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Síndrome do Ombro Doloroso

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Andressa – P2B – 2020.2 
SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO
 
A Síndrome do Ombro Doloroso (SOD) é 
caracterizada por dor e limitação 
funcional decorrente do acometimento de 
estruturas estáticas e dinâmicas do ombro, 
como ligamentos, cápsula e músculos. 
 
ANATOMIA DO OMBRO 
Uma rede complexa de estruturas dota o ombro 
humano de grande mobilidade. Constituem essa 
rede: 
 Ossos: úmero proximal, escápula, 
clavícula, costelas da caixa torácica; 
 Articulações: glenoumeral, 
acromioclavicular, esternoclavicular e 
escapulotorácica (articulação não 
verdadeira). A glenoumeral é a grande 
responsável pela mobilidade. 
 Músculos e tendões: supraespinhoso 
(abdução), infraespinhoso (rotação 
externa), redondo menor (rotação 
externa e abdução) e subescapular 
(rotação interna e adução) formam o manguito rotador e estabilizam a cabeça umeral nos 
movimentos. 
 Bursas: subacromial é a principal do ombro, localizada sob o acrômio. Existem ainda as bursas 
subcoracóidea (anterior) e subescapular (posterior e na borda medial e superior da escápula) capazes de 
inflamar e gerar dor localizada. 
TABELA 1 Causas de dor no ombro 
Intrínsecas: lesão anatômica local Extrínsecas: neurológicas, referidas 
Síndrome do impacto Radiculopatia C5-C6 
Tendinopatia de manguito rotador Compressão de nervo supraescapular 
Tendinopatia de cabo longo do bíceps Lesões de plexo braquial 
Tendinopatia calcária Herpes-zóster 
Capsulite adesiva Lesões de medula espinhal cervical 
Rupturas de manguito rotador Doença hepatobiliar 
Artropatia inflamatória glenoumeral Irritação diafragmática 
Artropatia inflamatória acromioclavicular Isquemia miocárdica 
Osteoartrite glenoumeral Trombose de veia axilar 
Osteoartrite acromioclavicular Síndrome do desfiladeiro torácico 
Bursite subacromial/subcoracóidea/subescapular Pneumonia de lobo superior 
Fraturas ósseas e luxações articulares Embolia pulmonar 
Lesões de labrum Tumor em ápice pulmonar 
Instabilidade ligamentar multidirecional 
 
TABELA 2 Causas intrínsecas glenoumerais 
1. Trauma: sintomas agudos (menos de 2 semanas) e história de trauma. Mais em jovens e atletas. Ex.: 
o Separação acromioclavicular 
o Luxação glenoumeral 
o Fratura ou ruptura do manguito rotador 
2. Doença do manguito rotador: uma das principais causas de dor no ombro: atinge pico de incidência (sintomas) aos 40-60 anos. A prevalência de anormalidades em 
imagens no manguito varia de 9,7% em menores de 20 a 62% em maiores de 80 anos. É sinônimo da síndrome do impacto subacromial. Engloba: 
o Tendinopatia do manguito 
o Roturas tendíneas e 
o Bursite subacromial 
Ocorre em todos os tendões do manguito (mais frequentemente supraespinhoso), mas pode englobar, inclusive, a cabeça longa do bíceps. As roturas tendíneas (parciais e 
completas) aumentam com a idade, normalmente assintomáticas, chegando a 30% nos maiores de 70 anos 
3. Tendinite calcária (calcífica, calcárea ou doença do depósito de apatita de cálcio): depósito de cristais de apatita de cálcio, sob a forma de carbonato ou hidroxiapatita. 
Acomete preferencialmente: 
o Supraespinhal 
o Infraespinhal ou 
o Bursa subacromial 
É frequentemente assintomática. Achado de imagem (radiografia e ultrassom): prevalência 7-36%, em mulheres de meia-idade. Quando gera sintomas, está em fase reabsortiva, 
com um processo inflamatório importante de liquefação dos cristais. Clinicamente, pode mimetizar síndrome do impacto ou ser mais intensa e aguda, muitas vezes simulando 
artrite/bursite séptica. Pode ocorrer na evolução da doença do manguito (degenerativa) ou ser um processo inflamatório primário mediado por células. 
4. Capsulite adesiva (ombro congelado): leva à restrição característica e prolongada dos movimentos e tem incidência de 3-5%, mais em mulheres, de 40-60 anos. Pode 
ocorrer sem nenhum fator desencadeante óbvio, ou aparecer no contexto de: 
 Diabetes mellitus (mais de 20%) e patologias prévias de manguito 
 Após imobilização prolongada, acidente vascular cerebral, infarto agudo 
 Trauma ou cirurgia do ombro 
Evolui em três fases: 
 Fase dolorosa inicial: de meses, com pouca ou nenhuma rigidez 
 Fase de perda progressiva do movimento 
 Fase de resolução, em que ocorre melhora 
Apesar de ser um quadro autolimitado, a duração pode atingir 3 a 5 anos, com sequelas persistentes em até 10% dos pacientes 
Andressa – P2B – 2020.2 
 
 
EPIDEMIOLOGIA E CAUSAS MAIS COMUNS DE DOR EM 
OMBRO 
A dor em ombro é frequente, chegando à prevalência de 7-10% 
entre adultos. A maioria dos pacientes tem um distúrbio intrínseco 
no ombro. Entretanto, problemas médicos significativos como 
isquemia cardíaca, doença hepatobiliar e lesão intra-abdominal 
podem se manifestar com dor referida no ombro (causas 
extrínsecas) 
Lesões esportivas em decorrência de uso excessivo, lesões 
de labrum, instabilidade glenoumeral e entorse dos ligamentos 
acromioclaviculares são mais comuns em adolescentes, adultos 
jovens e atletas. Pessoas de meia-idade desenvolvem, mais 
comumente, a doença do manguito rotador: tendinopatia 
supraespinhal e/ou ruptura de tendão. Capsulite adesiva e 
osteoartrite glenoumeral ocorrem mais nos idosos. 
ETIOPATOGENIA DA DOR NO OMBRO 
De forma geral, é multifatorial. Fatores anatômicos como a 
baixa coaptação da superfície da cabeça umeral na glenoide e a 
presença de um túnel subacromial rígido, onde há atrito repetitivo 
de tendões, predispõem lesões como as luxações/lesões 
de labrum ou a síndrome do impacto subacromial, 
respectivamente. O túnel subacromial pode estar estreitado por 
esporões, acrômio ganchoso, fibrose ligamentar e/ou disfunção da musculatura do manguito, levando a uma 
posição anormal da cabeça umeral. Essa disfunção parece ser causa e consequência de muitas patologias do 
ombro, e ambas as condições se perpetuam mutuamente. 
Com relação à capsulite adesiva, comumente associada a diabetes ou imobilização, inicia-se como uma 
reação inflamatória/autoimune da cápsula articular, evidenciada pela presença de citocinas, porém sem 
fator desencadeante conhecido. Evolui com ativa proliferação de fibroblastos na cápsula (hipertrofia), fibrose 
e transformação para miofibroblastos que causam contratura e redução do espaço articular. 
D i a g n ó s t i c o 
Primeiro passo: traumático versus não traumático. O questionamento sobre trauma prévio é fundamental, 
pois requer avaliação ortopédica de urgência. 
Segundo passo: extrínseco versus intrínseco. Uma história cuidadosa e um exame físico permitem essa 
distinção. Muitas vezes, se a causa é extrínseca, o paciente tem dificuldade em localizar a dor e apresenta 
sintomas associados como: dor no pescoço e braço na herniação discal cervical e a sudorese com dispneia 
numa isquemia miocárdica. O exame físico revela amplitude de movimento preservada e indolor. 
Terceiro passo: glenoumeral versus extraglenoumeral. Se houver um problema intrínseco, o médico deve 
determinar em seguida se seu foco é a articulação glenoumeral. Nesse ponto, o exame físico ajuda na 
diferenciação e requer avaliação estática e dinâmica (com atenção para a presença de discinesia escapular), 
palpação de estruturas, bem como manobras específicas que estão descritas no capítulo de exame físico. 
Geralmente, na patologia extraglenoumeral a amplitude passiva de movimento da articulação é normal, embora 
a avaliação possa ser limitada pela dor. 
Quarto passo: diferenciando a patologia glenoumeral. Uma vez excluída a patologia extraglenoumeral, 
deve-se determinar qual anormalidade glenoumeral está implicada 
TABELA 3 Diagnóstico diferencial das causas extraglenoumerais 
Causas intrínsecas extraglenoumerais 
Tendinopatia de bíceps: dor anterior, sobretudo ao carregar objetos e sacolas. Ao exame físico (EF): dor em sulco bicipital em manobras como o “palm up” teste e a manobra de Yergason. 
O sinal do “Popeye” indica rotura. 
Bursite subacromial: dor lateroanterior em ombro, multidirectional, piora ao deitar, testes de impactosubacromial positivos. Costuma ser intensa. 
Bursite subscapular: dor na escápula, borda superior e medial. Atividade repetitiva com os braços para frente e aduzindo como passar roupa ou compressão direta por mochilas. Ao EF: 
pobre desenvolvimento muscular e dor à palpação local da escápula com o braço ipsilateral aduzido. 
Osteoartrite de acromioclavicular e osteólise de clavícula distal: dor localizada em região de articulação acromioclavicular, crepitação na adução, radiografia ou ultrassom compatíveis. 
Fraqueza escapulotorácica: dor à movimentação do ombro, ritmo escapular alterado ou escápula alada. 
Andressa – P2B – 2020.2 
E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S
 Radiografias simples: útil em contexto de trauma e para diagnosticar osteólise de clavícula, osteoartrite 
glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular e na artrite reumatoide. 
 RM: excelente para suspeita de impacto e lesão do manguito rotador e de labrum. Sua sensibilidade e 
especificidade para o diagnóstico de impacto é 93 e 87%, respectivamente. É útil, também, na avaliação de 
necrose avascular, tendinopatia e ruptura do bíceps, processos inflamatórios e tumores. Fornecem achados 
específicos na capsulite adesiva: espessamento capsular axilar e borramento em gordura no intervalo dos 
rotadores. 
 Ultrassonografia: nas mãos de operadores qualificados, sua precisão diagnóstica é equivalente à RM 
em lesões do manguito rotador, rupturas labrais e rupturas/luxações do tendão do bíceps e na capsulite 
adesiva. É de menor custo que a RM e preferido pela sua praticidade e menor desconforto para alguns 
pacientes (claustrofobia com RM). 
T r a t a m e n t o 
TABELA 5 Tratamento 
Diagnósticos Tratamento 
Doença do manguito 
rotador, síndrome do 
impacto 
Identificar os fatores desencadeantes e perpetuantes e modificá-los. Por 
exemplo, evitar atividades com os membros acima do nível dos ombros e 
carregar objetos ou sacolas 
Cursos curtos de anti-inflamatórios não hormonais ou corticoide, por 7-14 
dias, podem aliviar a dor; 
As infiltrações de corticoide causam alívio sintomático e podem ser 
usadas se não houver melhora; 
A fisioterapia com ênfase em mobilização e ganho de amplitude, 
fortalecimento do manguito, melhora da discinesia escapular e correção 
postural é parte fundamental da reabilitação 
Nos casos refratários, após 3-6 meses, a avaliação ortopédica deve ser 
considerada 
Capsulite adesiva Conduta inicial da síndrome do impacto 
Destaque: corticoide intra-articular tem ação mais rápida sobre a dor e na 
melhora da amplitude de movimento 
Analgésicos e fisioterapia deve ser precoce e cirurgia é reservada para 
refratários ou com sequelas 
Osteoartrite Em geral, responde bem às medidas simples acima citadas 
Osteoartrite glenoumeral refratária – considerar artroplastia 
Não medicamentoso: 
 
Tratamentos específicos: 
 
Andressa – P2B – 2020.2

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