Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 AULA 4: SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS 4 SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 8 SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 9 SISTEMA REGIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 13 O BRASIL E A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 18 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 19 ATIVIDADE PROPOSTA 22 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 CHAVES DE RESPOSTA 26 ATIVIDADE PROPOSTA 26 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 26 3 Artigo/Case relacionado: Leia o artigo “ONU cobra investigação imediata sobre barbárie em presídio maranhense”. Introdução O reconhecimento dos direitos humanos está atrelado às conquistas do homem na longa trajetória histórica da limitação do poder. O período entre a Antiguidade e a Idade Média corresponderia à pré-história dos direitos humanos. A fase intermediária da evolução dos direitos humanos é denominada de fase de afirmação dos direitos naturais. A última etapa, dita fase de constitucionalização, é marcada pela consagração do Estado constitucionalista. Dentro dessa perspectiva, surgem os sistemas de proteção dos direitos humanos. Um sistema protetivo universal dos direitos humanos, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas e outros, dada as especificidades de cada região, como os sistemas europeu, americano e africano. Destaca-se que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, de 1998, desempenha papel importante na atualidade para coibir desrespeitos aos direitos humanos. Sendo assim, esta aula tem como objetivo: 4 1. Analisar a evolução e os sistemas de proteção dos direitos humanos como fulcro temático da atualidade e do Tribunal Penal Internacional. Conteúdo Direitos Humanos e Direitos Fundamentais Embora os termos: direitos humanos e direitos fundamentais sejam utilizados como sinônimos, existe uma imprecisão doutrinária na utilização das terminologias empregadas, tais como direitos do homem, direitos públicos subjetivos, direitos humanos, liberdades públicas, direitos fundamentais, direitos humanos fundamentais, entre outras. A própria Constituição Federal 5 brasileira, à semelhança de outras constituições, faz referência a inúmeras terminologias a fim de designar o conteúdo do direito a ser protegido. É preciso assim reconhecer que a confusão entre as denominações não se revela como intolerável. Da mesma forma, o tratamento dos direitos humanos não segue uma uniformidade e, por isso, é concebido de variadas maneiras, de acordo com o paradigma científico vigente, bem como o modelo socioeconômico ideológico predominante. O valor atribuído à pessoa humana faz parte de uma tradição que remonta às origens da humanidade. Historicamente, constata-se que tal valor, enquanto fundamento dos direitos humanos, adquiriu um progressivo dinamismo, a despeito das diversas controvérsias suscitadas pelos princípios sobre os quais os direitos humanos assentavam-se. Durante todo trajeto evolutivo percorrido pela doutrina dos direitos humanos, vários de seus aspectos constituíram objeto de contestação, a exemplo do caráter de indeterminação e excesso de individualismo de que seriam portadores e da ausência de um valor jurídico real de seus preceitos, que representariam meros anseios e não direitos. Como já tivemos oportunidade de ressaltar, a doutrina clássica de Klaus Stern assevera que existem três etapas distintas de evolução dos direitos humanos, que passariam de uma fase denominada de pré-história para uma fase intermediária e, ao final, chegariam a atual fase de constitucionalização. As reivindicações pela codificação dos direitos humanos surgiram ao longo da história em face da necessidade da afirmação das pessoas em relação aos abusos cometidos por parte dos Estados. Historicamente, por via de codificação, merecem destaque célebres textos elaborados na Inglaterra em reação ao Poder Absoluto: A Magna Carta de 1215, a Petition of Rights, de 1628 e o Bill of Rights, de 1689. http://pt.wikipedia.org/wiki/Magna_Carta http://www.conedh.mg.gov.br/conedh/petdir.htm http://www.conedh.mg.gov.br/conedh/petdir.htm 6 A Petition of Rights, de 1628, a exemplo da Magna Carta, objetivou também resguardar os direitos fundamentais naquela consagrados, tais como a liberdade de ir e vir, a propriedade privada, reconfirmando esses direitos e reclamando outros, como o respeito ao princípio do consentimento na tributação, o julgamento pelos pares para a privação da liberdade e a proibição de detenções arbitrárias. Igualmente, o Bill of Rights, de 1689, direcionou-se à proteção dos direitos dos ingleses, avultando a preocupação com a independência do Parlamento. Além da contribuição dada pela Inglaterra ao desenvolvimento da posterior codificação dos direitos humanos, merecem especial relevo as teorias contratualistas, que, impregnadas da doutrina do Direito Natural formulada por Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau, compuseram a fase intermediária de evolução dos direitos humanos. A Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, elaborada por uma das treze colônias americanas, no dia 12 de janeiro de 1776 constituiu, segundo alguns, o registro de nascimento dos direitos humanos na história. No documento houve o reconhecimento expresso de que todos os homens seriam igualmente vocacionados ao aperfeiçoamento constante de si mesmos.1 Em artigo sobre a estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, Antônio Celso Alves Pereira reconhece que “considerando as tradições democráticas dos Estados Unidos, e, ainda, o pioneirismo do país na luta pelos direitos humanos – A Declaração da Virgínia, de 1776, inspirou a Declaração de Direitos do Cidadão de 1789, da Revolução Francesa”.2 A Declaração de Virgínia de 1776 reuniu relevantes direitos como de que a) todos os homens são iguais, livres e independentes; b) todo poder emana do povo; c) o governo é, ou deve ser, instituído para o comum benefício, 1 COMPARATO, Fábio Konder.A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 49. 2 PEREIRA, Antônio Celso Alves. A nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos: Aspectos políticos e jurídicos. In: DEL’OLMO, F. S. (Org.). Curso de Direito Internacional Contemporâneo. Rio de Janeiro: Saraiva, 2003, p. 62. 7 proteção e segurança do povo, nação ou comunidade; d) ninguém tem privilégios exclusivos, nem os cargos ou serviços públicos são hereditários; e) os Poderes Executivo e Legislativo deverão ser separados e distintos do Poder Judiciário, e que os membros dos dois primeiros poderes devem ter investidura temporária e suas vagas preenchidas através de eleições periódicas e regulares; f) as eleições devem ser livres; g) seria ilegítimo todo poder de suspensão de lei ou de sua execução, sem o consentimento dos representantes do povo; h) assegurado o direito de defesa nos processos criminais, bem como o julgamento rápido por júri imparcial, e que ninguém poderia ser privado de sua liberdade, salvo pela lei da terra ou por julgamento de seus pares; i) vedadas fianças e multas excessivas e castigos cruéis; j) vedada a expedição de mandados gerais de busca e detenção, sem especificação exata e prova do crime; m) a liberdade de imprensa seria um dos grandes baluartes da liberdade; n) todos os homens têm igual direito ao livre exercício da religião. Contudo, tal declaração não possuía um caráter de universalidade, pois se preocupou mais em tutelar os direitos dos cidadãos americanos, munindo-os de garantias para fazer valer os seus direitos reconhecidos, protegendo-os, assim, de possíveis abusos de poder. A Declaração de Direitos doHomem e do Cidadão, elaborada por Lafayette e aprovada em 26 de agosto de 1789, devido às repercussões da Revolução Francesa, exerceu maior influência do que a norte-americana, apesar de estar nesta fundamentada. Parte da doutrina acredita que, a partir da segunda metade do século XX, após o flagelo da 2ª Guerra Mundial, que os direitos humanos, especialmente no plano internacional, adquiriram simultaneamente o caráter de universalidade e de dinamismo, devido ao seu grande potencial de inovação em face de mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. 8 Sistemas de Proteção dos Direitos Humanos Em relação ao âmbito jurídico em que se desenvolve a proteção dos direitos humanos no sistema internacional, duas são as classificações que se complementam. A primeira surge no reconhecimento da proteção dos direitos humanos num sistema global ou universal, desenvolvido no seio da ONU. A segunda leva em conta a vocação regional de alguns Estados que mais ou menos possuem valores aproximados, de acordo com suas experiências jurídicas, culturais e ideológicas. Nesse último sentido, foram aperfeiçoados os sistemas de proteção europeu, interamericano e africano. A figura abaixo facilita o entendimento da classificação dos sistemas de proteção dos direitos humanos: A essa classificação liga-se mais de perto o tema do relativismo cultural, que dificultaria, quando não impediria, o desenvolvimento apropriado do sistema universal de proteção.3 3 MÔNACO, Gustavo Ferraz Campos. A proteção da criança no cenário internacional. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. p. 108. 9 As nomenclaturas utilizadas nesses dois sistemas variam entre os doutrinadores; uns preferem designar o primeiro de sistema universal ou também geral; e outros, para a segunda classificação, em regional ou particular e também específico. Há ainda os que preferem, de acordo com uma preocupação das pessoas envolvidas, utilizar as expressões: homogêneo, dito universal, e heterogêneo, para o sistema regional. Com efeito, [...] parece mais apropriado falar nesses sistemas sob a denominação sistema homogêneo e sistema heterogêneo. Pensa-se, sinceramente, que essa nomenclatura tem o condão de facilitar a compreensão do espectro de pessoas atingidas. Assim, no sistema homogêneo, dito universal, é a homogeneidade da condição de pessoa humana que garante a todos os seres humanos a proteção de seus direitos. Da mesma forma, no sistema heterogêneo, dito particular, a heterogeneidade da situação de determinado grupo humano que autoriza os maiores cuidados e as maiores preocupações dispensados pela sociedade internacional (global ou regionalmente considerada) em seu próprio benefício e na forma do que se convencionou chamar de discriminação positiva ou afirmativa.4 Sistema Universal de Proteção dos Direitos Humanos Pode-se dizer, em termos gerais, que até o fim da Segunda Guerra Mundial não havia um sistema universal de proteção dos direitos humanos. Após a Segunda Guerra, com os horrores ocasionados pelo holocausto, foi preciso estabelecer uma sistemática de proteção dos direitos humanos de forma 4 MONACO, Gustavo Ferraz Campos. A proteção da criança no cenário internacional. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. p. 109. 10 universal, o que contribuiu para o fortalecimento do processo de internacionalização e a sua expansão. Por isso, chega-se a classificar o direito internacional como anterior à segunda guerra e o direito posterior a ela.5 Antes de 1939, a Liga das Nações, idealizada pelos 14 pontos de Wilson, não foi capaz de fornecer a proteção aos direitos humanos de forma adequada. A criação da ONU, em 1945, com as suas agências especializadas, determinou o surgimento de uma nova ordem internacional, que instaurou um novo modelo de atuação nas relações internacionais, sobretudo com a contribuição da Assembleia Geral para a efetivação dos direitos humanos, em que cada Estado comprometeu-se a cooperar entre si para a promoção dos direitos humanos. Dentro de um sistema protetivo universal dos direitos humanos, a Organização das Nações Unidas – ONU desempenha papel fundamental, pois um dos propósitos explícitos na Carta da ONU foi de conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. Foi nesse sentido que a principal organização internacional da atualidade promoveu diversos documentos internacionais. O sistema de proteção dos Direitos Humanos não pretende substituir o ordenamento jurídico interno, mas constitui forma subsidiária de efetivar tais direitos, mormente quando houver omissão ou lacuna, bem como falha das instituições nacionais. O sistema universal não se limita a determinada região e, por isso, pode alcançar qualquer Estado integrante da ordem internacional. 5PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 130. 11 As Conferências promovidas pela Organização das Nações Unidas, principalmente na década de 90 do século passado, conhecida como a Década das Conferências, tinham como principal preocupação o desenvolvimento sustentável e a proteção dos direitos humanos. Embora comumente se considere a Declaração de 1789 a mais famosa, a universalidade dos direitos humanos, de fato, só foi conquistada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Organização das Nações Unidas. O enunciado do conjunto de direitos previstos nesse documento internacional consagrou a certeza de direitos, exigindo que houvesse uma fixação prévia dos direitos e deveres; a segurança dos direitos, ao impor normas que garantissem o respeito aos mesmos; e a possibilidade dos direitos, ao exigir que fosse assegurado a todos os meios necessários à fruição do direito, por parte daqueles que gozam apenas de uma igualdade formal. A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresentou um grande problema concernente a sua eficácia, visto que era considerada “soft law”, ou seja, possuía um valor meramente moral, sem qualquer caráter de obrigatoriedade para os Estados. No entanto, é preciso registrar que o entendimento moderno considera a referida Declaração como norma internacional, dotada de obrigatoriedade. À vista daquele antigo entendimento, procurou-se elaborar diversos Pactos e Convenções Internacionais sobre o patrocínio da ONU, visando assegurar a proteção dos direitos do homem, a exemplo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, aprovados pela Assembleia-Geral em Nova Iorque, em 16 de dezembro de 1966, com o fim de conferir dimensão jurídica à Declaração de 1948, superando a obrigatoriedade apenas moral que a caracterizava. O Brasil só aderiu a esses pactos em 1992, porquanto do regime autoritário que o regia antes. 12 A ONU também tem tratado dos direitos humanos em várias outras declarações e convenções que versam sobre temas específicos como a Declaração dos Direitos das Crianças de 1959, a Declaração sobre a eliminação de qualquer forma de discriminação racial de 1963, a Declaração sobre eliminação da discriminação à mulher de 1967, a Convenção sobre Genocídio de 1948, a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986, a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher de 1988, sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial de 1966 e sobre a punição do crime de apartheid de 1973, dentre outras. O movimento de internalizaçãodos direitos humanos foi consolidado pela Carta de São Francisco, que a partir do consenso entre os Estados elevou a promoção desses direitos. Ao aderir a Carta da ONU, os Estados reconheceram que os direitos humanos são de elevada importância internacional e, nessa medida, não são mais uma preocupação exclusiva dos Estados nacionais. O Conselho Econômico e Social, órgão da ONU, composto por cinquenta e quatro membros, tem atribuição para promover a cooperação em questões econômicas, sociais, culturais e os direitos humanos. Esse órgão pode ainda criar comissões para o desempenho dessas funções. Nesse sentido, foi concebido em 1946, a Comissão de Direitos Humanos, substituída posteriormente pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que possui quarenta e sete membros, eleitos pela Assembleia Geral. Muitos documentos internacionais sobre direitos humanos adotados pela ONU, alguns sobre novos direitos, outros relativos ao tratamento de pessoas consideradas como vulneráveis, foram redigidos pela antiga Comissão e pelo atual Conselho de Direitos Humanos. 13 Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos No plano regional, complementando o sistema universal, surgem construções de proteção dos direitos humanos, particularmente no âmbito europeu, interamericano e africano. Tal sistema apresenta certa vantagem sobre o sistema universal na medida em que reflete com maior fidedignidade as especificidades da região sob os auspícios dessa estrutura de proteção dos direitos humanos. Além disso, o sistema regional acaba sendo mais efetivo do que o sistema global, pois dada a proximidade dos Estados num espaço geográfico, esses acabam exercendo pressões ao Estado violador dos direitos humanos. Porém, devemos perceber que a convivência dos sistemas universal e regional não são inconciliáveis, mas complementares e benéficos para a promoção dos direitos humanos. Cada sistema regional apresenta um mecanismo jurídico específico. Assim, passaremos à análise dos sistemas regionais da Europa, das Américas e da África. Sistema europeu O continente europeu destaca-se como a região do planeta mais desenvolvida no tocante à proteção dos direitos humanos, exercendo enorme influência sobre os demais sistemas regionais. A elaboração da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, de 1950, teve como propósito atenuar as insuficiências normativas e processuais do sistema global. Quando a Convenção entrou em vigor, contava com a ratificação de apenas oito Estados, e em 2013 já possuía quarenta e sete Estados-partes. Assevera-se que a Convenção Europeia originariamente criou a Comissão e a Corte Europeia de Direitos Humanos. Entretanto, o Protocolo nº 11, que vigora desde 1998, realizou a fusão desses dois órgãos, criando uma nova Corte permanente, com intuito de dar maior efetividade aos direitos humanos. Assim, com a entrada em vigor do Protocolo, o indivíduo-vítima de 14 violação de direitos humanos deve apresentar sua ação diretamente à Corte Europeia de Direitos Humanos. Sistema africano O sistema regional mais recente de proteção dos direitos humanos é o africano e encontra-se em fase de construção, pois somente começou a ser esboçado na década de 80 do século passado, no âmbito da Organização da Unidade Africana, transformada em 2001 na União Africana. Como sabemos, a África passou pela luta da descolonização e enfrentou graves violações aos direitos humanos, como o massacre ocorrido em Ruanda, em 1994, as guerras civis em Angola, na Somália e na Libéria, o genocídio na região de Darfur, no oeste do Sudão, os desaparecimentos de pessoas nos Estados do Congo, Burundi, Chade e Camarões. Em 1981 foi adotada a Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos, que passou a vigorar apenas em 1986, e representou um importante avanço ao abrir novos caminhos para o reconhecimento e a proteção nessa região. Ela criou a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, com sede na capital Banjul, na República da Gâmbia e tem como intuito a promoção e proteção dos direitos humanos. Trata-se de órgão político integrado por onze membros eleitos por escrutínio secreto pela Conferência dos Chefes de Estado, para o mandato de seis anos, admitindo-se a recondução. Compete à Comissão além de promover e assegurar os direitos humanos previstos na Carta, realizar estudos, pesquisas, investigações, elaborar relatórios e adotar resoluções. Cabe a ela também receber comunicações de outros Estados, petições de indivíduos e Organizações não governamentais, sempre buscando uma solução amistosa aos conflitos apresentados, sem no entanto, adotar decisões juridicamente vinculantes. Em 1998, após sofrer inúmeras pressões internacionais, foi adotado o Protocolo à Carta Africana para a criação de umTribunal Africano dos Direitos 15 Humanos e dos Povos, com sede em Arusha, no Estado da Tanzânia. O Tribunal é composto por onze juízes nacionais de Estados africanos, com mandato de seis anos, sendo permitida uma recondução. Possui competência consultiva e contenciosa, cabendo-lhe complementar as funções da Comissão Africana. A Carta Africana ainda apresenta características peculiares em razão do próprio contexto sociopolítico no qual se insere a maioria dos países signatários, enfatizando, por isso, a eliminação de quaisquer formas de opressão e colonialismo, e reservando especial atenção aos direitos de solidariedade, como o direito ao desenvolvimento dos povos, disposições estas contidas no próprio preâmbulo da Carta. Sistema interamericano No âmbito das Américas, merece destaque a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, aprovada pela IX Conferência de Bogotá em 30 de março de 1948, na qual também foi aprovada a Carta Internacional Americana de Garantias Sociais. Em 1969, foi adotada a Convenção Americana de Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José de Costa Rica, que entrou em vigor em 1978. O Pacto de São José da Costa Rica assegurou um catálogo de direitos análogos ao previsto pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e posteriormente, adotou, em 1988, o Protocolo Adicional à Convenção Americana nas áreas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, denominado de Protocolo de São Salvador. A Convenção Americana institucionalizou, como meio de proteção dos direitos nela reconhecidos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos prevista na Resolução VIII da V Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. 16 A Comissão é composta por sete membros nacionais de qualquer Estado membro da OEA, eleitos para o mandato de quatro anos, permitida uma única recondução. Compete à Comissão a proteção dos direitos humanos no âmbito americano, promovendo estudos, pesquisas, relatórios, solicitação de informações aos Estados, exame de comunicações encaminhadas por indivíduos ou Organizações não governamentais, que contenham denúncias de violações aos direitos consagrados na Convenção. O órgão fará o exame da admissibilidade da petição, como o prévio esgotamento dos recursos internos, salvo no caso de injustificada demora processual ou da não observância pelo Estado do devido processo legal. Além disso, é preciso verificar a ausência de que o caso não esteja sendo apreciado por outra instância internacional. A Comissão buscará uma solução amistosa entre os envolvidos, e se essa não for possível, emitirá um relatório e, eventualmente, apresentará recomendações ao Estado violador do direito, que terá o prazo de três meses para cumpri-las. Cabe ressaltar que o caso poderá ser encaminhado à Corte Interamericana de Direitos Humanos e somente pode por ela ser apreciado se o Estado-parte reconhecer, através de declaraçãoexpressa e inequívoca, a sua competência. A Corte é órgão jurisdicional, composto por sete juízes nacionais de Estados membros da OEA. Possui competência consultiva e contenciosa. Sua decisão, neste último caso, possui força vinculante e obrigatória. Em sua função consultiva, destaca-se a OC-17, de 2002, solicitada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, na qual a Corte Interamericana de Direitos Humanos6 foi chamada a se pronunciar sobre a interpretação dos artigos 8º e 25 da Convenção Interamericana sobre Direitos 6Estiveram presentes os juízes Antônio Augusto Cançado Trindade, Presidente; Alirio Abreu Burelli; Máximo Pacheco Gómez; Hernán Salgado Pesantes; Oliver Jackman; Sergio García Ramírez e Carlos Vicente de Roux Rengifo, bem como os secretários Manuel E. Ventura Robles e Pablo Saavedra Alessandri. 17 Humanos, com o propósito de saber se as medidas especiais estabelecidas no artigo 19 do mesmo diploma constituíam limites ao arbítrio ou a discricionariedade dos Estados em relação às crianças. Convém assinalar que nesse caso a Corte permitiu, por audiência pública, a manifestação dos Estados e, em suas comunicações escritas e orais, o México questionou a determinação em procedimentos administrativos ou judiciais sobre direitos fundamentais da criança sem a sua devida oitiva e o desprezo de sua opinião. Destaca-se também que quanto à obrigação assumida pelo Estado-parte em um tratado internacional sobre direitos humanos em relação ao indivíduo, a Corte na opinião consultiva nº 2 de 24 de setembro de 1982, enfatizou que os tratados modernos sobre direitos humanos não são tratados multilaterais de tipo tradicional, firmados em função de um intercâmbio recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados-partes. Assim, seu objeto e finalidade são, sobretudo, a proteção dos direitos fundamentais dos seres humanos, independentemente da sua nacionalidade, tanto frente ao seu próprio Estado como frente a outros Estados. Um exemplo interessante de influência do Direito Internacional Regional em nosso Direito Interno é a chamada lei Maria da Penha que endureceu as penas para aqueles que praticam violência doméstica. Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) ressaltou que o Brasil foi negligente e omisso pela demora de 19 anos em punir o ex-marido da biofarmacêutica, recomendando ainda o pagamento de indenização. Marco Herredia foi condenado à pena de um pouco mais de seis anos de prisão por atirar nas costas de Maria da Penha, deixando-a paraplégica em 1983 e, depois, por tentar matá-la eletrocutada. Herredia foi preso somente em 2003 e está em liberdade. Em 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha, que prevê que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham decretada 18 prisão preventiva. A lei acabou com o pagamento de cestas básicas ou multas, penas a que estavam sujeitos anteriormente os agressores. O sistema americano de proteção não prevê, como ocorre no sistema europeu, o acesso da vítima por violação dos direitos humanos ou da organização não governamental à Corte Interamericana. O Brasil e a Corte Interamericana de Direitos Humanos A partir de agora, vamos conhecer alguns casos levados à Corte Interamericana por violação dos direitos humanos praticados no Brasil. Caso Damião Ximenes Lopes versus Brasil Em 2006 a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pela morte de Damião Ximenes, indivíduo que havia sido internado em hospital psiquiátrico no Estado do Ceará e foi morto brutalmente pelos maus tratos por funcionários da clínica. Foi a primeira vez que o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por violações dos direitos humanos, o que constitui um marco histórico para a proteção de direitos humanos. O caso foi levado à Corte pela Organização não Governamental Justiça Global, que representou a família. Por sete votos a zero, os juízes da Corte concluíram que o Estado brasileiro foi corresponsável pela morte por maus-tratos do portador de transtorno mental Damião Ximenes Lopes, ocorrida em outubro de 1999 numa clínica psiquiátrica de Sobral (CE). A Corte condenou o Brasil por violar quatro artigos da Convenção Americana de Direitos Humanos: o 4º (direito à vida), o 5º (direito à integridade física), o 8º (direito às garantias judiciais) e o 9º (direito à proteção judicial), ressaltando as falhas e lentidão na investigação judicial. Foi estabelecida indenização de US$ 146 mil dólares em favor da família da vítima. 19 Caso do Presídio Urso Branco versus Brasil Entre 1º de janeiro a 5 de julho de 2002, trinta e sete presos foram assassinados brutalmente no presídio Urso Branco, situado em Rondônia. A Corte interamericana determinou, por uma série de resoluções, medidas provisórias para evitar novas mortes naquele local. Caso Gomes Lund e outros versus Brasil – Guerrilha do Araguaia Diante do desaparecimento de diversas pessoas integrantes da guerrilha do Araguaia, ocorrida no Brasil durante a ditadura militar, a Corte condenou o país. O caso foi submetido à Corte após a análise pela Comissão. A decisão prolatada em novembro de 2010 ressaltou que a Lei de Anistia, editada no ano de 1979, era incompatível com os preceitos da Convenção Americana e não poderia ser obstáculo para eventual investigação de violação aos direitos humanos. Como reflexo da decisão da Corte, o Brasil editou em 2011 duas leis de importância para o direito de transição: a Lei 12.527, que regulou o acesso à informação e a Lei 12.528, que criou a Comissão da Verdade. Tribunal Penal Internacional Após o estudo dos sistemas de proteção dos direitos humanos, cabe ressaltar a importância do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, em 1998. Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que constitui um órgão da ONU, cuja jurisdição é restrita aos Estados, o TPI constitui uma corte criminal permanente, com personalidade jurídica internacional própria, de jurisdição global, com competência para julgar indivíduos acusados de terem cometido os crimes tipificados no Estatuto de Roma. Vale destacar que o TPI também não se confunde com os tribunais penais ad-hoc criados pelo Conselho de 20 Segurança da ONU, a saber, TPI para Ruanda, para a ex-Iugoslávia, uma vez que estes possuem limitações geográficas e temporais. Os crimes sujeitos à jurisdição do Tribunal Penal Internacional são os de genocídio, de ameaça, os de guerra e os chamados crimes contra a humanidade. As penas que poderão ser aplicadas estão previstas no Estatuto: a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 anos; ou b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o justificarem. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá aplicar: a) uma multa, de acordo com os critérios previstos no Regulamento Processual; b) A perda de produtos, bens e haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime, sem prejuízo dos direitos de terceiros que tenham agido de boa-fé. O Brasil assinou o Estatuto em 7 de fevereiro de 2000 e aderiu à jurisdição do TPI em 2002, por força do Decreto 4.388 de 2002. Posteriormente, com o advento da Emenda Constitucional nº 45, houve o acréscimo do § 4º ao art. 5º da Constituição da República. Tal dispositivo é categórico ao afirmar que o Brasil está sujeito diretamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, e conduziu ao entendimento de que tal obrigação possui hodiernamente força constitucional. O Tribunal é composto por quatro diferentes órgãos: a Presidência, as Seções, o Gabinete do Promotor e a Secretaria. Possui 18 juízes escolhidos dentre as pessoas de alto carátermoral, integridade e de reconhecida competência nas áreas de direito processual, direito internacional, direito penal e direitos humanos. O mandato dos juízes será de nove anos, não sendo possível a reeleição. O TPI é regido pelos seguintes princípios: Princípio da Complementaridade 21 O TPI somente poderá exercer a sua jurisdição quando: 1. O Estado em que o crime estiver sendo processado mostrar-se incapaz ou não possuir a intenção de fazê-lo; 2. O caso for de gravidade considerada que justifique a atuação do Tribunal. Assim, o Tribunal apenas complementa a jurisdição do Estado-parte, não a substituindo. Ele atuará em casos excepcionais e subsidiariamente ao Estado. Princípio da Responsabilidade Penal Individual Estatuto de Roma prevê em seu artigo 25 que o Tribunal é competente para julgar pessoas físicas, ou seja, consideradas individualmente responsáveis. Princípio da Universalidade Esse princípio significa a submissão integral dos Estados-partes do Estatuto de Roma à jurisdição do Tribunal. Princípio da Irrelevância da Função Oficial Por esse princípio há permissão de julgamento de Chefes de Estados, Chefes de Governos, Ministros ou qualquer outra autoridade de Estado, sem as prerrogativas inerentes ao cargo exercido. Assim, tais autoridades não possuíram imunidades ou qualquer outro privilégio ao serem submetidos ao Tribunal Penal Internacional. Princípio da Imprescritibilidade De acordo com esse princípio, nenhum crime previsto no Estatuto de Roma sofre a ação do tempo pela prescrição. Assim, todos os crimes são considerados imprescritíveis. 22 Muitas questões envolvem conflitos aparentes entre o Estatuto de Roma e a Constituição Federal, como a entrega de nacionais ao Tribunal, o eventual desrespeito à coisa julgada material, a previsão de prisão perpétua, o afastamento das prerrogativas de certas autoridades por prerrogativa de função. De qualquer maneira, é preciso ter em mente que a submissão dos Estados ao Tribunal pretende, acima de tudo, resguardar a proteção dos direitos humanos. Atividade Proposta O Tribunal Penal Internacional constitui uma corte criminal permanente, com personalidade jurídica internacional própria, de jurisdição global, com competência para julgar indivíduos acusados de terem cometido os crimes tipificados no Estatuto de Roma, formalmente incorporado ao direito brasileiro. A partir disso, é possível vislumbrar eventual inconstitucionalidade das regras do Estatuto de Roma? Referências GUERRA, Sidney; SILVA, Roberto Luiz. Soberania: antigos e novos paradigmas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, v.1 e 2. ________________. Direito Constitucional Internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. ________________. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São Paulo: Max Limonad, 1996. 23 ________________. Direitos humanos. V.1. Curitiba: Juruá, 2006. RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. ________________. Processo internacional dos direitos humanos. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. TAVARES, André Ramos. A reforma do Judiciário no Brasil pós-88. São Paulo: Saraiva, 2005. TORRES, Ricardo Lobo (Org.). Teoria dos direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O Direito internacional num mundo em transformação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Exercícios de Fixação Questão 1 Sobre a proteção regional dos direitos humanos, assinale a alternativa falsa: a) No plano regional, o continente europeu destaca-se como a região do planeta mais desenvolvida no tocante à proteção dos direitos humanos em virtude da elaboração da Convenção da Paz, de 1987. b) No continente africano, foi adotada em 1981 a Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos, que representou um importante avanço ao abrir novos caminhos para o reconhecimento e proteção dos direitos humanos nessa região. c) No âmbito do continente americano, merece destaque a Convenção Americana de Direitos Humanos, denominada de Pacto de San José da Costa Rica. 24 d) O sistema africano prevê uma Comissão que, além de promover e assegurar os direitos humanos previstos na Carta Africana, realiza estudos, pesquisas, investigações e relatórios, e adota resoluções. Questão 2 O valor atribuído à pessoa faz parte de uma tradição que remonta às origens da humanidade. Historicamente, constata-se que tal valor atribuído à pessoa humana, enquanto fundamento dos direitos humanos, foi adquirindo um progressivo dinamismo, que culminou com a aquisição de sua personalidade internacional. Nesse contexto, assinale o tratado que passou a conhecer a pessoa humana como sujeito de Direito Internacional: a) Declaração Universal dos Direitos Humanos. b) Pacto Internacional dos Direitos do Homem e do Cidadão. c) Estatuto de Roma. d) Pacto de San José da Costa Rica. Questão 3 Sobre os documentos internacionais de proteção dos direitos humanos, assinale a opção incorreta: a) O Brasil aderiu ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 25 b) A universalidade dos direitos humanos somente foi conquistada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. c) O Brasil não aderiu ao Pacto de San José da Costa Rica, por este não permitir a prisão do depositário infiel. d) O Estatuto de Roma, de 1998, é um importante instrumento internacional para a proteção dos direitos humanos. Questão 4 Sobre os direitos humanos, assinale a alternativa correta: a) A universalidade dos direitos humanos somente foi conquistada com o Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. b) No mundo contemporâneo, não se reconhece a importância da positivação universal dos direitos humanos. c) Os sistemas europeu e americano de proteção dos direitos humanos não gozam de qualquer eficácia. d) O valor atribuído à pessoa humana faz parte de uma tradição que remonta às origens da humanidade, compreendendo uma conquista histórica. Questão 5 Com relação ao processo no Tribunal Penal Internacional (TPI), assinale a opção incorreta. a) O TPI pode ter jurisdição sobre crimes ocorridos em território cujo Estado seja parte do Estatuto de Roma. 26 b) Os crimes previstos no Estatuto de Roma sofrem a ação do tempo pela prescrição. c) O TPI é regido pelo princípio da complementaridade. d) No TPI, não podem ser processados crimes ocorridos antes da entrada em vigor do estatuto desse tribunal. Atividade Proposta Resposta: Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha se manifestado sobre eventual inconstitucionalidade do Estatuto de Roma, é possível questionar academicamente as seguintes regras i) às exceções ao princípio da coisa julgada; ii) à desconsideração das imunidades e prerrogativas previstas pelo direito interno; iii) à imprescritibilidade dos crimes internacionais; iv) à possibilidade de entrega de nacionais para julgamento perante o Tribunal Penal Internacional; v) à previsão de prisão perpétua; vi) à ausência de fixação de sanções penais para os crimes internacionais. Exercícios de Fixação Questão 1 - A Resposta: A afirmação é falsa, pois apesar do continente europeu se destacar pelo seus desenvolvimento no tocante à proteção dos direitos humanos, foi a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Humanos e das 27 Liberdades Fundamentais, de 1950 que teve como propósitoatenuar as insuficiências normativas e processuais do sistema global. Questão 2 - A Resposta: Embora comumente se considere a Declaração de 1789 a mais famosa, a universalidade dos direitos humanos, de fato, só foi conquistada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Organização das Nações Unidas. Questão 3 - C Resposta: A alternativa 3 deve ser considerada incorreta, pois o Brasil ratificou o tratado em 1992, após a aprovação do Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo nº 27, tendo sido o documento internacional promulgado pelo decreto presidencial nº 678. Questão 4 - D Resposta: A preocupação com a pessoa fez surgir um sistema de proteção dos direitos humanos. Questão 5 - B Resposta: Segundo o Princípio da Imprescritibilidade, nenhum crime previsto no Estatuto de Roma sofre a ação do tempo pela prescrição. Assim todos os crimes são considerados imprescritíveis. 28 Atualizado em: 22 jun. 2014
Compartilhar