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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – IOT Manutenção de Vias Aéreas Se tem alguma coisa que possa provocar obstrução de via aérea, é preciso intubar para garantir a perviedade. Se não, vai para oxigenoterapia que, quando insuficiente, vai para intubação orotraqueal para entrar no suporte ventilatório, caso queira fazer uma ventilação mecânica invasiva. Se for uma ventilação não invasiva, não é necessária a intubação. ABORDAGENS • Posicionamento/manobras; • Uso de cânula orofaríngea; • Cricotireoidostomia/traqueostomia; • Aspiração de vias aéreas. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL É a tentativa de promover uma via aérea definitiva, ou seja, garantir e que a via aérea esteja aberta e que seja possível dar o suporte de oxigênio necessário para o paciente. • Um dos principais procedimentos salvadores de vida, principalmente nas emergências e UTIs. Às vezes, tem pacientes que precisam ser intubados em unidades móveis, de urgência, situações de resgate, traumas. É importante lembrar que o sistema respiratório é um sistema vital. Se você não tem um SR funcionante, você tende a fazer uma parada respiratória (condição praticamente pré-morte). Quando para a respiração, logo em seguida vem a parada cardíaca, caracterizando uma parada cardiorrespiratória (PCR). • Visa proteger e preservar VA pérvias; MODALIDADES ELETIVA • Planejada. • Exemplo: aquela que o anestesista faz antes de qualquer cirurgia/procedimento. • Objetivo é bem estabelecido. • É possível estudar o paciente antes. • Planejamento dos equipamentos, técnicas e e analgesia a serem utilizados. SRI – SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO • Método utilizada na emergência e, principalmente, na UTI. • Medidas salvadoras de vida, porque os pacientes necessitam do procedimento. • Exemplos: ❖ Insuficiência respiratória, em que o ambu ou a máscara não reinalante são insuficientes. ❖ Desconforto respiratório importante; ❖ Lesões obstrutivas em via aérea superior obstruindo a passagem de ar (necessitam de uma via aérea definitiva). • São coisas que acontecem de forma repentina e necessitam de intervenção imediata. • A chance de dar errado é muito maior na intubação de emergência do que na eletiva. • O objetivo da SRI é otimizar o procedimento que está sendo feito em caráter de urgência. Quando o protocolo não é seguido, a chance de erro é muito grande. INDICAÇÕES • Insuficiência Respiratória Aguda: paciente que não consegue se manter com uma boa saturação ou boa PaO2 às custas de oxigênio em alto fluxo. • Oxigenação inadequada: padrão respiratório ruim, obstrução grave de via aérea. • Proteção de VA no RNC: paciente rebaixado tem basicamente 2 problemas a nível respiratório: 1 – paralisia da musculatura laríngea, principalmente da língua (rebaixamento da língua → fechamento da abertura glótica → obstrução da passagem de ar). O tubo permite que a via aérea permaneça aberta e comunicada com um ventilador; 2 – paciente que está tão rebaixado a ponto de não conseguir manter a sua ventilação apropriada. O centro respiratório no bulbo, normalmente, é capaz de controlar a respiração sozinho. Intubação Orotraqueal 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – IOT CONTRAINDICAÇÕES Pacientes que apresentem lesões que, ao passar o tubo, sejam pioradas. PATOLOGIAS GLÓTICAS/SUPRAGLÓTICAS • Trauma laringe; • Ruptura da junção laringotraqueal; • Lesões expansivas oclusivas: exemplo – tumores com obstrução completa. Se for uma lesão parcial que, ao realizar uma laringoscopia, seja possível visualizar as pregas vocais e abertura glótica, pode fazer. Nesses casos, é preferível a via aérea cirúrgica, a exemplo da traqueostomia. REVISÃO • Indicações absolutas: ❖ Glasgow <9, queimadura de vias aéreas; Cenários de Glasgow <9 onde não intuba: 1 - status neurológico prévio; 2 - GHT <70mg/dl; 3 - estado pós-icatal. ❖ Desaturação ou PO2 <60mmHg refratário a FiO2 mínima de 50% e/ou VNI; ❖ Edema agudo de glote. • Indicações relativas: ❖ PCR (na prática, todo mundo intuba); ❖ Procedimentos anestésicos; ❖ Uso de surfactante; ❖ Realização de EDA em pacientes rebaixados. VIA AÉREA DIFÍCIL Definição: é toda via aérea que você tentou 3 vezes fazer a intubação e não conseguiu OU você está a mais de 10 minutos tentando colocar o tubo na posição correta e não consegue. • Edema de laringe: via aérea difícil de maneira absoluta, que obstrui a passagem da abertura glótica. O tubo desliza e vai para o esôfago ou possui uma resistência grande na passagem. • Alterações anatômicas: Dificuldade na visualização. Relativo. • Lesões: laringe, abertura glótica. Relativo. • Grau de habilidade: Relativo. Quanto mais experiente, menor é a dificuldade no procedimento. RECONHECIDA A primeira etapa da sequência rápida é a preparação, que envolve estudar a via aérea do paciente. • Sedação leve; • Anestesia tópica; • Bloqueios. NÃO RECONHECIDA • Ventilação manual com máscara; • Tubo esôfago-traqueal: 2 tubos que não se comunicam. Quando se passa um tubo às cegas, na grande maioria das vezes, ele vai entrar no esôfago. Não é classificado como via aérea definitiva, porque não protege a via aérea. • Máscara laríngea: • Cricotireoidostomia: quando não deu certo com mais de 3 tentativas por profissional experiente OU quando o paciente não está conseguindo manter uma saturação boa com a máscara de oxigênio. Quando existe falência da via aérea tem que partir para via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia ou traqueostomia). Geralmente se faz a traqueostomia, pois a cricotireoidostomia tende a se manter por apenas 2 dias por conta do risco edema subglótico. Se possível, já fazer a traqueo diretamente. SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO (SRI) • Procedimento pré-IOT para facilitar o mesmo; • Objetiva eficácia na primeira passagem, e menos complicações. 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – IOT 7 P´S PREPARAÇÃO • Avaliação da via aérea + plano de abordagem; • Preditores: LEMON ❖ L: Look externally (impressão geral); ❖ E: Evaluate (3-3-2 → boca/tireoide – mento/hioide-tireoide); ❖ M Mallampati (abertura da boca); ❖ O: Obstructions (voz abafada, salivação excessiva, estridor); ❖ N: Neck mobility (possiblidade de extensão cervical). MALLAMPATI Mallampati Grau I: visualização dos arcos palatinos, palato duro, palato mole, úvula. Mallampati Grau II: parte da úvula. Mallampati Grau III: base da úvula. Mallampati Grau IV: apenas palato duro. CORMACK-LEHANE ❖ Observado na laringoscopia – visão da abertura glótica. Cormack-Lehane Grau I: visualização da epiglote e cordas vocais. Cormack-Lehane Grau II: epiglote e parte das cordas vocais. Cormack-Lehane Grau III: apenas epiglote; não vê abertura glótica. Cormack-Lehane Grau IV: nem a epiglote dá pra ver direito. • Monitorização + Oximetria + Acessos venosos calibrosos; • Capnografia (se disponível); • Seleção de equipamentos e fármacos. LARINGOSCÓPIO A lâmina do laringoscópio é escolhida de acordo com o paciente. Na grande maioria dos casos, é utilizada a lâmina 3 (padrão). Depende também da disponibilidade. • Retas: pediatria (00, o e 1) e obesos (3 e 4). • A maioria dos pacientes são intubados bem com a lâmina curva 4. O professor intuba todos com a 5. • Entrar com a lâmina toda significa cair no esôfago. O ideal é entrar aos poucos e ir acompanhando. TUBO ENDOTRAQUEAL Varia de acordo com o paciente • Mulher: de 7 a 7,5mm (diâmetro da boca). • Homem: de 7,5 a 8,0mm. • DPOC: coloca o maior tubo. 8,0 – 9,5mm. LUBRIFICANTE ESTÉRIL PARA BALÃO E SERINGA • Importante. ADJUVANTES (BOUGLE) É tipo um guia para intubação. Excelente para aumentar a eficiência. Modo de uso: coloca o laringoscópio e passao bougle. Quando o bougle entra na via aérea, é possível sentir as cartilagens e anéis traqueais. Então, pode tirar o laringoscópio e passar o bougle. Se não quiser utilizá-lo de primeira, considere caso não consiga fazer a intubação, pois aumenta drasticamente as taxas de sucesso na intubação. 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – IOT OUTROS EQUIPAMENTOS • Equipamentos para VA nasal e oral; • VA de resgate (combitube, máscara laríngea); • Capnógrafo: é o melhor método de avaliação de posição do tubo. • Fixador (tape); Pré-oxigenação Aumenta a concentração de O2 dentro dos pulmões. O procedimento de intubação é um processo em que o paciente fica em apneia por um curto espaço de tempo, sendo necessário a pré-oxigenação. O que determina o grau de desaturação (importante ou discreta) é o grau de oxigenação e a doença de base. • Aumenta segurança do procedimento; • Média de 3 a 5 minutos em fonte de alto fluxo; • Posicionar: ❖ Trendelenburg reverso 30º: cabeceira elevada. ❖ Cabeça 20º pra cima; ❖ Manobras para patência de VA. Jaw-thrust; Chin-lift. PRÉ-TRATAMENTO • Otimizar medidas para prevenir hipotensão; • Reconhecer órgãos vulneráveis que possam complicar; • Atenção à hipoxemia; • Descompressão de pneumotórax. PARALISIA COM INDUÇÃO É o momento em que o médico vai garantir que o paciente não sinta dor, incômodo e sedação. • Sedoanalgesia + Bloqueio neuromuscular; • Meta: alcançar efeitos para realizar IOT em 45 a 60 segundos; • Provém amnésia, reduz reflexos parassimpáticos. SEDATIVOS • Etomidato 0,3 mg/kg; • Midazolam 0,1-0,3 mg/kg; • Ketamina 1-2 mg/kg; • Propofol 1,5 – 3mg/kg; • Tiopental 3-5 mg/kg. ANALGÉSICOS • Fentanil 1-3 mg/kg; opioide com a potência 100X maior que a morfina. • Lidocaína 1 – 1,5 mg/kg. BLOQUEDORES NEUROMUSCULARES • Despolarizantes: Succinilcolina 1,5 – 2mg/kg • Não despolarizantes: Rocurônio 1 – 1,2 mg/kg POSICIONAMENTO • Profissional se posicionar na cabeceira do leito; • Ajustar cabeceira e altura do leito; • Extensão cervical: a via aérea fica mais retificada, sendo possível uma melhor visualização da abertura glótica e passagem facilitada do tubo. MANOBRAS PARA VISUALIZAÇÃO • BURP: • Sellick: recurso para evitar broncoaspiração. PASSAGEM DO TUBO • Inserção do laringoscópio: coloca o laringo lateralizado para direita. Meta: procurar a epiglote. Ao achar a epiglote, pega a ponta do laringo e coloca na valécula (espaço entre a epiglote e a base da língua). Movimento pra frente e pra cima ao mesmo tempo para abertura da glote, visualização e passagem do tubo. • Visualização da abertura glótica; • Passagem do tubo; • Insuflar cuff + retirar fio guia + retirar o laringoscópio (por último); • Confirmar posição do tubo: Acopla o ambu e ausculta (1º- região epigástrica; 2º - pulmonar). 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – IOT Lembrar: os estudos falam que a ausculta não é muito recomendada pra confirmar a posição, porque ela não é muito fidedigna e varia muito de pessoa pra pessoa. O melhor é utilizar o capnógrafo. PÓS-IOT • Fixar tubo com tapes/esparadrapos; • Acoplar ao ventilador; • Observar parâmetros. ❖ Hipotensão e queda de saturação comuns. • Se parâmetros ruins: buscar complicações. ❖ Pneumotórax; ❖ Ruptura de cuff; ❖ Interrupção do circuito de O2; ❖ Tampão mucoso; ❖ Tubo esofágico.
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