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gabi_fran_ Gabrielle França, CESUPA 2021 Localização e camadas O coração é um órgão muscular, com tamanho aproximado de um punho, ele está localizado no centro da cavidade torácica, no mediastino entre nossos pulmões. O ápice pontiagudo do coração está voltado para baixo e para o lado esquerdo do corpo, ao passo que a sua base mais larga fica bem atrás do osso esterno. Para garantir o bom funcionamento do coração temos diferentes camadas a sua disposição. Pericárdio É uma cavidade formada pelo Pericárdio seroso, que consiste em uma lâmina externa parietal e a lamina interna visceral. A lâmina parietal do pericárdio seroso é reforçada por uma camada externa de tecido conectivo denso irregular contendo fibras colágenas em abundância. Essa camada de reforço é denominada Pericárdio fibroso. Juntos, a lâmina parietal do pericárdio seroso e o pericárdio fibroso constituem o resistente “saco pericárdico”. Na base do coração, as fibras colágenas do pericárdio fibroso estabilizam as posições do pericárdio, do coração e dos vasos associados no mediastino. A cavidade do pericárdio é o espaço estreito existente entre as superfícies opostas das lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso. Essa cavidade normalmente contém líquido pericárdico secretado pelo pericárdio seroso, que atua como lubrificante, reduzindo o atrito entre as superfícies opostas. Epicárdio É a lâmina visceral do pericárdio seroso; forma a superfície externa do coração. O epicárdio é uma túnica serosa que consiste em um mesotélio recobrindo uma camada de tecido conectivo areolar de sustentação. Miocárdio O miocárdio consiste em múltiplas camadas entrelaçadas de fibras musculares cardíacas, com tecido conectivo associado, vasos sanguíneos e nervos. O miocárdio atrial, relativamente fino, contém camadas que formam a imagem do número 8 ao passarem de um átrio a outro. O miocárdio ventricular é mais espesso, e a orientação das fibras musculares modifica-se de camada para camada. Endocárdio As superfícies internas das câmaras cardíacas, incluindo as valvas cardíacas, são recobertas por um epitélio escamoso simples, conhecido como endocárdio (endo, dentro). O endocárdio é contínuo com o endotélio dos vasos sanguíneos ligados ao coração. Anatomia interna e estruturas Visto a partir do lado externo, a maior parte do coração é a parede muscular espessa dos ventrículos, as duas câmaras inferiores. Os átrios tem paredes mais finas e situam-se acima dos ventrículos, a partir do sulco coronário. Os átrios são separados pelo septo interatrial (septum, parede), e o septo interventricular separa os ventrículos, cada átrio se comunica com o ventrículo ipsilateral. Valvas são pregas de endocárdio que se estendem no interior das aberturas entre os átrios e os ventrículos. Essas valvas abrem e fecham para evitar fluxo retrógrado, mantendo assim um fluxo unidirecional do sangue dos átrios para os ventrículos. (A estrutura e a função das valvas serão descritas em um tópico separado). Um átrio funciona para coletar o sangue que retorna ao coração e passá-lo ao ventrículo a ele conectado. As demandas funcionais sobre os átrios direito e esquerdo são muitos semelhantes, e as duas câmaras têm aparência quase idêntica. Já as demandas sobre os ventrículos direito e esquerdo são bastante diferentes, havendo distinções estruturais significativas entre os dois. Átrio direito O átrio direito recebe sangue venoso, pobre em oxigênio, da circulação sistêmica por meio da veia cava superior e da veia cava inferior. A veia cava superior, que se abre na porção súperoposterior do átrio direito, traz o sangue venoso proveniente da cabeça, do pescoço, dos membros superiores e do tórax. A veia cava inferior, que desemboca na porção ínfero-posterior do átrio direito, traz o sangue venoso proveniente de tecidos e órgãos da cavidade abdominopélvica e dos membros inferiores. As veias do próprio coração, com diferentes nomes, coletam sangue da parede cardíaca e o conduzem ao seio coronário. Cristas musculares proeminentes, os músculos pectíneos (pectin, pente), estendem-se ao longo da superfície interna da aurícula direita e através da parede atrial anterior adjacente. Ventrículo direito Sangue venoso, pobre em oxigênio, passa do átrio direito ao ventrículo direito através da “valva tricúspide”, a superfície interna do ventrículo contém uma série de pregas musculares irregulares, as trabéculas cárneas (carneus, carnoso). A trabécula septomarginal, ou “banda moderadora”, é uma faixa de músculo ventricular que se estende desde o septo interventricular, uma divisória muscular espessa que separa os dois ventrículos, até a parede anterior do ventrículo direito e base do músculo papilar anterior. A extremidade superior do ventrículo direito afunila-se em uma bolsa cônica de paredes lisas, ou cone arterial, que termina na valva do tronco pulmonar. Quando o sangue é ejetado do ventrículo direito, passa através dessa valva para entrar no tronco pulmonar, o início da circulação pulmonar. A disposição das válvulas nessa valva evita o refluxo de sangue para o ventrículo direito quando este se relaxa. Átrio Esquerdo Recebe sangue oxigenado das veias pulmonares direitas e esquerdas, que chegam na sua porção posterior. O átrio esquerdo não apresenta músculos pectíneos, mas apresenta uma aurícula amortecedora. O sangue que flui do átrio esquerdo para o seu ventrículo passa através da valva atrioventricular (AV) esquerda, também conhecida como “valva mitral”. Ventrículo esquerdo O ventrículo esquerdo é o que apresenta paredes mais espessas em comparação com todas as outras câmaras cardíacas. Essa maior espessura do miocárdio permite que o ventrículo esquerdo exerça uma pressão suficiente para propelir o sangue por toda a circulação sistêmica; para efeito de comparação, o ventrículo direito apresenta paredes relativamente finas e bombeia o sangue para os pulmões e de volta ao coração, em uma distância total de somente cerca de 30 cm. A organização interna do ventrículo esquerdo assemelha-se à do ventrículo direito. Entretanto, as trabéculas cárneas são mais proeminentes em comparação às do ventrículo direito, não há trabécula septomarginal e, uma vez que a valva mitral tem apenas duas válvulas, existem também apenas dois músculos papilares. O sangue deixa o ventrículo esquerdo passando através da valva da aorta no interior da parte ascendente da aorta, a disposição das válvulas na valva da aorta é a mesma da valva do tronco pulmonar. As válvulas As valvas atrioventriculares (AV) estão situadas entre os átrios e os ventrículos. Cada valva AV tem quatro componentes: (1) um anel de tecido conectivo (direito e esquerdo) que pertence ao esqueleto fibroso do coração; (2) válvulas de tecido conectivo cuja função é fechar a abertura entre as câmaras do coração; e (3) cordas tendíneas que fixam as margens das válvulas aos (4) músculos papilares da parede do ventrículo. Existem válvulas semilunares impedindo o fluxo retrógrado para os dois ventrículos. Essas válvulas foram assim nomeadas em função de seus formatos que se assemelham a três bolsas em forma de meia-lua. A valva do tronco pulmonar (três válvulas semilunares) situa-se na saída do tronco pulmonar a partir do ventrículo direito, enquanto a valva da aorta (três válvulas semilunares) situa-se na saída da aorta a partir do ventrículo esquerdo. Quando os ventrículos estão relaxados, as valvas AV direita e esquerda estão abertas e as valvas do tronco pulmonar e da aorta estão fechadas. As cordas tendíneas estão frouxas e os músculos papilares estão relaxados. (b) Quando os ventrículos estão contraídos, as valvas AV direita e esquerda estão fechadase as valvas do tronco pulmonar e da aorta estão abertas. Sangue venoso, pobre em oxigênio, passa do átrio direito ao ventrículo direito através de uma abertura ampla, a valva atrioventricular (AV) direita ou “valva tricúspide”. As margens livres das cúspides são fixas em feixes de fibras colágenas, as cordas tendíneas. Esses feixes originam-se nos músculos papilares, projeções musculares cuneiformes da superfície ventricular interna. As cordas tendíneas limitam o movimento da valva AV e evitam o refluxo de sangue do ventrículo direito para o átrio direito; este mecanismo será detalhado posteriormente. Diferenças entre os ventrículos: As diferenças anatômicas entre os ventrículos direito e esquerdo são visualizadas mais claramente em imagens tridimensionais ou em cortes. Os pulmões envolvem parcialmente a cavidade do pericárdio, e a base do coração situa-se entre os pulmões direito e esquerdo. Como resultado, as artérias e veias pulmonares são relativamente curtas e largas, e a demanda sobre o ventrículo direito não envolve forças de contração muito intensas para propelir o sangue ao longo da circulação pulmonar. A parede do ventrículo direito é relativamente fina e fixa ao esquerdo. Ventrículo esquerdo, cuja parede muscular é extremamente espessa, apresenta uma aparência arredondada em secção transversal. A contração do ventrículo esquerdo gera (1) a diminuição da distância entre o ápice e a base do coração e (2) a diminuição do diâmetro da câmara ventricular. Quando o poderoso ventrículo esquerdo se contrai, ele também determina um abaulamento em direção à cavidade do direito, que consequentemente a reduz e melhora a eficiência propulsora do referido ventrículo. O sangue que flui do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo passa através da valva atrioventricular (AV) esquerda, também conhecida como “valva mitral” (mitra, chapéu episcopal) ou “valva bicúspide”. Como o próprio nome indica, essa valva contém um par de válvulas (cúspides). A valva atrioventricular esquerda permite o fluxo de sangue rico em oxigênio do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, e evita o fluxo na direção oposta. Histologia cardíaca Células musculares Embora sejam muito menores e em formato de Y, as células musculares cardíacas assemelham- se às fibras musculares esqueléticas, pois, assim como estas, cada célula muscular cardíaca também contém miofibrilas organizadas, e o alinhamento de seus sarcômeros produz estriações. Contudo, as células musculares cardíacas diferem das fibras musculares esqueléticas em vários aspectos importantes: 1. As células musculares cardíacas são quase totalmente dependentes da respiração aeróbica para obter a energia necessária para continuarem se contraindo. O sarcoplasma da célula muscular cardíaca contém centenas de mitocôndrias e reservas abundantes de mioglobina (para armazenar oxigênio). As reservas de energia são mantidas sob a forma de glicogênio e inclusões lipídicas. 2. Os túbulos T da célula muscular cardíaca são relativamente curtos e não formam tríades com o retículo sarcoplasmático, o comum são as díades. 3. O suprimento circulatório do tecido muscular cardíaco é mais extenso mesmo em relação ao tecido muscular esquelético vermelho. 4. As células musculares cardíacas se contraem sem comando do sistema nervoso. 5. As células musculares cardíacas estão interligadas por junções celulares especializadas denominadas discos intercalados. 6. As células musculares cardíacas são interligadas às células vizinhas nas junções celulares especializadas conhecidas como discos intercalados. Os discos intercalados são estruturas exclusivas do tecido muscular cardíaco. O aspecto denteado deve-se ao intenso entrelaçamento dos sarcolemas em oposição. Em um disco intercalado: têm-se junções gap, comunicantes e desmossomos. Células especializadas Diferentemente do músculo esquelético, o tecido muscular cardíaco contrai-se por si mesmo independentemente de estimulação nervosa ou hormonal. Esta capacidade inerente de gerar e conduzir impulsos é denominada automaticidade ou auto-ritmicidade. As contrações cardíacas são coordenadas por células condutoras especializadas. As células nodais são responsáveis pelo estabelecimento da velocidade da contração cardíaca, e as fibras condutoras distribuem o estímulo contrátil ao miocárdio em geral, encontradas no Nó Sinoatrial, Nó Atrioventricular e nas Fibras de Purkinje, que forma uma rede importante para a geração e condução do impulso cardíaco. As células nodais estão eletricamente ligadas umas às outras, a fibras condutoras e a células musculares cardíacas normais. Como resultado, um potencial de ação iniciado em uma célula nodal propaga-se rapidamente através do complexo estimulante, atingindo a totalidade do tecido muscular cardíaco e causando uma contração. Desse modo, as células nodais determinam a frequência cardíaca. Nem todas as células nodais se despolarizam na mesma velocidade, e a velocidade normal de contração é estabelecida pelas células nodais que atingem o limiar mais rapidamente; o impulso por elas produzido levará todas as outras células a atingirem o limiar, são denominadas células marca-passo. As células marca-passo são encontradas no nó sinoatrial (nó SA), a partir dele o impulso é conduzido ao Nó Atrioventricular e enfim as fibras de purkinje. Músculo Cardíaco No músculo esquelético, a acetilcolina do neurônio motor somático estimula um potencial de ação e dá início ao acoplamento excitação- contração (acoplamento EC). No músculo cardíaco, um potencial de ação também inicia o acoplamento EC, contudo, o potencial de ação origina-se espontaneamente nas células marca- passo do coração e se propaga para as células contráteis através das junções comunicantes. Outros aspectos do acoplamento EC cardíaco são similares aos processos encontrados na contração dos músculos esquelético e liso. Um potencial de ação que entra em uma célula contrátil se move pelo sarcolema e entra nos túbulos T 1 , onde abre os canais de Ca2� dependentes de voltagem tipo L na membrana das células 2 . O Ca2� entra nas células através desses canais, movendo-se a favor do seu gradiente eletroquímico. A entrada de cálcio abre os canais liberadores de cálcio do tipo rianodínico (RyR) no retículo sarcoplasmático 3 . Esse processo do acoplamento EC no músculo cardíaco é também chamado de liberação de Ca2�-induzida pelo Ca2� (LCIC). Quando os canais RyR se abrem, o cálcio estocado flui para fora do retículo sarcoplasmático e entra no citosol 4 , criando uma fagulha que pode ser vista utilizando-se métodos bioquímicos especiais. A abertura múltipla de diferentes canais RyR se somam para criar o sinal de Ca2� 5. A liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático fornece, aproximadamente, 90% do Ca2� necessário à contração muscular, sendo que os 10% restantes entram na célula a partir do líquido extracelular. O cálcio difunde-se pelo citosol para os elementos contráteis, onde se liga à troponina e inicia o ciclo de formação de pontes cruzadas e o movimento 6 . A contração ocorre pelo mesmo tipo de movimento de deslizamento de filamentos que ocorre no músculo esquelético. O relaxamento no músculo cardíaco geralmente é similar ao do músculo esquelético. Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de Ca2�, o Ca2� desliga-se da troponina, liberando a actina da miosina, e os filamentos contráteis deslizam de volta para sua posição relaxada 7 . Como no músculo esquelético, o Ca2� é transportado de volta para o retículo sarcoplasmático com a ajuda da Ca2�-ATPase 8 . Entretanto, no músculo cardíaco, o Ca2� também é removido de dentro da célula pelo trocador Na�-Ca2� (NCX). TETANIA E FADIGA: ocorrequando temos uma somação temporal, ou seja, um estímulo subliminar aplicado em alta frequência que somar-se ao anterior antes que ele volte ao potencial de membrana. Uma tetania prolongada ocasiona a fadiga muscular e um músculo fadigado, após se relaxar, perde por um certo tempo, a capacidade de se contrair. Em função das células do músculo cardíaco ter o seu PLATÔ, o seu período refratário absoluto é maior, o que vai impedir novas despolarizações. Sendo assim, não ocorrerá somação temporal e, assim, a tetania e consequente fadiga no músculo cardíaco. A condução elétrica A comunicação elétrica no coração começa com um potencial de ação em uma célula autoexcitável. A despolarização se propaga rapidamente para as células vizinhas através das junções comunicantes nos discos intercalares. A onda de despolarização é seguida por uma onda de contração, que passa pelo átrio e depois vai para os ventrículos. A despolarização inicia no nó sinoatrial (nó SA), as células autoexcitáveis no átrio direito que servem como o principal marca-passo do coração. A onda de despolarização, então, propaga-se rapidamente por um sistema especializado de condução, constituído de fibras autoexcitáveis não contráteis. Uma via internodal ramificada conecta o nó SA com o nó atrioventricular (nó AV), um grupo de células autoexcitáveis perto do assoalho do átrio direito. Do nó AV, a despolarização move-se para os ventrículos. As fibras de Purkinje, células de condução especializada dos ventrículos, transmitem os sinais elétrico muito rapidamente para baixo pelo fascículo atrioventricular, ou feixe AV, também chamado de feixe de His (“hiss”), no septo ventricular. A condução elétrica é rápida através das vias de condução internodais 2 , porém mais lenta através das células contráteis do átrio 3 . Quando os potenciais de ação se espalham pelos átrios, eles encontram o esqueleto fibroso do coração na junção entre os átrios e os ventrículos. Esta barreira impede que os sinais elétricos sejam transferidos dos átrios para os ventrículos. Consequentemente, o nó AV é o único caminho através do qual os potenciais de ação podem alcançar as fibras contráteis dos ventrículos. No coração, o nó SA é o marca-passo mais rápido e normalmente determina a frequência cardíaca. Contudo, se ele estiver danificado e não funcionar, um dos marca-passos mais lentos do coração deverá assumir o ritmo. A frequência cardíaca então se ajustará ao ritmo do novo marca-passo. Ainda existe a possibilidade de que diferentes partes do coração sigam marca-passos diferentes, exatamente como o grupo que se dividiu no cruzamento. O SNA AGINDO As porções simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo influenciam a frequência cardíaca através de um controle antagônico. A atividade parassimpática diminui a frequência cardíaca, ao passo que a atividade simpática a aumenta. O neurotransmissor parassimpático acetilcolina (ACh) diminui a frequência cardíaca. A acetilcolina ativa os receptores colinérgicos muscarínicos que influenciam os canais de K� e Ca2� nas células marca-passo. A permeabilidade ao K� aumenta, hiperpolarizando a célula, de modo que o potencial marca-passo inicia em um valor mais negativo. A diminuição da permeabilidade ao Ca2� retarda a taxa em que o potencial marca- passo despolariza. A combinação dos dois efeitos faz a célula levar mais tempo para alcançar o limiar, atrasando o início do potencial de ação no marca-passo e diminuindo a frequência cardíaca. A estimulação simpática nas células marca- passo acelera a frequência cardíaca. As catecolaminas noradrenalina (dos neurônios simpáticos) e adrenalina (da medula da glândula suprarrenal) aumentam o fluxo iônico através dos canais If e de Ca2�. A entrada mais rápida de cátions acelera a taxa de despolarização, fazendo a célula atingir o limiar mais rapidamente e, assim, aumentando a taxa de disparo do potencial de ação. Quando o marca-passo dispara potenciais de ação mais rapidamente, a frequência cardíaca aumenta. Circulação e ciclo cardíaco Circulação O sangue flui das veias para os átrios e segue para os ventrículos por valvas que se abrem em um único sentido. Os ventrículos são as câmaras bombeadoras do sangue. O sangue deixa o ventrículo direito via tronco pulmonar, e o esquerdo via aorta. Um segundo conjunto de valvas guarda a saída dos ventrículos, de modo que o sangue não possa fluir de volta para o coração após ter sido ejetado, o sangue entra em cada ventrículo no topo da câmara e também sai pelo topo. Isso ocorre porque, durante o desenvolvimento do tubo embrionário, o coração gira e volta sobre si mesmo. Esse giro coloca as artérias (através das quais o sangue deixa o coração) próximas ao topo dos ventrículos. Funcionalmente, isso significa que os ventrículos devem se contrair de baixo para cima para que o sangue seja ejetado pelo topo. Em resumo o trajeto do sangue percorre os pulmões para que o mesmo seja oxigenado na hematose e após retornar ao coração será levado a todo o corpo. O lado direito fara o contato com os pulmões e a chamada Pequena Circulação: Já o lado esquerdo se relaciona ao sangue oxigenado e ao corpo todo na Grande Circulação: Ciclo cardíaco Um ciclo cardíaco é o período entre o início de dois batimentos cardíacos consecutivos. Assim sendo, o ciclo cardíaco inclui períodos alternados de contração e relaxamento. Para cada uma das câmaras cardíacas, o ciclo pode ser dividido em duas fases. Durante a contração, ou sístole, a câmara ejeta o sangue para o interior de outra câmara ou para um tronco arterial. A sístole é seguida por uma segunda fase, de relaxamento, ou diástole. Durante a diástole, a câmara se enche de sangue e se prepara para iniciar um novo ciclo cardíaco. Cada contração segue uma sequência precisa: os átrios se contraem primeiro e depois os ventrículos. Assim, o funcionamento adequado do coração depende da cronologia apropriada das contrações atriais e ventriculares. Essa cronologia é normalmente propiciada por elaborados sistemas de marca-passo e condução (complexo estimulante do coração). 1. O CORAÇÃO EM REPOUSO: diástole atrial e ventricular, os átrios e os ventrículos estão relaxados; átrios estão se enchendo. 2. TÉRMINO DO ENCHIMENTO VENTRICULAR: sístole atrial 3. CONTRAÇÃO VENTRICULAR INICIAL: primeiro som cardíaco (PRIMEIRA BULHA), O sangue empurrado contra a porção inferior das valvas AV faz com que elas se fechem de modo que não haja refluxo para os átrios; As valvas se fecham criando o 1° SOM CARDÍACO: S1, O “TUM”; 4. O CORAÇÃO BOMBEIA: ejeção ventricular, quando os ventrículos contraem, eles geram ⬆ pressão suficiente para abrir as valvas semilunares e empurrar o sangue para as artérias; 5. RELAXAMENTO VENTRICULAR: segundo som cardíaco (SEGUNDA BULHA), os ventrículos começam a repolarizar e relaxar, ⬇ pressão ventricular. O sangue começa a fluir de volta para o coração, esse fluxo retrógado enche os folhetos (cúspides) das valvas semilunares, forçando-os para a posição fechada, fechando as valvas e produzindo SEGUNDO SOM CARDÍACO: S2, O “TÁ”; Existem também a terceira e a quarta bulhas cardíacas, que nem sempre são audíveis: 1. Terceira bulha (B3): se caracteriza por um ruído de baixa frequência devido ao impacto do sangue na parede ventricular no início da diástole (enchimento ventricular rápido). “TU”. É normal ser encontrada com frequência em crianças e em adultos jovens, durante um quadro de febre ou após exercícios físicos. É patológica em casos de insuficiência cardíaca. 2. Quarta bulha (B4): é provocada impacto do sangue, impulsionado pelo átrio, contra o sangue pré-existente no interior do ventrículo, no final dadiástole. Quase sempre é patológica, exceto em situações como síndromes hipercinéticas ou em atletas. Pode ser representada pela expressão “TU”. A percepção do som é de 2x1. O ELETRO Os fenômenos elétricos associados com a despolarização e repolarização do coração são suficientemente potentes para ser detectados por eletrodos colocados na superfície do corpo. A gravação destas atividades elétricas constitui um eletrocardiograma, também denominado ECG. Durante cada ciclo cardíaco, uma onda de despolarização irradia-se através dos átrios, atinge o nó AV, dissemina-se inferiormente pelo septo interventricular, até o ápice do coração, espalha-se pelo miocárdio ventricular e retorna em direção à base do coração. Um ECG fornece informações da frequência cardíaca e do ritmo, da velocidade de condução e até mesmo da condição dos tecidos do coração. Assim, embora seja simples obter um ECG, sua interpretação pode ser muito complicada. A interpretação de um ECG inicia com as seguintes questões: 1. Qual é a frequência cardíaca? A frequência cardíaca é normalmente cronometrada do início de uma onda P até o início da próxima onda P, ou do pico de uma onda R até o pico da onda R seguinte. Uma frequência cardíaca de 60 a 100 batimentos por minuto é considerada normal. Uma frequência mais rápida que a normal é chamada de taquicardia, e mais baixa que a normal é chamada de bradicardia. 2. O ritmo dos batimentos cardíacos é regular ou irregular? Um ritmo irregular, ou arritmia, pode ser resultado de um batimento extra benigno ou de condições mais sérias, como a fibrilação atrial, na qual o nó SA perde o controle de marca-passo. 3. Todas as ondas normais estão presentes em uma forma reconhecível? Após determinar a frequência cardíaca e o ritmo, o próximo passo ao analisar um ECG é olhar as ondas individuais. Para ajudar na sua análise, você pode precisar escrever as letras sobre as ondas P, R e T. 4. Existe um complexo QRS para cada onda P? Se sim, o comprimento do segmento P-R é constante? Em caso negativo, pode haver um problema de condução dos sinais no nó AV. No bloqueio cardíaco (o problema de condução mencionado anteriormente), os potenciais de ação vindos do nó SA às vezes não são transmitidos para os ventrículos através do nó AV. Nessas condições, uma ou mais ondas P podem ocorrer sem iniciar um complexo QRS. Na forma mais severa de bloqueio cardíaco (terceiro grau), os átrios despolarizam regularmente em um determinado ritmo, ao passo que os ventrículos contraem em um ritmo lento. arritmia As arritmias cardíacas são alterações do ritmo cardíaco, na maioria dos casos, difere do ritmo sinusal normal. Nessas patologias: * PRÉ CARGA: provalvemente estará alterada devido a mudança da ritmicidade da condução cardíaca, logo, o grau de enchimento do ventrículo não está regular. * PÓS-CARGA: estará “normal” pois consiste na pressão das artérias aórtica e pulmonar, não estando relacionada com a ritmicidade. Algumas arritmias ocorrem quando o ventrículo não recebe o seu sinal normal para contrair (batimento ausente). Outras arritmias, como as contrações ventriculares prematuras (CVPs), são batimentos extras que ocorrem quando uma célula autoexcitável, que não as do nó SA, dispara um potencial de ação fora da sequência. Uma condição interessante do coração que pode ser observada em um ECG é a síndrome do QT longo (SQTL), nome dado para alterações no intervalo QT. A SQTL tem diversas formas. Algumas são canalopatias herdadas, nas quais ocorrem mutações nos canais de Na� ou K� do miocárdio. Em outra forma de SQTL, os canais iônicos são normais, mas a proteína anquirina-B, que ancora os canais na membrana celular, é anormal. Fármacos Betabloqueadores: Inibem o receptor beta-adrenérgico, que faz parte do sistema adenilciclase. A inibição resulta em menores níveis de adenosina monofosfato cíclica e cálcio citosólico. Quando o corpo libera altos níveis de adrenalina, o indivíduo pode apresentar batimento cardíaco acelerado, pressão alta, hiperidrose, ansiedade e palpitações cardíacas. O bloqueio da liberação desses hormônios diminui o estresse no coração e reduz a força das contrações do músculo cardíaco,eles são classificados em três grupos por seu grau de cardiosseletividade. Conceitos O QUE CAUSA ARRITIMIA: Além destas doenças, existem outros fatores que podem causar arritmia, como efeitos colaterais de alguns medicamentos, uso de drogas, praticar exercício físico extenuante, falhas nas células do coração, alterações nas concentrações de sódio, potássio e cálcio no organismo ou complicações após uma cirurgia cardíaca. PORQUE SE NECESSITA DOS NÓS NA CONDUÇÃO? Se o impulso elétrico vindo dos átrios fosse conduzido diretamente para os ventrículos, estes iniciariam a contração pela parte superior. Logo, o sangue seria impulsionado para baixo e ficaria represado na parte inferior dos ventrículos. Uma segunda função do nó AV é atrasar um pouco a transmissão do potencial de ação. Esse atraso permite que os átrios completem suas contrações antes do início da contração ventricular. PORQUE NÃO POSSUEM AS CORDAS TENDINIAS NAS SEMILUANRES? Por causa da sua anatomia geral e pelo movimento dos átrios. MARCA-PASSO ELETRÔNICO: Um marca-passo contém um gerador de pulsos elétricos (a caixa do marca-passo) com 1, 2 ou até 3 eletrodos. O eletrodo conduz os impulsos elétricos desde o gerador até o coração. Cada impulso elétrico enviado pelo marca-passo estimula a contração do coração na parte em que ele foi implantado. A frequência cardíaca pode variar de acordo com a programação feita no marca-passo. INFLUENCIAS NO SIST DE CONDUÇÃO: O sistema nervoso central coordena o controle reflexo da pressão arterial e a distribuição de sangue aos tecidos. O principal centro integrador situa-se no bulbo, a rede do SNC é o centro de controle cardiovascular (CCC). O centro de controle cardiovascular também tem comunicação recíproca com os centros bulbares que controlam a respiração. Se os tecidos necessitam de mais oxigênio, o sistema circulatório e o respiratório trabalham juntos para fornecê-lo. Como consequência, o aumento da frequência respiratória é, em geral, acompanhado pelo aumento no débito cardíaco. O hipotálamo medeia respostas vasculares envolvidas na regulação da temperatura corporal e na resposta de luta ou fuga. As respostas emocionais e aprendidas podem se originar no córtex cerebral e ser expressas por respostas circulatórias, como o rubor e o desmaio.
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