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Medicina Social

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Medicina Social
Medicina Baseada em Evidências
Rastreamento de câncer de mama (mamografia):
· Detecção e tratamento precoces: obviamente só pode fazer bem (bom senso)
· Tratamento em estágio inicial tem probabilidade de cura maior
· É sempre bom? (evidência): pode não ser efetivo (não evitar a morte), pode causar danos, testes diagnósticos não são sempre corretos
· Viés do adiantamento do diagnóstico
· Viés da identificação da lesão de progressão lenta
· Há probabilidade 10x maior de que um resultado positivo seja falso positivo do que verdadeiro positivo
Sobrediagnóstico:
No caso do câncer de mama, refere-se à detecção de cânceres no rastreamento que não se tornariam clinicamente aparentes no tempo de vida da mulher na ausência do rastreamento. Há consequências importantes no sobrediagnóstico, mulheres são transformadas em pacientes desnecessariamente, cirurgia e outros tratamentos são realizados e a qualidade de vida e bem estar psicológico são afetados negativamente.
Definição de EBM:
Utilização criteriosa, explícita e conscienciosa da melhor evidência científica disponível, para tomar decisões sobre o atendimento clínico de cada paciente individualmente.
O conhecimento patofisiológico não é suficiente. A EBM diminui a ênfase na intuição, na experiência clínica não sistematizada e na racionalidade patofisiológica, como bases suficientes para a tomada de decisão clínica e enfatiza a evidência proveniente da pesquisa clínica.
A medicina baseada em evidência pode ser definida como a experiência, sensibilidade e intuição clínica somados à utilização sistemática e explícita da melhor evidência clínica externa.
Troca do paradigma:
· Paradigma anterior: observações não sistematizadas, ênfase no mecanismo da doença, bom senso
· Paradigma novo: ênfase na coleta sistemática de dados, regras da evidência
Hierarquia da evidência:
Ilusão da certeza:
A ilusão da certeza – tais como que o tratamento tem somente benefícios, mas nenhum dano; de que existe um e somente um melhor tratamento; de que um teste diagnóstico é absolutamente certo – é um obstáculo mental para tomar uma decisão. Deve-se superar a ilusão da certeza.
A prática da EBM:
· Superar a ilusão da certeza: atitude mental
· Superar a ignorância sobre os dados reais: buscar os números corretos sobre a ocorrência dos eventos
· Superar a dificuldade de interpretação: saber representar/comunicar os números de forma que o cérebro humano tenha facilidade de entender
Produção Científica durante a Pandemia de COVID-19
Doença nova/desconhecida:
· Ansiedade por um tratamento
· Ênfase em série de casos: tem sido um erro comumente cometido, pois não há um grupo controle, não sendo possível, portanto, saber se o prognóstico dos pacientes tratados seria diferente na ausência de tratamento
Existe um cuidado padrão para a COVID-19:
· A COVID-19 é desconhecida, mas as suas consequências clínicas são conhecidas pelos médicos
· Manuseio clínico de várias doenças
· Cuidados paliativos: oferecem ao paciente conforto, porém não são fundamentais
· Curso natural da doença: na grande maioria dos pacientes é benigno, independentemente do recebimento de qualquer tratamento
A série de casos não consegue enxergar a efetividade do cuidado padrão:
· Portanto, a pergunta é: o novo medicamento acrescenta ao cuidado padrão?
· A série de casos não consegue responder a esta pergunta porque não tem um grupo de comparação
Na ausência de evidência científica, “gut feeling” (palpite experiente):
· Escassez de tratamento efetivo específico
· Experiência e sensibilidade de cada médica (“gut feeling”) pode ser usada
· Evitar a ilusão da certeza
Para obter evidência científica, o ensaio controlado randomizado (RCT):
· Há consenso quanto à necessidade do RCT
· Randomização importante
· Nesse momento de tantas dúvidas, o RCT deve ser mais ainda enfatizado
· Como o COVID-19 tem curso rápido, o RCT é mais factível
Revisão sistemática de RCTs:
· Melhor do que um RCT (se não for um RCT amplo pragmático conclusivo), revisão sistemática de RCTs
· Revisão sistemática rápida
Preprints (medRxiv e bioRxiv):
· Diretamente da autora para as leitoras
· Sem revisão por pares
· Autoras disponibilizam resultados rapidamente
· Grande visibilidade
· Embasam políticas de saúde durante a pandemia
· Capacidade de armazenamento maior que periódicos
· Erros metodológicos grosseiros
· Críticas e contribuições numerosas e abertas
Vigor e rapidez x desorganização da comunidade científica:
· Quantidade extraordinária de pesquisa sobre o COVID-19
· Esforço e vigor admiráveis da comunidade científica de reagir rapidamente para buscar soluções
· Falta de organização para minimizar a duplicação de esforços e maximizar os recursos disponíveis
RCTs amplos, pragmáticos, simples e multicêntricos são os melhores:
· RCTs pequenos e isolados com número insuficiente devem ser feitos
· Melhores são estudos multicêntricos
· Mais pacientes, diferentes perfis, quadros clínicos variados
· Resultados mais generalizáveis
· Exemplo “recovery trial” feito na Inglaterra
Duplicação de esforços de revisões sistemáticas:
· Muita duplicação de esforços na realização de revisões sistemáticas sobre COVID-19
· Em 4 de maio de 2020 já havia 18 revisões sobre a eficácia e a segurança da hidroxicloroquina
Busca intempestiva por uma droga milagrosa:
· “Qualquer tratamento é melhor que nada”: crença equivocada
· Cuidado padrão
· Reação natural do indivíduo: de forma geral, é suficiente
· Só com RCT para saber se tx faz mais bem do que mal
O caso da hidroxicloroquina:
· Tradicionalmente usada em malária, LES, AR e outras doenças autoimunes
· Segurança estabelecida
· Evidência indireta de segurança
· Estudos in vitro e estudos clínicos com métodos ruins
· Visão distorcida
· Líderes mundiais entusiastas dessa droga ser a cura da COVID-19
· “Droga milagrosa” em redes sociais: efeito probabilístico da droga
· Obviamente, nenhum indivíduo pode saber se foi ou não por algum tratamento
Esse clima (visão distorcida/ilusão da certeza) cria dificuldade para realização de RCT:
· Esse clima formentado por líderes políticos e médicos cria dificuldade para a realização de RCT
· Quem vai aceitar receber outra droga ou um placebo quando há uma droga “eficaz e segura” disponível?
Estudos pequenos e ruins:
· Muitos estudos usaram métodos ruins
· Desperdício lamentável de tempo e de recursos
· Sem grupo controle
· Grupo controle histórico
· Sem cegamento na avaliação do desfecho (subjetivos)
· Melhora dos sintomas
· Imagem radiológica
Uma revisão sistemática corroborou a deficiência da evidência sobre a hidroxicloroquina:
· 5 estudos pequenos concluídos
· Heterogêneos
· Randomizados e não randomizados
· Negativação da carga viral, progressão radiológica, tempo para melhora clínica, mortalidade, necessidade de ventilação mecânica
· Por intenção de tratamento, por protocolo
· Mascaramento ou não
· Combinação com azitromicina ou não
· Alto risco de viés
Na escassez de evidência abrem-se duas perspectivas – díade médico paciente e política pública:
· Caso individual de cada díade médico-paciente: indicação de medicamento por médico bem informado + “gut feeling” (aceitável)
· Política pública: indicação de qualquer medicamento (inaceitável)
Atualização da evidência de medicamentos para COVID-19 (30/07/2020):
· Remdesivir: reduz tempo de recuperação
· Dexametasona: reduz mortalidade
· Hidroxicloroquina: não traz benefício 
· Uso para profilaxia
· Uso em pacientes hospitalizados (dois estudos diferentes representados nas tabelas)
Vacina – muita pesquisa, mas é demorada e a segurança é crucial:
· Estudos de desafio (“human challenge studies”)
· Há mais de 100 vacinas em desenvolvimento
· Processo demorado: um a dois anos seria inédito
· Segurança dos pacientes é crucial: não se sabe se a infecção subsequente pelo SARS-CoV-2 na pessoa vacinada seria mais grave ou não
· Limitações
· Validade: jovens saudáveis x idosos e doentes crônicos
· Ética
Máscaras – ausência de RCT, princípio da precaução, controversa:
· Uso portoda a população é controverso
· Falta de evidência robusta de RCT
· Princípio da precaução
· Proteger o próximo, mas também o próprio
· Possíveis efeitos adversos
· Relaxamento de outros cuidados (distanciamento)
Máscaras – confinamento e lavar as mãos também não tem RCT:
· Potencial de dano baixo
· Também não foi realizado RCT sobre confinamento ou lavagem das mãos
· É intrigante e frustrante a enorme quantidade de RCTs sobre medicamentos em comparação com a quantidade mínima sobre o efeito das máscaras, uma intervenção simples e barata
Máscaras – na ausência de evidência, serviço de saúde, transporte público, pessoa próxima:
Na ausência de evidência robusta sobre benefício e risco da máscara, uma alternativa interessante é a da China – no serviço de saúde, lugar fechado e transporte público. O professor adicionaria lugar aberto quando houver proximidade de um a dois metros por alguns minutos de outras pessoas.
Medida de Ocorrência das Doenças na População
Principal questão:
Como podemos descrever a ocorrência das doenças e compará-las entre populações e ao longo do tempo?
Incidência acumulada (IA):
O valor significa o risco médio ou probabilidade de adoecer em 10 anos. Pode variar de 0 a 1 e é sempre interpretada pelo tempo em que a população foi acompanhada. Quando não há informações sobre o tempo em que esses casos ocorreram ao longo do seguimento, consegue-se calcular esse risco para diferentes segmentos de tempo, dividindo o número de casos novos no período pela população exposta nesse mesmo período. Como a incidência acumulada mede o risco médio no período, acabam se perdendo as informações de quando esses casos ocorrem nesse período. Para saber essas informações, é necessário calcular a taxa de incidência.
IA = casos novos / população exposta
Taxa de incidência (TI):
TI = casos novos / pessoa.tempo
Nesse cálculo é usado o somatório de todas as pessoas.tempo.
Pessoa.tempo = “tempo que esperou para ficar doente”, “tempo de exposição que uma pessoa contribuiu”, pode ser por qualquer tempo (ano, mês, dia)
Quando são olhadas estatísticas populacionais, normalmente estas são expressas em taxa de incidência. Nesse caso, é considerada a população esperada para o meio do período. No exemplo usado na aula, foi para cada ano. Quando o período de referência é um ano, a população considerada é a população esperada para o dia 1º de julho daquele ano, assumindo-se que cada pessoa contribuiu naquele ano como uma pessoa.ano. Dessa forma, consegue-se calcular a taxa de incidência mesmo sem ter observado o tempo de exposição de cada indivíduo da população no período.
Outro exemplo:
Sobrevida:
Pode ser utilizada para expressar a ocorrência de qualquer evento ao longo do tempo ou após diferentes tratamentos.
Prevalência:
Quando o interesse é descrever o número de casos existentes na população, a medida utilizada é a prevalência, normalmente expressa em percentual. Diferentemente da incidência, a prevalência considera os casos presentes numa população, não se sabendo há quanto tempo as pessoas estiveram doentes ou expostas na população. Permite a comparação entre vários momentos.
Prevalência = número de casos / população
Prevalência versus incidência:
Taxa de mortalidade (TM):
Taxa de incidência de casos novos de mortes.
TM = número de óbitos / população no período
Coeficiente de mortalidade geral (CM):
CM = número de óbitos / tamanho da população
Mortalidade específica (CMe):
CMe = número de óbitos pela causa específica / tamanho da população
Mortalidade proporcional (MP):
Medido em percentual. Tem a desvantagem de que, quando há a redução do número de óbitos por uma causa, o percentual reduz, o que, consequentemente, leva ao aumento dos demais percentuais, que podem não refletir um aumento no número de óbitos por outra causa. 
MP = número de óbitos pela causa específica / total de óbitos
Mortalidade padronizada por idade:
Nesse caso, usa-se os coeficientes de um país e aplica-se em outro país. Isso serve para poder haver uma comparação fidedigna entre as mortalidades em diversos locais/países com estruturas etárias diferentes. Em linguagem mais simples, basicamente, por exemplo, não há como comparar a mortalidade de crianças entre o Brasil e a Inglaterra, tendo em vista que o Brasil tem um número maior de crianças em relação à Inglaterra. Fazendo, então, a multiplicação do coeficiente de mortalidade pela população e dividindo por 1000, tem-se o número esperado de óbitos para aquele tamanho de população. Compara-se, posteriormente, esse número esperado de óbitos num país com o número de óbitos no outro país. Desse modo, leva-se em conta a estrutura etária diferente entre os dois países. Pode-se somar, também, o número esperado de óbitos em todas as faixas etárias e dividir pelo número de habitantes no país, comparando-se, posteriormente, o número total esperado de óbitos num país com o número total de óbitos no outro. Pode-se também usar uma terceira população padronizada para fazer a comparação com todas as taxas de mortalidades esperadas, a fim de comparar com verossimilhança os países. Isso também serve para fazer comparações no mesmo país entre momentos diferentes e, portanto, com estruturas etárias diferentes.
Mortalidade específica por idade:
Total de mortes ou uma causa específica de morte para uma determinada faixa etária.
Número de mortes que ocorreram para aquela faixa etária no período / número de pessoas daquela faixa etária.
Vigilância Epidemiológica
Definição:
Processo sistemático e contínuo de coleta, análise, interpretação e disseminação de informação com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de problemas de saúde.
“Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.”
Lei Federal nº 6.259:
“É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde.”
Funções da vigilância epidemiológica:
· Coleta de dados
· Processamento dos dados
· Análise e interpretação
· Medidas de prevenção e controle
· Avaliação da efetividade das medidas adotadas
· Retroalimentação e divulgação das informações
Objetivos:
· Identificar e descrever o comportamento epidemiológico das doenças: monitorar tendências, identificar fatores de risco
· Detectar epidemias e descrever o processo de disseminação
· Avaliar a morbidade e mortalidade decorrentes desses agravos
· Avaliar o impacto das medidas de intervenção
Tipos de vigilância:
· Passiva: o que fazemos rotineiramente ao notificar doenças e agravos
· Ativa: busca ativa de casos, como a vigilância sentinela
· Vigilância sentinela: monitorização de indicadores chave na população ou grupos para servir de alerta precoce. Por exemplo, da influenza, composta pela vigilância sentinela de síndrome gripal e de síndrome respiratória aguda grave. A vigilância sentinela conta com uma rede de unidades distribuídas em todas as regiões do país
· Notificações especializadas: por exemplo, neoplasias (INCA)
Fontes de dados:
· Notificação de doenças de notificação compulsória e outros agravos, surtos
· Ficha individual de notificação (FIN): documento básico. É preenchida para cada paciente, quando da suspeita de problema de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal. É também utilizada para a notificação negativa. É composta por dados gerais, dados do caso (paciente), dados de residência, dados clínicos e laboratoriais
· Notificação negativa: é a notificação da não ocorrência de doenças de notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos
SINAN – notificação de agravos:
Doenças/agravos de notificação compulsória:· O ministério da saúde estabelece a lista de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
· A ocorrência dos agravos listados na portaria nº4 de 2017 são de comunicação obrigatória à autoridade de saúde
· A lista pode ser atualizada periodicamente
· A notificação compulsória é obrigatória para médicos e profissionais de saúde
Centro de informações estratégicas em vigilância em saúde (CIEVS):
· Rede nacional de alerta e resposta às emergências de saúde pública
· 54 centros no Brasil
Outros sistemas:
· Sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC)
· Sistema de informações sobre mortalidade (SIM)
· Boletim de produção ambulatorial (BPA)
· Sistema de informações hospitalares (SIH)
Definições para caracterização de ocorrência de agravos:
· Surto: ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo área geográfica delimitada ou populações institucionalizadas (bairros, creches, quartéis). Por exemplo, locais com fonte comum tendo intoxicação alimentar
· Epidemia: elevação brusca, temporária e significativa, acima do esperado para a frequência de determinada doença ou agravo. Por exemplo, zika, dengue
· Endemia: presença usual de uma doença, dentro dos limites esperados, em uma área geográfica, por um período ilimitado. Por exemplo, leishmaniose, hanseníase
· Pandemia: ampla distribuição espacial da doença, atingindo diversos países e/ou continentes. Por exemplo, COVID-19
Investigação de surtos e epidemias:
· Finalidade de investigação é identificar maneiras de impedir a transmissão da doença
· Os objetivos são identificar o agente etiológico, encontrar a fonte de infecção (distribuição por pessoa, lugar e tempo), formular recomendações para impedir a transmissão da doença
· Porque epidemias ocorrem: indivíduos susceptíveis viajam para área onde doença infecciosa existe, doença infecciosa nova for introduzida em área com susceptíveis, contaminação por alimento, água e outros veículos
· Porque epidemias acabam: esgotamento de susceptíveis por adoecimento, término da exposição à fonte (afastamento da fonte de infecção), eliminação da fonte de contaminação, susceptibilidade diminuída (vacinação ou prevenção), diminuição da patogenicidade do agente
· Etapas de investigação: confirmação do diagnóstico da doença, confirmação da existência da epidemia, descrição da epidemia (pessoa, lugar, tempo), formulação de hipóteses sobre a causa do surto, análise dos dados, busca ativa de casos, coleta adicional e análise final, medidas de controle (isolamento, vacinação, eliminação da fonte), relatório final, divulgação
Curva epidêmica:
Particularidades na variação das doenças no tempo:
· Variação sazonal: variação da incidência da doença, com os ciclos coincidindo com as estações do ano. Por exemplo, dengue
· Variação cíclica: variações da incidência que ocorrem em um período maior que um ano. Por exemplo, leishmaniose visceral, sarampo
· Tendência secular: comportamento da frequência da doença, por longo período, geralmente décadas. Por exemplo, doença meningocócica
Fundamentos da Pesquisa Epidemiológica e Medidas de Associação
Risco:
Probabilidade de um desfecho ocorrer na população estudada.
Risco = nº de casos com a alteração prevista / nº total de casos
Risco relativo:
Comparação das probabilidades de dois desfechos ocorrerem na população estudada. Quando o risco do grupo tratamento é igual ao do grupo controle, o resultado é 1.
Risco relativo = risco do grupo tratamento / risco do grupo controle
Desenhos de estudo:
· Estudos de intervenção/experimentais: há controle do fator de exposição pelo qual se tem interesse. É muito boa para avaliar eficácia de medicamentos. Não pode ser feita para a avaliação de fatores de risco, pois, por questões éticas, não podem ser oferecidas para pessoas substâncias que se desconfia fazerem mal
· Ensaios clínicos
· Ensaios comunitários
· Estudos observacionais: não há controle do fator de exposição pelo qual se tem interesse. Pode ser feito para avaliação de fatores de risco
· Coorte: estudo longitudinal que observa as pessoas ao longo do tempo definido como suficiente para a exposição gerar algum resultado
· Caso controle: pessoas com doença rara são contactadas e convidadas para o estudo. Para cada pessoa encontrada são selecionadas pessoas não doentes para fazerem parte da amostra de controle. Desse modo, é possível o estabelecimento de uma comparação. Não é possível calcular incidência, risco e risco relativo. É calculado o odds ratio (OR) através da divisão da probabilidade que uma coisa tem de acontecer pela probabilidade de que essa mesma coisa não aconteça. Uma forma simplificada de calcular o OR é a x d / c x b. Quando o OR é menor que 1, indica fator de proteção. Quando o OR é maior que 1, indica fator de risco
· Seccionais/Transversais: visualização da população em um determinado momento; é como se fosse uma “foto” da situação na população. Importante para monitorar doenças na população. Calcula-se a prevalência. Não é possível calcular risco. A razão de prevalência é calculada através da divisão de uma prevalência por outra
· Ecológicos/Correlação: são avaliados dados agregados. Um grande problema é saber se a prevalência de uma variável é mais comum em conjunto com a outra ou isoladamente, já que os dados estão agregados. Por exemplo, pode haver uma maior prevalência de fumantes em não hipertensos, porém o estudo pode não perceber isso e concluir que o uso de cigarro é fator de risco para hipertensão
Outras medidas de associação:
· Hazard ratio (HR): calculada pela divisão dos casos incidentes pelo tempo. Se o HR for maior que 1, indica que o fator está relacionado a uma ocorrência maior de casos em comparação com as pessoas não expostas àquele fator. Quando é menor que 1, indica certa proteção em relação à ocorrência esperada
· Regressão linear: pode ser simples ou múltipla. Utilizada para verificar como duas coisas são associadas, sendo que o desfecho é uma variável contínua (por exemplo, o valor de hemoglobina)
· Risco atribuível (RA): expressa o excesso de risco atribuível à exposição
· Risco atribuível proporcional (RAP)/Fração atribuível à exposição (FAE): expressa a proporção de doentes entre os expostos que poderia ter sido prevenida se a exposição fosse eliminada
· Redução absoluta do risco (RAR): expressa a redução do risco atribuível à exposição
· Redução relativa do risco (RRR)/Fração de prevenção nos expostos (FAE): expressa a proporção de doentes que não ocorreram em função da exposição
Confundimento e Significância Estatística
Confundimento:
O confundimento ocorre quando, em algum estudo, uma variável não descrita deve ser testada como fator causador do desfecho. Para conseguir fazer isso, deve-se separar as duas variáveis e calcular o risco isolado e relativo de cada uma das variáveis.
Nesse caso, faz-se:
1º Tirar o efeito da idade
2º Tirar o efeito de mais ou menos filhos
Ajuste por variáveis de confundimento – ajustes por modelos estatísticos:
· Modelos de regressão logística: usados para avaliar a relação de duas ou mais variáveis com o desfecho. O desfecho estudado é binário (doente x não doente, 0 x 1)
· Modelos de regressão linear: o desfecho estudado é uma medida contínua (por exemplo, IMC)
· Modelo de associação de cox: calcula o hazard ratio e pode descrever o quanto uma doença pode estar associada com outra
Ajustes por variáveis de confundimento:
· Devem ser sempre feitos
· Às vezes não são feitos porque essa variável que deve entrar no estudo pode não estar disponível (não ter sido mensurada, não haver conhecimento de sua existência, outros motivos)
· Pode se confiar nos resultados/conclusão de um estudo que não procedeu com os ajustes necessários, porém não em tudo o que o estudo fala
· Pode se confiar nos resultados/conclusão de um estudo que tenha feito todos os ajustes necessários
Significância estatística:
Diz respeito à obtenção do mesmo resultado quando o estudo é repetido. 
Análise estatística:
Oferece dois parâmetros – o valor dep e o intervalo de confiança (IC). Se o valor de p para um risco relativo de 2, por exemplo, é 0,8, indica que, de todas as possíveis amostras da mesma base populacional com mesmo tamanho amostral, em 80% delas obtém-se um risco relativo maior ou igual a 2 em função da variação amostral. Dessa forma, 20% do risco relativo dessa magnitude observada em todas as possíveis amostras não seriam em função de uma variação amostral. A variação amostral é a variação aleatória da população. O intervalo de confiança diz respeito ao verdadeiro valor do parâmetro estabelecido no estudo.
Estudos Experimentais
Ensaio Clínico Randomizado
Passo a passo:
· Definição da população de estudo: critérios de inclusão e de exclusão, tamanho amostral
· Recrutamento
· Randomização
· Mascaramento
· Cálculo das medidas de associação
Questões éticas:
· Fatores de risco para doenças
· Tratamento existente
· Fornecer todo suporte ao participante durante e após o estudo
· Responsabilidade civil
· Fornecer tratamento ao grupo controle
· Comitê de monitoramento independente
· Notificação imediata de efeitos adversos
Para medicamentos:
· Fase zero: pré-clínica, animal, racional, uso de dose única
· Fase I: voluntários sadios, pacientes estáveis, testa tolerabilidade, testa segurança, testa farmacocinética
· Fase II: população alvo, testa tolerabilidade, testa segurança, testa farmacocinética
· Fase III: multicêntrico, testa tolerabilidade, testa segurança, testa farmacocinética
· Fase IV: marketing, farmacovigilância, novas indicações, testa tolerabilidade, testa farmacocinética
Outros Estudos
Outros tipos de estudo experimental:
· Quase experimental: não há randomização
· Ensaios comunitários: a intervenção, ao invés de ser no indivíduo, é feita na comunidade
Leitura Crítica do Ensaio Clínico em Estudos Experimentais em COVID-19
Artigo: Empirical treatment with hydroxychloroquine and azithromycin for suspected cases of COVID-19 followed-up by telemedicine.
· A hidroxicloroquina se mostrou eficiente em inibir a infecção do vírus in vitro: reduzia carga viral em relação ao grupo controle
· Artigo publicado pela Lancet e posteriormente retratado

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