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Deficiência Intelectual

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Visão geral
Apresentação da disciplina:
As políticas Educacionais no atendimento ao sujeito com Deficiência Intelectual foram desenvolvidas e elaboradas para encaminhar a cada um de vocês alunos, no contexto educacional no qual participa ou estará participando, embasando-os de forma a atender a necessidade e as tendências educacionais de nosso século. As teleaulas foram ministradas para que você participe das discussões e busque maiores informações por meio dos links e das referências elencadas nos textos. O conteúdo disciplinar de Deficiência Intelectual busca fornecer subsídios para uma prática educativa de competência, onde você professor possa ter conhecimento suficiente sobre o processo de desenvolvimento da deficiência e como atuar na prática pedagógica apontando as possibilidades do sujeito considerado deficiente.
Creio, como já afirmei em algumas situações, que o atendimento ao Deficiente Intelectual é o nosso maior desafio. Concluo com uma frase de Agnes Heller (1970), “nem um só valor conquistado pela humanidade se perde de modo absoluto; tem havido, contínua haver e haverá sempre ressurreição”.
 
Objetivos:
Proporcionar conhecimentos básicos necessários que caracterizam a Deficiência Intelectual, suas características, diferentes olhares sobre a deficiência; os recursos pedagógicos oferecidos para atender e desenvolver sua necessidade. Identificar as Síndromes mais conhecidas no contexto escolar, as prevenções da deficiência e o Atendimento Educacional do Deficiente Intelectual no ensino comum ou onde se fizer necessário.
Oferecer através de alguns casos, análise do sujeito com deficiência, conceito e discussão do Atendimento Educacional. O papel da escola com relação à Inclusão do Deficiente Intelectual.
Conteúdo Programático:
Web Aula 1:
·  Conceitos e características do Deficiente Intelectual;
·  Causas e Prevenções da Deficiência;
·  Síndromes (Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome X-Frágil).
Web Aula 2:
·  Inclusão dos alunos com Deficiência Intelectual no Ensino Regular;
·  Vygotsky e a deficiência;
·  Atendimento Educacional Especializado;
·  Avaliação e currículo do Deficiente Intelectual
Metodologia:
Na unidade utilizaremos todos os recursos necessários e disponíveis para o desenvolvimento da discussão do conteúdo, sendo assim, faremos uso de:
· Textos da própria web-aula e de outros sites que possam contribuir para a discussão;
· Vídeos que podem esclarecer ou aprofundar determinados conteúdos;
· Fóruns para discussão de tópicos onde seja possível a troca de ideias e conteúdos entre os discentes e docentes;
· Avaliações virtuais onde será realizada a verificação do aprendizado;
· Entre outros recursos que poderão ser utilizados visando maior entendimento da matéria.
 
Avaliação Prevista:
Cada web-aula conterá uma avaliação virtual composta de 5 questões (sendo assim, temos 2 web-aulas com 5 questões cada). Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação.
 
Critérios para Participação dos Alunos no Fórum:
Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Textos apenas concordando ou discordando de comentários de outros participantes do fórum sem a devida justificativa ou complementação não acrescentam em nada ao debate da disciplina, sendo assim, devem ser evitados. Os textos devem sempre vir acompanhados das justificativas para a opinião do discente sobre o conteúdo discutido, para que assim, possamos dar continuidade ao debate em nível adequado. Além disso, podem ser utilizados citações de artigos, livros e outros recursos que fundamentem a opinião ou deem sustentação a sua posição crítica sobre o assunto. Deve ser respeitado o tópico principal do fórum, evitando debates que não tem relação com o tema selecionado pelo professor.
Habilidades e competências
Em todo encaminhamento da disciplina, na explicitação dos conceitos, pretende-se que cada aluno reflita sobre a Deficiência Intelectual, o contexto educacional deste sujeito e analisem o aluno Deficiente Intelectual e o contexto do atendimento, desafios critério OMS; Deficiência Intelectual e a ONU; Deficiência Intelectual e a A.A.M.R. e a concepção Vigotskiana e suas características, e  perspectivas da educação inclusiva na escola comum.
Olá a todos e a todas! Sejam bem-vindas a esta unidade.
Meu nome é Maria Eduvirges Guerreiro Leme, sou pedagoga, com especialização em Deficiência Intelectual e nos anos de 2008 e 2009 participei do Plano de Desenvolvimento Educacional, para aperfeiçoar meus conhecimentos nessa área. É um privilégio participar com vocês nesta unidade de trabalho, pois acredito que o conhecimento nesta área fará muita diferença no processo inclusivo, no qual o Brasil tem apresentado legislação de apoio. A discussão sobre a Deficiência Intelectual tem sido muito discutida e apoiada por diversas abordagens, partindo daí os encaminhamentos pedagógicos que se fizerem necessário para o atendimento da necessidade específica de cada sujeito. Vamos discutir juntos os conceitos abordados, explicitar a Deficiência Intelectual em suas relações sociais, a função do conceito de acordo com A.A.M.R. Definição de casos de acordo com O.M.S. Características do DI, sua escolarização, seu atendimento e a prática pedagógica. Creio que através desses conteúdos, vocês se sentirão motivados e interessados no estudo da Deficiência Intelectual e nas possibilidades educacionais desses sujeitos ainda hoje considerados deficientes e outros nomes. Então, vamos ao trabalho:
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSICA
WEB AULA 1
Unidade 1 – Deficiência Intelectual
1.1 Conceitos e Características
Estamos diante de um dos maiores desafios educacionais do presente século; o atendimento da criança com Deficiência Intelectual e as características de identificação de quem é o Deficiente Intelectual. A dificuldade de diagnóstico tem levado a série de revisões em seus conceitos.
A própria A. A. M. R (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE RETARDO MENTAL) aponta um novo conceito de Deficiência Intelectual, já apresentado no sistema de 1992 e aprofundado no sistema conceitual de 2002.
Para melhor entendimento do texto leia os princípios básicos propostos pela A.A.M.R. que nos permitirão identificar e atender a deficiência intelectual <http://www.sbponline.org.br/revista2/vol11n2/art07_t.pdf>
No sistema Conceitual de 2002 da A.A.M.R (CARVALHO; MACIEL, 2003), irá considerar cinco dimensões para analisar o desenvolvimento do sujeito que apresenta Deficiência Intelectual (termo usado conforme proposta na Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, em 6 de outubro de 2004 em Montreal no Canadá, a organização Pan Americana da saúde e a Organização Mundial da saúde, onde recomendam incluir o termo de deficiência intelectual nas suas classificações, para garantia do pleno exercício de seus direitos).
·  Habilidades intelectuais: capacidade de raciocínio, planejamento, solução de problemas, exercício do pensamento abstrato, compreensão de idéias mais complexas, organização do pensamento e aprendizagem por meio da experiência.
·  Comportamento Adaptativo: conjunto de habilidades práticas sociais, e conceituais. Práticas: atividades de vida diária; Sociais: relacionadas à responsabilidade autoestima, observação
às regras; conceituais: aspectos cognitivos e de comunicação.
·  Participação: o sujeito e seus relacionamentos.
·  Saúde: condições de saúde física e mental.
·  Contextos: como o sujeito vive e como processa seu funcionamento nos contextos sociocultural.
 
As pessoas com deficiência intelectual foram vistas com possibilidades educacionais a partir do século XIX com o trabalho desenvolvido pelo médico Jean Itard (1774- 1838) do menino Victor de Aveyron1 também chamado de “menino selvagem”. Itard foi consideradoo primeiro teórico de Educação Especial, pois formulou hipóteses de preposições sócio Educacionais no atendimento a pessoas com Deficiência Intelectual.
De acordo com A.A.M.R (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE RETARDO MENTAL, 2006) a deficiência mental é conceituada com “incapacidade caracterizada por limitações no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas sociais e conceituais, originando- se antes dos dezoito anos de idade.
A O.M.S (Organização Mundial de Saúde), busca-se em critérios quantitativos, propondo em sua definição a medida do coeficiente de inteligência para parâmetro e definição de casos, subdividindo a Deficiência Mental em quatro níveis: profundo, severo, moderado e leve.
Video aula 1 Deficiencia Intelectual
No grupo de deficientes mentais profundos, estão as pessoas que se apresentam dependentes para realização de qualquer atividade e em outros comprometimentos associados à deficiência, estas pessoas apresentam quociente intelectual abaixo de 20.
Os deficientes moderados com QI entre 36 e 52 tem pouca capacidade cognitiva, são considerados de acordo com esta conceituação de treináveis. Os deficientes mentais leves, com QI entre 53 e 70, considerados também como educáveis, pois conseguem desenvolver conteúdos acadêmicos com contexto do ensino comum, podendo frequentar os primeiros anos do Ensino Fundamental.
 
[1] Um pouco de história: Itard trabalhou durante 6 anos com o garoto selvagem, na tentativa de ensiná-lo a falar e a escrever, acesse  este vídeo a seguir e perceba o atendimento do médico com relação ao desenvolvimento global de Victor https://www.youtube.com/watch?v=r0_uC-cX50w
Existe hoje um questionamento e processo de revisão desta classificação (BRASIL, 2001) apontando falhas, pois a inteligência da pessoa não pode ser testada por instrumentos padronizados; mas estas classificações são usadas até hoje.
Para maiores informações sobre a classificação da deficiência de acordo com o CID-10, entre no centro colaborador da OMS no link a seguir <http://datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm>.
Vygotsky (1997) não aceitou a tabulação da inteligência desenvolvida por psicólogos, pois considerava que durante a avaliação, devem ser consideradas as possibilidades de como uma pessoa poderia realizar uma atividade.
Binet e Simon, inicio século XX, citado por Almeida (2004), elaboram a primeira escala de inteligência onde partem do principio que podemos classificar de forma quantitativa a inteligência, considerando os débeis mentais pessoas com QI entre 50 e 70 onde estes eram vistos como inaptos sociais, imediatistas, todavia educáveis. Os imbecis QI de 25-30 eram as pessoas de pensamentos lentos e conteúdo simples. Os idiotas QI abaixo de 25, estas pessoas não aprendiam a falar, dominar esfíncteres e defender-se dos perigos.
Todas essas conceituações e caracterizações são hoje questionadas por professores e muitos pesquisadores, pois comprovam que pessoa, independente de sua classificação, do nível de seu cociente intelectual, podem aprender em níveis elevados, se for oferecida a ela mediações de aprendizagem adequadas. Partindo desta concepção vemos a importância da ação pedagógica, da mediação. Pois podemos impulsionar o desenvolvimento do sujeito por meio de práticas pedagógicas que atendam a sua necessidade específica.
Video aula 2 Deficiencia Intelectual Numa concepção Vigoskiana
Ainda vemos um destaque e influencia da A. A. M. R, diante do conceito e atendimento da Deficiência Intelectual apresentado pelo D.MS  IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais), onde classificam os níveis de deficiências em quatro níveis de apoio.
Esses apoios partem do princípio de melhoria de desenvolvimento do individuo por meio de recursos e estratégias diversificadas.
Após a conceituação do termo deficiência intelectual, estaremos observando alguns documentos legais importantes sobre esses indivíduos.
No documento Políticas Nacionais da Educação Especial de 1994 o MEC busca orientar os sistemas de ensino para o Atendimento Educacional das pessoas com Deficiência Intelectual.
Leia este documento observando a importância do movimento mundial desencadeado em favor do cidadão com Deficiência Intelectual e outras deficiências <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dm.pdf>.
Em 2008, coordenadas pela Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC) foi discutido e sistematizado um documento, onde foi abordado os marcos históricos da Educação Especial, um diagnóstico da Educação Especial no Brasil e quais os alunos a serem inseridos na Perspectiva da Educação Inclusiva. Esse documento reconhece a dificuldade encontrada nos sistemas de ensino, com relação a identificação do sujeito com deficiência, as práticas discriminatórias e como abordamos no contexto inclusivo.
Em 9 de abril de 2010 por meio da nota técnica2 nº09/2010 a SEESP/MEC repassa orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado, onde o sistema educacional deve prover apoio necessário para favorecer a participação e aprendizagem de alunos com deficiência nas classes comuns em condições com os demais alunos.
Ao trabalharmos com o Deficiente Intelectual, ao revermos seus conceitos, podemos esperar que certamente ocorram mudanças, pois muitas vezes o sujeito com deficiência é considerado alguém que apresenta déficits, em algum momento de sua vida, onde avaliamos suas dificuldades e o marcamos pela sua deficiência, devemos  mudar nosso olhar e criar condições para que suas características positivas sejam manifestadas para compensar suas dificuldades, por meio de novos caminhos e várias oportunidades.
Vygotsky apud Garcia3 (2008, p. 2) distingue dois tipos de deficiência:
Vygotsky utiliza-se no tomo V, Fundamentos de Defectologia, Obras Escogidas de terminologias como defeito, anormalidade, retardo entre outros, que na atualidade tem sido evitado por serem compreendidos como estigmatizadores.
Para Vygotsky4, o que ele observa em termos de desenvolvimento da maioria das pessoas com algum diagnóstico de deficiência seria no seu entender, ausência de uma educação adequada.
1.2 Causas e prevenção das Deficiências
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) aproximadamente 10% de qualquer população apresentam algum tipo de deficiência. Entre os médicos psicólogos e educadores nos indicam a mais eficiente proposta uma diminuir estes dados de deficiência: Prevenção.
Prevenir se faz necessário e urgente, o conhecimento de causas das deficiências e dos fatores de risco, nos mostram que as ações preventivas tem um custo menor, quando comparado com o tratamento clínico e o atendimento educacional (OLIVEIRA, 2008). Por isso as ações preventivas nas áreas de saúde, lazer, trabalho, alimentação, habitação, evitariam as causas que levam o individuo a deficiência.
No Brasil, segundo dados do IBGE- 2010 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quase 24% da população de 190 milhões disseram ter algum tipo de deficiência.
A presença de fatores de risco é uma constante durante o desenvolvimento do homem desde a sua concepção. São varias as causas e fatores de risco que podem levar a Deficiência Intelectual, é necessário ressaltar que, muitas vezes, mesmo utilizando os sofisticados recursos diagnósticos atuais, desconhece-se a etiologia (causas) de 40% a 50% dos casos de Deficiência Intelectual.
A deficiência mais comum foi a visual, que atingiu 16% dos homens e 21,4% das mulheres. Em seguida vieram a deficiência motora (5,3% dos homens e 8,5% das mulheres) auditiva (5,3% dos homens e 4,9% das mulheres) e mental ou intelectual (1,5% dos homens e 1,2% das mulheres). (De acordo com o Jornal Folha de Londrina, 30/07/2012).
Os fatores etiológicos podem acontecer antes, durante e depois do nascimento. É necessário conhecer as causas e suas manifestações para saber como evitá-la (OLIVEIRA, 2008).
O período pré-natal corresponde desde a concepção até o trabalho de parto, que dura cerca de nove meses no ser humano. As interferências que ocorrem nesse períodopodem ser decorrentes de fatores genéticos e ambientais, consistindo nos fatores mais significativos na etiologia da Deficiência Intelectual.
 
 
[2] Ratificando documentos internacionais o Brasil estabelece em 2008 uma política nacional de educação inclusiva e em 2010, formula diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado – AEE, na educação básica em 09 de Abril de 2010 e veja a importância e função do poder público e de sua responsabilidade http://tinyurl.com/7wrwtld
[3] Neste texto a autora embasa em uma abordagem vigotskiana trata o desenvolvimento humano com base nas relações sociais, ressaltando que este desenvolvimento está interligado com as intermediações do outro e discuti também a concepção e os tipos de deficiência abordados pelo autor. Texto maravilhoso http://journal.ufsc.br/index.php/pontodevista/article/viewFile/1519/1528
[4] Newton Duarte apresenta cinco hipóteses para uma leitura pedagógica da Psicologia Histórica-Cultural (Escola de Vigotski)   http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/psicousp/v7n1-2/a02v7n12.pdf
A psicóloga Marilene de Oliveira em seu trabalho junto a professores paranaenses em 2008 faz os seguintes levantamentos sobre as causas e fatores de risco.
Período pré - natal: Fatores genéticos: alterações cromossômicas (males provocados por alterações no número de cromossomos) Exemplo: Síndrome de Down. Alterações gênicas (males associados a alterações em genes específicos). Desnutrição materna, má assistência a gestante. Doenças como: sífilis, rubéola e toxoplasmose e outros. Alcoolismo, drogas e tabagismo. Exposição ao raio-X. Poluição ambiental.
As causas Peri - Natais são aqueles fatores que incidirão sobre o desenvolvimento do feto do início do trabalho de parto ao 30º dia de vida do bebê. Podemos citar: má assistência ao parto (trabalho de parto com mais de 18 horas); traumas de parto (nascimento precipitado uso de fórceps e outros); hipóxia ou anóxia neonatal; prematuridade do bebê; incompatibilidade do fator sanguíneo, RH negativo da mãe e a criança positivo.
Os fatores de risco pós – natais são aqueles que incidirão do 30º dia de vida até o final da adolescência, sendo eles: as condições do bebê (doenças intensas, anormalidades que não foram diagnosticadas no período pré e Peri - natal) condições sociais como abandono, maus tratos, desorganização familiar.
Vídeo aula 3  Prevenção das Deficiências
O conhecimento das causas e possíveis prevenções da deficiência5 se faz necessário, pois a identificação precoce da deficiência, suas condições e o encaminhamento para os serviços especializados de estimulação precoce e ou essencial, pois podemos evitar a ocorrência de acontecimentos prejudiciais a vida e a saúde da criança ou minimização dos seus efeitos.
Segundo Corde (BRASIL, 2004), a ação preventiva dos atrasos ou distúrbios da deficiência perpassa sobre três níveis:
Estaremos abordando algumas deficiências intelectuais de etiologia cromossômica: Síndrome de Down, Síndrome X Frágil, Síndrome Prader Willi, exemplos das mais frequentes causas de Deficiência Intelectual, a melhor forma de prevenção das Deficiências Intelectuais e outras anomalias é a informação.
1.2.1 Síndrome de Down
A Síndrome de Down ou trissomia 21 é o mais comum e o distúrbio cromossômico mais conhecido, sendo a causa genética mais comum de retardo mental, pois os dados estatísticos nos mostram que a cada 600 e 800 nascimentos, uma criança nasce com Síndrome de Down, ocorrendo em todas as etnias, todas as regiões geográficas e todos os níveis socioeconômicos.
A Síndrome de Down foi descrita pela primeira vez em 1866, pelo médico inglês John Langdon Down (JONES, 2007) que descreveu suas características. A denominação de Síndrome de Down foi proposta pela O.M.S (Organização Mundial da Saúde) em 1965, pois antes outros nomes eram usados: imbecibilidade, mongoloide e outros. As características da criança com Síndrome de Down são formadas por influencia de seu material genético, são diferentes de seus pais. O diagnóstico da Síndrome de Down é estabelecida com base em uma série de sinais e sintomas, sendo posteriormente confirmado pelo estudo cromossômico (cariótipo).
Para Jones (2007) as características da criança que apresenta Síndrome de Down são: hipotonia muscular, reflexo de moro débil, excesso de pele no pescoço, face de perfil achatada, fendas palpebrais inclinadas para cima, orelhas pequenas, língua grande protusa e sulcada, com tendência a manter a boca aberta, com projeção da língua, olhos com fendas palpebrais obliquas, encurvamento dos quintos dígitos, prega única nas palmas das mãos e aumento da distancia entre o primeiro e segundo artelho (pés).
 
[5] No portal do MEC, a partir da página 10, trás informações muito importantes para educadores que tem uma proposta de prevenção da deficiência: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/especial.pdf
1.2.2   Síndrome do X-Frágil
Esta Síndrome tem sido considerada a mais frequente entre as doenças de herança ligada ao cromossomo X. É a segunda causa genética de deficiência intelectual. O termo X - Frágil deve-se a uma anomalia causada por um gene defeituoso localizado no cromossomo X. A principal manifestação dos problemas do X - Frágil6: comprometimento no aspecto cognitivo, desde dificuldade de aprendizagem leve até profundas.
1.2.3   Síndrome de Turner
A Síndrome de Turner, um distúrbio genético de origem desconhecida até o momento, sem qualquer afinidade hereditária, é condicionada por uma anomalia numérica relacionada ao cromossomo sexual, caracterizada pela deleção de um cromossomo X.
O conhecimento sobre uma síndrome faz toda diferença para atendermos a necessidade específica do aluno .<http://www.diferencas.net/site/documentos/sindrome_turner.pdf>.
Os sujeitos com Síndrome de Turner são necessariamente do sexo feminino, possuindo apenas 45 cromossomos automossômicos e um único X (cariótipo = 45,X).
Esta Síndrome pode ser identificada no nascimento por meio da manifestação das características fenotípicas, como também diagnosticada durante a adolescência, a partir das características: baixa estatura, pescoço muito curto e largo, esterilidade sem ciclo menstrual.
Constata-se que o sujeito com Síndrome de Turner apresenta em uma grande maioria Deficiência Intelectual.
1.2.4   Síndrome de Prade-Willi
A Síndrome de Prader-Willi é um defeito que pode afetar as crianças independente do sexo, de natureza genética apresentando características, como: baixa estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento sexual incompleto, problemas de comportamento, baixo tônus muscular e uma necessidade  involuntária de comer constantemente, levando a obesidade.
Essa Síndrome deve seu nome aos doutores Prader-Willi e A. Labhart que em 1956 descrevem pela primeira vez a síndrome. Presume-se que haja uma criança com a síndrome para 10.000 a 15.000 nascimentos.
Como foi visto ate agora a deficiência tem sido conceituada de diversas maneiras diferentes. Os estudiosos a tem conceituado como um atributo inerente a pessoa deficiente, como algo que a caracteriza. Com isso cria-se a ilusão de uma homogeneidade do deficiente. Por exemplo: todos os Síndromes de Down podem ser vistos como iguais. Mas existe uma clara distinção de individuo para individuo. Mostrando como isso a necessidade de atendimento terapêutico e educacional que venha a atender a individualidade do sujeito.
 
 
[6] Leia um relato de estudo de caso feito por especialistas dando uma abordagem desta síndrome http://www.saude.mt.gov.br/upload/documento/139/sindrome-do-x-fragil-relato-de-caso-[139-240211-SES-MT].pdf
1.3 A inclusão dos alunos com Deficiência Intelectual no ensino regular
O Brasil tem sido signatário de documentos internacionais desde a década de 1990, onde o conceito de inclusão tem sido muito discutido. Na Declaração Mundial sobre Educação para Todos7 em Jomtien 1990, na Tailândia, em seu artigo 1º que diz: “Cada criança jovem ou adulto deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educacionais voltadas para atender e satisfazer suasnecessidades básicas de aprendizagem”, neste documento o Brasil reafirma e assegura o direito de todos à educação.
Para maiores informações: <http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>
vídeo aula 4 Inclusão do deficiente Intelectual
Em nossa constituição Federal de 1988 em seu artigo Nº 205 fica estabelecido o direito de todos à educação e fundamentado no paradigma da inclusão, dos direitos humanos, igualdade de oportunidades e atendimento as diferenças.
Promovendo ações concretas para o atendimento Educacional, dando oportunidades para o desenvolvimento das pessoas com deficiência o MEC em 2008 apresenta o documento que irá mostrar e definir a Educação Especial através da “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva” (BRASIL, 2008).
O movimento Mundial para inclusão é uma ação política, cultural social e pedagógica para a melhoria do desenvolvimento educacional de todas as pessoas, sem nenhum tipo de discriminação, baseada nos princípios dos direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis (BRASIL, 2008).
Nossa Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 em seu artigo Nº 59 orienta os sistemas de ensino que estarão atendendo o aluno com deficiência, assegurando currículo e recursos para o atendimento do aluno em suas especificidades, definindo - as normas para a organização desse atendimento no contexto da Educação Básica.
Diante de uma proposta inclusiva, e em um processo de mudanças que se fazem necessárias, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB Nº 02/ 2001 em seu artigo 2º orienta:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001).
Nossa legislação tem sido clara, garantindo o direito de atendimento, reconhecendo as diferenças; mas reconhecemos que o paradigma de ensino inclusivo, implica em uma reestruturação dos sistemas de ensino, partindo da capacitação dos professores, reorganização escolar e de que forma a escola pode assegurar condições eficazes de acesso e permanência para o sucesso do aluno.
Para melhor compreender o aluno com deficiência, suas necessidades e com isso assumimos nosso papel como mediador do processo ensino-aprendizagem; onde a escola deve cumprir seu papel de compromisso com o conhecimento, necessitamos de definição de uma abordagem, ou seja, inclusiva, que atenda a todos os alunos reconhecendo seu potencial.
Estaremos neste momento buscando em Vygotsky e ou /Histórico - cultural o embasamento necessário para uma proposta inclusiva onde todos podem aprender. Ao assumirmos uma concepção, temos condições para nos posicionarmos diante da deficiência de forma consciente e consistente.
Diante da proposta inclusiva de atendimento Educacional a todos que apresentam Deficiência Intelectual, podemos dizer que até agora, nos debruçamos em suas definições, etiologias, prevenções, características, síndromes; universo inclusivo; mas o que fazer para atender o Deficiente Intelectual que tem sido colocado em minha escola.
 
 
[7] Leia este importante documento que foi o primeiro onde o Brasil foi signatário da proposta inclusiva. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das  necessidades básicas de aprendizagem -  Jomtien, 1990 http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf
Estudiosos como Anna Maria Lunardi Padilha, Maria Cecília Rafael de Góes (UNIMEP) destacam a importância de mudanças de olhar para a deficiência e para a prática educativa. Todos os docentes têm conhecimentos básicos sobre: os conteúdos, a atenção, a diversidade, adaptação do currículo, aspectos mais relevantes a alguns tipos de deficiência; mas nos esquecemos com facilidade das possibilidades dos sujeitos com deficiência.
A inclusão dos Deficientes Intelectuais exige planejamento curricular, um plano de trabalho docente que coloque em primeiro plano a identificação das diferenças individuais e como proporcionar situações educacionais que melhorem o desenvolvimento do sujeito. O processo ensino-aprendizagem de uma sala comum da escola regular pode desenvolver habilidades intelectuais desses alunos, assim como pode contribuir para o crescimento de sua autoestima e de sua adaptação sócio afetivo (MANTOAN, 1992).
1.4 Relações do desenvolvimento do aluno com Deficiência Intelectual no contexto histórico-cultural
Todo conhecimento de Vygostsky, o contexto social por ele vivido, refletem suas contribuições para o processo de desenvolvimento e aprendizagem do sujeito (LEME, 2008).
Lev Semenovich Vygotsky nasceu em Orsha, na Bielo Rússia em 17 de novembro de 1896. De origem Judaica, viveu em um ambiente intelectual desafiador, pois até os 15 anos ele estudou em casa com sua mãe e tutores, devido a isto permitiu que aos 17 anos completasse o Ensino Secundário. Passou por varias áreas do conhecimento, mas começou a delinear o seu caminho em contato com a formação de professores e com os problemas apresentados por crianças com defeitos Congênitos.
A época vivida por Vygotsky, durante a revolução Russa, sua postura de luta marxista, o contato com crianças com deficiência evidenciam e marcam seu espírito de luta que produziu sua concepção histórico – cultural.
Góes aborda em seus textos, que Vygotsky, nos estudos sobre defectologia, que indivíduos com deficiência, necessitam de caminhos alternativos e recursos especiais para melhoria de seu desenvolvimento e educação. No campo de defectologia, Vygotsky argumenta que essas leis gerais do desenvolvimento são iguais para todas as crianças.
Ele ressalta que características individuais, sociais e psicológicas da criança com deficiência, para melhoria de seu desenvolvimento, requer caminhos alternativos e recursos especiais (GÓES, 2007).
O déficit orgânico, sua deficiência, não pode ser ignorada, comenta Góes apud Vygotsky, mas a vida social, o pedagógico podem abrir infinitas possibilidades para o desenvolvimento cultural do sujeito.
Vygotsky propõe uma nova forma de ver o homem e sua deficiência, privilegiando os potenciais, os talentos, onde as metas e objetivos educacionais, devem ser estabelecidas para todos. Sabe-se que sujeitos com deficiência aprendem em tempo, de forma diferente, em ritmo diferente.
O educador para melhor atender o deficiente intelectual necessita de desafios o aluno em seu nível de capacidade, atuando para conduzi-lo ao pensamento de alta generalidade (GÓES, 2007).
Nossa prática pedagógica deve ser de tal forma organizada, para atender as necessidades de cada aluno, pois esta pode empurrar a barra que separa o normal/patológico.
Nossos alunos com Deficiência Intelectual precisam: de estratégias diferentes, de tempo diferenciado e material diferenciado, pois o Deficiente Intelectual aprende com as palavras do outro, com o modelo do outro, com a ajuda do outro, com o ensinamento e mediação do outro. Vemos com isso a importância da mediação do professor e sua prática educativa (PADILHA, 2007).
1.5 O deficiente intelectual no Ensino Comum
Ao iniciarmos vamos refletir junto o grande educador Paulo Freire
O grande problema do educador não é discutir se a Educação pode ou não pode, quando pode; é reconhecer os limites que sua pratica impõe. É perceber que o seu trabalho não ‘individual, é social e se dá na pratica de que ele faz parte (FREIRE, 2001).
A escola é um espaço responsável pela formação integral de todos que dela participam. A escola tem o dever de ampliar o conhecimento, estimular o aluno a prosseguir e torná-lo capaz de aplicar e multiplicar seu conhecimento.
Poderíamos elencar uma série de objetivos de total responsabilidade da escola, mas podemos afirmar que esta tem a tarefa de ensinar a compartilhar o conhecimento, de discussão, de desenvolvimento do espírito crítico e seu compromisso fundamental: inserir de forma competente seu aluno no mundo social, cultural e cientifico.
Reforçando esta ideia Gadotti(1995) afirma:
A educação tem papel no próprio processo de humanização do homem e de transformação social, embora não se preconize que, sozinha, a educação possa transformar a sociedade. Apontando para as possibilidades da educação, a teoria educacional visa a formação do homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo sujeito de sua própria história e não objeto dela.
Estamos falando hoje de uma escola que atende ao Deficiente Intelectual, onde muitas vezes limita, define e o classifica, mas falamos também de uma escola que acolhe, atende, desenvolve e acredita no potencial deste aluno.
Nossa legislação tem fornecido instrumentos legais para acessos e matricula do Deficiente Intelectual no ensino comum, com Atendimento Educacional Especializado.
O conhecimento da legislação em vigor nos dá subsídios para entender as ideias inclusivas e de estabelecer no contexto escolar a organização de um currículo que atenda a diversidade.
Como foi visto até agora a Deficiência Intelectual tem características e etiologias diversificadas que foram descritas de modo a descrever e ajudar no atendimento do aluno com Deficiência Intelectual.
Carvalho (2004, p.110) Afirma: “A escola como instituição educacional é uma unidade social empenhada em concretizar a intencionalidade educativa estabelecida segundo a filosofia de Educação Adotada”.
Por esta razão o Projeto Político Pedagógico de uma escola reflete nossa concepção de: deficiência, sujeito, mundo, aprendizagem e desenvolvimento. Se marcarmos a escola pelo aluno e suas desvantagens, estamos sendo reducionistas, mas se olharmos em suas habilidades e seu potencial estamos provendo condições para sua melhoria.
O MEC/SEESP (BATISTA; MANTOAN, 2006) em seu documento: Educação Inclusiva. Atendimento Educacional Especializado para Deficiente Mental fornece orientações e também em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo Nº 208, determina que esse atendimento ocorra preferencialmente na rede regular de ensino, mas esclarece:
O conhecimento de deficiência intelectual precisa ser muito discutido no interior das escolas, para que tenhamos claro a conceituação de deficiência e como intervir nos problemas de aprendizagem.
O professor deve disponibilizar a todos os alunos sem exceção o mesmo conhecimento, mas precisa recriar suas praticas, mudar suas concepções, rever seu papel, sempre valorizando o potencial do aluno.
O aluno deve ser reconhecido e valorizado, produzindo de acordo com suas possibilidades. O professor inclusivo é aquele que prepara diversas atividades aos seus alunos (com e sem deficiência intelectual), ao trabalhar um mesmo conteúdo escolar.
Mudanças em nossas praticas deverão ocorrer, pois implica também em mudanças no sistema avaliativo. Para realização desta forma de educar, o professor precisa contar com todos da equipe pedagógica, pois juntos poderão revolucionar o universo educativo.
1.6 A avaliação do Deficiente Intelectual
A avaliação dos alunos com Deficiência Intelectual tem sido muito discutida entre profissionais da Educação, necessitando de um melhor entendimento de melhor sistematização do processo educativo. Temos visto e ainda hoje temos uma visão de avaliação classificatória e excludente.
Em muitos estados da Federação, muito ainda se tem discutido sobre o sistema avaliativo e a imprecisão de um direcionamento tem deixado educadores em constante discussão.
De acordo com o MEC (BRASIL, 2005):
A avaliação , enquanto processo, tem como finalidade uma tomada de posição que direcione as providencias para a remoção das barreiras identificadas, sejam as que dizem respeito a aprendizagem e ou a participação dos educandos, sejam as que dizem respeito a outras variáveis extrínsecas a eles e que possam estar interferindo em seu desenvolvimento global.
A avaliação para a identificação das necessidades educacionais especiais é entendida na literatura especializada como imprescindível para tomada de decisões quanto a recursos e apoios necessários a aprendizagem. É importante que cada aluno seja um ser único, singular, original e diferente (SEED/DEEIN/PR – S/D).
1.7 Currículo e o Deficiente Intelectual
Segundo Coll: (1996 p. 33-45):
O currículo é um elo entre a declaração de princípios gerais e sua tradução operacional entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre o planejamento e a ação, entre o prescrito e o que realmente sucede nas salas de aula [...] currículo é um projeto que preside as atividades educativas escolares, define suas intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os professores que são diretamente responsáveis por sua execução. Para isso o currículo proporciona informações concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e como e quando avaliar.
Neste conceito sobre currículo Cesar Coll (1996) conseguiu traduzir toda pratica educativa necessária ao atendimento de todos os alunos.
vídeo aula 5 deficiência e aprendizagem na escola comum
Quando o autor aborda que currículo preside as atividades educativas escolares, este define os conteúdos para o grupo de alunos, o tempo necessário, os objetivos a serem desenvolvidos, as metodologias e ou encaminhamentos necessários para atender o nível de aprendizagem no qual o aluno se encontra e também como despertar a atenção para o desenvolvimento do conteúdo proposto e por último a avaliação que deve ser um instrumento para rever a prática pedagógica e quais os caminhos que o aluno conseguiu realizar para atingir os objetivos propostos.
· Carvalho (apud CANDAU, 1995, p. 15,16), sobre o impacto do projeto curricular na prática de ensino que: “[...] a vida cotidiana, espaço de criação, recriação e construção diária das relações pessoais e do saber, é considerada uma referencia permanente da ação educativa”.
Uma proposta nesta linha tem de desenvolver, de modo criativo, três aspectos básicos:
O currículo deve atender as necessidades específicas já identificadas e que possam garantir que o aluno tenha experiências ricas, relevantes adequadas, individuais e bem sucedidas. O Currículo Adaptado na Inclusão do Deficiente Intelectual. Este texto é necessário para aprofundamento e acessibilidade do currículo <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/489-4.pdf>.
Quando falamos em currículo, prevemos um conjunto de ações pedagógicas que serão trabalhadas no interior da sala de aula, onde o professor  estará atendendo a necessidade de todos realizando o desenvolvimento dos conteúdos  necessários para aprofundamento de um assunto especifico, flexibilização nos objetivos, metodologias e ou encaminhamentos metodológicos, temporalidade e as praticas de avaliação da aprendizagem, de tal maneira onde oferecemos aos alunos igualdade de oportunidades.
Durante todo desenvolvimento do texto procuramos como leitores e autores promover reflexões e embasamentos textuais de autores que estarão nos orientando em nossa prática pedagógica. Compete a cada um de nós acreditarmos sempre nas possibilidades do Deficiente Intelectual, alargando sua capacidade cognitiva por meio de um trabalho pedagógico que atenda a necessidade específica de cada sujeito.
Lembrem-se da individualidade de cada Deficiente Intelectual e sintam-se desafiados diante das diferenças individuais do Deficiente Intelectual. Acredite sempre, que o Deficiente Intelectual se desenvolve através de caminhos alternativos e recursos especiais.
AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDITION - A.A.M.R. Retardo mental: definição, classificação e sistemas de apoio. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BATISTA, Cristina A. M. MANTOAN, Maria T. E. Educação inclusiva: atendimento educacional especializado para a deficiência mental. 2. ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/defmental.pdf>. Acesso em: ago. 2012.
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LEME, M. E. G. As Contribuições de Vygotsky no Trabalho Pedagógico do Professor. Londrina: PDE. SEED, 2008.
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VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Estudos sobre a história do comportamentalismo: símios, homem primitivo e criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Obras escolhidas: Fundamentos de defectologia. Obras Escogidas, Madri: Visor, 1997. (Tomo 5).
ESTUDO DE CASO
Resumo: Nesta unidade, vamos apresentar o caso de Diogo, apresentado por Anna Maria Lunardi Padilha em seu livro Práticas Pedagógicas na Educação Especial editado pela Editora Autores Associados em 2007, onde esta relata um aluno com Deficiência Intelectual. Objetivando mostrar o Atendimento Educacional (se houve), para este aluno. Após a leitura reflexiva do texto, vamos discutir e elencar o que podemos hoje realizar pedagogicamente para não excluir outros Diogos. Leiamos:
 
Diogo é um rapaz que completou 18 anos de idade no ano de 2001. Filho de pais desempregados (‘desempregado’ é hoje uma categoria e não mais apenas uma condição adversa passageira). “Com muito sacrifício conseguimos estudar ele. É lento, muito fraco das ideias, muito criança, não tem maldade. Não pode sair sozinho – a gente não deixa porque tem medo desse mundo como está. Repetiu a 3ª a 4ª e ficou na 5ª série e não vai mais. Este ano já é a terceira vez. Ano que vem vai ficar na quinta outra vez... Mas se vocês puderem ajudar, a gente o traz aqui, para ver se ele aprende um pouco mais.” Assim chegaram seus pais, pedindo ajuda para professoras que trabalham junto a crianças e jovens que estão em situação de pouca aprendizagem na escola ou que estão sem escola porque são deficientes.
Diogo conta que está envergonhado – “sou muito grande, numa turma de pequenos, eles tiram sarro da gente. Às vezes saio da classe e fico chorando no pátio”. Diogo lê com muita dificuldade, tropeçando nas palavras; precisa de muita ajuda para escrever. Não falta às aulas, mas não consegue responder corretamente a nenhuma pergunta das provas. “a gente tenta de tudo, sento do lado dele, tento explicar o conteúdo só para ele outra vez, mas é difícil, ele não entende mesmo – conta o professor de Geografia” – “não sei o que ele vai ficar fazendo na quinta série outra vez no ano que vem”.
Este rapaz está na escola; tem seu nome na ‘lista de chamada’; não falta às aulas e tem professores que querem ajudá-lo, mas que não conseguem porque na quinta série, os alunos já devem saber algumas coisas que Diogo não sabe. Qual seria o lugar para Diogo aprender? Quando? Por quanto tempo? Com que qualidade de interações?
Uma ex-aluna do Curso Normal já extinto (porque acabaram com ele!), tem ensinado Diogo duas horas por semana. Suas necessidades pedagógicas são muitas. Um rapaz, com esta idade e cursando a 5ª série pela terceira vez, já deveria saber resolver as quatro operações, já deveria ter escrito algumas cartas, mandado alguns recados, deveria estar se localizando no tempo de cada dia guiando-se pelas horas marcadas no relógio. Poderia estar andando de ônibus sem a companhia dos pais ou de algum outro adulto.
É possível vislumbrar caminhos? Observe as questões para discussão e apresentação no Fórum:
- O que pode ter acontecido com Diogo para estar incluído/excluído?
- Houve professores que ensinaram? Se ensinaram, onde ocorreu a falha?
- Na escola temos espaço; carteira, merenda, professores e o que aconteceu no decorrer do processo ensino-aprendizagem deste aluno? Existem culpados na vida do Diogo, ou isso acontece. O Deficiente Intelectual é assim?
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSICA
WEB AULA 1
Unidade 2 – Abordagem Histórico/Cultural: Suas Contribuições, No Plano De Trabalho Docente Do Sujeito Com Deficiência Intelectual
Continuando nossa aula sobre Deficiência Intelectual devemos estabelecer como professores qual o conceito sobre a deficiência, quais as informações e questionamentos que queremos sobre o aluno e qual a nossa ajuda que estará permitindo a criança se desenvolver e conhecer mais sobre a realidade física e social.
Vygotsky em todo o seu trabalho nos esclarece o comportamento, o processo de aprendizagem e o potencial do sujeito com Deficiência Intelectual.
Com o propósito de destacar as abordagens teóricas desenvolvidas no contexto da Educação Especial por meio do desenvolvimento do sujeito e da aprendizagem, elegemos como referencial teórico a abordagem histórico – cultural, que se apoia nas reflexões de Lev Semionovich Vygotsky (1896 - 1934).
Enfatizamos a importância desta perspectiva, na medida em que possibilitamos uma nova forma de ver o comportamento do homem,as deficiências, as relações entre homem e natureza; inaugurando muitos conceitos, entre eles: mediação, deficiência primária e secundária e principalmente nosso olhar sobre o fenômeno e características da deficiência, que mesmo em condições patológicas com limitação, existe potencial para melhoria do desenvolvimento, com isso melhorando a aprendizagem para o sujeito.
Vygotsky vê possibilidades, potencial, caminhos alternativos infindáveis no desenvolvimento da aprendizagem de pessoas com deficiência ao apontarmos a necessidade de valorização das potencialidades, dos processos compensatórios desencadeados pela deficiência; enfatizando a capacidade em detrimento ao déficit. Neste filme mostrado pelo produtor Michael Tollen, nos mostra com detalhes a forma como somos excludentes e podemos ver possibilidades infindáveis no outro. <https://www.youtube.com/watch?v=46hRs2tjROY>.
Como no filme as interações sociais e de aprendizagem  beneficiam não somente as pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, mas a todos, uma vez que inaugura um novo olhar sobre as deficiências, pois  a Abordagem Historico-Cultural , contribuem para as transformações de concepções cristalizadas e reducionistas, que ainda hoje fazem parte do contexto educacional de muitas escolas.
A argumentação do autor por meio das leis do desenvolvimento, indicando que a partir de seus estudos, as  leis do desenvolvimento são iguais para todas as crianças; ressaltando no entanto, que a criança com deficiência em seu desenvolvimento requer caminhos alternativos e recursos especiais.
As ideias de Vygotsky1 fizeram expoentes na história educacional  e continuam mostrando e influenciando os diferente olhares e práticas educativas permitindo visualizar novas intervenções no contexto escolar e principalmente em instituições especiais que carecem de novas referências.
A partir da década de 90 a inclusão traz em seu bojo oportunidades adequadas de aprendizagem para aqueles que durante o processo histórico da humanidade foram excluídos.
O conhecimento de sua vida e seu contexto biográfico foi resgatado por Leme apud Leme (2008), Lev Semynovitch Vygotsky2 teve uma vida muito breve, mas sua produção intelectual foi extremamente intensa e relevante. Escreveu 180 trabalhos, dos quais 135 foram publicados.
Nasceu em 5 de novembro de1896 em Orsha, uma pequena cidade perto de Mink capital da Bielo Rússia, na ex-União Soviética. Mudou-se para Gomel, onde passou sua infância e juventude e iniciou seus trabalhos intelectuais. Com a colaboração dos pais, aprendeu várias línguas, inclusive o alemão. Era judeu e desde muito cedo, reunia-se para estudar e discutir sobre a história dos judeus e problemas de filosofia.
Em 1911 é matriculado pela 1ª vez em uma instituição escolar. Em 1913, inicia seus estudos de Direito na Universidade de Moscou. Em 1916, escreve A trajetória de Hamlet, príncipe da Dinamarca, trabalho de conclusão do curso universitário.
 
[1] Este artigo apresenta um estudo sobre a Teoria Sócio-Histórica de Vygotsky e o seu posicionamento diante das clássicas Teorias da Aprendizagem. Segue o texto “Vygotsky e as teorias da aprendizagem” <http://www.miniweb.com.br/educadores/Artigos/PDF/vygotsky.pdf>.
[2] Algumas informações bibliográficas sobre um homem que permitiu uma mudança de olhar sobre a deficiência. http://pt.scribd.com/doc/19612630/biografia-de-Vygotsky
Forma-se em Direito em 1917 e posteriormente conclui o curso de Medicina. Lecionou literatura e psicologia em uma Escola de Gomel entre 1917 e 1923.
Entre 1919 e 1920 contraiu tuberculose e viveu com essa doença durante 14 anos. Em 1925 escreveu o livro "Psicologia da Arte" (publicado na Rússia em 1965) e começou a organizar o laboratório de Psicologia para crianças deficientes.
Neste mesmo ano após ter apresentado um trabalho sobre a consciência em um Congresso Científico em Leningrado (atual São Petersburgo) Vygotsky é convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. Neste Congresso, suas ideias despertam bastante interesse por parte de Kornilov, diretor do Instituto de Psicologia, que o convida a compor o quadro de pesquisadores, juntamente com Luria, Leontiev e outros estudiosos. Neste Congresso, inicia-se a breve trajetória de um dos grandes personagens da história da psicologia mundial.
Em 11 de junho de 1934, morreu de tuberculose aos 37 anos de idade, ano em que, na Rússia, foi publicado seu livro intitulado Pensamento e Linguagem. O livro foi publicado nos Estados Unidos somente em 1962. Esta demora se deve ao fato de que existia uma situação de isolamento na ex-União Soviética em relação aos centros científicos europeus e norte-americanos, em conseqüência de barreiras políticas, culturais e linguísticas.
Entre 1936 a 1956 suas obras foram suspensas pela censura violenta do regime stalinista. Em 1953, Stalin morreu e Kruchev subiu ao poder. Entre 1982-1984 foram publicadas as obras completas (composta de seis volumes) de Vygotsky na URSS.
No ano de 1984, foi publicada no Brasil a obra intitulada A Formação Social da Mente; em 1987 o livro Pensamento e linguagem e em 1988, o artigo Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar, na coletânea intitulada Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.
Toda a produção escrita de Vygotsky, sua hipóteses, abordagens foi muito grande para uma vida tão curta e suas ideias não se limitaram a uma elaboração individual, sendo multiplicada em obras de seus colaboradores entre os mais conhecidos no Brasil: Lúria e Leontiev.
Na introdução do livro de Vigotsky (2007), A formação social da mente3 organizada por Michael Cole e Sylvia Scribiner4, tem sido possível observar a preocupação do autor com o desenvolvimento do indivíduo e sua proposição de percebê-lo como resultado de um processo histórico-social, além de demonstrar o interesse em compreender os diferentes aspectos da conduta humana a partir de informações de campos distintos.
OLIVEIRA, Marta Kohl de (p. 72, 2006) afirma que: “As idéias básicas de Vygotsky geraram um programa de pesquisas desenvolvidas por ele próprio e por seus colaboradores, que se ramificaram em vários temas inter-relacionados”.
A obra de Vygotsky, seus textos cheios de ideias, marcadas por reflexões filosóficas marxistas, a luta por uma ciência que atenda a necessidade específica do homem, suas relações, seus temas revolucionários, Vygotsky via no materialismo histórico e dialético de Marx e Engels uma atmosfera de conhecimento inquietação e estímulo para respostas de uma sociedade que exigia um processo de transformação. Daí parte a noção de que a atividade mental se constitui nas relações sociais, fonte de suas maiores pesquisas, nas quais implicam em aprendizagem social. Para Vygotsky o desenvolvimento é entendido como um processo de internalização de diferentes modos culturais de pensar e agir. Para ele o homem é produto de seu tempo, de seu ambiente, de sua história social e das relações interpessoais.
Leme apud Garcia, Rosalba Maria Cardoso (2008), em sua discussão a respeito de desenvolvimento humano, modos culturais de pensar e agir de sujeitos com deficiência afirma:
Entendendo que o desenvolvimento humano tem por base as relações sociais, interações dos sujeitos históricos, este autor ressalta que o desenvolvimento está interligado as aprendizagens desde os primeiros dias de vida da criança, que impulsionam e promovem o desenvolvimento.
 
 
[3] Vigotsky foi capaz de agregar diferentes ramos do conhecimento em um enfoque comum que não separa os indivíduos da situação cultural em que se desenvolvem. http://pt.scribd.com/doc/6759910/Livro-Vygotsky-a-Formacao-Social-Da-Mente
[4]Na organização deste livro as autoras citadas se preocupam através do livro A Formação Social da Mente, em mostrar a vida familiar, o contexto social e as preocupações do autor e seu trabalho diante do desenvolvimento do ser humano.
O autor em suas ideias e teorias buscou no materialismo dialético de Marx, nas situações vividas por ele no contexto  da Revolução Russa, no cenário de guerra e abandono de jovens ecrianças, diante todos esses fatos, Vigotsky buscou formular um modelo amplo de compreensão dos processos de desenvolvimento humano. Devido a estas expectativas, seu ideal revolucionário, buscava soluções para uma sociedade emergente.
Leme apud Duarte (1981, p. 24), nos lembra:
É um equívoco pretender depurar a psicologia de Vigotsky de sua base marxista. Ao invés de buscar autores que interpretam Vigotsky procurando distanciá-lo de Marx, devemos procurar compreender o que da obra deste fundamenta a obra daquele.
Nesta direção, vale ressaltar algumas ideias que influenciaram Vygotsky: o modo de produção da vida material condiciona à vida social, política e espiritual do homem. O homem é compreendido como um ser histórico que se constitui através de suas relações com o mundo natural e social. O processo de trabalho é visto (transformação da natureza) como sendo o processo privilegiado nessas relações homem/mundo. A sociedade humana é vista em sua constante transformação, num sistema dinâmico e contraditório.
Em Fundamentos de Defectologia em que abrange em seu tomo V que envolve alguns ensaios de teorias, palestras na tentativa de compreender as necessidades e possibilidades do sujeito com deficiência e como se processa a sua aprendizagem, relata de forma clara hipóteses do atendimento ao sujeito com deficiência.
Nesta perspectiva, a aprendizagem da criança é desenvolvida anterior à aprendizagem escolar (VYGOTSKY, 1989, p. 107), pois o encontro da criança com o mundo, desde seu nascimento, já implica em aprendizagem. No universo da aprendizagem o autor defende a importância de outras pessoas no processo de aprendizagem, conforme vídeo citado logo abaixo (6º comentário).
Tais mediações são consideradas relevantes para o desenvolvimento da prática pedagógica do professor, sejam estes professores em sistemas comuns ou especiais, percebemos que ao assumirmos a concepção histórico-cultural, deve-se privilegiar caminhos alternativos, acessibilidade curricular para desenvolver o potencial dos sujeitos, enfatizando as interações sociais, reconhecendo que a heteregeneidade nas interações de trabalho: professor/aluno, aluno/aluno, são fundamentais para o processo de aprendizagem, pois criam e ampliam a capacidade cognitiva do sujeito através das trocas; enriquecendo o desenvolvimento. Neste vídeo mostra um pouco da vida de Vygotsky e a importância das interações sociais no contexto escolar <https://www.youtube.com/watch?v=YJla-2t-HRY>
Considerando que Vygotsky considerava crianças com diferentes deficiências rejeitava suas caracterizações descritivas e quantitativas das mesmas, assumindo o enfoque qualitativo, que são pistas para mediar a aprendizagem.
Um fragmento do filme “Happy Feet, o Pinguim” mostra como a escola trata de forma quantitativa os alunos e percebe-se que nesta classificação não sabe o que fazer diante da diversidade.
<http://educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=20949>
Para Vygotsky (1997, p. 11) isso significa:
Dentre outros aspectos, que o objeto focalizado não era compreendido numericamente, senão o “o outro modo” de desenvolver-se, a “peculiaridade qualitativa” desse desenvolvimento que se traduz pela especificidade da estrutura orgânica e psicológica do indivíduo, e pela especificidade do tipo de desenvolvimento e de personalidade que nesse caso se desenvolve, de maneira qualitativamente distinta.
Diante da condição da deficiência é precisar criar possibilidades e caminhos alternativos para o desenvolvimento da aprendizagem que podem ser ampliadas quando buscamos compreender a criança, não ignorando o seu déficit orgânico, mas abrindo possibilidades ilimitadas e recursos especiais para atender  suas necessidades de acordo com o seu ritmo e potencial.
Seus estudos respaldam em pelo menos duas questões, para as quais Góes e Laplane (2004), chamam a atenção:  O desenvolvimento global é igual para todos, até mesmo para o sujeito com deficiência, destacando que o desenvolvimento do deficiente se dá através das interações sociais e também por meio das intervenções pedagógicas. Os autores descrevem atividades pedagógicas no contexto da matemática para o atendimento do sujeito com Deficiência Intelectual, diante de uma abordagem sócio interacionista e/ou histórico social <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2509-8.pdf>.
Somos sujeitos graças as intervenções, mediações e interações resultantes do ensino.
Podemos evidenciar as indagações do autor acerca do papel desempenhado pelo defeito/insuficiência no desenvolvimento e na formação da personalidade do indivíduo deficiente. Esse papel era duplo: por um lado, o defeito é o menos, a limitação; por outro, precisamente porque cria dificuldade, estimula um desenvolvimento peculiar e distinto do normal que se traduz por um avanço intensificado de alguns dos aspectos do desenvolvimento. Leme apud Góes e Laplane (2004), “comentam que o defeito origina estímulos para formar a compensação, por exemplo: a criança com deficiência visual compensa através da habilidade tátil.” Sublime em sua mente a importância desse princípio Vigotskiano em todo o desenvolvimento do seu trabalho pedagógico.
Em linhas gerais, o autor concebia a dinâmica da compensação como uma luta travada, configurando-se em uma peculiar capacidade de reorganização do sistema dado. Trata-se de afirmar a “peculiaridade qualitativa” em termos de plasticidade do desenvolvimento: surgimento de novos processos e operações, como forma de reação ao defeito que impulsiona e distingue todo esse desenvolvimento.
Considerando essa luta, Vygotsky explicita: como qualquer processo de superação e luta [...] também a compensação pode ter dois desenlaces extremos: a vitória e a derrota, entre os quais se situam todos os graus possíveis de transição de um polo a outro. (VYGOTSKY, 1997, p.16).
Desta forma o funcionamento humano vinculado a alguma deficiência depende das condições concretas oferecidas pelo grupo social que podem ser adequadas ou empobrecidas. E aqui reside a importância do papel do professor, na medida em que não é o déficit em si que traça o destino da criança; este é construído pelo modo como a deficiência é concebida, pelas formas de cuidado e educação que lhe são proporcionadas. Este parágrafo vem reforçar a ideia do autor e a importância do pedagógico sobre o patológico, pois, somente pela mediação, do trabalho pedagógico empurramos a barra do déficit (termo usado por Vygotsky).
Devemos acreditar no que diz respeito a compreensão do desenvolvimento das funções cognitivas, sendo mediado socialmente pelos signos culturais (sendo este o papel do professor), na medida em que o homem não tem acesso direto aos objetos, mas as suas representações. Assim, se considerarmos que qualquer coisa que pensamos não é ela própria, mas a sua representação, podemos dizer que os signos culturais enquanto sistemas de representação funcionam como filtro, que confere significados sociais a todos os objetos com os quais nos relacionamos. Muitas vezes devemos ousar, como desejo de transformar o mundo e incluir todo o aluno por meio do nosso trabalho pedagógico.
Em todo nosso trabalho podemos perceber a importância do trabalho pedagógico no desenvolvimento da aprendizagem do ser humano. Parafraseando Padilha (2007).,”[...] deixar crianças sem atendimento de sua necessidade específica é impedir de forma violenta seu direito de cidadania”
Podemos considerar que as práticas de aprendizagens envolvem um processo complexo com inúmeros fatores como: o aluno e suas características, o professor e sua mediação, o plano de trabalho docente, os aspectos familiares, a abordagem teórica escolhida pelo Projeto Político Pedagógico, a organização curricular em todas as áreas do conhecimento, as acessibilidades curriculares, a avaliação no contexto; tais proporções fazem parte da ação educativa onde os atores principais deste processo de ensinar e aprender são o aluno e o professor.
A organização do trabalho pedagógico e o papel do professor é mediar o processo de aprendizagem edesenvolvimento do aluno, onde este aprende por pertencer e compartilhar um ambiente cultural. Considerando essas ideias, Ferreira (2006, p. 144) afirma que a escola deve exercer seu papel social na formação do indivíduo, oferecendo um espaço privilegiado que atenda a diversidade dos alunos.
Segundo Padilha em sua concepção Vygotskiana propõe aos educadores uma compreensão e reflexão de como atender o sujeito com deficiência dentro de suas capacidades e do desenvolvimento de suas possibilidades.
O contexto escolar destacado em todo o texto em suas possibilidades devem proporcionar e mediar um trabalho que atenda o sujeito em seu ritmo de acordo com seu potencial, ampliando sua relação com o mundo e desenvolvendo sua memória, raciocínio, organização do pensamento, criatividade e outros saberes necessários a aprendizagem do sujeito com deficiência.
Podemos concluir parafraseando algumas frases Vygotskianas que nos farão refletir sobre o objetivo fundamental da escola que é a instituição encarregada de possibilitar os conhecimentos acumulados e organizados pela humanidade no decorrer dos séculos: “Todo bom ensino é aquele que adianta o desenvolvimento da criança”. “Devemos impulsionar o aprendizado da criança através de caminhos alternativos”. “No brinquedo e nas atividades lúdicas a criança aprende de uma forma mais avançada as atividades da vida real”.
Diante das contribuições de Vygotsky e das práticas pedagógicas desenvolvidas em todo processo contextual abordado  podemos através de suporte Vygotskianos afirmar que a escola e o papel do professor através da promoção do bom ensino de uma prática pedagógica coerente diante do aluno estará contribuindo para o processo inclusivo e democratizando o acesso a escolaridade de todas os sujeitos com o ou sem deficiência.
Este desenho defende uma visão Vygotskiana, pois, é por meio de outros, por intermédio do adulto que a criança se envolve em suas atividades. As interações sociais são o ponto de partida para a aprendizagem.
2.1 Aprendizagem e Organização dos Centros de Atendimento Educacional Especializado na perspectiva Vygotskiana Histórico/Cultural
A Política Nacional de Educação Inclusiva desde a década de 1990 tem procurado impulsionar o discurso de inclusão que preconiza acesso aos direitos constitucionais, pressupondo que cada indivíduo tem características individuais que podem determinar seu sucesso de acordo com seu potencial (abordagem histórico – cultural). O Brasil foi signatário de documentos internacionais para a elaboração de sua política nacional de educação inclusiva. Leia e reflita sobre a declaração de Salamanca:  <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>.
Estaremos neste texto buscando subsídios na nota técnica – SEESP/GAB/Nº9/2010, dando enfoque aos estudos de Vigotski sobre a Deficiência Intelectual. Para maiores informações sobre a nota técnica Nº9/20105.
A Educação Inclusiva6, fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos direitos humanos, compreende a mudança de concepção pedagógica, de formação docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos a educação, transformando as estruturas educacionais que reforçam a oposição entre o ensino comum e especial e a organização de espaços segregados para alunos público alvo da Educação Especial (Nota técnica Nº9/2010)
A definição de deficiência mental tem sido conceituada hoje por limitações em seu funcionamento cognitivo, nas adaptações de seu comportamento que são demonstradas nas áreas, práticas, conceituais e nas interações sociais.
A acordo com a abordagem histórico – cultural a deficiência é entendida como dificuldade de compreensão nas áreas orgânicas, sociais e psicológicas, mas essas deficiências não poderão assumir por si só o destino dessa criança e sua nomeação: deficiência. De acordo com Góes (2002), a deficiência por si só não vai determinar o destino dessa criança; mas sim o trabalho educacional a ser desenvolvido por ela.
Leme (2008) compreende que a deficiência, jamais pode ser estatuto de impedimento para o desenvolvimento da criança, mas precisamos proporcionar a criança alternativas pedagógicas que viabilizem a sua aprendizagem.
Diante da condição e dos rótulos que a criança com Deficiência Intelectual recebem, partindo dessas informações negativas de menor valia, podemos afirmar que esta não superará com sucesso o ato de aprender. Neste enfoque a criança com deficiência é avaliada pelas dificuldades como alguém limitado, incapaz de realizar sozinha uma atividade cognitiva ou prática.
Vygotsky e Lúria apresentam a deficiência em suas possibilidades, habilidades que são manifestadas como forma de compensar suas dificuldades, que são processadas e desenvolvidas por meio de estratégias educacionais que favoreçam a construção de estruturas cognitivas capazes de melhorar seu desenvolvimento. “O comportamento cultural compensatório, sobrepõe-se ao comportamento natural defeituoso” (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p. 221)
A abordagem histórico - cultural e ou Vygotskiana fornece subsídios pedagógicos que enfatizam o papel fundamental da aprendizagem e das interações, sociais para o desenvolvimento humano. “O aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que a cercam” (VYGOTSKY; 1991, p. 99).
Partindo dessa afirmativa reconhecemos a importância da mediação e do seu papel na prática educativa do professor para a aprendizagem e desenvolvimento do aluno.
De acordo com Leontiev (1978), podemos dizer que o trabalho docente constitui em um conjunto de ações que são mediados através de um trabalho pedagógico motivador.
 
 
[5] Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado http://www.oneesp.ufscar.br/nota-tecnica-centro-de-aee-09-04-2010.pdf
[6] O MEC/SEESp orienta a política nacional de Educação Inclusiva. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
Nosso trabalho pedagógico no Atendimento Educacional Especializado necessita com urgência de revisão de nossos conceitos sobre: deficiência, atendimento educacional, práticas educativas, encaminhamentos metodológicos, quais nossos objetivos, para que essas transformações ocorram no interior das escolas, o professor precisa: “Uma Mudança de Olhar”
Mudança essa que deverá ocorrer se permitimos conhecer o potencial do aluno com deficiência, quais suas habilidades, como são suas interações sociais, qual o seu conhecimento atual e como trabalhar pedagogicamente para melhoria de sua aprendizagem e desenvolvimento.
A nota técnica Nº9/2010, orienta-nos dos centros de AEE (Atendimento Educacional Especializado) que tem como uma de suas funções: organização e disponibilização de recursos e serviços pedagógicos e de acessibilidade para atendimento às necessidades educacionais específicas destes alunos.
Apoiado neste objetivo e função, podemos afirmar que devemos assegurar aos alunos as condições de acesso, permanência, sucesso e atendimento educacional que busque compreender a necessidade do aluno para desempenhar uma tarefa.
Vygotsky (1991) nos alerta que todo trabalho pedagógico deve buscar compreender o que a criança realiza no momento, sozinha, sem a ajuda do outro, qual o caminho que foi percorrido por ela, quais as características que ela possui para desempenhar aquela atividade. Vygotsky denomina essa capacidade de realizar uma atividade de forma independente de nível de desenvolvimento real; refere-se a etapa já alcançada. Neste momento o papel do professor e de outros mediadores se destacam, pois, estes estarão trabalhando na zona de desenvolvimento proximal, isto é, fornecendo pistas, instruções, demonstrações, atividades, modelos; para que o aluno possa ser beneficiado e ocorra o desenvolvimento de sua aprendizagem. A interferência de outras pessoas afetam significativamente o resultado do desempenho individual, do seu nível de desenvolvimento potencial.
Na concepção Vygotskiana (1991), o papel da intervenção pedagógica no atendimento do DeficienteIntelectual, é de fundamental importância, pois, esta trabalha na zona de desenvolvimento proximal, local fundamental, onde o professor prepara o seu plano de trabalho, estabelece forte ligação entre o processo de desenvolvimento e a relação indivíduo com seu ambiente sócio – cultural e com sua situação do organismo que não se desenvolve plenamente sem a ajuda de outros indivíduos.
Ignorar esse processo é excluir o aluno.
As atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado conforme a nota técnica Nº9/2010, afirma: que é de competência deste professor, elaborar, executar e avaliar o Plano de AEE do aluno, contemplando a identificação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos; a definição e a organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de atendimento conforme necessidades educacionais e a carga horária, individual ou em pequenos grupos.
Jannuzzi apud Padilha (2007), tem se preocupado com questões da Educação Especial, lutando principalmente pelo direito à educação dos deficientes apontam em suas discussões “[...] a falta de outros critérios que possibilitem uma definição mais precisa da população considerada especial” (p.190). Somos seres multideterminados, dependendo das condições concretas de vida social para nos desenvolvermos e a educação é uma dessas condições. É muito importante... É preciso descobrir a “promessa que reside em cada criança (jovem ou adulto). Promessa de potencialidade para as quais até o momento não se encontrou instrumento adequado de avaliação [...]” (idem, p.219).
A proposta histórico – cultural vem de encontro a organização de um trabalho pedagógico a ser oferecido no contexto dos centros de AEE e na execução de seus planos, pois, esta abordagem aponta para a possibilidade de invertemos nosso olhar, muitas vezes reducionistas, baseado na deficiência e seus aspectos negativos, mas sim olharmos para as possibilidades, tendo consciência do biológico do aluno, mas percebendo e permitindo uma atenuação das consequências da deficiência, apresentando ao aluno maiores chances através da prática educativa.
Padilha vê possibilidades no deficiente, quando busca superar as dificuldades deste, reconhecendo que as transformações aconteçam nas relações concretas do universo social e no atendimento pedagógico. Para melhor desempenho do nível de desenvolvimento real do aluno (aquilo que ele realiza sozinho) devemos investir na qualidade das relações interpessoais e pedagógicas, produzindo materiais didáticos e pedagógicos que venham de encontro as necessidades específicas de cada aluno, partindo dos objetivos e atividades propostas no currículo.
A autora ancorada na concepção Vygotskiana ao descrever, Bianca, uma jovem de 17 anos, que nasceu com agenesia do corpo caloso7, com acentuada deficiência intelectual, onde esta vislumbrou novas possibilidades para superar as dificuldades desta menina. Constatou que, as possibilidades infindáveis de Bianca estavam apagadas, mas havia marcas; estavam escondidas, mas com indícios de presença; se encontravam limitadas, porque esta é uma condição inerente de todos os seres humanos, inclusive dos deficientes mentais.
Seu trabalho pedagógico foi desenvolvido através do gesto (modo de se fazer entender e companheiro da palavra), da narrativa (organização no tempo e no espaço), a dramatização (onde colocamos no lugar do outro), o desenho (significado para o aluno e professor), participação em jogos (vivência do lúdico, lidar com regras, ver o significado dos objetos), uso dos objetos culturais (olhar para as ações humanas e interagir).
Em todo momento Padilha (2007), em seu trabalho pedagógico com Bianca, sempre apontou possibilidades para uma melhor compreensão dos aspectos de seu desenvolvimento, pois do ponto de vista neurológico a Deficiência Intelectual, seu biológico, seria limitações, que foram superadas e demonstradas durante três anos de encontros semanais, que revelaram sua compreensão e melhor desempenho cognitivo.
O trabalho desenvolvido com Bianca, o planejamento das ações que favoreceram o seu desenvolvimento, a mediação utilizada que promoveu sua aprendizagem mostrou as possibilidades infindáveis e os recursos especiais envolvidos no processo educacional que contribuiu para que Bianca interagisse e participasse do seu universo.
A perspectiva de Atendimento Educacional Especializado, necessita de ações e atitudes concretas e significativas que possam permitir a interação social, a participação de todos na apropriação do conhecimento.
Podemos ver nos documentos internacionais desde Jomtien na Tailândia, Educação para Todos; Declaração de Salamanca, Espanha, 1994 e em toda nossa legislação, e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 9394/96. Nas Diretrizes Nacionais para Educação Especial, na Educação Básica CNE/CEB Nº2/de02/20018, nos alertam e propõem que é de responsabilidade dos sistemas de ensino oferecer oportunidades para todos, com acesso ao saber elaborado sendo de competência dos profissionais da educação, a busca de caminhos e alternativas que nos subsidiarão a nossa prática educativa.
Vygotsky nos chamou a atenção sobre a importância de conhecermos o deficiente e observarmos o seu desenvolvimento e aprendizagem. Com isso percebemos que em toda mudança existe um processo de transformação e uma mudança de paradigma que provoca em cada um de nós medo, ansiedade, resistência, interesse e entusiasmo.
Observe as questões para discussão e apresentação no Fórum:
» Será que conseguimos compreender toda a abordagem Vygotskiana e perceber que ela perpassa sobre nossa prática pedagógica.
» Discuta esta frase: “O desenvolvimento da criança com deficiência é ao mesmo tempo igual e diferente ao da criança normal. As leis do desenvolvimento são as mesmas, mas as crianças com deficiência precisam de recursos especiais”
» Quais os recursos auxiliares que você conhece que deu certo no atendimento da criança com deficiência.
Espero ter contribuído com projeções otimistas e embasamento teórico suficiente para que você diante desses dois textos seja bem sucedido em sua caminhada no atendimento ao sujeito com Deficiência Intelectual.
 
Com Carinho, Maria Eduvirges.
 
 
[7] Maiores informações http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2010/v46n2/a0001.pdf
[8] Maiores Informações http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf
BRASIL. Ministério da Educação. Norma técnica - SEESP/GAB/Nº 9/2010.  Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado. Brasília, 9 de abril de 2010. Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=mec...>. Acesso em: ago. 2012.
DUARTE, J. J. F. Fundamentos estéticos da educação. São Paulo: Cortez, 1981.
FERREIRA, Maria Cecília Carareto. Os movimentos possíveis e necessários pra que uma escola faça inclusão dos alunos com necessidades especiais. In: Jesus, D.M.; BAPTISTA, C. R.; VICTOR, S.C. (Orgs.). Pesquisa e Educação Especial: mapeando produções. Vitoria: Edufes, 2006.
GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. A Educação de sujeitos, considerados portadores de Deficiência; Contribuições Vygotskyanas. Ponto de Vista: Revista de Educação e processos inclusivos. América do Sul, 2008 Disponível em: <http://periodicos.ufsc.br/index.php/pontodevista/articule/viewfile/151911528>. Acesso em: ago. 2012.
GÓES, M.C.R. Relações entre desenvolvimento humano, deficiência e educação; contribuições da abordagem cultural. In: OLIVEIRA, M.K.; SOUZA, D.T.; REGO T.C. (Orgs.). Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.
GÓES, Maria Cecília Rafael; LAPLANE, Adriana Lia Frezzman de (Orgs.). Políticas e práticas da Educação Inclusivas. São Paulo; Autores Associados, 2004.
LEME, M. E. G. As Contribuições de Vygotsky no Trabalho Pedagógico do Professor. Londrina: PDE. SEED, 2008.
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PADILHA, A. M. L.; Bianca.