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Otorrinolaringologia - Paralisia Facial Periférica

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Otorrinolaringologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 
Profa. Dra. Carolina Brotto Azevedo 
 
PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA 
Definição: 
Qualquer alteração de função do VII par craniano (nervo fácial)que envolva o trajeto de seu núcleo (na ponte) até 
suas porções mais distais. 
Difere-se da paralisia central pela movimentação da testa, que é presente na paralisia central. Na periférica tem 
toda a hemiface paralisada, porque os ramos que inervam a porção superficial da face terão um cruzamento de 
fibras antes de chegar na ponte (e se for AVC como causa, haverá emissão ipsi e contralateral de fibras para testa, 
então mesmo um lado do córtex não funcionando, a testa movimenta por receber fibras contralaterais). 
Anatomia do VII par craniano: 
Função mista: sensitiva e motora(predominante). 
Possui porções supranuclear / nuclear / infranuclear. 
Sai do córtex, vai para ponte, entra no conduto auditivo interno, passa pela orelha 
média (porção intralabirintica, porção timpânica e porção mastoidea) e sai do crânio 
pelo forame estilomastóideo, entra na parótida e emite ramos para o fronte 
(inervação bilateral, por isso movimento se paciente tiver AVC) e continua para o 
lateral do rosto de que recebe inervação do ramo de apenas ramo de um lado. 
Trajeto do nervo facial do 
conduto auditivo interno até o forame estilomastóideo e os ramos que emite dentro da orelha média. A partir do 
gânglio genicular – nervo petroso superior maior e nervo petroso superior menos. Em seguida darão os nervos 
estapediano e corda do tímpano. 
Inervação: 
Parte motora: inerva os músculos da mímica facial, bucinador, platisma, orbicular (boca e olhos), músculo do estribo 
(nervo estapediano). 
Parte sensitiva: gustação dos 2/3 anteriores da língua (nervo corda do tímpano) / pele da concha e porção externa 
da MT / fibras parassimpáticas secretivas das glândulas submandibulares e sublinguais; glândula lacrimal inervada 
pelo nervo petroso superficial maior e parótida pelo nervo petroso superficial menor. 
→Quadro clínico: quase sempre unilateral. Não consegue manter o ar dentro da boca (perde líquidos na 
alimentação), assimetria facial, ausência ou diminuição da mimica facial (não movimenta a testa). Sinal de 
Bell – paciente não consegue fechar o olho. 
Dor facial, alteração no lacrimejamento, alteração na salivação e paladar, distúrbios 
auditivos/equilíbrio/zumbido. 
Otorrinolaringologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 
Profa. Dra. Carolina Brotto Azevedo 
 
→Anamnese: avaliar tempo de evolução; antecedentes pessoais (doenças vasculares, metabólicas, autoimunes, 
infecciosas agudas ou crôncas). 
Em exame físico, avaliar abaulamentos em face e pescoço; lesões de cavidade oral, pavilhão auricular... 
→Classificação de House e Brackmann (a mais comum): 
GI = normal 
GII = leve (diferença / fecha o olho) 
GIII = moderada (diferença evidente ao movimento / fecha o olho com grande esforço) 
GIV = moderada/severa (não fecha os olhos / grande assimetria em movimento) 
GV = severa (movimentos discretos / assimetria em repouso / lagoftalmo) 
GVI = paralisia completa 
→Topodiagnóstico: 
Teste Schirmer (lacrimejamento diminuído = lesão intra ou pré-geniculado) – avalia nervo petroso superficial 
maior. Coloca um papel filtro nas pálpebras inferiores e avalia quantidade do lacrimejamento. 
Gustometria: perda do paladar 2/3 anterior da língua – utiliza cotonete com sabores doce/amargo/salgado/azedo. 
Pesquisa do reflexo estapediano – reflexo que avalia na impedanciometria. Positivo. 
Imagem (RNM com gadolineo) – localiza processo inflamatório, tumores, processos degenerativos e traumáticos 
→Exames para prognóstico: 
Procuram saber se há boa evolução do quadro (ou não). 
Eletroneurografia: realizada a partir do terceiro dia de paralisia, tendo validade até o 21º dia, período em que ocorre 
a degeneração neural (se mais 90% de lesão neuronal = mau prognóstico; provavelmente não recuperará 
movimentação sozinho). 
Eletromiografia: realizado após o 21º dia de PFP, capta os potenciais de ação das células musculares através de 
eletrodos de superfície ou agulhas. Mostra o grau de regeneração. 
Causas e tratamentos: 
→Paralisia facial idiopática (de Bell). 
Mais comum, cerca de 80% dos casos. 
Mais associada a origem viral. Podem ser de origem vascular, hereditária, 
inflamação, imunomediada, psicossomática. 
É diagnóstico de exclusão (excluir outras causas para dizer que é paralisia de 
Bell). 
Início súbito e recuperação completa em boa parte dos casos. 
Tratamento: corticosteroides (regride edema e lesão neural); aciclovir; 
câmara hiperbárica (?); cirurgia se má evolução após 2-3 semanas de tto. O nervo facial quando entra no conduto 
auditivo, passa pelo canal de falop, lugar onde há maior estreitamento e 
impossibilidade do nervo se expandir – faz uma mastoidectomia ou entra pela 
MT e broca esse canal. Visa descomprimir o nervo e diminuir degeneração 
neural. Fisioterapia/fonoaudióloga. 
 
→Paralisias de origem infecciosa 
→Sindrome de Ramsey-Hunt. 
Causada pelo varicela zoster. 
Paralisia facial importante. 
Apresenta vesícular em orelha externa. 
Possui dor local/fácil. 
Tratamento: antivirais (aciclovir) + corticoesteroides. 
→Otite média aguda (OMA) 
Mais comum em crianças. 
Otorrinolaringologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 
Profa. Dra. Carolina Brotto Azevedo 
 
Tratamento: paracentese de membrana timpânica; cultura; ATB sistêmico. Se má evolução: mastoidectomia e 
descompressão de nervo. 
→Otite externa maligna: 
Causada por germes gram-negativos (P. aeruginosa e Proteus mirabillis). 
Imunocomprometidos, como pacientes diabéticos, portadores de HIV, ou em quimioterapia. 
Tratamento: ATBterapia sistêmica de longa duração; controle da doença de base; cirurgia em casos piores. 
→Otite média crônica (OMC): 
Processo inflamatório crônico da orelha média. Colesteatoma é muito comum. 
Tratamento: mastoidectomia e descompressão do nervo + ATB e corticoesteroide. 
→Paralisia facial periférica traumática 
TCE, armas de fogo, arma branca 
Fraturas mandibulares; 
 Iatrogenia em cirurgias otológicas/plásticas/neurológicas; 
Cirurgia das parótidas; 
Puncções cervicais. 
Fraturas temporais (longitudinais x transversa) 
Tratamento: reparação cirúrgica – anastomose (enxerto com o próprio nervo ou outros nervos). 
→Tumores: 
Benignos ou malignos: das glândulas salivares, osso temporal, nervos cranianos, granulomas, metástases, 
hematológicos, das meninges e das diversas estruturas de cabeça e pescoço. 
É uma paralisia lenta e progressiva. 
Tratamento: ressecção cirúrgica do tumor, radio/quimioterapia. 
Preservação do nervo é feita sempre que possível e, quando não, realiza-se anastomoses, enxertos e cirurgias 
plásticas. Pode-se aplicar toxina botulínica no lado contralateral, para haver melhora estética da simetria. 
→Causas neonatais: 
Raro 
Trauma no parto: fórceps, fratura de clavícula, trabalho de parto prolongado. 
Malformações do osso temporal; 
Fissura palatina; 
Sindactilia; 
Sempre avaliar outras deformidades / síndrome 
→Tratamento de pacientes com sequelas: 
Derivação hipoglosso-facial; 
Fisio e fonoterapia; 
Espasmos = toxina botulínica; 
Contraturas = miorelaxantes musculares de ação central (carbamazepina);

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