1 1 Anna Catharina Garcia @graduanda.em.direito 2019.2 PROF. MAURICIO REQUIÃO introdução as obrigações A obrigação é criada para que aconteça o adimplemento. Toda obrigação é encadeada em direção a esse adimplemento. Quando há esse pagamento, há a extinção das obrigações. Conceito: Mesmo dentro do direito, acaba-se usando a palavra “obrigação” no sentido do direito com sinônimo de “dever”, não são a mesma coisa e não é esse o sentido. A obrigação é um dever jurídico mas que se configura como uma relação jurídica de crédito e debito. Lembrando que, relação jurídica, é um dos tipos de efeito das situações jurídicas. OBS: Não confundir o fato jurídico com a obrigação jurídica. Exemplo: o contrato é o fato jurídico, a obrigação é um efeito desse fato. OBS2: Ser uma relação, significa que tem dois sujeitos e que esse efeito se da tanto na esfera de um, quanto na esfera de outro. OBS3: Não há obrigações “nulas”, ate porque, uma obrigação esta no plano da eficácia sendo que, a nulidade esta no plano da validade. O que pode ser invalido é o fato que gerou uma obrigação. Exemplo: Num contrato, pode haver uma clausula nula, logo, a obrigação a nula, mas, a obrigação não pode ser, ela especificamente nula. OBS4: Não se pode ser credor de si mesmo, devem haver pelo menos dois sujeitos obrigatoriamente. Para ser credor/devedor se eu for incapaz? Sim. Exemplo: uma criança de 10 anos é atropelada, ela vai virar credora da indeniza que lhe deve ser paga. Exemplo 2: Se uma criança, representada, celebra um contrato, o representante apenas representa, a obrigação é gerada no polo da criança. Elementos da relação obrigacional: 1. Critério subjetivo: Credor e devedor 2. Critério objetivo: Prestação = aquilo que o devedor deve ao credor 2.1 A prestação não é a coisa, a prestação é sempre uma conduta. Exemplo: digamos que eu me obrigue a dar o meu celular a alguém, a prestação é dar o celular e não o celular. 2.2 É sempre um dar, um fazer, ou um não fazer. 2 2 Anna Catharina Garcia @graduanda.em.direito 2019.2 2.3 Vai se exigir da prestação que ela também seja: licita, possível, determinada ou determinável e economicamente apreciável. 2.3.1 Economicamente apreciável: Colocado por alguns autores; mas, vale a ressalva que, tudo que é economicamente apreciável esta dividido no direito civil entre os direitos das obrigações e o direito das coisas, mas, pode-se criar obrigações sem se pensar no valor econômico. Exemplo: quando um professor se compromete a dar uma palestra de graça, ele tem a obrigação de dar a palestra, de realizar o serviço, e o fato de não estar cobrando uma remuneração não significa que ele não possa ser economicamente apreciável, pois, o professor poderia cobrar. O fato de não estar monetarizado, não significa que não seja uma obrigação economicamente apreciável. 2.3.2 Se acontece o inadimplemento, uma das consequências é justamente pedir uma indenização. Ainda que eu não de um valor economico naquela prestação, ela pode sim ser convertida em um valor. 3. Elemento abstrato: Vinculo jurídico. O que regulamenta como se da a relação entre credor e devedor. Se essa divida não é cumprida o sujeito pode ser obrigado a cumprir, focando mais na responsabilidade. 3.1 Teoria mista: reconhece tanto o dever quanto a responsabilidade. Na maioria das vezes a responsabilidade não vai ser implantada, pois, o normal é que as pessoas paguem, sem que precisem ser responsabilizadas. 3.2 Dever: Schuld x Responsabilidade: Haftung 4. A causa: colocado por alguns autores, que, para que se tenha a obrigação que exista uma causa que justifique a criação da obrigação. Há uma discussão se isso realmente caracteriza a obrigação e não, um critério geral do direito civil. 5. OBS: Essa definição é muito estática e insuficiente. Pois, vale-se colocar que a obrigação começa a vincular os sujeitos mesmo antes dela existir e ela por vezes continua vinculando os sujeitos mesmo depois dela ser cumprida. É um processo, uma seria encadeada de atos que se deslocam para a extinção do adimplemento, mas, esses atos e essa relação entre os sujeitos, não se resume ao que seria a prestação. Se eu me brigo a te entregar um celular tal dia, mas, desse fato de eu ter me obrigado, surgem para mim e para você diversas outras obrigações/deveres por decorrência dessa obrigação. A partir disso, é que os autores distinguem alguns tipos diferentes de dever que surgem de uma obrigação. Deveres das obrigações: 3 3 Anna Catharina Garcia @graduanda.em.direito 2019.2 1. Obrigação principal: a prestação em si. 2. Deveres secundários: Vinculado, ao principal. Exemplo: um contrato que tinha que pagar algo no dia X, e se não pagasse, acarretava uma multa de 10%. O ato de pagar, é o principal e a multa é a secundaria. 3. Deveres anexos/fiduciários/de boa fé: Esses deveres anexos decorrem basicamente da ideia do principio da boa fé objetiva, que vai atuar principalmente nos contratos, quando há o abuso de direitos, pois, não basta o contratante querer fazer o certo, ele tem que fazer, limitando a autonomia. 3.1 A boa fé objetiva vai ter três funções: 3.1.1 (I) Corretiva, de coibir uma relação abusiva, um abuso de direito; 3.1.2 (II) Cânone hermeneutico-integrativo, ou seja, numa situação de interpretação/há duvidas ou ambiguidades sobre como essa obrigação deve ser interpretada, eu vou interpretar essa obrigação de uma maneira que melhor a aproxime da boa fé, como um guia interpretativo; 3.1.3 (III) Supletiva, ou, criação de deveres jurídicos, que, vai servir justamente para criar esses deveres anexos. As obrigações criadas nessa situações, trabalha inserindo clausulas para que haja uma adequado desenvolvimento daquela obrigação. 3.2 Exemplo: juros muito alto em um contrato, a boa fé objetiva vai atuar para retirar essa clausula. 3.3 Nas condições de desigualdade que o mundo é, necessita-se dessa regulação da autonomia, para proteger os sujeitos de menor poder/entendimento na negociação dos contratos que celebra. Ela não esta necessariamente interferindo na autonomia, pois, se uma clausula esta sendo inserida/retirada é justamente porque o polo mais fraco, não tinha o conhecimento para ele mesmo faze-lo. 4. Se eu não cumpro um desses deveres, eu ainda me caracterizo como inadimplente. Não se verifica se apenas a obrigação principal Boa fé subjetiva: algo situacional/psicológico. É uma analise do conhecimento da pessoa sobre a ação, acreditando estar agindo corretamente. Boa fé objetiva: é uma perspectiva que não nega a subjetiva, mas, ela busca um padrão adequado de conduta. Isso impacta que, para dizer que algo esta de acordo com a boa fe objetiva, não é suficiente a vontade a de agir do modo adequado, ela tem que ter agido de modo adequado. É uma analise se aquela ação atende a um padrão ideal de conduta. 4 4 Anna Catharina Garcia @graduanda.em.direito 2019.2 deveres anexos Classificação de Fernando Noronha: parte da classificação de Menezes Cordeiro; Derivam da boa fé objetiva. Dever de informação: Os sujeitos que estão firmando a obrigação (os dois), tem o dever de fornecer pra o outro as informações necessárias para o bom desenvolvimento da obrigação. OBS1: Os deveres podem surgir mesmo antes da obrigação existir ou, depois que a obrigação principal é cumprida. Exemplo1: eu compro um notebook e quando chego em casa percebo que ele não tem uma das características que eu preciso, mas, o vendedor me disse – de boa fe subjetiva – que tinha, ainda assim, o comportamento dele não atendeu a boa fe objetiva. Exemplo2: você compra um maquinário mais delicado, a informação sobre os cuidados desse objeto, integra o dever de obrigação. Essa obrigação já existe antes