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SISTEMA DE ENSINO
CRIMINOLOGIA
Introdução/Evolução Histórica, Direito 
Penal e Política Criminal
Livro Eletrônico
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Humberto Brandão
Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal
CRIMINOLOGIA
Criminologia ...................................................................................................................3
1. Introdução ao Conhecimento Criminológico .................................................................4
1.1. Conceito de Criminologia ...........................................................................................4
1.2. Método ....................................................................................................................6
2. Evolução Histórica da Criminologia........................................................................... 12
2.1. Períodos Históricos ................................................................................................ 13
2.2. Etapas Pré-Científica e Científica da Criminologia .................................................. 16
2.3. A Moderna Criminologia Científica ......................................................................... 18
3. Objetos da Criminologia ........................................................................................... 20
3.1. Delito .................................................................................................................... 20
3.2. Delinquente ...........................................................................................................22
3.3. Vítima ...................................................................................................................25
3.4. Controle Social ..................................................................................................... 30
4. Funções da Criminologia ...........................................................................................32
5. Criminologia e Política Criminal ................................................................................32
5.1. Direito Penal ..........................................................................................................34
5.2 Ciência Total do Direito Penal .................................................................................35
Questões de Concurso ..................................................................................................37
Gabarito .......................................................................................................................42
Gabarito Comentado .....................................................................................................43
Bibliografia .................................................................................................................. 50
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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Existe uma tendência crescente da Criminologia passar a integrar os editais dos princi-
pais concursos cujos cargos estão inseridos no sistema criminal. É o caso, por exemplo, da 
grande maioria dos certames de delegado, promotor, magistratura e defensoria pública. Mas 
por que a importância da Criminologia vem crescendo vertiginosamente? Por que este conhe-
cimento científico vem sendo exigido dos candidatos aos cargos mais relevantes do sistema 
criminal? Enfim...
POR QUE ESTUDAR CRIMINOLOGIA? 
Existe uma resposta pragmática para essa pergunta. Os profissionais que ocupam cargos 
como o de delegado, o de juiz, o de promotor, o de defensor público, o de investigador, escri-
vão ou perito, lidam diretamente com o fenômeno criminal e precisam estar preparados para 
reagirem tecnicamente às crises decorrentes da criminalidade. A complexidade que permeia 
o problema criminal não pode ser enfrentada apenas sob o ponto de vista da repressão e do 
direito penal. Trata-se de uma temática que envolve conhecimentos multidisciplinares que 
transpõem as fronteiras do direito penal e do processo penal, afinal, o crime, antes de ser 
um fato jurídico, é um fato social. Ademais, o Direito Penal é a ultima ratio, ao passo que a 
Criminologia se ocupa em conhecer as motivações dos comportamentos delitivos e toda a 
realidade social que orbita o fenômeno criminal.
Como profissionais do sistema criminal ou da segurança pública, precisamos estar prepa-
rados para fornecer diagnósticos, elaborar estratégias e planos de ação, controle e prevenção 
do fenômeno criminal. Enxergar o problema a partir de suas múltiplas facetas (social, jurídica, 
psicológica, biológica, etc.) para, assim, podermos nos posicionar tecnicamente diante das 
indagações da mídia, da sociedade e do próprio poder público.
Somente o conhecimento criminológico irá capacitar o profissional da área de seguran-
ça pública ou do sistema criminal para fornecer um diagnóstico qualificado e conjuntural 
sobre o fenômeno criminal, uma vez que a Criminologia congrega múltiplos conhecimentos 
relacionados ao crime, ao delinquente, à vítima e ao controle social, tendo por escopo com-
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preender cientificamente o fenômeno criminal para prevenir a criminalidade e intervir com 
eficácia no criminoso.
Como delegado da Polícia Federal, professor da Academia Nacional de Polícia e da Secre-
taria Nacional de Segurança Pública, fui impelido a buscar respostas mais consistentes para 
questões envolvendo a violência e a criminalidade. E foi justamente a Criminologia que me 
franqueou acesso a abordagens inéditas e convincentemente elucidativas, aguçando ainda 
mais o meu interesse e, por conseguinte, lançando-me para um mestrado em Criminologia 
e Investigação Criminal, realizado pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança 
Interna de Portugal.
Nesta primeira aula, iremos abordar tópicos muito importantes para a sua preparação, 
a  saber: Introdução ao conhecimento criminológico, conceito, método e evolução história. 
Esses tópicos, juntamente com o tema “Objeto da Criminologia”, correspondem a aproxima-
damente 24% das questões cobradas nos concursos. Portanto, você precisa ficar ligado e eu 
estou aqui para otimizar a sua preparação.
O meu objetivo ao elaborar este material de Criminologia é, a partir da minha experiência 
em concurso público (conheço profundamente as dores dos concurseiros), aliada aos meus 
estudos e pesquisas nesta área do conhecimento, preparar um conteúdo completo, objetivo 
e direcionado à obtenção de alta performance nas provas de concurso. Afinal, acredito forte-
mente em uma máxima que eu sempre repito:
A aprovação no concurso público não é resultado do candidato
mais inteligente e sim do candidato mais preparado.
1. Introdução ao ConheCImento CrImInológICo
1.1. ConCeIto de CrImInologIa
Dentro de uma acepção etimológica, Criminologia significa estudo do crime, já que deriva 
do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado). Trata-se, todavia, de uma defini-
ção simplista, incapaz de compreender toda a extensão do verdadeiro conceito, cujo qual não 
se limita apenas ao estudo do crime.
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Com efeito, a visão moderna da criminologia apresenta uma noção conceitual bem mais 
abrangente desta ciência que se ocupa da investigação não apenas das causas da criminali-
dade, mas também da vítima e das circunstâncias sociais nas quais o fenômeno criminal está 
inserido.
Atualmente, podemos conceituar criminologia como:
Ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, 
tendo como finalidade combater a criminalidade por meio de métodos preventivos1.
Do conceito de criminologia extraímos duas importantes características que serão funda-
mentais para a sua compreensão, quais sejam: ciência empírica e interdisciplinar.
•	 Ciência Interdisciplinar
A criminologia é reconhecida como ciência interdisciplinar porque estuda os seus objetos 
sob vários enfoques distintos, socorrendo-se de outras áreas do conhecimento para melhor 
explicar o fenômeno criminal. Em outras palavras, a criminologia estuda o fenômeno criminal 
a partir dos postulados de outras ciências, como é o caso da sociologia, da economia, da psi-
cologia, do direito, da medicina legal etc., razão pela qual também é reconhecida como uma 
ciência plural.
A interdisciplinaridade ocorre quando as diversas áreas do conhecimento se integram e coo-
peram entre si para a solução de um problema.
Note-se que a interdisciplinaridade característica da criminologia não afeta a sua auto-
nomia científica. Segundo a maioria da doutrina, a criminologia é uma ciência autônoma uma 
vez que possui método, objeto e corpo doutrinário próprios.
Portanto, a criminologia não se subordina ou se identifica com nenhuma das disciplinas 
que integram o saber empírico sobre o crime (Biologia, Psicologia e Sociologia Criminal). Cui-
da-se de uma instância superior, em um modelo não piramidal, não existindo preferência por 
nenhum saber parcial.
1 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niterói/RJ. Impetus. 2013, p. 5.
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A criminologia é uma ciência AUTÔNOMA.
•	 Ciência empírica
A expressão “ciência empírica” remete a empirismo que é uma doutrina que se fundamen-
ta na obtenção do conhecimento através da experiência, da observação da realidade, poden-
do ser representada na seguinte equação:
Obs.: � Empirismo = análise + observação + indução
Por se tratar de uma ciência do “ser”, o objeto da criminologia está inserido no mundo real, 
podendo ser mensurável. Portanto, a criminologia baseia-se mais em fatos do que em opini-
ões, mais em observação do que em discursos2.
Sendo assim, a criminologia desenvolve o estudo do seu objeto a partir do Método Empí-
rico, isto é, observando a realidade para extrair das experiências as consequências. E já que 
falamos em método, que tal aprofundarmos neste tema no próximo tópico?
1.2. método
Método é um processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa ou investigação. 
É um procedimento ou uma técnica, um meio de se alcançar o fim, de acordo com um plano 
estabelecido.
Sendo a criminologia uma ciência do ser, o seu método de trabalho é o método empírico, 
interdisciplinar e indutivo. Alguns autores, como Nestor Sampaio e Paulo Sumariva, afirmam 
que a criminologia também utiliza os métodos biológico e sociológico3.
2 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 66.
3 FILHO, Nestor Sampaio Penteado. São Paulo. Saraiva. 2017, p. 25 e SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Nite-
roi/RJ. Impetus. 2013, p. 10.
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1.2.1. Método Empírico
Conforme já observado anteriormente, quando falamos em ciência empírica, o método 
empírico busca a obtenção do conhecimento através da experiência, da observação da reali-
dade. Assim, por exemplo, para explicar os elevados índices de criminalidade em determinado 
grupo social, ou em determinada zona urbana, o criminólogo vai até o local dos fatos observar 
a realidade e, a partir daí, chegar a uma conclusão.
O método empírico é experimental?
Muito embora quase sempre o método empírico seja experimental, isto não é uma regra. 
Há situações em que a experimentação se torna inviável ou ilícita, como é a hipótese do es-
tudo do efeito das drogas como fator potencializador para cometimento de crimes. Neste 
caso, o criminólogo deverá buscar outras fontes de análise e observação (análises clínicas e 
comportamental dos usuários, por exemplo), já que, por proibição legal, ele está impedido de 
fazer uso do entorpecente para verificar a realidade.
1.2.2. Método Indutivo
A indução parte da análise de casos particulares para se estabelecerem leis gerais. No 
método indutivo, as explicações para os fenômenos advém unicamente da observação dos 
fatos.
Podemos demonstrar a lógica do raciocínio indutivo com o seguinte exemplo:
•	 O ferro conduz eletricidade
•	 O ferro é metal
•	 O ouro conduz eletricidade
•	 O ouro é metal
•	 O cobre conduz eletricidade
•	 O cobre é metal
•	 Logo os metais conduzem eletricidade.
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Pense numa pegadinha que as bancas adoram e “chove” nos concursos!! Frequentemente os 
examinadores tentam induzir o candidato a erro afirmando que Criminologia é uma ciência de 
método dedutivo, a exemplo do Direito Penal. CUIDADO!! Esta afirmação está ERRADA. A Cri-
minologia utiliza o método INDUTIVO, diferentemente do Direito Penal que utiliza o método 
dedutivo. Fique ligado e não erre na prova!!
A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência quando o positivismo generalizou o 
emprego de seu método. Nesse sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência.
Questão 1 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) A Criminologia adquiriu autono-
mia e status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de seu método. Nesse 
sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência.
a) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em dedu-
ções lógicas e da opinião tradicional.
b) empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado em deduções 
lógicas e opinativas tradicionais.
c) do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação 
da realidade.
d) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado naanálise e obser-
vação da realidade.
e) do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções lógi-
cas e da opinião tradicional.
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Letra c.
A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência que se utiliza 
do método indutivo. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, 
vítima e controle social) é visível no mundo físico. Já o direito é uma ciência do “dever-ser”, 
não aferível no mundo físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência 
normativa e valorativa. Letra “c”.
Questão 2 (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA/2018) Assinale a alternativa 
correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma 
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta-
belecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó-
teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os 
argumentos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com 
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.
Letra c.
A Criminologia é uma ciência empírica, causal-explicativa, diferentemente do Direito Penal 
que é uma ciência dogmática, dedutiva e valorativa.
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1.2.3. Interdisciplinar
Como a criminologia estuda o comportamento humano que, por natureza, é complexo e 
detentor de múltiplas variantes, os estudos criminológicos devem se fundamentar em diver-
sas bases de conhecimento. Uma disciplina que se ocupa do crime como um fato biopsicos-
social não pode se restringir a um só terreno científico, pois assim seria impossível explicar 
toda complexidade de um fenômeno caracterizado por variantes de natureza social, biológica, 
patológica, psiquiátrica, etc4.
Já foi dito quando falamos da criminologia como ciência interdisciplinar que a interdisci-
plinaridade ocorre quando as diversas áreas do conhecimento se integram e cooperam entre 
si para a solução de um problema. Portanto, ela não se confunde com a multidisciplinaridade, 
a qual ocorre quando áreas diversas do conhecimento científico atuam em conjunto, com vi-
sões distintas, para solução de determinado problema.
1.2.4. Sociológico
O método sociológico tem um objeto específico de estudo, que é o fato social. É sempre 
bom lembrar que o crime é um fato social. Para entender e explicar o fenômeno criminal, a cri-
minologia, valendo-se do método sociológico, analisa fatores sociais, tais como costumes, 
cultura, meio urbano, condições econômicas, condições de vida e moradia, políticas públicas, 
opinião pública, etc. Isto porque os fatores sociais externos ao indivíduo acabam influencian-
do diretamente sobre ele.
1.2.5. Biológico
O método biológico analisa fatores orgânicos e individuais do ser humano. Aspectos ge-
néticos que abrangem a anatomia, a fisiologia, as patologias e a bioquímica do indivíduo.
4 FERNANDES, Newton, et al, op. Cit, p. 29.
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MÉTODO
EMPÍRICO INTERDISCIPLINAR INDUTIVO SOCIOLÓGICO BIOLÓGICO
Busca a obtenção 
do conhecimento 
através da experi-
ência, da observa-
ção da realidade
Estuda os seus obje-
tos sob vários enfo-
ques distintos, socor-
rendo-se de outras 
áreas do conheci-
mento
Parte da análise 
de casos particu-
lares para se esta-
belecerem leis 
gerais
Analisa fatores 
sociais para expli-
car o fenômeno 
criminal
Analisa fatores 
orgânicos e indi-
viduais do ser 
humano para 
explicar o fenô-
meno criminal
Questão 3 (VUNESP/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL/2018) A crimino-
logia:
a) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos 
e sociológicos.
b) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos 
e sociológicos.
c) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e so-
ciológicos.
d) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutrina alicerçada no ser e que se utiliza de 
métodos biológicos, sociológicos e empíricos.
e) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e so-
ciológicos.
Letra c.
Conforme mencionado anteriormente, a Criminologia é uma ciência do “ser” e não do “dever-
-ser” (característica do Direito Penal). A letra “d” contém uma pegadinha muito comum nos 
concursos, ou seja, afirma que a Criminologia não é uma ciência. Ora, a Criminologia é, sim, 
uma ciência AUTÔNOMA. A alternativa “e” afirma equivocadamente que a Criminologia é uma 
ciência conceitual e teórica, não se utilizando de métodos biológicos e sociológicos.
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Classificação das Formas Metodológicas
Molina afirma que os métodos e técnicas de investigação podem ser classificados em5:
• Métodos quantitativos: são as técnicas de estatística (método por excelência), o ques-
tionário, os métodos de medição.
• Métodos qualitativos: visam à compreensão do fenômeno criminal como um todo, po-
rém, aprofundando em suas questões. O método qualitativo não faz uso da represen-
tação estatística, mas de outras técnicas, como pesquisa de campo, observação parti-
cipante e entrevista.
• Métodos transversais: são espécies de pesquisa observacional que, ao  longo de um 
determinado tempo, analisam dados coletados. Detém uma única medição da variável 
ou do fenômeno examinado. Podem ser utilizados em uma população amostral ou em 
um subconjunto predefinido. Ex.: estudos estatísticos.
• Métodos longitudinais: são os estudos de seguimento (follow up), as biografias crimi-
nais, as carreiras criminais, estudos de casos individualizados. São muito utilizados 
para testar teorias da criminalidade aplicadas ao longo do tempo. Estudos de follow 
up podem ser definidos como acompanhamentoda evolução ou desenvolvimento das 
carreiras delinquentes, bem como do comportamento dos delinquentes durante um de-
terminado período de tempo. São, portanto, métodos dinâmicos e evolutivos.
2. evolução hIstórICa da CrImInologIa
A perspectiva histórica da criminologia é importante para demonstrar a complexidade 
do problema criminológico, cujo estudo é enriquecido no tempo por uma continua sucessão, 
alternância ou confluência de métodos, de técnicas de investigação, de áreas de interesse, 
envolvimentos teóricos e ideológicos encontrados nas escolas criminológicas6.
Com efeito, a Criminologia sempre esteve presente no desenvolvimento humano, ainda 
que de forma não sistematizada. Os autores divergem, no entanto, sobre o momento histórico 
em que a criminologia passou a ser estudada cientificamente.
5 MOLINA, op, cit, pp. 33-41.
6 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 17.
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Raúl Zaffaroni afirma que entre o final do Império Romano e o início da Idade Média a cri-
minologia existia, porém, padecia de um esquema próprio de teoria. Com efeito, a maioria dos 
autores defende que a Criminologia passou a ser reconhecida com certa autonomia científica 
com Cesare Lombroso, fundador da criminologia moderna com a publicação do livro “O ho-
mem delinquente” em 1876.
Há autores que defendem o antropólogo francês Paul Topinard como marco da fase cien-
tífica da Criminologia, o qual, pela primeira vez em 1879, utilizou a palavra “criminologia”. Há, 
ainda, autores que defendem a ideia de que teria sido Rafael Garófalo quem, em 1885, utilizara 
o termo Criminologia como nome de um livro científico.
Por fim, cumpre registrar importantes opiniões que apontam a Escola Clássica, com Fran-
cesco Carrara em sua obra “Programa de Direito Criminal”, em 1859, como os primeiros as-
pectos do pensamento criminológico.
Marco científico da criminologia: Obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso – Perí-
odo Positivista (1876)
Uso do nome criminologia pela primeira vez: Paul Topinard, em 1879.
Primeira obra intitulada “Criminologia”: Raffaele Garofalo, em 1885.
2.1. Períodos hIstórICos
2.1.1. Antiguidade
Na Antiguidade não havia ainda um estudo sistematizado sobre o fenômeno criminal, mas 
o Código de Hammurabi aparece como um arcabouço de regramentos sobre crimes, crimino-
sos e respectivas penas.
Neste período, destacavam-se as explicações sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o 
crime. Além disso, o crime também era visto como tabu ou pecado, avaliado em termos éticos 
e morais, e o criminoso como uma personalidade diabólica (Demonismo).
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Já na Grécia, o criminoso e o crime eram vistos como produtos de um destino inexorável 
ao qual não se poderia escapar.
2.1.2. Século XVI
A desorganização social e a pobreza são relacionadas com a delinquência pelo Inglês 
Thomas Morus, em sua obra Utopia (1516). O crime, portanto, seria um reflexo da própria 
sociedade.
2.1.3. Século XVII/XVIII
Antes ser reconhecida como ciência, ou seja, em sua fase pré-científica, o desenvolvi-
mento da Criminologia se fundamentava em contribuições de pseudociências, tais como:
• Demonologia: procura explicar o crime a partir de elementos místicos-religiosos cen-
trados na figura do demônio. Os infratores eram considerados pessoas acometidas por 
uma enfermidade diabólica. Os loucos e portadores de doenças mentais eram caçados, 
torturados e queimados vivos na fogueira porque eram tidos como possuídos pelo de-
mônio. A demonologia propiciou o florescimento da inquisição, mas também contribuiu 
para o surgimento da Psiquiatria.
• Fisionomia: estuda o delito com base na aparência do indivíduo, estabelecendo um 
nexo entre o físico e o psíquico. O caráter humano seria revelado a partir dos traços fi-
sionômicos do rosto. É a pseudociência que mais se aproxima da criminologia positiva. 
Acreditava-se que através das características físicas seria possível determinar se o in-
divíduo era bom ou mal, propenso ou não à atividade criminosa. O mérito da fisionomia 
foi trazer o criminoso para o centro das investigações científicas7.
• Frenologia: decorre da fisionomia, dedicava-se ao estudo da configuração craniana 
(cranioscopia), não se limitando apenas à fisionomia do indivíduo. Para esta teoria, 
o comportamento delinquente poderia ser explicado a partir da análise do crânio, a for-
ma da sua cabeça (lendo caroços e protuberâncias). A frenologia acabou por influen-
ciar a teoria lombrosiana.
7 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 29.
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No final do século XVIII, influenciada pelo Iluminismo, surgiu a Escola Clássica edificada 
sob um arcabouço de ideias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas sobre as questões penais 
mais relevantes.
Na verdade, não existiu propriamente uma Escola Clássica. Os autores clássicos não se 
autodenominavam assim. Foram os positivistas, de forma pejorativa, que qualificaram seus 
antecessores como Clássicos, num sentido de antigo, ultrapassado.
2.1.4. Século XIX
No final do Século XIX surge a Criminologia Socialista, cuja explicação do crime parte da 
natureza da sociedade capitalista, postulando a crença no desparecimento ou redução siste-
mática do crime com o advento do socialismo.
Pritchard (1873) e Esquirol (1883), conceituaram o crime como “loucura moral” ou “mono-
mania homicida”. O criminoso neste modelo teórico é tido como um indivíduo com princípios 
morais deficientes, apresentando privação ou alteração das faculdades afetivas, emotivas e 
do senso moral.
Os franceses Felix Voisin (1837) e Philippe Pinel (1864) defendiam a tese de que a crimi-
nalidade se manifestava devido a uma deficiência no sistema nervoso central dos indivíduos. 
Pinel, o pai da psiquiatria moderna, modificou a forma como os loucos (tidos até então como 
possuídos pelo demônio) eram tratados. Ele recomendava que os doentes mentais tivessem 
um tratamento adequado, já que a violência a que eram submetidos servia apenas para agra-
var a doença. A diferenciação entre loucos e criminosos possibilitou o desenvolvimento do 
conceito de imputabilidade penal e a criação de estabelecimentos distintos para delinquentes 
e doentes mentais.
Em 1850, Marx e Engels sustentavam que o delito seria produto das condições econômi-
cas das classes sociais.
2.1.5. Criminologia Moderna
O estudo do homem delinquente perde importância, migrando para um segundo plano, 
ganhando relevo a conduta delitiva, a vítima e o controle social.
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O delinquente é examinado em suas interdependências sociais como unidade biopsicos-
social e não mais sob uma ótica biopsicopatológica.
A moderna Criminologia, por seu turno, é partidária de uma imagem mais complexa e di-
nâmica do fenômeno delitivo, destacando não apenas o papel do delinquente, mas também 
e igualmente os papeis da vítima, do crime e do controle social. Neste modelo teórico, a pu-
nição do infrator não esgota as expectativas que o fato delitivo desencadeia. Existe uma pre-
ocupação permanente em ressocializar o delinquente, em reparar o dano e prevenir o crime. 
Trata-se, portanto, de um modelo teórico mais satisfatório e mais condizente com o Estado 
Democrático de Direito.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA
Antiguidade Século XVI Século XVII/XVIII Século XIX
C r i m i n o l o g i a 
Moderna
Explicações sobre-
naturais ou religio-
sas sobre o mal e 
o crime. O  crime 
também era visto 
como tabu ou 
pecado. O  crimi-
noso como uma 
p e r s o n a l i d a d e 
diabólica (Demo-
nismo).
A desorganização 
social e a pobreza 
são relacionadas 
com a delinquên-
cia. O  crime, por-
tanto, seria um 
reflexo da própria 
sociedade.
A Criminologia se 
fundamentava em 
contribuições de 
pseudociências , 
tais como Demo-
nologia, Fisiono-
mia e Frenologia. 
No final do século 
XVIII, influenciada 
pelo Iluminismo, 
surgiu a Escola 
Clássica.
Surge a Criminolo-
gia Socialista cuja 
explicação do crime 
parte da natureza 
da sociedade capi-
talista, postulando 
a crença no des-
parecimento ou 
redução sistemá-
tica do crime com o 
advento do socia-
lismo.
O estudo do homem 
delinquente perde 
i m p o r t â n c i a , 
migrando para um 
segundo plano, 
ganhando relevo 
a conduta delitiva, 
a  vítima e o con-
trole social.
2.2. etaPas Pré-CIentífICa e CIentífICa da CrImInologIa
2.2.1. Etapa Pré-Científica
A etapa pré-científica da criminologia vai desde a Antiguidade, quando havia apenas tex-
tos esparsos dedicados ao fenômeno criminal, até a Escola Clássica. Na sua fase pré-cien-
tífica, até meados do século XIX, a criminologia era marcada por uma abordagem acidental 
e superficial do delito. Nesta etapa, a criminologia possuía dois enfoques bem distintos: o 
clássico (produto do ideário do iluminismo, dos Reformadores e do Direito Penal Clássico) e o 
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empírico, fundamentado em investigações sobre o crime por especialistas de áreas distintas, 
de forma fragmentada (fisionomistas, frenólogos, antropólogos, psiquiatras etc).
A Escola Clássica faz parte da etapa pré-científica porque ainda adotava o método lógico, 
abstrato e dedutivo.
Na fase pré-científica, o objeto da criminologia limitava-se ao estudo do crime e do cri-
minoso e o desenvolvimento do conhecimento criminológico se fundamentava em contribui-
ções de pseudociências, tais como:
• Demonologia
• Fisionomia
• Frenologia
Malgrado houvesse estudos anteriores sobre a criminalidade, foi somente com o advento 
da Escola Clássica que a etapa pré-científica da criminologia ganhou destaque, cujos estudos 
foram influenciados pelo Iluminismo e se fundamentaram nos métodos dedutivos e lógico-
-formais.
ETAPA PRÉ-CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA
PERÍODO OBJETO CARACTERÍSTICA
Da Antiguidade até a Escola Clás-
sica.
Crime e criminoso. Abordagem acidental e superfi-
cial do delito.
2.2.2. Etapa Científica
A criminologia só se firmou, como disciplina científica autônoma, com objeto específico, 
ao final do século XIX. A maior parte dos autores considera que o período científico da crimi-
nologia é inaugurado pela Escola positiva, com início entre os séculos XIX e XX até os dias 
atuais.
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A consolidação da criminologia como disciplina empírica, científica, portanto, matem uma 
relação simbiótica com o positivismo criminológico, particularmente com a Scuola Positiva 
italiana.
A característica diferencial do positivismo criminológico reside no método empírico, o qual 
submete constantemente a imaginação à observação e os fenômenos sociais à lei férrea da 
natureza (método indutivo experimental; empirismo).
ETAPA CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA
PERÍODO OBJETO CARACTERÍSTICA
Século XX até os dias atuais. Delito, delinquente, vítima e con-
trole social.
Metodologia científica própria 
(método indutivo experimental).
2.3. a moderna CrImInologIa CIentífICa
A criminologia moderna estuda o fenômeno criminal a partir do conhecimento de vários 
ramos do saber, como a biologia, a psicologia e a sociologia criminal.
• Biologia criminal
Com o advento da sociologia criminal no século XX, a biologia criminal, também conhe-
cida como antropologia criminal, foi considerada retrógrada e ultrapassada e, sobretudo, es-
tigmatizada por estar muito conectada aos trabalhos de Lombroso. Isto porque a biologia 
criminal estuda os aspectos genéticos da pessoa do delinquente, abrangendo a anatomia, 
a fisiologia, as patologias e a bioquímica do criminoso.
As orientações antropológicas constituem um contraponto das teorias ambientalistas e 
é inegável a importância que a biologia criminal exerce nos tempos modernos. Mas é preciso 
muito cuidado para não generalizar indevidamente a ponto de estabelecer relações de causa 
e efeito e leis universais como pretendeu equivocadamente Lombroso e a Escola Positiva no 
século XIX.
Apesar de suas limitações e seus condicionamentos, o enfoque biológico tem seu lugar 
e sua função dentro da Criminologia científica e interdisciplinar, pois não há dúvida de que o 
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http://www.enciclopedia-juridica.com/pt/d/delinquente/delinquente.htm
http://www.enciclopedia-juridica.com/pt/d/criminoso/criminoso.htm
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código biológico e genético é um dos componentes do contínuo e fecundo processo de inte-
ração, que é aberto e dinâmico e no qual se insere a conduta do homem8.
A biologia criminal não pode afirmar que todo e qualquer criminoso herdou essa caracte-
rística geneticamente. Não se pode, portanto, generalizar indevidamente, sustentando con-
cepções anacrônicas do criminoso como um ente natural marcado por desvios patológicos e, 
desta forma, como dito anteriormente, criar relações de causa e efeito e leis universais onde, 
no máximo, só existe uma correção válida exclusivamente com relação ao caso concretoexaminado9.
• Psicologia criminal
A psicologia criminal analisa racional e empiricamente o comportamento criminoso, uti-
lizando-se de estudos psicológicos de personalidade, da estrutura mental e de outras carac-
terísticas que podem vir a ser psicopatológicas, buscando conhecer os motivos que levam 
uma pessoa a cometer um delito. Foca nas causas do fenômeno criminal que residem no 
subconsciente humano. As desordens psíquicas, as experiências traumáticas que podem ser 
fatores explicativos o delito.
• Sociologia criminal
A sociologia criminal estuda o fenômeno criminal a partir dos fatores do meio ambien-
te social e como eles atuam sobre a conduta individual. O crime seria um fenômeno social. 
A sociologia criminal rompeu com a ideia de “causas do crime” e construiu a ideia da teoria da 
criminalização. O crime passa a ser analisado a partir da sociedade como um todo.
8 MOLINA, Antônio Garcia-Pablos de. Criminologia, Ed. Revista dos Tribunaiss, 5ª edição, SP, 2006, p. 218.
9 CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi, Editora Impetus. 2013, p. 52.
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3. objetos da CrImInologIa
Como ciência que é, a  criminologia possui muito bem delimitado o seu método, o  seu 
objeto e a sua finalidade. Como bem asseverado por Eduardo Viana, no acidentado percurso 
evolutivo da criminologia, o seu objeto nem sempre foi o mesmo, sendo certo que em cada 
momento da historiografia criminológica, há protagonismo de algum objeto (v.g., delito na 
Escola Clássica; delinquente no Positivismo Criminológico)10.
Na fase pré-científica, o objeto da criminologia limitava-se ao estudo do crime e do cri-
minoso. Atualmente, porém, a criminologia moderna divide o seu objeto em quatro vertentes: 
delito, delinquente, vítima e controle social.
Para a criminologia tradicional, o crime era tido como um fenômeno biopsicológico, muito 
centrado, portanto, no criminoso. Com efeito, a criminologia moderna entende o crime como 
uma interação biopsicossocial. Em outras palavras, a percepção da moderna criminologia vai 
muito além dos fatores humanos biopsicológicos, sendo o delito encarado como um conjunto 
de caracteres biológicos, psicológicos e sociais.
3.1. delIto
A criminologia trabalha com uma abordagem distinta do delito e que não se confunde 
com a visão jurídica do direito penal, a qual propõe três espécies de conceitos de crime: ma-
terial, formal e analítico. Essas proposições do direito penal são superficiais, não traduzindo 
a profundidade do fenômeno criminal. O que interessa para a criminologia é entender todas 
as circunstâncias que fazem com que determinada conduta seja considerada criminosa, ou 
deixe de ser, a depender do tempo e do local11.
Para a criminologia, o crime é um fenômeno social, comunitário e que se demonstra como 
um problema maior. O crime na visão criminológica possui quatro elementos constitutivos:
10 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 152.
11 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 53.
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• Incidência massiva na população: um fato isolado na sociedade não pode ser conside-
rado crime. Se não há reiteração da prática, não há porque considerá-la um crime. Um 
exemplo ditado por Shecaira12 é um fato ocorrido no Brasil na década de 80, no litoral 
do Rio de Janeiro, quando um filhote de baleia encalhou na praia e um dos banhistas, 
que por ali passava, introduziu um palito de sorvete no orifício de respiração do ani-
mal. Tal fato gerou revolta na população e, após pressão de entidades ambientalistas, 
o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 7.643/1987 que tipificou a conduta de molestar 
cetáceo intencionalmente. Ora, não se pode admitir que um fato isolado, uma ocorrên-
cia única no país respalde a criminalização de determinado comportamento.
• Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve causar dor na vítima e na sociedade, 
ou seja, é necessário que o fato tenha relevância social. Podemos citar como exemplo 
o adultério que foi tipificado como crime até o ano de 2005, sendo descriminalizado, 
contudo, porque no atual estágio evolutivo da sociedade brasileira, tal conduta deixou 
afligir a sociedade como um todo, restando seus efeitos deletérios limitados apenas às 
partes envolvidas na relação corrompida.
• Persistência espaço-temporal do fato delituoso: para ser considerado criminoso, o fato 
também deve se reproduzir, reiteradamente, por um período de tempo juridicamente 
relevante, no mesmo território. Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol. 
Houve muitos casos de falsificação de ingressos. Todavia, embora se trate de conduta 
com incidência massiva e aflitiva, não há uma persistência espaço-temporal que jus-
tifique sua tipificação como crime específico. Para a criminologia, esse fato deve ser 
encarado simplesmente como uma falsificação de documento particular (art. 298 do 
Código Penal)13.
• Consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes: para 
ser considerado crime, não basta que o fato seja massivo, aflitivo, com persistência 
espaço-temporal. É necessário, também, que haja um inequívoco consenso da neces-
sidade de criminalização, pois podem existir outros meios de controle mais eficazes do 
que simplesmente a tipificação da conduta, isto é, do que a transformação do fato em 
12 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 46.
13 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 57.
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conduta criminosa. Vale lembrar que o direito penal é a ultima ratio do ordenamento 
jurídico para se buscar a pacificação social. Tomemos como exemplo a conduta de 
direção de veículo automotor sem habilitação que até o advento da Lei n. 9.503/1997 
(Código de Trânsito Brasileiro) era considerada apenas uma contravenção penal. So-
mente em 1997 tal conduta se tornou crime no ordenamento jurídico brasileiro, por-
quanto concluiu-se que a sua tipificação apenas como contravenção penal não estava 
se mostrando suficiente para coibir o crescente número de ocorrências desta natureza. 
Outro exemplo bastante esclarecedor são as condutas de uso e comércio de álcool. 
Conquanto se saiba que o álcool seja uma droga de efeitos nefastos, não há consenso 
sobre a razoabilidade de se proibir o seu uso e comércio, muito embora haja incidência 
massiva, aflitiva e persistência espaço-temporal.
O termo “etiologia” é muito usado pelos autores de criminologia e pelas bancas examinado-ras. Etiologia é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenô-
meno, no caso da criminologia, das causas da criminalidade.
DELITO
CRIMINOLOGIA DIREITO PENAL
Incidência Massiva Fato Típico
Incidência Aflitiva Fato Antijurídico
Persistência Espaço-temporal Fato Culpável
Consenso Inequívoco
3.2. delInQuente
Na Escola Clássica, o delito era o objeto central de estudo da criminologia. Com o advento 
da Escola Positiva, porém, o foco mudou para a pessoa do delinquente.
Com efeito, na criminologia moderna o delinquente assume novamente um papel secun-
dário em decorrência do enfoque sociológico que se sobrepôs ao enfoque individualista.
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3.2.1. Escolas e seus Enfoques
O estudo do delinquente sujeitou-se a vários enfoques, de acordo com o período histórico 
em dentro do qual se contextualizava. Vejamos:
• Escola clássica: o criminoso era visto como um pecador, um indivíduo que escolheu o 
caminho do mal em detrimento do caminho do bem. Trata-se de uma visão fundamen-
tada na obra “O Contrato Social”, de Jean Jacques Rousseau. A concepção clássica 
idealizou o modelo de homem ideal, não havendo qualquer diferença entre o delinquen-
te e o não delinquente, sendo certo que todos os indivíduos nascem iguais, sem fatores 
psicológicos, sociais, culturais ou econômicos que os diferenciem. É a prática do crime 
que irá diferenciar o indivíduo dos demais integrantes da sociedade. O cometimento 
de um crime é fruto de uma decisão pessoal que rompe o contrato social, o pacto de 
convivência pacífica. Portanto, o delinquente deve ser punido pelo mal que causou por 
livre vontade.
• Escola positiva: o criminoso analisado sob o ponto de vista biológico, tido como um ser 
primitivo, atávico, refém de sua própria deformação patológica. A patologia inerente 
ao criminoso, não raro, é de natureza hereditária. A concepção positivista não admite 
o livre-arbítrio do homem. São fatores internos (endógenos ou biológicos) e externos 
(exógenos ou sociais) que alteram o comportamento do indivíduo. Para os positivistas, 
o delinquente era escravo do determinismo biológico (patologias levam o indivíduo a 
se tornar criminoso) ou do determinismo social (o ambiente social leva o indivíduo a se 
tornar criminoso).
Atavismo é o reaparecimento de uma determinada característica no organismo depois de 
várias gerações de ausência.
• Escola correcionalista: considera o criminoso um indivíduo anormal, portador de uma 
vontade reprovável. Trata-se de um ser inferior que não consegue gozar da liberdade 
que lhe é conferida. Cabe ao Estado proporciona-lhe os meios para a sua total recupe-
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ração, já que se trata de um ser inferior e incapaz de gerir os seus atos. A despeito da 
sua pouquíssima importância no Brasil, a proteção ao menor infrator no Brasil pode ser 
citada como exemplo de uma influência da escola correcionalista no país.
• Filosofia marxista: o criminoso é vítima inocente da sociedade e das estruturas econô-
micas. Sendo assim, a condição econômica a que o meio social submete o indivíduo o 
conduz à prática criminosa. A culpa pela prática do crime é, desta forma, do meio social 
e não do criminoso propriamente dito14. Temos na concepção marxista uma espécie de 
determinismo econômico.
Questão 4 A criminologia, diante do fenômeno do delito, na busca de conhecer fatores cri-
minógenos, traça um paralelo entre vítima e criminoso. Partindo dessa premissa dual, cha-
mada por Mendelsohn de “dupla-penal”, extraem-se importantes situações fenomenológi-
cas. Acerca desses estudos, julgue o item seguinte.
Na visão do marxismo, a  responsabilidade pelo crime recai sobre a sociedade, tornando o 
infrator vítima do determinismo social e econômico.
Certo.
Na visão marxista, o capitalismo é a base da criminalidade, pois fomenta o egoísmo e este, 
por seu turno, leva o indivíduo a delinquir. As transgressões são o resultado das desigualda-
des geradas por uma sociedade capitalista e a solução depende da transformação da própria 
sociedade, promovendo-se a igualdade política e social.
14 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 17.
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Criminoso
Escola Clássica: criminoso é um pecador.
Escola Positiva: Criminoso é um ser primitivo, atávico.
Escola Correcionalista: o criminoso um indivíduo anormal, portador de uma von-
tade reprovável. Cabe ao Estado proporciona-lhe os meios para a sua total recu-
peração.
Filosofia Marxista: o criminoso é vítima inocente da sociedade e das estruturas 
econômicas.
3.3. vítIma
Do ponto de vista doutrinário, a vítima pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que 
tenha sofrido uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado.
Um ponto relevante do objeto de estudo da criminologia, mas que foi relegado a um plano 
inferior nos últimos dois séculos, é a vítima. O seu papel na dinâmica delitiva foi praticamente 
desprezado, figurando apenas como uma peça insignificante na existência do delito. Neste 
período sombrio, o objeto central da persecução penal era o infrator, sendo todo o processo 
direcionado para a sua punição com o objetivo de, através desta punição, prevenir o delito.
Os estudos criminológicos, porém, resgataram a importância da vítima, notadamente na 
segunda metade do século XX. Surge, então, uma nova disciplina (ou ciência, para alguns), 
a Vitimologia.
O estudo da vítima passa por três fases históricas: a “idade do ouro”, “a neutralização do 
poder da vítima” e a “revalorização do papel da vítima”.
• A idade do ouro: abrange desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade 
Média. Neste período, a vítima era muito respeitada e valorizada, a ponto de deter o 
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poder de escolher a forma como seria solucionado o problema decorrente do delito que 
a vitimou, seja através da vingança ou da compensação em relação ao seu agressor. 
É um período marcado pela autotutela e pela lei de talião.
• Neutralização do poder da vítima: o Estado assume o monopólio do poder punitivo es-
vaziando, assim, o papel da vítima e seu poder de reação no conflito. A vítima passa a 
ser vista como uma testemunhade menor importância, porquanto, em tese, teria inte-
resse na condenação do acusado.
• Revalorização do papel da vítima: a partir da escola clássica, a importância da vítima é 
retomada sob um enfoque mais humano por parte do Estado
3.3.1. Processo de Vitimização
A vitimização é um processo, um caminho, ou ainda uma sequência contínua de fatos que 
fazem com que um indivíduo qualquer se torne uma vítima. Obviamente que se trata de um 
processo inerente às relações humanas, mais especificamente no que tange às relações de 
poder.
O processo de vitimização pode ser classificado da seguinte forma:
• Vitimização primária: é aquela que decorre diretamente da prática do crime. Provoca 
danos materiais, físicos e psicológicos. Ex.: Pessoa ferida no crime de lesão corporal.
• Vitimização secundária: também conhecida como sobrevitimização, decorre do sofri-
mento adicional gerado à vítima pelo processo penal. Como se não bastassem os da-
nos materiais, físicos e psicológicos ocasionados pelo crime, a dinâmica da Justiça 
Criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário) para a apuração do fato ainda 
causa mais constrangimentos e dores para a vítima do delito. Assim, por exemplo, o in-
divíduo que acabou de sofrer as consequências diretas de um crime praticado contra 
ele (vitimização primária), como por exemplo, um furto, irá passar por um processo de 
vitimização secundária ao noticiar o fato em uma delegacia de polícia, não raro aguar-
dando horas para ser atendido (com chances reais de ser mal atendido), submeter-se 
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a exame de corpo de delito, prestar depoimentos em sede policial e na Justiça etc. 
É comum durante esta dinâmica, a vítima ser tratada com preconceito, descaso e des-
confiança.
• Vitimização terciária: provocada pela sociedade, pela comunidade na qual está inserida 
a vítima, sendo uma decorrência da estigmatização trazida pelo tipo de crime. Ex.: cri-
me de estupro cuja vítima sofre preconceito das pessoas que a cercam.
3.3.2. Classificações das Vítimas
Consoante Benjamin Mendelsohn, as vítimas podem ser classificadas da seguinte maneira:
• Vítima completamente inocente ou vítima ideal. é aquela completamente estranha à 
ação do delinquente, não tendo qualquer participação no evento criminoso. O delin-
quente é o único culpado pela produção do resultado. Exemplos: sequestros e roubos.
• Vítima menos culpada do que o delinquente ou vítima por ignorância: é aquela que, de 
alguma forma, coopera ou contribui para a ocorrência do delito. Ex: Pessoa que fre-
quenta locais perigosos expondo seus objetos de valor.
• Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator. Ambos podem ser o criminoso ou a 
vítima. A participação da vítima é indispensável para a caracterização do crime. Exem-
plo: Roleta Russa (um só projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tam-
bor até um se matar). Outro exemplo são as vítimas do estelionato conhecido como 
bilhete premiado, onde ocorre a denominada torpeza bilateral, isto é, quando a vítima 
também age de má-fé, aproveitando a situação para tentar obter lucro ilícito.
• Vítima mais culpada que o infrator. Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provoca-
doras, que estimulam o autor do crime (homicídio e lesão corporal após injusta agres-
são da vítima); as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se con-
trolarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor (Ex.: Racha).
• Vítima unicamente culpada. a culpa é exclusivamente da vítima. Trata-se de uma mo-
dalidade que se subdivide em:
 – Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna vítima, como 
ocorre no caso do homicídio por legítima defesa;
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CRIMINOLOGIA
 – Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz um indiví-
duo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro judiciário;
 – Vítima imaginária, trata-se de uma pessoa portadora de um grave transtorno mental 
que, não obstante, pode ser capaz de levar o judiciário à erro. Ela imputa, a alguém, 
a autoria de um crime que nunca existiu, a não ser na própria cabeça do enfermo 
mental.
Questão 5 (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR/2018)15As vítimas podem ser classificadas 
da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabilidade 
menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais cul-
pada que o infrator e vítima unicamente culpada.
No estudo da vitimologia, essa classificação é atribuída a:
a) Benjamin Mendelsohn.
b) Enrico Ferri.
c) Cesare Bonesana.
d) Cesare Lombroso.
e) Raffaele Garofalo.
15 
Letra a.
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CRIMINOLOGIA
Vítima
Fases Históricas
Processo de Vitimiza-
ção Classificação das Vítimas
Idade do ouro: vítima 
valorizada com poder 
de escolher a forma 
como vai solucionar 
o conflito (vingança 
ou compensação)
Vitimização Primária: 
decorre diretamente 
da prática do crime.
Vítima completamente inocente: 
ou vítima ideal. é  aquela com-
pletamente estranha à ação do 
delinquente;
Menos culpada que o infrator: 
é aquela que, de alguma forma, 
coopera ou contribui para a ocor-
rência do delito
Neutralização do
poder da vítima: a 
vítima é uma tes-
temunha de menor 
importância. 
Vitimização
Secundária: sofri-
mento adicional 
gerado à vítima pela 
dinâmica da Justiça 
Criminal.
Tão culpada quanto o infrator: 
Ambos podem ser o criminoso ou 
a vítima. A participação da vítima 
é indispensável para a caracteri-
zação do crime;
Revalorização do 
papel da vítima: 
a importância da 
vítima é retomada 
sob um enfoque mais 
humano
Vitimização Terciá-
ria: estigmatização 
sofrida pelo crime. 
Preconceito da socie-
dade.
Mais culpada que o infrator:
vítimas provocadoras, que esti-
mulam o autor do crime; as víti-
mas por imprudência, que oca-
sionam o acidente por não se 
controlarem, ainda que haja uma 
parcela de culpa do autor (Ex.: 
Racha)
Unicamente culpada (vítima 
infratora, vítima simuladora e 
vítima imaginária)
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3.4. Controle soCIal
A vida em sociedade é viável porque existe um sistema de controle do grupo para que 
os indivíduos não se desviem das normas aceitas. Um conjunto de instituições e sanções 
sociaisexercem este controle tendo por objetivo a submissão dos indivíduos aos modelos e 
normas de convivência social.
A expressão “controle social” é usualmente associada à capacidade que uma sociedade 
tem de se autorregular socialmente, isto é, a sociedade estabelece os instrumentos, mecanis-
mos e processos por meio dos quais é possível superar os inevitáveis conflitos decorrentes 
da convivência humana e, assim, alcançar o comportamento conforme16.
O controle social é exercido em várias esferas, por diversas agências, com conteúdos, 
métodos e fins diferentes, podendo ser traduzido genericamente como um conjunto de me-
canismos aptos a produzir no indivíduo um padrão de conduta adequado aos padrões sociais 
dominantes. Ele pode ser exercido das mais variadas formas, desde as mais brandas (olhar 
de reprovação do pai), até as mais severas (pena de privação de liberdade), de abrangência 
difusa ou individual. Trata-se, portanto, de uma condição fundamental e irrenunciável da vida 
em sociedade.
3.4.1. Classificação do Controle Social
Existe uma classificação bastante didática do controle social. Vejamos:
• Quanto ao modo de exercício do controle social
 – Controle social como instrumento de orientação;
 – Controle social como meio de fiscalização do comportamento social da pessoa.
• Quanto ao destinatário do controle social
 – Controle social difuso: direcionado a toda a sociedade;
 – Controle social localizado: direcionado a grupos estigmatizados, como ciganos etc.
16 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 181.
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CRIMINOLOGIA
• Quanto aos agentes fiscalizadores
 – Controle formal: de viés político-criminal, é o controle exercido pelo próprio Estado 
e seus agentes. Tem um caráter repressivo. Ex.: Polícia, Ministério Público, Sistema 
Penitenciário e Poder Judiciário.
 – Controle informal: é o controle exercido pela sociedade civil, sob uma perspectiva 
pedagógica e preventiva. Ex.: família, igreja, escola, trabalho, clubes de serviços etc.)
 –
Esta classificação é muito cobrada em concurso. Fique ligado!!
3.4.1. Formas de Controle Social
• Sanções formais: aplicadas pelo Estado, podendo ser de natureza cível, administrativa 
ou penal;
• Sanções informais: sem força coercitiva;
• Controle positivo: prêmios e incentivos;
• Controle negativo: reprovações com imposição de sanções. Este sistema de controle 
positivo e negativo é muito comum no sistema educacional, na medida em que os alu-
nos são premiados quando executam suas tarefas, por exemplo;
• Controle interno: espécie de autodisciplina. Desde criança aprendemos regras sociais 
que são internalizadas e nos orientam ao longo da vida;
• Controle externo: ocorre por ação da sociedade ou do Estado, a partir do momento em 
que o controle interno falha;
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CRIMINOLOGIA
Controle Social
Classificação Formas
Quanto ao modo de exercício
Cs como instrumento de orientação;
Cs como meio de fiscalização; Sanções formais;
Sanções informais;
Controle positivo;
Controle negativo;
Controle interno;
Controle externo.
Quanto ao destinatário
Cs difuso;
Cs localizado;
Quanto aos agentes fiscalizadores
Cs formal;
Cs informal;
4. funções da CrImInologIa
A função basilar da criminologia é fornecer um diagnóstico qualificado e conjuntural so-
bre o fenômeno criminal. Em outras palavras, a função linear da criminologia é a junção de 
múltiplos conhecimentos relacionados ao crime, ao delinquente, à vítima e ao controle social, 
objetivando informar à sociedade e ao poder público, bem como compreender cientificamente 
o fenômeno criminal para prevenir a criminalidade e intervir com eficácia no criminoso.
Paulo Sumariva17 apresenta o papel da criminologia sob três enfoques:
• Explicação científica do fenômeno criminal
• Prevenção do delito
• Intervenção no homem delinquente
5. CrImInologIa e PolítICa CrImInal
A expressão política criminal vem sendo utilizada desde o século XVIII em vários sentidos, 
predominando atualmente um conceito que lhe atribui a função de estabelecer a forma como 
devem se configurar a legislação e a jurisprudência com o objetivo de se promover uma pro-
teção mais eficaz da sociedade18.
17 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 10.
18 ZAFFARONI, E. Raúl et al. Direito Penal Brasileiro – I.Rio de Janeiro. Revan. 2013, p. 274.
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CRIMINOLOGIA
Cleber Masson assevera que a política criminal é uma ciência independente que tem por 
escopo a apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal, constituindo 
uma ponte entre a teoria jurídico-penal e a realidade19.
A Política Criminal tem por finalidade estabelecer estratégias e meios de controle social 
da criminalidade, caracterizando-se pela posição de vanguarda em relação ao direito vigente, 
na medida em que sugere e orienta reformas à legislação positivada20.
É notória a dificuldade de se estabelecer uma relação entre criminologia e política criminal 
quando a criminologia é concebida como uma ciência crítica e não apenas como uma ciência 
exclusivamente empírica. Neste sentido, ao discorrer sobre a relação entre criminologia e po-
lítica criminal, Juan Bustos Ramírez adverte que21:
Tornam-se difíceis os termos da relação quando se compreende a criminologia como uma ciência 
crítica, já que então ambas tendem a coincidir enquanto consideram a legislação do ponto de vista 
dos objetivos do Estado. Ademais, haveria a crítica quanto à reforma do direito penal em geral. 
A diferença residiria no fato de que a política criminal implica a estratégia adota dentro do Estado, 
a respeito da criminalidade. Nesse sentido, a criminologia converter-se-ia, em face da política cri-
minal, em uma ciência de referência para que esta, com base em seu material, pudesse configurar 
suas estratégias de atuação.
Podemos afirmar, então, que a criminologia fundamenta estratégias de ação no campo 
político-criminal, fornecendo indicativos e dados concretos que têm por finalidade orientar as 
ações do Estado no controle da criminalidade, levando, por conseguinte, a inovações na esfe-
ra legislativa. Como bem observado por Jorge de Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade, 
“é a partir do que é que a criminologia avança juízos de dever-ser; e é a partir do que deve ser 
que a política criminal se propõe transformar o que é”22.
19 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol. 1. Parte Geral. São Paulo. Método. 2014, p. 13.
20 BRUNO, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967, p. 41.
21 BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora 
Renavan. 2014,p. 46.
22 DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena. 
Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 112.
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CRIMINOLOGIA
5.1. dIreIto Penal
A criminologia é uma ciência que estuda a criminalidade, não se confundindo com o di-
reito penal, muito embora nutra com ele uma estreita relação. Aliás, as diferenças existentes 
não afastam a convergência fundamental entre a criminologia e o direito penal no que diz 
respeito ao problema criminal que cada uma das disciplinas se propõe analisar, consoante 
sua aparelhagem metodológica e suas metas específicas23. Ambas se dedicam ao estudo do 
crime, mas sob um enfoque diferente. O direito penal é um instrumento de controle social que 
estabelece proibições normativas denominadas infrações penais, cuja finalidade é a proteção 
dos bens jurídicos mais importantes ao convívio em sociedade. Já a criminologia cuida de 
diagnosticar o fenômeno criminal, sugerindo programas, diretrizes e estratégias de controle 
do fenômeno criminal. A prevenção do delito é um dos principais objetivos da criminologia 
moderna.
No final do Século XIX, Enrico Ferri destacou a relação entre o direito penal e a crimino-
logia, demonstrando a importância de cada uma delas. Obviamente não há concorrência ou 
oposição entre a criminologia e o direito penal, mas sim uma atuação complementar24 nos 
estudos relacionados ao crime, preservando, cada qual, a sua autonomia.
Juan Bustos Ramírez, citando Cobo Del Rosal e Vives Antón, destaca que a criminologia e 
o direito penal são duas disciplinas que buscam o mesmo objetivo, porém, através de meios 
diferentes. O direito penal parte das normas jurídicas-penais. A criminologia parte do conhe-
cimento da realidade.
A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência. É uma 
ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é 
visível no mundo físico. Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo 
físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência normativa e valorativa25.
23 DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena. 
Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 101.
24 O saber criminológico está mais próximo da realidade que cerca o fenômeno criminal, possibilitando o acesso a dados, 
estatísticas e estudos que revelam a eficácia ou não da aplicação da lei penal. Ou seja, a criminologia a teoria da prática, 
o dogma da realidade fática.
25 BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora 
Renavan. 2014, p. 44.
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CRIMINOLOGIA
Criminologia Direito Penal
Ciência do “ser” (estuda “o que é”) Ciência do “dever-ser” (estuda o que 
“deve ser”)
Ciência empírica Ciência valorativa
Objeto constatável no mundo físico Objeto constatável no mundo dos valores
Ciência fundamentada na observação e na 
experiência
Ciência normativa
5.2 CIênCIa total do dIreIto Penal
A criminologia, o direito penal e a política criminal formam uma doutrina que Von Lizst 
denominou CIÊNCIA TOTAL DO DIREITO PENAL. Foi a necessidade da máxima aproximação 
do direito penal à realidade que impôs a interação desses três ramos do conhecimento. Von 
Lizst destacou a importância deste conhecimento total das ciências criminais, o qual confere 
uma estrutura mais complexa ao direito penal, fundindo dogmática, criminologia e política 
criminal. São três vertentes singulares que interagem formando os pilares do sistema das 
ciências criminais, atuando de forma inseparável e interdependente.
O papel exercido por cada um destes saberes no sistema criminal é destacado por Lélio 
Braga Calhau26:
A criminologia deve incumbir-se, assim, de fornecer substrato empírico do sistema, seu fundamen-
to científico; a política criminal, de transformar a experiência criminológica em opões e estratégias 
concretas de controle da criminalidade; por último, o direito penal deve encarregar-se de converter 
em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias, o saber criminológico esgrimido pela política cri-
minal...
Vejamos no quadro abaixo um exemplo de atuação sistêmica da criminologia, da política 
criminal e do direito penal.
26 CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 27/28.
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CRIMINOLOGIA
CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL DIREITO PENAL
Por que aumentaram os índi-
ces de violência contra mulher 
em determinado local?
Sugere alterações na legisla-
ção para endurecer as penas 
deste tipo de violência, bem 
como, de acordo com as 
causas apontadas pela cri-
minologia, sugere políticas 
sociais de conscientização e 
educação de potenciais auto-
res e vítimas desta modali-
dade de violência.
Aumenta a pena para casos 
de violência física, psicológica 
etc. contra a mulher.
Obs.: � Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o direito penal 
estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto, a partir de critérios e métodos 
autônomos.
QUADRO SINÓPTICO
Funções da criminologia
Explicação científica do fenômeno criminal
Prevenção do delito
Intervenção no homem delinquente
Criminologia e política criminal
Criminologia fundamenta estratégias de ação no campo político-cri-
minal, fornecendo indicativos e dados concretos que têm por finalidade 
orientar as ações do Estado no controle da criminalidade, levando, por 
conseguinte, a inovações na esfera legislativa
Direito penal
A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na 
experiência. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto 
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo físico. 
Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo 
físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência 
normativa e valorativa
Ciência total do direito penal
Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o 
direito penal estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto, 
a partir de critérios e métodos autônomos
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE