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AULA 6 GESTÃO POR PROCESSOS E A INTEGRAÇÃO ESTRATÉGICA Profª Aneli Maria Martins da Silva 2 TEMA 1 – NOTAÇÃO DE PROCESSOS O tema desta aula, sobre ferramentas e técnicas, tende a ser bastante controverso. Cada organização dispõe de softwares específicos, desde os mais simples até os mais complexos, dependendo sempre do seu tamanho e da complexidade de seus processos. Esse material não tem a pretensão de esgotar a discussão sobre o tema e muito menos apresentar todas as técnicas e ferramentas disponíveis sobre o assunto, mas tem a intenção de poder contribuir de alguma forma com a apresentação de algumas possibilidades e, assim, deixar claro que existem muitas. Na escolha de uma delas, devem ser levados em consideração alguns pontos de extrema importância, que serão apresentados no decorrer do texto. 1.1 Business Process Model and Notation (BPMN) Muito se ouve falar em Business Process Model and Notation (BPMN), mas é importante deixar claro que se trata apenas de uma forma de “notação” de modelagem de processos, ou seja, uma maneira de, por meio de símbolos, constituir padrões para que a linguagem e comunicação entre os usuários seja de fácil entendimento e conhecimento. Vale e Oliveira (2013, p. 53) explicam o BPMN como um: Padrão para modelagem de processos. Criado inicialmente como uma evolução das experiências anteriores pelo BPMI (Business Process Management Initiative), foi incorporado pela OMG (Object Management Group) após a fusão entre essas entidades, ocorrida em 2005. Trata-se de uma técnica especialmente voltada para a definição e documentação de processos de negócio com padrões de notação bem definidos. O BPMN é o resultado de um acordo entre diversas empresas de ferramentas de modelagem, que possuíam suas próprias notações, com a finalidade de criar uma linguagem única e padrão para a modelagem de processos de negócio capaz de facilitar o entendimento e treinamento do usuário final. (Vale; Oliveira 2013, p. 53) O BPMN, como dito anteriormente, é uma técnica de fácil utilização, que exige apenas quatro dados de processos de negócio para a modelagem: as atividades, os eventos, as decisões e a sequência dos fluxos. Vale e Oliveira (2013, p. 53) afirmam que “com apenas esses quatros elementos é possível construir modelos de processos bastante expressivos, fazendo com que o BPMN seja efetivamente fácil de aprender e simples de utilizar”. Lembramos que esta, como as demais técnicas e ferramentas, deve ter suas vantagens e desvantagens 3 analisadas antes da sua implementação, segundo as características de cada organização. 1.2 Integrated Definition Language (Idef) É um conjunto de métodos para mapear processos de uma organização. Foi criado pela Força Aérea dos Estados Unidos e tem como base o conhecimento. Inicialmente o sistema foi criado pensando no processo de produção, mas evoluiu para um aspecto mais amplo dos processos de negócio e também para o desenvolvimento de software. Esse método possibilita registrar as entradas, as saídas, os mecanismos e controles de processo e a relação dos níveis de detalhe do processo posterior e anterior. Vale e Oliveira (2013, p. 61) definem Idef como a técnica que “permite analisar processos por meio da construção de modelos que refletem sua funcionalidade atual, para projetar a situação ideal de operacionalidade do negócio”. 1.3 Unified Modeling Language (UML) É também uma notação padrão convencionada na modelagem de processos. No início, foi apenas criada para fins de utilização no suporte ao desenvolvimento de softwares. A técnica UML (é uma linguagem de representação gráfica especificada e controlada pelo Object Management Group (OMG, 2005), com o objetivo de visualizar, especificar, construir e documentar softwares orientados a objetos (OMG), buscando a qualidade da identificação dos requisitos funcionais e não funcionais. Entendem-se por requisitos funcionais as necessidades do procedimento de negócio em análise. E requisitos não funcionais são os que dão suporte aos requisitos funcionais, referentes à usabilidade, arquitetura, segurança etc. (Vale; Oliveira, 2013, p. 55) Essa técnica pode ser utilizada para a modelagem de processos de negócios e apresenta inúmeras vantagens nesse campo, mas não podemos esquecer que inicialmente ela foi desenvolvida com foco para o suporte ao desenvolvimento de software. 1.4 Event-driven Process Chain (EPC) É outra ferramenta de notação de processos muito utilizada na modelagem de processos de negócios, principalmente aqueles maiores e mais complexos. Essa ferramenta detalha, basicamente, os “eventos” ou “gatilhos” dos passos do 4 processo. As informações geradas informam o estado inicial e o estado final do processo, ou seja, o resultado, chamado de função. Dessa forma, o fluxo que o EPC apresenta é composto por um diagrama evento-função-evento. A cadeia de processos orientada por eventos (Event-driven Process Chain) é uma das técnicas mais difundidas para modelagem e faz parte do framework da ferramenta ARIS da IDS/Scheer. Trata-se de uma técnica voltada para a modelagem de processos essencialmente baseada no controle de fluxos de atividades e eventos e suas relações de dependência. Foi desenvolvida pelo Institute for Information Systems e SAP. (Vale; Oliveira, 2013, p. 67-68) Esta, como as demais ferramentas, apresenta vantagens e desvantagens, como afirmado anteriormente. A vantagem da utilização do EPC está na capacidade de modelar processos complexos, pois faz o mapeamento e controle de todas as funções/atividades, apresenta notação de fácil assimilação, além de possibilitar a integração de dados de várias fontes e padrões. Quanto às principais desvantagens, Vale e Oliveira (2013, p. 72) indicam: a) não ser padronizado por entidade independente; b) ainda que não seja obrigatória, a necessidade de indicar um evento após cada atividade pode trazer um efeito negativo em processos de larga escala ou complexos, uma vez que vários eventos são absolutamente dispensáveis do ponto de vista de entendimento e documentação de um processo. (Vale; Oliveira, 2013, p. 72) Como afirmado no início deste tema, para a escolha da técnica devemos pensar em alguns pontos importantes: • analisar os softwares já existentes na organização; • analisar as ferramentas que serão utilizadas, pois estas influenciarão diretamente na escolha da técnica mais apropriada; • investigar o conhecimento da equipe envolvida para o uso da técnica; • analisar a usabilidade da técnica (facilidade, agilidade etc.); • analisar o custo-benefício considerando investimentos anteriores e posteriores; • analisar a facilidade de integração (exportação e importação de dados e informações) com outras ferramentas já existentes na organização; • assegurar a participação da equipe de tecnologia em todas as fases do projeto desde as primeiras reuniões, planejamento, desenvolvimento, implantação, manutenção, garantindo assim que a comunicação esteja alinhada; • conhecer a infraestrutura tecnológica da organização. 5 Devemos pensar nessa fase como um projeto a ser gerenciado e, para tanto, lembramos das definições das áreas do gerenciamento de projetos e das competências do gerente de projeto, abordados em momento anterior. TEMA 2 – CICLO PDCA: NOVAS IDEIAS E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS Ferramenta muito conhecida de qualidade e de gestão, o PDCA tem por objetivo a melhoria contínua de processos. Ele também pode ser utilizado tanto para implantação de novas ideias quanto para a solução de problemas. Segundo Ishikawa1 e Campos2,3 (citados por Werkema, 2013, p. 28), “o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) é composto pelas seguintes etapas: 1. Planejamento (P); 2. Execução (D); 3. Verificação (C); 4. Atuação corretiva (A)”. O PDCA pode ser utilizado em todos os níveis hierárquicos da administração para aidentificação de problemas, e também para a melhoria contínua, desde a alta gestão até o nível operacional, obtendo, em todos os casos, excelentes resultados. A Figura 1 apresenta o ciclo PDCA. Figura 1 – Ciclo PDCA de controle de processos Fonte: Elaborado com base em Werkema, 2013. Na etapa de Planejamento (P), o objetivo é o estabelecimento de metas e a metodologia que será utilizada para que estas sejam atingidas. Na etapa de Execução (D), as atividades devem ser realizadas exatamente como previstas no planejamento e as informações devem ser levantadas para serem utilizadas na 1 ISHIKAWA, K. Introduction to Quality Control. Tokyo: 3A Corporation, 1989. 435 p. 2 CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni: Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. 1992. 220 p. 3 CAMPOS, V. F. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia a Dia. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda., 2004, 266 p. 6 etapa seguinte, de verificação do processo. Na etapa de execução, deve-se dar prioridade ao treinamento e à capacitação de todas as ações e atividades que serão realizadas. Na etapa de verificação (C), com as informações levantadas na etapa anterior, procede-se a comparação do resultado atingido com as metas estabelecidas. Na etapa de atuação corretiva (A), podem existir duas alternativas; a primeira é tomar como prática o plano escolhido, caso tenha tido bom resultado e a meta tenha sido atingida, e a segunda, é, caso o plano escolhido não tenha surtido bom resultado, atuar sobre as causas. TEMA 3 – 5W2H, GUT E SIPOC O 5W2H, a matriz Sipoc e matriz GUT são três ferramentas entre tantas outras utilizadas pelas organizações e que proporcionam vantagem competitiva, pois partem do princípio de que nada está tão bom que não possa ser melhorado; isso é melhoria contínua. A 5W2H é empregada para identificar um problema com a utilização de sete perguntas. A matriz GUT auxilia a organização na priorização e solução dos problemas, por esse motivo é também chamada de matriz de prioridades. A matriz Sipoc é utilizada para se documentar processos de negócios do seu início até o seu final, entendendo quais são as entradas, as saídas, os fornecedores e os clientes. 3.1 5W2H Essa técnica versa sobre a utilização de perguntas (O quê? Onde? Quem? Quando? Por quê? Como? Quanto?), mas na língua inglesa (What? Where? Who? When? Why? How? How Much?), para conhecer o processo. As perguntas são feitas para se obter respostas que possam deixar claro o problema que precisa ser solucionado. O Quadro 1 apresenta o modelo conceitual da técnica 5W2H. Quadro 1 – Modelo conceitual do 5W2H PERGUNTA SIGNIFICADO PERGUNTA INSTIGADORA DIRECIONADOR What O quê? O que deve ser feito? O objeto Who? Quem? Quem é o responsável? O sujeito Where? Onde? Onde deve ser feito? O local 7 When? Quando? Quando deve ser feito? O tempo Why? Por quê? Por que é necessário fazer? A razão/o motivo How? Como? Como será feito? O método How Much? Quanto custa? Quanto vai custar? O valor Fonte: Seleme; Stadler, 2012, p. 42. A utilização de tal ferramenta permite que um processo em execução seja dividido em etapas estruturadas posteriormente a partir das perguntas, com o intuito de serem encontradas as falhas que impedem o término adequado do processo. O resultado de sua aplicação não é a indicação clara das falhas, mas sim sua exposição para uma análise mais acurada. (Seleme; Stadler, 2012, p. 42) 3.2 Matriz SIPOC Supplier-Input-Process-Output-Customer – Sipoc (ou Fornecedor-Entrada- Processo-Saída-Cliente), essa representação normalmente é feita em uma planilha em que se pode verificar se as entradas dos processos estão correspondendo às saídas esperadas. O Quadro 2 apresenta a técnica Sipoc. Quadro 2 – Sipoc Fornecedor (Supplier) Entrada (Input) Processo (Process) Saída (Output) Cliente (Customer) Fornecedor de matéria-prima para o processo. Recursos humanos, equipamentos. O processo em si. Transformação da entrada em saída e que gera valor ao cliente e demais stakeholders. Produto finalizado. Qualidade, pontualidade e demais especificações. Recebedor do resultado de todo o processo. Fonte: Silva, 2021. A matriz Sipoc é utilizada para mapear processos, desde o seu início até o seu término, e por ser de fácil preenchimento gera bons resultados no mapeamento de processos. 3.3 Matriz GUT A técnica versa sobre como definir as prioridades na solução de problemas, relembrando conceito visto em momentos anteriores. GUT significa: gravidade (G), urgência (U) e tendência (T). 8 Quanto à gravidade, podemos atribuir notas de 1 para “extremamente grave”; 2 para “muito grave”; 3 para “grave”; 4 para “pouco grave” e 5 para “sem gravidade”. Quanto à urgência, podemos seguir a mesma definição e trabalharmos com a atribuição de notas, sendo 1 para “precisa de ação imediata”; 2 para “é urgente”; 3 para “agir o quanto antes”; 4 para “pouco urgente” e 5 para “pode aguardar”. Em relação à tendência, a atribuição seria equivalente a 1 para “vai piorar rapidamente”; 2 para “vai piorar em pouco tempo”; 3 para “vai piorar em médio prazo”; 4 para “vai piorar em longo prazo” e 5 para “não vai piorar”. TEMA 4 – OUTRAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS DE MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS As técnicas e ferramentas de modelagem e mapeamento de processos têm uma grande importância na gestão por processos, pois é por meio destas que a organização consegue agregar valor aos seus produtos e serviços, aumentando, dessa forma, sua competitividade, sua eficiência e, consequentemente, seus lucros. De qualquer forma, tanto o mapeamento quanto a modelagem são ferramentas/técnicas de aperfeiçoamento/melhoria contínua da produção, primeiro sob a ótica do produto (bem ou serviço), no que se refere ao desenvolvimento de ações que interferem na produção, e segundo sob a ótica de processos, possibilitando, dessa forma, que as diretrizes da organização estejam definidas e sejam seguidas, que haja ajuste dos objetivos e das expectativas dos clientes (tanto interno quanto externo), que a cultura da organização seja reforçada e fixada. A seguir estão algumas das técnicas e ferramentas para modelar e mapear processos que mais se destacam atualmente. Isso não significa que a organização deverá utilizar todas as técnicas e ferramentas aqui apresentadas, mas sim as que melhor se ajustem aos objetivos organizacionais da empresa e que possam trazer os melhores resultados. 4.1 Diagrama de Ishikawa É uma técnica utilizada para a identificação de problemas ou metas, também conhecida como Diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de Peixe. Para 9 a representação gráfica, utiliza-se normalmente a técnica de brainstorming em três etapas, conforme descritas a seguir. • 1ª etapa: explica-se qual o problema ou meta a ser atingida. • 2ª etapa: determina-se as causas do problema e atenta-se para que todos tenham oportunidades iguais de participação e contribuição. • 3ª etapa: determinação das causas utilizando-se de alguma forma de ponderação (principiais causas e classificação obtida); as mais importantes entre as listadas são distribuídas no diagrama (“espinha de peixe”) conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 – Diagrama de Ishikawa Fonte: Silva, 2021. Após concluídas essas etapas, procede-se a reflexão com base nas causas identificadas e nas possíveis soluções. 4.2 Brainstorming Técnica também chamada de tempestade de ideias. Segundo Ambrose e Harris (2011), o brainstorming procura gerar várias ideias: “o processo de brainstorming começa com a definição do problema a ser abordado, com a seleção do grupo de participantes que irá tratá-lo e com a formulação de questões que estimularão o processocriativo”. Essa técnica possibilita que, por meio da interação, da participação e da apresentação de pensamentos e percepções sobre determinados assuntos, as 10 pessoas possam se expressar. Tem como principal objetivo a resolução de problemas. Segundo Lobo (2010, p. 48), o brainstorming é um método de geração coletiva de novas ideias pela contribuição e participação de diversos indivíduos inseridos num grupo. A utilização desse método baseia-se no pressuposto de que um grupo gera mais ideias do que os indivíduos isoladamente e constitui, por isso, uma importante fonte de inovação pelo desenvolvimento de pensamentos criativos e promissores. (Lobo, 2010, p. 48) Para que o brainstorming produza bons resultados, é imprescindível que as sessões sejam estruturadas, com objetivo definido, ou de tema livre. O modelo fica a critério do líder e segundo a necessidade da organização, mas é essencial que a criatividade seja incentivada, que haja liberdade e que a participação não seja tolhida. Depois que todas as ideias forem geradas, é necessário proceder a escolha das mais viáveis, considerando, objetivos, metas, custos, recursos etc. da organização. 4.3 Brainwriting Também conhecido como carrossel de ideias, difere do brainstorming, pois é aplicado de forma escrita e não de maneira falada. O brainwriting utiliza um cartão (Figura 3) para que os participantes apresentem suas ideias de maneira individual. Na metodologia utilizada, cada grupo é composto por seis integrantes, que por tempo limitado (cinco minutos) apresentam cada um três ideias, de forma individual e escrita. Assim que o grupo completa suas contribuições com suas ideias, passa para o grupo seguinte, que analisa, discute e contribui, repetindo esse procedimento até que os cartões voltem ao grupo inicial. 11 Figura 3 – Exemplo de cartão para brainwriting Cartão de brainwriting Data: ___/___/______; Hora de Início: ______ h e _____ minutos. Nome do grupo: Declaração ou enunciado do problema: IDEIA 1 IDEIA 2 IDEIA 3 Fonte: Silva, 2021. 4.4 Diagrama de blocos Por meio de um diagrama de blocos, iniciamos o mapeamento de processos com a representação do estado inicial do processo e dos fluxos lógicos de dados, conectando-os com a descrição de todo o sistema por intermédio da sequência operacional dos subprocessos. A Figura 4 apresenta um modelo de diagrama de bloco. Figura 4 – Representação dos símbolos de um Diagrama de Bloco Fonte: Elaborado com base em Wildauer; Wildauer, 2015. 12 4.5 Diagrama de tartaruga É mais uma ferramenta de qualidade que possibilita a visualização total do processo e como ele é executado. Essa técnica possibilita também aos colaboradores, que muitas vezes não conseguem assimilar todos os passos (entradas, saídas, medidas etc.) do processo, enxergar com antecedência os riscos e mitigá-los, tomando as ações necessárias. O diagrama de tartaruga se parece com a técnica do 5W2H, pois ambas deixam claro quem é o responsável, quando será realizado e como será realizado. Vale salientar que a diferença está basicamente na utilização, visto que o diagrama de tartaruga é voltado para processos recorrentes e o 5W2H é normalmente utilizado para planejamento de planos de ação. A Figura 5 apresenta um modelo de diagrama de tartaruga normalmente dividido em sete partes. Figura 5 – Diagrama de tartaruga Fonte: Silva, 2021. 4.6 Fluxograma (Flowchart) É uma ferramenta de extrema simplicidade e largamente conhecida por facilitar a visualização do fluxo de um processo e de seu funcionamento. Segundo Michaelis (2021c), fluxograma é a “representação gráfica de um procedimento, problema ou sistema, cujas etapas ou módulos são ilustrados de forma encadeada por meio de símbolos geométricos interconectados”. O fluxograma possibilita que a empresa ou o gestor tenham uma visão clara do fluxo de trabalho. Com essa visão, é possível verificar se há alguma falha, atividade repetida, se há falta de mão de obra ou algo que possa ser aperfeiçoado ou otimizado. 13 No fluxograma, cada ação a ser realizada deve ser representada com símbolos equivalentes. A Figura 6 apresenta alguns dos símbolos mais utilizados em um fluxograma. Figura 6 – Símbolos utilizados no fluxograma Fonte: Silva, 2021. Segundo Lobo (2010, p. 55-56), a utilização do fluxograma oferece para a organização algumas vantagens, entre elas: 1.Permitir verificar como funcionam realmente todos os componentes de um sistema, mecanizado ou não, facilitando a análise de sua eficácia; 2. Entendimento mais simples e objetivo do que de outros métodos descritivos; 3. Facilidade de localização das deficiências pela fácil visualização dos passos, transportes, operações, formulários etc.; 4. Aplicação a qualquer sistema, desde os mais simples aos mais complexos; 5. O rápido entendimento de qualquer alteração que se proponha nos sistemas existentes, por mostrar claramente as modificações introduzidas. (Lobo, 2010, p. 55-56) 4.7 Mapofluxograma Essa técnica é utilizada normalmente em processos produtivos de linha de montagem, pois combina fluxograma de processos com layout físico de uma planta produtiva. Seu uso é mais adequado para processos produtivos em que haja grande movimentação e estoque de materiais. 14 4.8 Blueprinting É uma técnica de representação de plantas arquitetônicas de produtos, utilizada nas áreas de engenharia, arquitetura e design de produtos. Seu nome pode ser traduzido como impressão em azul – utilização de tinta branca sobre um fundo azul e vice-versa. Esse método possibilita a visualização, a análise e a otimização dos processos dos serviços, cuja representação é realizada por meio de camadas (layers) que apresentam as atividades do processo e de sua decomposição. O blueprinting é definido como uma ferramenta que representa simultaneamente os processos de serviços, os pontos de contato com os clientes e as evidências do serviço do ponto de vista dos usuários do processo. 4.9 Gráfico de Gantt Procedimento versátil de representação de processos, utilizado em gerenciamento de projetos nas programações de operações e também em modelagem e mapeamento de processos. É uma ferramenta de fácil entendimento e visualização, utilizada para representar os momentos de início e término de cada uma das atividades. A Figura 7 apresenta um exemplo de gráfico de Gantt. Figura 7 – Representação de gráfico de GANTT Fonte: Silva, 2021. 15 4.10 Benchmarking de processo O benchmarking de processo pode ser utilizado para auxiliar na melhoria contínua, ao se comparar processos parecidos com o da concorrência (por meio da observação) ou mesmo ao se comparar processos internos, ou seja, o benchmarking pode ser tanto interno quanto externo. Essa comparação tem por objetivo identificar novas formas de “produzir” um produto ou serviço, cujo processo ocorre em distintas organizações, ou mesmo dentro da sua própria empresa, só que em locais diferentes. Para De Sordi (2018, p. 99), o “benchmarking pode motivar a inovação e proporcionar foco renovado em áreas que necessitam de aprimoramento e de um alvo de excelência a ser perseguido”. Como explanado no início, as técnicas e ferramentas disponíveis para mapeamento e modelagem de processos são muitas, cabendo a cada gestor e aos envolvidos no processo a escolha da que melhor atende às necessidades, expectativas e estratégias da organização. TEMA 5 – AUTOMAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO DE PROCESSOS Quando falamos em automatização de processos, logo nos vem à mente a dúvida: é automação ou automatização? Para alguns autores, automação diz respeito a todo processo que não necessita de intervenção de recursos humanos; já para a automatização, é necessário que o ser humano haja programando, gerenciandoe controlando a ação. Michaelis (2021a, 2021b) não distingue automação de automatização, definindo-os como um “ato ou efeito de automatizar” e também como um: sistema constituído por dispositivos mecânicos ou eletrônicos, utilizado em fábricas e estabelecimentos comerciais, em telecomunicações, em instituições hospitalares e bancárias etc., destinado à operacionalização e controle dos processos de produção, que dispensa a intervenção direta do homem. A diferença entre os dois conceitos é bem sutil, basicamente diz respeito à interferência ou intervenção humana no processo. A automatização pressupõe a utilização de sistemas para a execução de atividades repetidas e rotineiras da empresa, para que ao final o profissional responsável tenha mais tempo para desenvolver estratégias, utilizar suas competências (chave), e aumentar a lucratividade da organização. Podemos afirmar que a automatização é considerada o “salto” para gerar inúmeras 16 vantagens, entre elas o aumento da produtividade, a sustentabilidade, a diminuição do número de erros, o aumento da qualidade, e que os prazos sejam cumpridos, além de auxiliar o gerente no controle e acompanhamento das atividades. Para isso, é de extrema importância que a integração de sistemas seja pensada e a melhor técnica seja escolhida, pois não há como fazer automatização sem que haja integração de sistemas, considerando que nos dias atuais as organizações dispõem de sistemas de gerenciamento de quase todos os processos. De Sordi (2018, p. 311-312) afirma que não há: técnica que possa ser considerada a melhor para uma organização; cada uma possui vantagens e desvantagens. O que é viável é a seleção da técnica mais apropriada para cada nova oportunidade de integração. As aplicações podem se integrar com o emprego de múltiplas técnicas de integração, de maneira que se obtenha vantagens daquela que melhor atende a cada nova demanda. Assim, a camada de integração entre sistemas de informação pode ser entendida como um ambiente híbrido composto por diferentes técnicas de integração. (2018, p. 311-312) De Sordi (2018, p. 303) ainda reforça: “soluções como a BPMN demandam uma organização tecnológica diferente das atuais. Um aspecto importante é a necessidade de uma camada ou ambiente de integração entre softwares”. Portanto, não é necessário aumentar o número de funcionários/colaboradores para produzir mais ou aumentar os resultados, o importante é escolher a técnica certa para a integração de todos os sistemas/softwares já disponíveis na organização ou, caso tenha que ser adquirido, deve-se seguir o mesmo princípio de análise e escolha. “Independentemente dos movimentos e arranjos do ambiente de negócios, somente as estratégias e os investimentos atuais ocorridos nas áreas de tecnologia da informação já apontam para um aumento da demanda por soluções de integração entre sistemas de informação” (De Sordi, 2018, p. 306). Como afirmado pelo autor, a demanda por soluções de integração aumenta cada vez mais. Nesse sentido, o Tema 1 apresenta ferramentas de notação de processos, enquanto os temas 2, 3 e 4 apresentam o ciclo PDCA e algumas técnicas e ferramentas para mapeamento e modelagem de processos. É importante relembrar que não tivemos a pretensão de esgotar a discussão em torno do tema, nem seria possível, visto o grande número de técnicas e ferramentas disponíveis no mercado e as características de cada organização. 17 Cabe a nós, gestores, a análise e a escolha da que mais se adapta e atende a nossas necessidades, considerando o contexto atual em que vivemos. 18 REFERÊNCIAS AUTOMAÇÃO. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/automa%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 19 mar. 2021a. AUTOMATIZAÇÃO. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ busca/portugues-brasileiro/automatiza%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 19 mar. 2021b. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Design Thinking: s.m. ação ou prática de pensar o design. São Paulo: Bookman, 2011. DE SORDI, J. O. Gestão por processos: uma abordagem da moderna administração. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. FLUXOGRAMA. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/fluxograma/>. Acesso em: 19 mar. 2021c. LOBO, R. N. Gestão da Qualidade. São Paulo: Érica, 2010. SELEME, R.; STADLER, H. Controle da Qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: InterSaberes, 2012. VALLE, R.; OLIVEIRA, S. B. de (Org.). Análise e modelagem de processos de negócio: foco na notação BPMN (Business Process Modeling Notation) 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. WERKEMA, C. Métodos PDCA e DMAIC e suas ferramentas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. WILDAUER, E. W.; WILDAUER, L. D. B. S. Mapeamento de Processos: conceitos, técnicas e ferramentas. Curitiba, InterSaberes, 2015.
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