuição para promover a cooperação em questões 
econômicas, sociais, culturais e os direitos humanos. Esse órgão pode ainda 
criar comissões para o desempenho dessas funções. Nesse sentido, foi 
concebido em 1946, a Comissão de Direitos Humanos, substituída 
posteriormente pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que possui 
quarenta e sete membros, eleitos pela Assembleia Geral. 
 
Muitos documentos internacionais sobre direitos humanos adotados pela 
ONU, alguns sobre novos direitos, outros relativos ao tratamento de pessoas 
consideradas como vulneráveis, foram redigidos pela antiga Comissão e pelo 
atual Conselho de Direitos Humanos. 
 
 
 13 
Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos 
No plano regional, complementando o sistema universal, surgem construções 
de proteção dos direitos humanos, particularmente no âmbito europeu, 
interamericano e africano. Tal sistema apresenta certa vantagem sobre o 
sistema universal na medida em que reflete com maior fidedignidade as 
especificidades da região sob os auspícios dessa estrutura de proteção dos 
direitos humanos. Além disso, o sistema regional acaba sendo mais efetivo do 
que o sistema global, pois dada a proximidade dos Estados num espaço 
geográfico, esses acabam exercendo pressões ao Estado violador dos direitos 
humanos. Porém, devemos perceber que a convivência dos sistemas universal 
e regional não são inconciliáveis, mas complementares e benéficos para a 
promoção dos direitos humanos. 
 
Cada sistema regional apresenta um mecanismo jurídico específico. Assim, 
passaremos à análise dos sistemas regionais da Europa, das Américas e da 
África. 
 
 Sistema europeu 
O continente europeu destaca-se como a região do planeta mais desenvolvida 
no tocante à proteção dos direitos humanos, exercendo enorme influência 
sobre os demais sistemas regionais. A elaboração da Convenção Europeia 
para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, de 
1950, teve como propósito atenuar as insuficiências normativas e processuais 
do sistema global. Quando a Convenção entrou em vigor, contava com a 
ratificação de apenas oito Estados, e em 2013 já possuía quarenta e sete 
Estados-partes. 
 
Assevera-se que a Convenção Europeia originariamente criou a Comissão e a 
Corte Europeia de Direitos Humanos. Entretanto, o Protocolo nº 11, que 
vigora desde 1998, realizou a fusão desses dois órgãos, criando uma nova 
Corte permanente, com intuito de dar maior efetividade aos direitos 
humanos. Assim, com a entrada em vigor do Protocolo, o indivíduo-vítima de 
 
 14 
violação de direitos humanos deve apresentar sua ação diretamente à Corte 
Europeia de Direitos Humanos. 
 
 Sistema africano 
O sistema regional mais recente de proteção dos direitos humanos é o 
africano e encontra-se em fase de construção, pois somente começou a ser 
esboçado na década de 80 do século passado, no âmbito da Organização da 
Unidade Africana, transformada em 2001 na União Africana. 
 
Como sabemos, a África passou pela luta da descolonização e enfrentou 
graves violações aos direitos humanos, como o massacre ocorrido em 
Ruanda, em 1994, as guerras civis em Angola, na Somália e na Libéria, o 
genocídio na região de Darfur, no oeste do Sudão, os desaparecimentos de 
pessoas nos Estados do Congo, Burundi, Chade e Camarões. 
Em 1981 foi adotada a Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos, que 
passou a vigorar apenas em 1986, e representou um importante avanço ao 
abrir novos caminhos para o reconhecimento e a proteção nessa região. Ela 
criou a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, com sede na 
capital Banjul, na República da Gâmbia e tem como intuito a promoção e 
proteção dos direitos humanos. Trata-se de órgão político integrado por onze 
membros eleitos por escrutínio secreto pela Conferência dos Chefes de 
Estado, para o mandato de seis anos, admitindo-se a recondução. 
 
Compete à Comissão além de promover e assegurar os direitos humanos 
previstos na Carta, realizar estudos, pesquisas, investigações, elaborar 
relatórios e adotar resoluções. Cabe a ela também receber comunicações de 
outros Estados, petições de indivíduos e Organizações não governamentais, 
sempre buscando uma solução amistosa aos conflitos apresentados, sem no 
entanto, adotar decisões juridicamente vinculantes. 
 
Em 1998, após sofrer inúmeras pressões internacionais, foi adotado o 
Protocolo à Carta Africana para a criação de umTribunal Africano dos Direitos 
 
 15 
Humanos e dos Povos, com sede em Arusha, no Estado da Tanzânia. O 
Tribunal é composto por onze juízes nacionais de Estados africanos, com 
mandato de seis anos, sendo permitida uma recondução. Possui competência 
consultiva e contenciosa, cabendo-lhe complementar as funções da Comissão 
Africana. 
 
A Carta Africana ainda apresenta características peculiares em razão do 
próprio contexto sociopolítico no qual se insere a maioria dos países 
signatários, enfatizando, por isso, a eliminação de quaisquer formas de 
opressão e colonialismo, e reservando especial atenção aos direitos de 
solidariedade, como o direito ao desenvolvimento dos povos, disposições 
estas contidas no próprio preâmbulo da Carta. 
 Sistema interamericano 
No âmbito das Américas, merece destaque a Declaração Americana dos 
Direitos e Deveres do Homem, aprovada pela IX Conferência de Bogotá em 
30 de março de 1948, na qual também foi aprovada a Carta Internacional 
Americana de Garantias Sociais. Em 1969, foi adotada a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José 
de Costa Rica, que entrou em vigor em 1978. 
 
O Pacto de São José da Costa Rica assegurou um catálogo de direitos 
análogos ao previsto pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e 
posteriormente, adotou, em 1988, o Protocolo Adicional à Convenção 
Americana nas áreas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, denominado 
de Protocolo de São Salvador. 
 
A Convenção Americana institucionalizou, como meio de proteção dos direitos 
nela reconhecidos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos prevista 
na Resolução VIII da V Reunião de Consulta dos Ministros das Relações 
Exteriores e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
 
 
 16 
A Comissão é composta por sete membros nacionais de qualquer Estado 
membro da OEA, eleitos para o mandato de quatro anos, permitida uma 
única recondução. Compete à Comissão a proteção dos direitos humanos no 
âmbito americano, promovendo estudos, pesquisas, relatórios, solicitação de 
informações aos Estados, exame de comunicações encaminhadas por 
indivíduos ou Organizações não governamentais, que contenham denúncias 
de violações aos direitos consagrados na Convenção. O órgão fará o exame 
da admissibilidade da petição, como o prévio esgotamento dos recursos 
internos, salvo no caso de injustificada demora processual ou da não 
observância pelo Estado do devido processo legal. Além disso, é preciso 
verificar a ausência de que o caso não esteja sendo apreciado por outra 
instância internacional. 
 
A Comissão buscará uma solução amistosa entre os envolvidos, e se essa não 
for possível, emitirá um relatório e, eventualmente, apresentará 
recomendações ao Estado violador do direito, que terá o prazo de três meses 
para cumpri-las. Cabe ressaltar que o caso poderá ser encaminhado à Corte 
Interamericana de Direitos Humanos e somente pode por ela ser apreciado se 
o Estado-parte reconhecer, através de declaraçãoexpressa e inequívoca, a 
sua competência. 
 
A Corte é órgão jurisdicional, composto por sete juízes nacionais de Estados 
membros da OEA. Possui competência consultiva e contenciosa. Sua decisão, 
neste último caso, possui força vinculante e obrigatória. 
 
Em sua função consultiva, destaca-se a OC-17, de 2002, solicitada pela 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, na qual a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos6 foi chamada a se pronunciar sobre a 
interpretação dos artigos 8º e 25 da Convenção Interamericana sobre Direitos 
 
6Estiveram presentes os juízes Antônio Augusto Cançado Trindade, Presidente; Alirio Abreu Burelli; 
Máximo Pacheco Gómez; Hernán Salgado Pesantes; Oliver Jackman; Sergio García Ramírez e Carlos 
Vicente de Roux Rengifo, bem como os secretários Manuel E. Ventura Robles e Pablo Saavedra 
Alessandri. 
 
 17 
Humanos, com o propósito de saber se as medidas especiais estabelecidas no 
artigo 19 do mesmo diploma constituíam limites ao arbítrio ou a 
discricionariedade dos Estados em relação às crianças. Convém assinalar que 
nesse caso a Corte permitiu, por audiência pública, a manifestação dos 
Estados e, em suas comunicações escritas e orais, o México questionou a 
determinação em procedimentos administrativos ou judiciais sobre direitos 
fundamentais da criança sem a sua devida oitiva e o desprezo de sua opinião. 
 
Destaca-se também que quanto à obrigação assumida pelo Estado-parte em 
um tratado internacional sobre direitos humanos em relação ao indivíduo, a 
Corte na opinião consultiva nº 2 de 24 de setembro de 1982, enfatizou que 
os tratados modernos sobre direitos humanos não são tratados multilaterais 
de tipo tradicional, firmados em função de um intercâmbio recíproco de 
direitos, para o benefício mútuo dos Estados-partes. Assim, seu objeto e 
finalidade são, sobretudo, a proteção dos direitos fundamentais dos seres 
humanos, independentemente da sua nacionalidade, tanto frente ao seu 
próprio Estado como frente a outros Estados. 
 
Um exemplo interessante de influência do Direito Internacional Regional em 
nosso Direito Interno é a chamada lei Maria da Penha que endureceu as 
penas para aqueles que praticam violência doméstica. Em 2001, a Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos 
(OEA) ressaltou que o Brasil foi negligente e omisso pela demora de 19 anos 
em punir o ex-marido da biofarmacêutica, recomendando ainda o pagamento 
de indenização. 
 
Marco Herredia foi condenado à pena de um pouco mais de seis anos de 
prisão por atirar nas costas de Maria da Penha, deixando-a paraplégica em 
1983 e, depois, por tentar matá-la eletrocutada. Herredia foi preso somente 
em 2003 e está em liberdade. Em 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha, 
que prevê que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham decretada 
 
 18 
prisão preventiva. A lei acabou com o pagamento de cestas básicas ou 
multas, penas a que estavam sujeitos anteriormente os agressores. 
 
O sistema americano de proteção não prevê, como ocorre no sistema 
europeu, o acesso da vítima por violação dos direitos humanos ou da 
organização não governamental à Corte Interamericana. 
 
O Brasil e a Corte Interamericana de Direitos Humanos 
A partir de agora, vamos conhecer alguns casos levados à Corte 
Interamericana por violação dos direitos humanos praticados no Brasil. 
 
 Caso Damião Ximenes Lopes versus Brasil 
Em 2006 a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pela 
morte de Damião Ximenes, indivíduo que havia sido internado em hospital 
psiquiátrico no Estado do Ceará e foi morto brutalmente pelos maus tratos 
por funcionários da clínica. 
 
Foi a primeira vez que o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de 
Direitos Humanos por violações dos direitos humanos, o que constitui um 
marco histórico para a proteção de direitos humanos. O caso foi levado à 
Corte pela Organização não Governamental Justiça Global, que representou a 
família. Por sete votos a zero, os juízes da Corte concluíram que o Estado 
brasileiro foi corresponsável pela morte por maus-tratos do portador de 
transtorno mental Damião Ximenes Lopes, ocorrida em outubro de 1999 
numa clínica psiquiátrica de Sobral (CE). 
 
 A Corte condenou o Brasil por violar quatro artigos da Convenção Americana 
de Direitos Humanos: o 4º (direito à vida), o 5º (direito à integridade física), 
o 8º (direito às garantias judiciais) e o 9º (direito à proteção judicial), 
ressaltando as falhas e lentidão na investigação judicial. Foi estabelecida 
indenização de US$ 146 mil dólares em favor da família da vítima. 
 
 19 
 
 Caso do Presídio Urso Branco versus Brasil 
Entre 1º de janeiro a 5 de julho de 2002, trinta e sete presos foram 
assassinados brutalmente no presídio Urso Branco, situado em Rondônia. A 
Corte interamericana determinou, por uma série de resoluções, medidas 
provisórias para evitar novas mortes naquele local. 
 
 Caso Gomes Lund e outros versus Brasil – Guerrilha do 
Araguaia 
Diante do desaparecimento de diversas pessoas integrantes da guerrilha do 
Araguaia, ocorrida no Brasil durante a ditadura militar, a Corte condenou o 
país. O caso foi submetido à Corte após a análise pela Comissão. A decisão 
prolatada em novembro de 2010 ressaltou que a Lei de Anistia, editada no 
ano de 1979, era incompatível com os preceitos da Convenção Americana e 
não poderia ser obstáculo para eventual investigação de violação aos direitos 
humanos. Como reflexo da decisão da Corte, o Brasil editou em 2011 duas 
leis de importância para o direito de transição: a Lei 12.527, que regulou o 
acesso à informação e a Lei 12.528, que criou a Comissão da Verdade. 
 
Tribunal Penal Internacional 
Após o estudo dos sistemas de proteção dos direitos humanos, cabe ressaltar 
a importância do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, 
em 1998. 
 
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que constitui um órgão da 
ONU, cuja jurisdição é restrita aos Estados, o TPI constitui uma corte criminal 
permanente, com personalidade jurídica internacional própria, de jurisdição 
global, com competência para julgar indivíduos acusados de terem cometido 
os crimes tipificados no Estatuto de Roma. Vale destacar que o TPI também 
não se confunde com os tribunais penais ad-hoc criados pelo Conselho de 
 
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Segurança da ONU, a saber, TPI para Ruanda, para a ex-Iugoslávia, uma vez 
que estes possuem limitações geográficas e temporais. 
 
Os crimes sujeitos à jurisdição do Tribunal Penal Internacional são os de 
genocídio, de ameaça, os de guerra e os chamados crimes contra a 
humanidade. As penas que poderão ser aplicadas estão previstas no Estatuto: 
a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo 
de 30 anos; ou b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do 
fato e as condições pessoais do condenado o justificarem. Além da pena de 
prisão, o Tribunal poderá aplicar: a) uma multa, de acordo com os critérios 
previstos no Regulamento Processual; b) A perda de produtos, bens e 
haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime, sem prejuízo dos 
direitos de terceiros que tenham agido de boa-fé. 
 
O Brasil assinou o Estatuto em 7 de fevereiro de 2000 e aderiu à jurisdição do 
TPI em 2002, por força do Decreto 4.388 de 2002. Posteriormente, com o 
advento da Emenda Constitucional nº 45, houve o acréscimo do § 4º ao art. 
5º da Constituição da República. Tal dispositivo é categórico ao afirmar que o 
Brasil está sujeito diretamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, e 
conduziu ao entendimento de que tal obrigação possui hodiernamente força 
constitucional. 
 
O Tribunal é composto por quatro diferentes órgãos: a Presidência, as 
Seções, o Gabinete do Promotor e a Secretaria. Possui 18 juízes escolhidos 
dentre as pessoas de alto carátermoral, integridade e de reconhecida 
competência nas áreas de direito processual, direito internacional, direito 
penal e direitos humanos. O mandato dos juízes será de nove anos, não 
sendo possível a reeleição. 
 
O TPI é regido pelos seguintes princípios: 
 
 Princípio da Complementaridade 
 
 21 
O TPI somente poderá exercer a sua jurisdição quando: 
 
1. O Estado em que o crime estiver sendo processado mostrar-se incapaz 
ou não possuir a intenção de fazê-lo; 
 
2. O caso for de gravidade considerada que justifique a atuação do 
Tribunal. 
 
Assim, o Tribunal apenas complementa a jurisdição do Estado-parte, não a 
substituindo. Ele atuará em casos excepcionais e subsidiariamente ao Estado. 
 
 Princípio da Responsabilidade Penal Individual 
Estatuto de Roma prevê em seu artigo 25 que o Tribunal é competente para 
julgar pessoas físicas, ou seja, consideradas individualmente responsáveis. 
 
 Princípio da Universalidade 
Esse princípio significa a submissão integral dos Estados-partes do Estatuto 
de Roma à jurisdição do Tribunal. 
 
 Princípio da Irrelevância da Função Oficial 
Por esse princípio há permissão de julgamento de Chefes de Estados, Chefes 
de Governos, Ministros ou qualquer outra autoridade de Estado, sem as 
prerrogativas inerentes ao cargo exercido. Assim, tais autoridades não 
possuíram imunidades ou qualquer outro privilégio ao serem submetidos ao 
Tribunal Penal Internacional. 
 
 Princípio da Imprescritibilidade 
De acordo com esse princípio, nenhum crime previsto no Estatuto de Roma 
sofre a ação do tempo pela prescrição. Assim, todos os crimes são 
considerados imprescritíveis. 
 
 
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Muitas questões envolvem conflitos aparentes entre o Estatuto de Roma e a 
Constituição Federal, como a entrega de nacionais ao Tribunal, o eventual 
desrespeito à coisa julgada material, a previsão de prisão perpétua, o 
afastamento das prerrogativas de certas autoridades por prerrogativa de 
função. De qualquer maneira, é preciso ter em mente que a submissão dos 
Estados ao Tribunal pretende, acima de tudo, resguardar a proteção dos 
direitos humanos. 
 
Atividade Proposta 
O Tribunal Penal Internacional constitui uma corte criminal permanente, com 
personalidade jurídica internacional própria, de jurisdição global, com 
competência para julgar indivíduos acusados de terem cometido os crimes 
tipificados no Estatuto de Roma, formalmente incorporado ao direito 
brasileiro. A partir disso, é possível vislumbrar eventual inconstitucionalidade 
das regras do Estatuto de Roma? 
 
Referências 
GUERRA, Sidney; SILVA, Roberto Luiz. Soberania: antigos e novos 
paradigmas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. 
 
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2005, v.1 e 2. 
________________. Direito Constitucional Internacional. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2005. 
 
________________. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2000. 
 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional 
internacional. São Paulo: Max Limonad, 1996. 
 
 
 23 
________________. Direitos humanos. V.1. Curitiba: Juruá, 2006. 
 
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na 
ordem internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 
 
________________. Processo internacional dos direitos humanos. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2007. 
 
TAVARES, André Ramos. A reforma do Judiciário no Brasil pós-88. São 
Paulo: Saraiva, 2005. 
 
TORRES, Ricardo Lobo (Org.). Teoria dos direitos fundamentais. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2001. 
 
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O Direito internacional num 
mundo em transformação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. 
 
Exercícios de Fixação 
Questão 1 
Sobre a proteção regional dos direitos humanos, assinale a alternativa falsa: 
 
a) No plano regional, o continente europeu destaca-se como a região do 
planeta mais desenvolvida no tocante à proteção dos direitos humanos 
em virtude da elaboração da Convenção da Paz, de 1987. 
b) No continente africano, foi adotada em 1981 a Carta Africana de 
Direitos Humanos e dos Povos, que representou um importante avanço 
ao abrir novos caminhos para o reconhecimento e proteção dos 
direitos humanos nessa região. 
c) No âmbito do continente americano, merece destaque a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, denominada de Pacto de San José da 
Costa Rica. 
 
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d) O sistema africano prevê uma Comissão que, além de promover e 
assegurar os direitos humanos previstos na Carta Africana, realiza 
estudos, pesquisas, investigações e relatórios, e adota resoluções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 2 
O valor atribuído à pessoa faz parte de uma tradição que remonta às origens 
da humanidade. Historicamente, constata-se que tal valor atribuído à pessoa 
humana, enquanto fundamento dos direitos humanos, foi adquirindo um 
progressivo dinamismo, que culminou com a aquisição de sua personalidade 
internacional. Nesse contexto, assinale o tratado que passou a conhecer a 
pessoa humana como sujeito de Direito Internacional: 
 
a) Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
b) Pacto Internacional dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
c) Estatuto de Roma. 
d) Pacto de San José da Costa Rica. 
 
Questão 3 
Sobre os documentos internacionais de proteção dos direitos humanos, 
assinale a opção incorreta: 
 
a) O Brasil aderiu ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
 
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b) A universalidade dos direitos humanos somente foi conquistada com a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. 
c) O Brasil não aderiu ao Pacto de San José da Costa Rica, por este não 
permitir a prisão do depositário infiel. 
d) O Estatuto de Roma, de 1998, é um importante instrumento 
internacional para a proteção dos direitos humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 4 
Sobre os direitos humanos, assinale a alternativa correta: 
 
a) A universalidade dos direitos humanos somente foi conquistada com o 
Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. 
b) No mundo contemporâneo, não se reconhece a importância da 
positivação universal dos direitos humanos. 
c) Os sistemas europeu e americano de proteção dos direitos humanos 
não gozam de qualquer eficácia. 
d) O valor atribuído à pessoa humana faz parte de uma tradição que 
remonta às origens da humanidade, compreendendo uma conquista 
histórica. 
 
Questão 5 
Com relação ao processo no Tribunal Penal Internacional (TPI), assinale a 
opção incorreta. 
 
a) O TPI pode ter jurisdição sobre crimes ocorridos em território cujo 
Estado seja parte do Estatuto de Roma. 
 
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b) Os crimes previstos no Estatuto de Roma sofrem a ação do tempo pela 
prescrição. 
c) O TPI é regido pelo princípio da complementaridade. 
d) No TPI, não podem ser processados crimes ocorridos antes da entrada 
em vigor do estatuto desse tribunal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade Proposta 
Resposta: Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha se manifestado 
sobre eventual inconstitucionalidade do Estatuto de Roma, é possível 
questionar academicamente as seguintes regras i) às exceções ao princípio da 
coisa julgada; ii) à desconsideração das imunidades e prerrogativas previstas 
pelo direito interno; iii) à imprescritibilidade dos crimes internacionais; iv) à 
possibilidade de entrega de nacionais para julgamento perante o Tribunal 
Penal Internacional; v) à previsão de prisão perpétua; vi) à ausência de 
fixação de sanções penais para os crimes internacionais. 
 
Exercícios de Fixação 
Questão 1 - A 
Resposta: A afirmação é falsa, pois apesar do continente europeu se destacar 
pelo seus desenvolvimento no tocante à proteção dos direitos humanos, foi a 
Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Humanos e das 
 
 27 
Liberdades Fundamentais, de 1950 que teve como propósitoatenuar as 
insuficiências normativas e processuais do sistema global. 
 
Questão 2 - A 
Resposta: Embora comumente se considere a Declaração de 1789 a mais 
famosa, a universalidade dos direitos humanos, de fato, só foi conquistada 
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Organização 
das Nações Unidas. 
 
Questão 3 - C 
Resposta: A alternativa 3 deve ser considerada incorreta, pois o Brasil 
ratificou o tratado em 1992, após a aprovação do Congresso Nacional pelo 
Decreto Legislativo nº 27, tendo sido o documento internacional promulgado 
pelo decreto presidencial nº 678. 
 
Questão 4 - D 
Resposta: A preocupação com a pessoa fez surgir um sistema de proteção 
dos direitos humanos. 
 
Questão 5 - B 
Resposta: Segundo o Princípio da Imprescritibilidade, nenhum crime previsto 
no Estatuto de Roma sofre a ação do tempo pela prescrição. Assim todos os 
crimes são considerados imprescritíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Atualizado em: 22 jun. 2014

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