Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
e triagem neonatal GIOVANA NUNES Conceito Os erros inatos do metabolismo (EIM): São distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Histórico Os estudos sobre os EIM iniciaram-se na primeira década do século XX quando Archibald Garrod descreveu a Alcaptonúria, e depois Albinismo, Porfiria e Pentosúria . Um indivíduo tem ou não uma doença metabólica, inexistindo formas intermediárias; portanto, os desvios da normalidade são marcantes; As doenças metabólicas são congênitas ou surgem muito cedo na vida; essas doenças tendem a aparecer nos irmãos, mas não nos genitores de afetados; Ocorrem em famílias cuja consanguinidade parental está aumentada; Não estão sujeitas a grandes flutuações quanto à sua gravidade; Essas doenças são decorrentes de alterações enzimáticas. Genética EIM a maioria é de herança autossômica recessiva: Alguns são determinados por genes recessivos ligados ao X (Ex., sindrome de Lesch-Nyhan e síndrome de Hunter), São raros os de herança autossômica dominante (Ex., várias formas de porfiria e uma forma de hipercolesterolemia familiar) Dominante ligada ao X (deficiência de ornitina- transcarbamilase), vários mostrando, também, heterogeneidade genética. Quando as proteínas envolvidas são receptores ou proteínas estruturais, seu padrão de herança é dominante, causando doenças mesmo quando o gene está em heterozigose, conforme se verifica entre doenças hereditárias como a síndrome de Marfan. Prevalência EIM Acumulativa: 1:3.500 a 1:5.000 recém-nascidos vivos Individual: Muito variável Exemplos: 1:500 -hipercolesterolemia 1:100.000 - homocistinúria No Brasil: Dados isolados: 1:11.500 a 1:15.000 - fenilcetonúria 1:43.000 - doença do xarope de bordo 1:125.000 - deficiência de biotinidase Classificação- 500 EIM Categorias: 1. Afetam um único sistema orgânico ou apenas um órgão, como o sistema imunológico ou o fígado. 2. Abrange um grupo de doenças cujo defeito bioquímico compromete uma via metabólica comum a diversos órgãos, como as doenças lisossomais, ou restrito a um órgão apenas, porém com manifestações humorais e sistêmicas, como a hiperamonemia nos defeitos do ciclo da ureia. São 3 grupos: Grupo 1: Grupo 2: Grupo 3: Quando suspeitar? Em neonatos 1. História Familiar: Pais consanguíneos. Abortos espontâneos, neomortos, hidropsia fetal não imune inexplicada, óbitos neonatais. Familiares afetados por algum EIM. Fenicetonúria materna. Irmãos com doenças inexplcadas (encefalopatia, sepsis, síndrome da morte súbita do lactente). 2. História gestacional: Síndrome HELLP: hemólise, alteração de enzimas hepáticas e plaquetopenia. Esteatose hepática aguda da gravidez. Trabalho de parto prolongado: pode ser consequente à deficiência de esteroide sulfatase no feto, ocasionando diminuição da produção de estrogênio placentário. EIM que cursa com alterações renais pode levar a olgodramnia como por exemplo na síndrome Smith-Lemi- Optiz. 3. Manifestações Clínicas: Hipoglicemia injustificada. Alcalose respiratória em bebê a termo e sem intercorrências perinatais. Acidose metabólca persistente. Cetonúria. Síndrome séptica sem fator de risco para infecção. Cardiomiopatia hipertrófica. Disfunção hepática injustificada. Odores incomuns. Manifestações neurológicas precoces não justificadas por intercorrências na gravidez, parto e período neonatal. Discrasias sanguíneas inexplicadas. Instabilidade térmica. Catarata congênita. Dificuldades alimentares. Principais EIM- Tratamento Principais modificações dietéticas Quantitativas modificação na proporção ofertada de nutrientes Qualitativa → restrição de certos nutrientes específicos Suplementação → administração de coenzimas especificas (Q10, Vit. do complexo B, Vit. C etc). Erros inatos dos Carboidratos Intolerância a frutose Ocorre devido à ausência de uma enzima do fígado, a aldolase B, responsável pela quebra do substrato frutose-1-fosfato; Os sinais e sintomas são decorrentes do acúmulo desse substrato, das inibições enzimáticas secundárias a esse acúmulo e da diminuição do nível de fósforo inorgânico dentro das células; A transmissão se dá através da herança autossômica recessiva; Estima-se que sua prevalência é subestimada devido à dificuldade diagnóstica; Tipos de intolerância a frutose 1. Deficiência da Aldolase B (Frutose 1,6 bifostato aldolase), que é responsável pela divisão da frutose-1-fosfato. Características: os níveis de frutose-1-fosfato tendem a aumentar, e os níveis de fósforo serão diminuídos. 2. Inibição secundária ocorre um acúmulo de frutose-1-fosfato, Características: eleva a frutose no sangue e a eliminação urinária, ocorrendo bloqueio da atividade da fosforilase e da frutose-1,6- difosfato-aldolase, ocasionando hipoglicemia intensa. Estabelecido o diagnóstico da doença, o tratamento realizado é uma dietoterapia restrita de frutose e sacarose. Paciente pode ter vida normal excluindo frutose e proteínas de imediato. É estabelecido quando o exame de uma amostra de tecido hepático revela a ausência da enzima. Avaliação a resposta do organismo à administração intravenosa de frutose e de glicose. Os portadores podem ser identificados através da análise do DNA e de sua comparação com o DNA de portadores e de não portadores do distúrbio. Biópsia hepática para a determinação da atividade da aldolase. A microcospia eletrônica demonstra áreas esburacadas entre as organelas citoplasmáticas, conhecidas como “buracos" de frutose. Galactosemia Trata-se de um erro inato do metabolismo pertencente ao grupo 2 da Classificação de Saudubray & Charpentier (1995). É um defeito no metabolismo intermediário. A galactosemia é uma doença rara do metabolismo da galactose. Trata-se de um EIM caracterizado pela inabilidade em converter galactose em glicose (via de Leloir). O resultado imediato é o acúmulo de metabólitos da galactose no organismo. Herança autossômica recessiva, determinada por um gene localizado no cromossomo 9p13, a qual resulta da deficiência da enzima galactose- 1- fosfato-uridiltransferase, que normalmente converte a galactose-1-fosfato em glicose-1- fosfato. Acumula-se galactose sangüíneas, no fígado, no cérebro e nos rins. Enzimas: GALE, GALT e GALK o indíviduo pode ter defeito só em uma. Duas ou em todas. Autossômico recessivas Incidência de 1: 20.000 nascidos vivos Efeitos tóxicos, agudos e crônicos, no fígado e em outros órgãos Início após introdução de dieta láctea QUADRO CLÍNICO: hepatomegalia, icterícia, vômitos, hipodesenvolvimento, distensão abdominal, convulsões, hipoglicemia e catarata. LABORATÓRIO: Aumento da galactose sérica e urinária, bilirrubinas e aminotransferases; acidose hiperclorêmica; presença de substâncias redutoras na urina; coagulopatia; hipoalbuminemia. Sintomas: Danos cerebrais, catarata, icterícia, crescimento hepático e danos renais. Glicogenoses HEPATICAS GSD I Apresentações hepáticas de GSD III De cori GSD IV De Andersen GSD VI Doença de Hers Formas hepáticas de GSD IX GSD O MUSCULAR Grupo A GSD III De cori GSD IV De Andersen Grupo BGSD V McArdle GSD VII Tarui GSD IX GSD XI Fanconi -Bikel GENERALIZADA - GSD II Pompe Glicogenoses hepáticas: Autossômicas recessivas (tipo IX - ligado ao cromossomo X); Histopatologicamente indiferenciáveis; Os principais sinais são: hipoglicemia, hepatomegalia e atraso no desenvolvimento; Os tipos mais graves são o l e o lII; O tipo I apresenta comprometimento renal e hiperlipidemias; Os tipos VI e IX são os mais brandos, nos quais o tamanho do fígado normaliza com idade e os pacientes alcançam a altura normal do adulto. Glicogenose Tipo 1: Hipoglicemia Hipercolesterolemia Hipertrigliceridemia Aumento do ácido urico Tratamento: Amido cru 3/3 horas Criança encaminhada pelo nefrologista: TG: 1600mg/dL Colesterol: 1000mg/dL Síndrome nefrótica- alto ácido úrico Glicogenoses musculares: Todas são autossômico recessivas; Grupo A → miopatias e fraqueza; Grupo B → intolerância à atividade física (sintomas reversíveis com o descanso); A participação de outros órgãos (eritrócitos, sistema nervoso central ou periférico, coração, fígado) é possível, visto que a maioria destas enzimas não estão confinadas ao músculo esquelético, em especial, nas GSD Illa, IV e 0 Glicogenose generalizada: Autossômica recessiva; Doença de depósito lisossômico (LSD); Sintomatologia grave e generalizada muscular, hepato-esplenomegalia e CARDIOMEGALIA; hipotonia e fraqueza Duas formas de apresentação: uma rápida e fatal que se manifesta já nos primeiros anos de vida e outra lentamente progressiva que afeta mais os músculos. Doença de Pompe: -É uma forma rara e mais grave das glicogêneses, levando à morte no primeiro ano de vida -Caracteriza-se pelo acumulo de glicogênio no coração, fígado, rim, músculos, glândulas endócrinas, cérebro e medula espinhal, devido à ausência da alfa 1,4 glucosidase (maltose ácida) Erros inatos dos lipídeos Deficiência da Acil-CoA desidrogenase Deficiência no metabolismo de oxidação dos ácidos graxos, onde os indivíduos não conseguem quebrar as gorduras dos alimentos que ingerem, ou a armazenada para formação de energia. Herança autossômica recessiva Caucasianos: 1:6.500 a 1:17.000 Sinais e sintomas: crises metabólicas – sonolência, fraqueza muscular, mudança de comportamento, irritabilidade e perda de apetite. Pode ocorrer: febre, diarreia, vômito, hepatomegalia e hipoglicemia. Se não tratada pode levar a sérias complicações – sist. Nervoso central, fígado, coração, mm esqueléticos e retina. Síndrome da morte súbita - ela é definida como o óbito inesperado de um bebê no qual a autópsia não consegue apontar a causa -2 a 4 meses de idade. Manifestações clínicas entre 3 a 24 meses. Desmame, jejum e infecções Diagnóstico: Teste do pezinho Ácidos graxos plásmicos livres Ácidos orgânicos na urina Genética molecular – gene MCAD(média), VLCADD (longa), SCADD (curta). Tratamento: Evitar jejum prolongado (4-6h), refeição a base de amido antes de dormir (mingau), ingerir quantidade mínima de gorduras e proteínas, suplemento com L- carnitina quando necessário. Lipoproteínas: Hiperlipoproteínemias: É uma elevação dos níveis plásmicos de lipoproteínas, que pode ser primária ou secundária. Hipercolesterolemia familiar (Hereditária): É uma doença genética do metabolismo das lipoproteínas cujo modo de herança é autossômico codominante e que se caracteriza por níveis muito elevados do colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), e pela presença de sinais clínicos característicos, como xantomas tendíneos e risco aumentado de doença arterial coronariana prematura. Autossômica dominante com dominância incompleta É a doença mendeliana mais frequente Decorrente de mutação no gene do receptor de LDL PATOGENIA: Diminuição do "clearance" de LDL (captação pelo fígado); Aumento na produção de LDL (IDL → LDL); Aumento da captação de LDL por macrófagos e monócito- xantomas; Aterosclerose precoce = enfarto do miocárdio. Mais de 150 mutações descritas. As mutações são categorizadas em cinco grupos: Grupo I – Pouco comum, completo fracasso na síntese do receptor; Grupo II - Comum, os receptores são produzidos, mas acumulam no retículo endoplasmático, porque não podem ser transportados ao complexo de Golgi; Grupo III – Atinge o domínio do receptor que se liga ao LDL; Grupo IV – O receptor liga-se ao LDL normalmente, mas não se forma a vesícula de endocitose; Grupo V – Os receptores não conseguem se desprender da vesícula de endocitose para serem reciclados degradados juntamente com o LDL pelos lisossomos. Síndrome de Smith-Lemli- Opitz (Colesterolopatia): Também é conhecida como síndrome de SLO É um defeito congênito da biossíntese do colesterol, causado pela deficiência da enzima 7- dehidrocolesterol redutase. Ocorre concentração elevada de 7- dehidrocolesterol(7-DHC) e de outros precursores do colesterol nos liquidos biológicos e tecidos. A confirmação diagnóstica é feita pelo estudo do metabolismo do colesterol nos fibroblastos dos doentes O tratamento baseia-se na suplementação da dieta com colesterol sob a forma de produtos naturais (ovos, nata, vísceras, carnes) ou colesterol puro, por vezes, também com ácidos biliares (no jejum prolongado, por processos infecciosos ou intervenções cirúrgicas). Sinais gerais pouco específicos: Aborto espontâneo / natimorto Falência de múltiplos órgãos logo após o nascimento Cardiopatia congênita Vômitos, refluxo, inapetência Surdez e/ou amaurose (cegueira total ou parcial) Síndrome de Smith-Lemli- Opitz (Colesterolopatia): Colesterol sérico muito baixo; Incapacidade de sintetizar colesterol Membranas, ácidos biliares, hormônios esteroides, componentes de mielina. Erro inato das Proteínas Fenilcetonúria Herança autossômica recessiva; A incidência de portadores da doença é de cerca de 2%; Normalmente os indivíduos tem pele clara; Resulta da deficiência da fenilalanina hidroxilase (FAL-OH) hepática que converte o aminoácido fenilalanina em tirosina (percursor da dopamina e noradrenalina) Três formas de apresentações metabólicas são reconhecidas e classificadas de acordo com o percentual de atividade enzimática encontrado: Fenilcetonúria clássica: quando a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase é praticamente inexistente (atividade inferior a 1%) e, consequentemente, os níveis plasmáticos encontrados de Fen são superiores a 20 mg/dℓ. Fenilcetonúria leve: Quando a atividade da enzima é de 1 a 3% e os níveis plasmáticos de Fen encontram-se entre 10 e 20 mg/dℓ. Hiperfenilalaninemia: Transitória ou permanente: quando a atividade enzimática é superior a 3% e os níveis de Fen encontram-se entre 4 e 10 mg/dℓ; essa situação é considerada benigna, não ocasionando qualquer sintomatologia clínica. Evidente por volta dos 6 meses; Cheiro caracteristico na urina (urina de rato) e irritabilidade no primeiro mês de vida; Pacientes com diagnóstico tardio: Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (92%) Distúrbio do comportamento (agitado ou "autista-like") (89%) Atraso de fala e linguagem (86%) Deficiência mental (81%) Convulsões (25%) Disfagia (18%) Vômitos recorrentes (3%) Microcefalia (1,6%) Eczema de dificil tratamento (1,6%) A doença é detectada pelo “teste do pezinho”, cuja obrigatoriedade para todo o território brasileiro consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, inciso III do Art. 10 da Lei n. 8.069, de 13/07/1992.(PINTO 408). Enquanto um foi diagnósticado e tratado preocimente e adequadamente,o outro não. Doença do Xarope de bordo- LEUCIONOSE A Doença da Urina do Xarope do Bordo (DXB), também conhecida como Leucinose, é uma aminoacidúria, um EIM causado pela deficiência da desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada (BCKD, do inglês, branched chain ketoacid dehydrogenase), levando ao acúmulo de leucina, isoleucina e valina (BCAA). Este complexo enzima mitocondrial é dependente de tiamina. A DXB é herdada de forma autossômica recessiva. Incidência: 1:200.000 – em Aracajú tem 1 caso. A urina dos pacientes com DXB apresenta um odor semelhante ao do xarope de bordo (maple syrup), cheiro adocicado parecido com açúcar queimado ou caramelo. Os sintomas mais comuns são: Sucção débil (dificuldade para sugar), Letargia (corpo rígido), Perda de peso, Falta de apetite, Hpoglicemia, Odor adocicado que lembre o odor do xarope do bordo presente na urina A manifestação clínica - encefalopatia metabólica. O odor inicia a partir de 12 horas de vida do bebê e torna-se mais intenso e aparente quando a urina seca na roupa ou na fralda. O odor fica mais evidente durante a descompensação metabólica, podendo ser percebido pelos cuidadores da criança. Quando isso ocorrer, é necessário realizar com urgência os exames laboratoriais de modo a evitar que o bebê tenha sérios danos neurológicos. Diagnóstico: Confirmado pelos níveis séricos elevados de leucina, isoleucina e valina por análise quantitativa de aminoácidos. Tratamento: Inibição do catabolismo proteico, manutenção da síntese de proteínas e prevenção da deficiência de aminoácidos essenciais, possível por meio de ingestão de proteína na forma de hidrolisado de aminoácidos SEM leucina, isoleucina e valina. Erro inato dos Lisossomos Enzimas (hidrolases ácidas) produzidas no Retículo Endoplasmático Rugoso e sinalizadas na face cis de Golgi com resíduo manose-6- fostato. Responsáveis por: Digestão intracelular Renovação de organelas (autofagocitose) Autólise e Apoptose Armazenamento Disfunções: Autossômicas recessivas – exceções Incidência: Individual: 1:100.000 Coletiva: 1:10.000 - 1:5.000 Defeito nas enzimas lisossomais, ou deficiência de seu co-fator Multissistêmicas e progressivas Diversas variações mutantes Gravidade = atividade enzimática residual (ERA) A sintomatologia = ERA < 20% Clínica: Heterogeneidade fenotípica -Maioria nos primeiros meses/anos de vida Comprometimento neurológico -Quase todos os pacientes -Casos mais graves Comprometimento mesenquimal -Mucopolissacarídeos Tratamento: Terapia baseada em enzima: BMT (Transplante de Medula Óssea) Vários graus de melhora, mas sem reversão completa. -Penetração tecidual inadequada (mesenquimal e neuronal) -Doença extensa anterior ERT (Reposição Enzimática) -Doença de Gaucher, Fabry e MPS -Doença de Pompe, MPS II, VI -Niemann-Pick tipo B SRT (Restrição de Substrato) -Gaucher tipo I -N-P tipo C, Tay-Sachs, Gaucher tipo III Mucopolissacaridoses As mucopolissacaridoses (MPS) são desordens metabólicas hereditárias e progressivas causadas por erros inatos do metabolismo que levam à deficiência da função de enzimas que atuam nos lisossomos celulares. Tais enzimas estão envolvidas na degradação de glicosaminoglicanos (GAGs). Os GAGs acabam por se acumular nos lisossomos de tecidos ósseos, cardíacos e nervosos, ocasionando alterações morfológicas e funcionais. O tratamento é baseado em um acompanhamento multidisciplinar para acompanhar o indivíduo de forma a prevenir e tratar as complicações decorrentes das mucopolissacaridoses. Além de terapia de reposição enzimática –biotecnologia – síntese da enzima, a vantagem é o diagnostico precoce. Infusões semanais OBS: Todas os tipos de MPS, menos o Lpo II são herdados de maneira autossômica recessiva, enquanto a Lpo II tem padrão de herança ligado ao cromossomo X. Mucopolissacaridose 1: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – Síndrome de Hurler: Baixa estatura, Opacidade de córneas, Perda audiLva, Pigmentos na reLna, Dificuldade respiratória, Doenças cardíacas, Aumento do fígado, Constipação intestinal, Aumento do baço, Dificuldades no movimento, Alterações no formato da coluna, Limitação nas articulações, gengivas e dentes pequenos Retardo mental; Mucopolissacaridose 2: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Macrocefalia, Baixa estatura, Aumento dos pelos, Perda visual, Voz grave, Aumento do baço, Alterações nos ossos, Limitação nas articulação, Lesões esbranquiçadas na pele, Aumento das gengivas, Dentes pequenos, Distúrbio de comportamento com agitação, Dificuldade de concentração, Retardo e degeneração mental; Mucopolissacaridose 3: De todas as MPS, a MPS III é a que produz anormalidades 6sicas mais leves MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hiperatividade, Dificuldade na alimentação, Degeneração neurológica, Intensa agitação Diarreia; Mucopolissacaridose 4: Herança autossômica recessiva. Incidência estimada em cerca de 1:100.000 em todas as populações. Dois tipos: Tipo A é a deficiência da enzima N-acetilgalactosamino- 6-sulfato sulfatase. Tipo B é a deficiência da enzima Beta-galactosidase. O quadro clínico, embora semelhante, varia em gravidade com o tipo, sendo o tipo A mais leve que o B. O diagnóstico se faz pela constatação da excreção urinária de queratan sultafo. Síndromes: Síndrome de Morquio: É causada pela mutação de dois genes diferentes, mas com manifestações clínicas e morfológicas similares. As deficiências enzímicas que definem os subtipos da doença são: na MPS IV-A, a enzima galactose-6-sulfatase, cuja função é quebrar o GAG queratan sulfato, encontrado em grande quantidade em: cartilagem, esqueleto, coração e córnea; na MPS IV-B, a enzima betagalactosidase, também com função de quebra do GAG queratan sulfato, entretanto, esses indivíduos tendem a ser afetados mais levemente pela doença do que os indivíduos com MPS IV-A Mnifestações clínicas: Macrocrania Dentes espaçados Desenvolvimento anormal do esqueleto (nanismo) Plastespondilia pincamento de nervos Hipermobilidade de articulações Dedos largos Joelhos valgas Peito carinado (em sino) Síndrome de Maroteaux- Lamy: Deficiência da enzima arilsulfatase B, que é essencial na quebra de dermatan sulfato e condroi8n sulfato. Manifestações clínicas: Baixa estatura, Opacidade de córneas, Aumento do volume da língua, Diarreia crônica, Perda auditiva, Aumento do baço, Alterações no formato da coluna, Limitação nas articulações, doenças cardíacas, Aumento de pelos, Dentes pequenos, Aumento da gengiva e depressão da raiz do nariz; Mucopolissacaridose 4: Síndrome de Sly: A deficiência da enzima beta-glucoronidase, que degrada os GAGs dematan sulfato, condroi;na sulfato e heparan sulfato. Mnifestacões clínicas Baixa estatura – defeitos ósseos, Perda visual, Aumento do baço, Limitação nas articulações, Dentes pequenos, Aumento nas gengivas, Dificuldade respiratória, Perda auditiva, Leve retardo mental, Morte prematura. Esfingolidoses São componentes normais dos lipídios nas membranas celulares; eles se acumulam nos lisossomos e causam alterações neuronais, ósseas e outras alterações extensas quando deficiências enzimáticas impedem sua decomposição. Embora a incidência seja baixa, a taxa de portadores de algumas formas é alta. Doença de Gaucher: A glicocerebrosidase normalmente hidrolisa o glicocerebrosídeo a glicose e ceramida. Os defeitosgenéticos da enzima causam acúmulo do glicocerebrosídeo em macrófagos por fagocitose, formando as células de Gaucher. Erros inatos dos Peroxissomos Organelas celulares contendo enzimas que removem átomos de hidrogênio de substratos orgânicos (ex.: ácidos graxos, proteínas) em reações oxidativas, produzindo peróxido de hidrogênio (H,O2), o qual é convertido a água e oxigênio pela enzima catalase. FUNÇÕES: Desintoxicação; Peroxisomes B-oxidação de ácidos graxos; Oxidação de D-aminoácidos (bactérias); Síntese de plasmalogênio (mielina) Adrenoleucodistrofia Ligado ao cromossomo X (Xq28) Acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA) Quadro clínico: Ataxia precoce (na infância); Insuficiência adrenal; Hiperpigmentação; Alterações neurocomportamentais; Convulsões; Espasticidade muscular; Demência precoce. Existem três tipos de adrenoleucodistrofia: 1. Adrenoleucodistrofia cerebral infantil afeta principalmente crianças entre 4 e 10 anos e pode evoluir rapidamente se o distúrbio não for identificado precocemente. 2. Adrenomielopatia afeta primariamente homens adultos. É mais leve do que a adrenoleucodistrofia cerebral infantil e evolui comparaLvamente mais devagar. 3. Doença de Addison é também conhecida como insuficiência adrenal. Ocorre quando a glândula adrenal não produz hormônio suficiente Teste do pezinho
Compartilhar