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SISTEMA DE ENSINO CRIMINOLOGIA Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal Livro Eletrônico 2 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Criminologia ...................................................................................................................3 1. Introdução ao Conhecimento Criminológico .................................................................4 1.1. Conceito de Criminologia ...........................................................................................4 1.2. Método ....................................................................................................................6 2. Evolução Histórica da Criminologia........................................................................... 12 2.1. Períodos Históricos ................................................................................................ 13 2.2. Etapas Pré-Científica e Científica da Criminologia .................................................. 16 2.3. A Moderna Criminologia Científica ......................................................................... 18 3. Objetos da Criminologia ........................................................................................... 20 3.1. Delito .................................................................................................................... 20 3.2. Delinquente ...........................................................................................................22 3.3. Vítima ...................................................................................................................25 3.4. Controle Social ..................................................................................................... 30 4. Funções da Criminologia ...........................................................................................32 5. Criminologia e Política Criminal ................................................................................32 5.1. Direito Penal ..........................................................................................................34 5.2 Ciência Total do Direito Penal .................................................................................35 Questões de Concurso ..................................................................................................37 Gabarito .......................................................................................................................42 Gabarito Comentado .....................................................................................................43 Bibliografia .................................................................................................................. 50 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA CRIMINOLOGIA Existe uma tendência crescente da Criminologia passar a integrar os editais dos princi- pais concursos cujos cargos estão inseridos no sistema criminal. É o caso, por exemplo, da grande maioria dos certames de delegado, promotor, magistratura e defensoria pública. Mas por que a importância da Criminologia vem crescendo vertiginosamente? Por que este conhe- cimento científico vem sendo exigido dos candidatos aos cargos mais relevantes do sistema criminal? Enfim... POR QUE ESTUDAR CRIMINOLOGIA? Existe uma resposta pragmática para essa pergunta. Os profissionais que ocupam cargos como o de delegado, o de juiz, o de promotor, o de defensor público, o de investigador, escri- vão ou perito, lidam diretamente com o fenômeno criminal e precisam estar preparados para reagirem tecnicamente às crises decorrentes da criminalidade. A complexidade que permeia o problema criminal não pode ser enfrentada apenas sob o ponto de vista da repressão e do direito penal. Trata-se de uma temática que envolve conhecimentos multidisciplinares que transpõem as fronteiras do direito penal e do processo penal, afinal, o crime, antes de ser um fato jurídico, é um fato social. Ademais, o Direito Penal é a ultima ratio, ao passo que a Criminologia se ocupa em conhecer as motivações dos comportamentos delitivos e toda a realidade social que orbita o fenômeno criminal. Como profissionais do sistema criminal ou da segurança pública, precisamos estar prepa- rados para fornecer diagnósticos, elaborar estratégias e planos de ação, controle e prevenção do fenômeno criminal. Enxergar o problema a partir de suas múltiplas facetas (social, jurídica, psicológica, biológica, etc.) para, assim, podermos nos posicionar tecnicamente diante das indagações da mídia, da sociedade e do próprio poder público. Somente o conhecimento criminológico irá capacitar o profissional da área de seguran- ça pública ou do sistema criminal para fornecer um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o fenômeno criminal, uma vez que a Criminologia congrega múltiplos conhecimentos relacionados ao crime, ao delinquente, à vítima e ao controle social, tendo por escopo com- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA preender cientificamente o fenômeno criminal para prevenir a criminalidade e intervir com eficácia no criminoso. Como delegado da Polícia Federal, professor da Academia Nacional de Polícia e da Secre- taria Nacional de Segurança Pública, fui impelido a buscar respostas mais consistentes para questões envolvendo a violência e a criminalidade. E foi justamente a Criminologia que me franqueou acesso a abordagens inéditas e convincentemente elucidativas, aguçando ainda mais o meu interesse e, por conseguinte, lançando-me para um mestrado em Criminologia e Investigação Criminal, realizado pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna de Portugal. Nesta primeira aula, iremos abordar tópicos muito importantes para a sua preparação, a saber: Introdução ao conhecimento criminológico, conceito, método e evolução história. Esses tópicos, juntamente com o tema “Objeto da Criminologia”, correspondem a aproxima- damente 24% das questões cobradas nos concursos. Portanto, você precisa ficar ligado e eu estou aqui para otimizar a sua preparação. O meu objetivo ao elaborar este material de Criminologia é, a partir da minha experiência em concurso público (conheço profundamente as dores dos concurseiros), aliada aos meus estudos e pesquisas nesta área do conhecimento, preparar um conteúdo completo, objetivo e direcionado à obtenção de alta performance nas provas de concurso. Afinal, acredito forte- mente em uma máxima que eu sempre repito: A aprovação no concurso público não é resultado do candidato mais inteligente e sim do candidato mais preparado. 1. Introdução ao ConheCImento CrImInológICo 1.1. ConCeIto de CrImInologIa Dentro de uma acepção etimológica, Criminologia significa estudo do crime, já que deriva do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado). Trata-se, todavia, de uma defini- ção simplista, incapaz de compreender toda a extensão do verdadeiro conceito, cujo qual não se limita apenas ao estudo do crime. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciadopara EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Com efeito, a visão moderna da criminologia apresenta uma noção conceitual bem mais abrangente desta ciência que se ocupa da investigação não apenas das causas da criminali- dade, mas também da vítima e das circunstâncias sociais nas quais o fenômeno criminal está inserido. Atualmente, podemos conceituar criminologia como: Ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, tendo como finalidade combater a criminalidade por meio de métodos preventivos1. Do conceito de criminologia extraímos duas importantes características que serão funda- mentais para a sua compreensão, quais sejam: ciência empírica e interdisciplinar. • Ciência Interdisciplinar A criminologia é reconhecida como ciência interdisciplinar porque estuda os seus objetos sob vários enfoques distintos, socorrendo-se de outras áreas do conhecimento para melhor explicar o fenômeno criminal. Em outras palavras, a criminologia estuda o fenômeno criminal a partir dos postulados de outras ciências, como é o caso da sociologia, da economia, da psi- cologia, do direito, da medicina legal etc., razão pela qual também é reconhecida como uma ciência plural. A interdisciplinaridade ocorre quando as diversas áreas do conhecimento se integram e coo- peram entre si para a solução de um problema. Note-se que a interdisciplinaridade característica da criminologia não afeta a sua auto- nomia científica. Segundo a maioria da doutrina, a criminologia é uma ciência autônoma uma vez que possui método, objeto e corpo doutrinário próprios. Portanto, a criminologia não se subordina ou se identifica com nenhuma das disciplinas que integram o saber empírico sobre o crime (Biologia, Psicologia e Sociologia Criminal). Cui- da-se de uma instância superior, em um modelo não piramidal, não existindo preferência por nenhum saber parcial. 1 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niterói/RJ. Impetus. 2013, p. 5. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA A criminologia é uma ciência AUTÔNOMA. • Ciência empírica A expressão “ciência empírica” remete a empirismo que é uma doutrina que se fundamen- ta na obtenção do conhecimento através da experiência, da observação da realidade, poden- do ser representada na seguinte equação: Obs.: � Empirismo = análise + observação + indução Por se tratar de uma ciência do “ser”, o objeto da criminologia está inserido no mundo real, podendo ser mensurável. Portanto, a criminologia baseia-se mais em fatos do que em opini- ões, mais em observação do que em discursos2. Sendo assim, a criminologia desenvolve o estudo do seu objeto a partir do Método Empí- rico, isto é, observando a realidade para extrair das experiências as consequências. E já que falamos em método, que tal aprofundarmos neste tema no próximo tópico? 1.2. método Método é um processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa ou investigação. É um procedimento ou uma técnica, um meio de se alcançar o fim, de acordo com um plano estabelecido. Sendo a criminologia uma ciência do ser, o seu método de trabalho é o método empírico, interdisciplinar e indutivo. Alguns autores, como Nestor Sampaio e Paulo Sumariva, afirmam que a criminologia também utiliza os métodos biológico e sociológico3. 2 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 66. 3 FILHO, Nestor Sampaio Penteado. São Paulo. Saraiva. 2017, p. 25 e SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Nite- roi/RJ. Impetus. 2013, p. 10. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 1.2.1. Método Empírico Conforme já observado anteriormente, quando falamos em ciência empírica, o método empírico busca a obtenção do conhecimento através da experiência, da observação da reali- dade. Assim, por exemplo, para explicar os elevados índices de criminalidade em determinado grupo social, ou em determinada zona urbana, o criminólogo vai até o local dos fatos observar a realidade e, a partir daí, chegar a uma conclusão. O método empírico é experimental? Muito embora quase sempre o método empírico seja experimental, isto não é uma regra. Há situações em que a experimentação se torna inviável ou ilícita, como é a hipótese do es- tudo do efeito das drogas como fator potencializador para cometimento de crimes. Neste caso, o criminólogo deverá buscar outras fontes de análise e observação (análises clínicas e comportamental dos usuários, por exemplo), já que, por proibição legal, ele está impedido de fazer uso do entorpecente para verificar a realidade. 1.2.2. Método Indutivo A indução parte da análise de casos particulares para se estabelecerem leis gerais. No método indutivo, as explicações para os fenômenos advém unicamente da observação dos fatos. Podemos demonstrar a lógica do raciocínio indutivo com o seguinte exemplo: • O ferro conduz eletricidade • O ferro é metal • O ouro conduz eletricidade • O ouro é metal • O cobre conduz eletricidade • O cobre é metal • Logo os metais conduzem eletricidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Pense numa pegadinha que as bancas adoram e “chove” nos concursos!! Frequentemente os examinadores tentam induzir o candidato a erro afirmando que Criminologia é uma ciência de método dedutivo, a exemplo do Direito Penal. CUIDADO!! Esta afirmação está ERRADA. A Cri- minologia utiliza o método INDUTIVO, diferentemente do Direito Penal que utiliza o método dedutivo. Fique ligado e não erre na prova!! A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de seu método. Nesse sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência. Questão 1 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) A Criminologia adquiriu autono- mia e status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de seu método. Nesse sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência. a) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em dedu- ções lógicas e da opinião tradicional. b) empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado em deduções lógicas e opinativas tradicionais. c) do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação da realidade. d) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado naanálise e obser- vação da realidade. e) do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções lógi- cas e da opinião tradicional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/instituto-acesso 9 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Letra c. A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência que se utiliza do método indutivo. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo físico. Já o direito é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência normativa e valorativa. Letra “c”. Questão 2 (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA/2018) Assinale a alternativa correta em relação ao método da criminologia. a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo. b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta- belecido na norma jurídica. c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó- teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os argumentos puramente subjetivos. d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser. e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático. Letra c. A Criminologia é uma ciência empírica, causal-explicativa, diferentemente do Direito Penal que é uma ciência dogmática, dedutiva e valorativa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 1.2.3. Interdisciplinar Como a criminologia estuda o comportamento humano que, por natureza, é complexo e detentor de múltiplas variantes, os estudos criminológicos devem se fundamentar em diver- sas bases de conhecimento. Uma disciplina que se ocupa do crime como um fato biopsicos- social não pode se restringir a um só terreno científico, pois assim seria impossível explicar toda complexidade de um fenômeno caracterizado por variantes de natureza social, biológica, patológica, psiquiátrica, etc4. Já foi dito quando falamos da criminologia como ciência interdisciplinar que a interdisci- plinaridade ocorre quando as diversas áreas do conhecimento se integram e cooperam entre si para a solução de um problema. Portanto, ela não se confunde com a multidisciplinaridade, a qual ocorre quando áreas diversas do conhecimento científico atuam em conjunto, com vi- sões distintas, para solução de determinado problema. 1.2.4. Sociológico O método sociológico tem um objeto específico de estudo, que é o fato social. É sempre bom lembrar que o crime é um fato social. Para entender e explicar o fenômeno criminal, a cri- minologia, valendo-se do método sociológico, analisa fatores sociais, tais como costumes, cultura, meio urbano, condições econômicas, condições de vida e moradia, políticas públicas, opinião pública, etc. Isto porque os fatores sociais externos ao indivíduo acabam influencian- do diretamente sobre ele. 1.2.5. Biológico O método biológico analisa fatores orgânicos e individuais do ser humano. Aspectos ge- néticos que abrangem a anatomia, a fisiologia, as patologias e a bioquímica do indivíduo. 4 FERNANDES, Newton, et al, op. Cit, p. 29. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA MÉTODO EMPÍRICO INTERDISCIPLINAR INDUTIVO SOCIOLÓGICO BIOLÓGICO Busca a obtenção do conhecimento através da experi- ência, da observa- ção da realidade Estuda os seus obje- tos sob vários enfo- ques distintos, socor- rendo-se de outras áreas do conheci- mento Parte da análise de casos particu- lares para se esta- belecerem leis gerais Analisa fatores sociais para expli- car o fenômeno criminal Analisa fatores orgânicos e indi- viduais do ser humano para explicar o fenô- meno criminal Questão 3 (VUNESP/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL/2018) A crimino- logia: a) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e sociológicos. b) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e sociológicos. c) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e so- ciológicos. d) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutrina alicerçada no ser e que se utiliza de métodos biológicos, sociológicos e empíricos. e) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e so- ciológicos. Letra c. Conforme mencionado anteriormente, a Criminologia é uma ciência do “ser” e não do “dever- -ser” (característica do Direito Penal). A letra “d” contém uma pegadinha muito comum nos concursos, ou seja, afirma que a Criminologia não é uma ciência. Ora, a Criminologia é, sim, uma ciência AUTÔNOMA. A alternativa “e” afirma equivocadamente que a Criminologia é uma ciência conceitual e teórica, não se utilizando de métodos biológicos e sociológicos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Classificação das Formas Metodológicas Molina afirma que os métodos e técnicas de investigação podem ser classificados em5: • Métodos quantitativos: são as técnicas de estatística (método por excelência), o ques- tionário, os métodos de medição. • Métodos qualitativos: visam à compreensão do fenômeno criminal como um todo, po- rém, aprofundando em suas questões. O método qualitativo não faz uso da represen- tação estatística, mas de outras técnicas, como pesquisa de campo, observação parti- cipante e entrevista. • Métodos transversais: são espécies de pesquisa observacional que, ao longo de um determinado tempo, analisam dados coletados. Detém uma única medição da variável ou do fenômeno examinado. Podem ser utilizados em uma população amostral ou em um subconjunto predefinido. Ex.: estudos estatísticos. • Métodos longitudinais: são os estudos de seguimento (follow up), as biografias crimi- nais, as carreiras criminais, estudos de casos individualizados. São muito utilizados para testar teorias da criminalidade aplicadas ao longo do tempo. Estudos de follow up podem ser definidos como acompanhamentoda evolução ou desenvolvimento das carreiras delinquentes, bem como do comportamento dos delinquentes durante um de- terminado período de tempo. São, portanto, métodos dinâmicos e evolutivos. 2. evolução hIstórICa da CrImInologIa A perspectiva histórica da criminologia é importante para demonstrar a complexidade do problema criminológico, cujo estudo é enriquecido no tempo por uma continua sucessão, alternância ou confluência de métodos, de técnicas de investigação, de áreas de interesse, envolvimentos teóricos e ideológicos encontrados nas escolas criminológicas6. Com efeito, a Criminologia sempre esteve presente no desenvolvimento humano, ainda que de forma não sistematizada. Os autores divergem, no entanto, sobre o momento histórico em que a criminologia passou a ser estudada cientificamente. 5 MOLINA, op, cit, pp. 33-41. 6 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 17. 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Há autores que defendem o antropólogo francês Paul Topinard como marco da fase cien- tífica da Criminologia, o qual, pela primeira vez em 1879, utilizou a palavra “criminologia”. Há, ainda, autores que defendem a ideia de que teria sido Rafael Garófalo quem, em 1885, utilizara o termo Criminologia como nome de um livro científico. Por fim, cumpre registrar importantes opiniões que apontam a Escola Clássica, com Fran- cesco Carrara em sua obra “Programa de Direito Criminal”, em 1859, como os primeiros as- pectos do pensamento criminológico. Marco científico da criminologia: Obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso – Perí- odo Positivista (1876) Uso do nome criminologia pela primeira vez: Paul Topinard, em 1879. Primeira obra intitulada “Criminologia”: Raffaele Garofalo, em 1885. 2.1. Períodos hIstórICos 2.1.1. Antiguidade Na Antiguidade não havia ainda um estudo sistematizado sobre o fenômeno criminal, mas o Código de Hammurabi aparece como um arcabouço de regramentos sobre crimes, crimino- sos e respectivas penas. Neste período, destacavam-se as explicações sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o crime. Além disso, o crime também era visto como tabu ou pecado, avaliado em termos éticos e morais, e o criminoso como uma personalidade diabólica (Demonismo). 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Século XVII/XVIII Antes ser reconhecida como ciência, ou seja, em sua fase pré-científica, o desenvolvi- mento da Criminologia se fundamentava em contribuições de pseudociências, tais como: • Demonologia: procura explicar o crime a partir de elementos místicos-religiosos cen- trados na figura do demônio. Os infratores eram considerados pessoas acometidas por uma enfermidade diabólica. Os loucos e portadores de doenças mentais eram caçados, torturados e queimados vivos na fogueira porque eram tidos como possuídos pelo de- mônio. A demonologia propiciou o florescimento da inquisição, mas também contribuiu para o surgimento da Psiquiatria. • Fisionomia: estuda o delito com base na aparência do indivíduo, estabelecendo um nexo entre o físico e o psíquico. O caráter humano seria revelado a partir dos traços fi- sionômicos do rosto. É a pseudociência que mais se aproxima da criminologia positiva. Acreditava-se que através das características físicas seria possível determinar se o in- divíduo era bom ou mal, propenso ou não à atividade criminosa. O mérito da fisionomia foi trazer o criminoso para o centro das investigações científicas7. • Frenologia: decorre da fisionomia, dedicava-se ao estudo da configuração craniana (cranioscopia), não se limitando apenas à fisionomia do indivíduo. Para esta teoria, o comportamento delinquente poderia ser explicado a partir da análise do crânio, a for- ma da sua cabeça (lendo caroços e protuberâncias). A frenologia acabou por influen- ciar a teoria lombrosiana. 7 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 29. 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Século XIX No final do Século XIX surge a Criminologia Socialista, cuja explicação do crime parte da natureza da sociedade capitalista, postulando a crença no desparecimento ou redução siste- mática do crime com o advento do socialismo. Pritchard (1873) e Esquirol (1883), conceituaram o crime como “loucura moral” ou “mono- mania homicida”. O criminoso neste modelo teórico é tido como um indivíduo com princípios morais deficientes, apresentando privação ou alteração das faculdades afetivas, emotivas e do senso moral. Os franceses Felix Voisin (1837) e Philippe Pinel (1864) defendiam a tese de que a crimi- nalidade se manifestava devido a uma deficiência no sistema nervoso central dos indivíduos. Pinel, o pai da psiquiatria moderna, modificou a forma como os loucos (tidos até então como possuídos pelo demônio) eram tratados. Ele recomendava que os doentes mentais tivessem um tratamento adequado, já que a violência a que eram submetidos servia apenas para agra- var a doença. A diferenciação entre loucos e criminosos possibilitou o desenvolvimento do conceito de imputabilidade penal e a criação de estabelecimentos distintos para delinquentes e doentes mentais. Em 1850, Marx e Engels sustentavam que o delito seria produto das condições econômi- cas das classes sociais. 2.1.5. Criminologia Moderna O estudo do homem delinquente perde importância, migrando para um segundo plano, ganhando relevo a conduta delitiva, a vítima e o controle social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, porquaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA O delinquente é examinado em suas interdependências sociais como unidade biopsicos- social e não mais sob uma ótica biopsicopatológica. A moderna Criminologia, por seu turno, é partidária de uma imagem mais complexa e di- nâmica do fenômeno delitivo, destacando não apenas o papel do delinquente, mas também e igualmente os papeis da vítima, do crime e do controle social. Neste modelo teórico, a pu- nição do infrator não esgota as expectativas que o fato delitivo desencadeia. Existe uma pre- ocupação permanente em ressocializar o delinquente, em reparar o dano e prevenir o crime. Trata-se, portanto, de um modelo teórico mais satisfatório e mais condizente com o Estado Democrático de Direito. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA Antiguidade Século XVI Século XVII/XVIII Século XIX C r i m i n o l o g i a Moderna Explicações sobre- naturais ou religio- sas sobre o mal e o crime. O crime também era visto como tabu ou pecado. O crimi- noso como uma p e r s o n a l i d a d e diabólica (Demo- nismo). A desorganização social e a pobreza são relacionadas com a delinquên- cia. O crime, por- tanto, seria um reflexo da própria sociedade. A Criminologia se fundamentava em contribuições de pseudociências , tais como Demo- nologia, Fisiono- mia e Frenologia. No final do século XVIII, influenciada pelo Iluminismo, surgiu a Escola Clássica. Surge a Criminolo- gia Socialista cuja explicação do crime parte da natureza da sociedade capi- talista, postulando a crença no des- parecimento ou redução sistemá- tica do crime com o advento do socia- lismo. O estudo do homem delinquente perde i m p o r t â n c i a , migrando para um segundo plano, ganhando relevo a conduta delitiva, a vítima e o con- trole social. 2.2. etaPas Pré-CIentífICa e CIentífICa da CrImInologIa 2.2.1. Etapa Pré-Científica A etapa pré-científica da criminologia vai desde a Antiguidade, quando havia apenas tex- tos esparsos dedicados ao fenômeno criminal, até a Escola Clássica. Na sua fase pré-cien- tífica, até meados do século XIX, a criminologia era marcada por uma abordagem acidental e superficial do delito. Nesta etapa, a criminologia possuía dois enfoques bem distintos: o clássico (produto do ideário do iluminismo, dos Reformadores e do Direito Penal Clássico) e o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA empírico, fundamentado em investigações sobre o crime por especialistas de áreas distintas, de forma fragmentada (fisionomistas, frenólogos, antropólogos, psiquiatras etc). A Escola Clássica faz parte da etapa pré-científica porque ainda adotava o método lógico, abstrato e dedutivo. Na fase pré-científica, o objeto da criminologia limitava-se ao estudo do crime e do cri- minoso e o desenvolvimento do conhecimento criminológico se fundamentava em contribui- ções de pseudociências, tais como: • Demonologia • Fisionomia • Frenologia Malgrado houvesse estudos anteriores sobre a criminalidade, foi somente com o advento da Escola Clássica que a etapa pré-científica da criminologia ganhou destaque, cujos estudos foram influenciados pelo Iluminismo e se fundamentaram nos métodos dedutivos e lógico- -formais. ETAPA PRÉ-CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA PERÍODO OBJETO CARACTERÍSTICA Da Antiguidade até a Escola Clás- sica. Crime e criminoso. Abordagem acidental e superfi- cial do delito. 2.2.2. Etapa Científica A criminologia só se firmou, como disciplina científica autônoma, com objeto específico, ao final do século XIX. A maior parte dos autores considera que o período científico da crimi- nologia é inaugurado pela Escola positiva, com início entre os séculos XIX e XX até os dias atuais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA A consolidação da criminologia como disciplina empírica, científica, portanto, matem uma relação simbiótica com o positivismo criminológico, particularmente com a Scuola Positiva italiana. A característica diferencial do positivismo criminológico reside no método empírico, o qual submete constantemente a imaginação à observação e os fenômenos sociais à lei férrea da natureza (método indutivo experimental; empirismo). ETAPA CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA PERÍODO OBJETO CARACTERÍSTICA Século XX até os dias atuais. Delito, delinquente, vítima e con- trole social. Metodologia científica própria (método indutivo experimental). 2.3. a moderna CrImInologIa CIentífICa A criminologia moderna estuda o fenômeno criminal a partir do conhecimento de vários ramos do saber, como a biologia, a psicologia e a sociologia criminal. • Biologia criminal Com o advento da sociologia criminal no século XX, a biologia criminal, também conhe- cida como antropologia criminal, foi considerada retrógrada e ultrapassada e, sobretudo, es- tigmatizada por estar muito conectada aos trabalhos de Lombroso. Isto porque a biologia criminal estuda os aspectos genéticos da pessoa do delinquente, abrangendo a anatomia, a fisiologia, as patologias e a bioquímica do criminoso. As orientações antropológicas constituem um contraponto das teorias ambientalistas e é inegável a importância que a biologia criminal exerce nos tempos modernos. Mas é preciso muito cuidado para não generalizar indevidamente a ponto de estabelecer relações de causa e efeito e leis universais como pretendeu equivocadamente Lombroso e a Escola Positiva no século XIX. Apesar de suas limitações e seus condicionamentos, o enfoque biológico tem seu lugar e sua função dentro da Criminologia científica e interdisciplinar, pois não há dúvida de que o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.enciclopedia-juridica.com/pt/d/delinquente/delinquente.htm http://www.enciclopedia-juridica.com/pt/d/criminoso/criminoso.htm 19 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA código biológico e genético é um dos componentes do contínuo e fecundo processo de inte- ração, que é aberto e dinâmico e no qual se insere a conduta do homem8. A biologia criminal não pode afirmar que todo e qualquer criminoso herdou essa caracte- rística geneticamente. Não se pode, portanto, generalizar indevidamente, sustentando con- cepções anacrônicas do criminoso como um ente natural marcado por desvios patológicos e, desta forma, como dito anteriormente, criar relações de causa e efeito e leis universais onde, no máximo, só existe uma correção válida exclusivamente com relação ao caso concretoexaminado9. • Psicologia criminal A psicologia criminal analisa racional e empiricamente o comportamento criminoso, uti- lizando-se de estudos psicológicos de personalidade, da estrutura mental e de outras carac- terísticas que podem vir a ser psicopatológicas, buscando conhecer os motivos que levam uma pessoa a cometer um delito. Foca nas causas do fenômeno criminal que residem no subconsciente humano. As desordens psíquicas, as experiências traumáticas que podem ser fatores explicativos o delito. • Sociologia criminal A sociologia criminal estuda o fenômeno criminal a partir dos fatores do meio ambien- te social e como eles atuam sobre a conduta individual. O crime seria um fenômeno social. A sociologia criminal rompeu com a ideia de “causas do crime” e construiu a ideia da teoria da criminalização. O crime passa a ser analisado a partir da sociedade como um todo. 8 MOLINA, Antônio Garcia-Pablos de. Criminologia, Ed. Revista dos Tribunaiss, 5ª edição, SP, 2006, p. 218. 9 CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi, Editora Impetus. 2013, p. 52. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento_criminoso 20 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 3. objetos da CrImInologIa Como ciência que é, a criminologia possui muito bem delimitado o seu método, o seu objeto e a sua finalidade. Como bem asseverado por Eduardo Viana, no acidentado percurso evolutivo da criminologia, o seu objeto nem sempre foi o mesmo, sendo certo que em cada momento da historiografia criminológica, há protagonismo de algum objeto (v.g., delito na Escola Clássica; delinquente no Positivismo Criminológico)10. Na fase pré-científica, o objeto da criminologia limitava-se ao estudo do crime e do cri- minoso. Atualmente, porém, a criminologia moderna divide o seu objeto em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. Para a criminologia tradicional, o crime era tido como um fenômeno biopsicológico, muito centrado, portanto, no criminoso. Com efeito, a criminologia moderna entende o crime como uma interação biopsicossocial. Em outras palavras, a percepção da moderna criminologia vai muito além dos fatores humanos biopsicológicos, sendo o delito encarado como um conjunto de caracteres biológicos, psicológicos e sociais. 3.1. delIto A criminologia trabalha com uma abordagem distinta do delito e que não se confunde com a visão jurídica do direito penal, a qual propõe três espécies de conceitos de crime: ma- terial, formal e analítico. Essas proposições do direito penal são superficiais, não traduzindo a profundidade do fenômeno criminal. O que interessa para a criminologia é entender todas as circunstâncias que fazem com que determinada conduta seja considerada criminosa, ou deixe de ser, a depender do tempo e do local11. Para a criminologia, o crime é um fenômeno social, comunitário e que se demonstra como um problema maior. O crime na visão criminológica possui quatro elementos constitutivos: 10 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 152. 11 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 53. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA • Incidência massiva na população: um fato isolado na sociedade não pode ser conside- rado crime. Se não há reiteração da prática, não há porque considerá-la um crime. Um exemplo ditado por Shecaira12 é um fato ocorrido no Brasil na década de 80, no litoral do Rio de Janeiro, quando um filhote de baleia encalhou na praia e um dos banhistas, que por ali passava, introduziu um palito de sorvete no orifício de respiração do ani- mal. Tal fato gerou revolta na população e, após pressão de entidades ambientalistas, o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 7.643/1987 que tipificou a conduta de molestar cetáceo intencionalmente. Ora, não se pode admitir que um fato isolado, uma ocorrên- cia única no país respalde a criminalização de determinado comportamento. • Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve causar dor na vítima e na sociedade, ou seja, é necessário que o fato tenha relevância social. Podemos citar como exemplo o adultério que foi tipificado como crime até o ano de 2005, sendo descriminalizado, contudo, porque no atual estágio evolutivo da sociedade brasileira, tal conduta deixou afligir a sociedade como um todo, restando seus efeitos deletérios limitados apenas às partes envolvidas na relação corrompida. • Persistência espaço-temporal do fato delituoso: para ser considerado criminoso, o fato também deve se reproduzir, reiteradamente, por um período de tempo juridicamente relevante, no mesmo território. Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol. Houve muitos casos de falsificação de ingressos. Todavia, embora se trate de conduta com incidência massiva e aflitiva, não há uma persistência espaço-temporal que jus- tifique sua tipificação como crime específico. Para a criminologia, esse fato deve ser encarado simplesmente como uma falsificação de documento particular (art. 298 do Código Penal)13. • Consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes: para ser considerado crime, não basta que o fato seja massivo, aflitivo, com persistência espaço-temporal. É necessário, também, que haja um inequívoco consenso da neces- sidade de criminalização, pois podem existir outros meios de controle mais eficazes do que simplesmente a tipificação da conduta, isto é, do que a transformação do fato em 12 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 46. 13 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 57. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA conduta criminosa. Vale lembrar que o direito penal é a ultima ratio do ordenamento jurídico para se buscar a pacificação social. Tomemos como exemplo a conduta de direção de veículo automotor sem habilitação que até o advento da Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro) era considerada apenas uma contravenção penal. So- mente em 1997 tal conduta se tornou crime no ordenamento jurídico brasileiro, por- quanto concluiu-se que a sua tipificação apenas como contravenção penal não estava se mostrando suficiente para coibir o crescente número de ocorrências desta natureza. Outro exemplo bastante esclarecedor são as condutas de uso e comércio de álcool. Conquanto se saiba que o álcool seja uma droga de efeitos nefastos, não há consenso sobre a razoabilidade de se proibir o seu uso e comércio, muito embora haja incidência massiva, aflitiva e persistência espaço-temporal. O termo “etiologia” é muito usado pelos autores de criminologia e pelas bancas examinado-ras. Etiologia é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenô- meno, no caso da criminologia, das causas da criminalidade. DELITO CRIMINOLOGIA DIREITO PENAL Incidência Massiva Fato Típico Incidência Aflitiva Fato Antijurídico Persistência Espaço-temporal Fato Culpável Consenso Inequívoco 3.2. delInQuente Na Escola Clássica, o delito era o objeto central de estudo da criminologia. Com o advento da Escola Positiva, porém, o foco mudou para a pessoa do delinquente. Com efeito, na criminologia moderna o delinquente assume novamente um papel secun- dário em decorrência do enfoque sociológico que se sobrepôs ao enfoque individualista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 3.2.1. Escolas e seus Enfoques O estudo do delinquente sujeitou-se a vários enfoques, de acordo com o período histórico em dentro do qual se contextualizava. Vejamos: • Escola clássica: o criminoso era visto como um pecador, um indivíduo que escolheu o caminho do mal em detrimento do caminho do bem. Trata-se de uma visão fundamen- tada na obra “O Contrato Social”, de Jean Jacques Rousseau. A concepção clássica idealizou o modelo de homem ideal, não havendo qualquer diferença entre o delinquen- te e o não delinquente, sendo certo que todos os indivíduos nascem iguais, sem fatores psicológicos, sociais, culturais ou econômicos que os diferenciem. É a prática do crime que irá diferenciar o indivíduo dos demais integrantes da sociedade. O cometimento de um crime é fruto de uma decisão pessoal que rompe o contrato social, o pacto de convivência pacífica. Portanto, o delinquente deve ser punido pelo mal que causou por livre vontade. • Escola positiva: o criminoso analisado sob o ponto de vista biológico, tido como um ser primitivo, atávico, refém de sua própria deformação patológica. A patologia inerente ao criminoso, não raro, é de natureza hereditária. A concepção positivista não admite o livre-arbítrio do homem. São fatores internos (endógenos ou biológicos) e externos (exógenos ou sociais) que alteram o comportamento do indivíduo. Para os positivistas, o delinquente era escravo do determinismo biológico (patologias levam o indivíduo a se tornar criminoso) ou do determinismo social (o ambiente social leva o indivíduo a se tornar criminoso). Atavismo é o reaparecimento de uma determinada característica no organismo depois de várias gerações de ausência. • Escola correcionalista: considera o criminoso um indivíduo anormal, portador de uma vontade reprovável. Trata-se de um ser inferior que não consegue gozar da liberdade que lhe é conferida. Cabe ao Estado proporciona-lhe os meios para a sua total recupe- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA ração, já que se trata de um ser inferior e incapaz de gerir os seus atos. A despeito da sua pouquíssima importância no Brasil, a proteção ao menor infrator no Brasil pode ser citada como exemplo de uma influência da escola correcionalista no país. • Filosofia marxista: o criminoso é vítima inocente da sociedade e das estruturas econô- micas. Sendo assim, a condição econômica a que o meio social submete o indivíduo o conduz à prática criminosa. A culpa pela prática do crime é, desta forma, do meio social e não do criminoso propriamente dito14. Temos na concepção marxista uma espécie de determinismo econômico. Questão 4 A criminologia, diante do fenômeno do delito, na busca de conhecer fatores cri- minógenos, traça um paralelo entre vítima e criminoso. Partindo dessa premissa dual, cha- mada por Mendelsohn de “dupla-penal”, extraem-se importantes situações fenomenológi- cas. Acerca desses estudos, julgue o item seguinte. Na visão do marxismo, a responsabilidade pelo crime recai sobre a sociedade, tornando o infrator vítima do determinismo social e econômico. Certo. Na visão marxista, o capitalismo é a base da criminalidade, pois fomenta o egoísmo e este, por seu turno, leva o indivíduo a delinquir. As transgressões são o resultado das desigualda- des geradas por uma sociedade capitalista e a solução depende da transformação da própria sociedade, promovendo-se a igualdade política e social. 14 MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 17. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Criminoso Escola Clássica: criminoso é um pecador. Escola Positiva: Criminoso é um ser primitivo, atávico. Escola Correcionalista: o criminoso um indivíduo anormal, portador de uma von- tade reprovável. Cabe ao Estado proporciona-lhe os meios para a sua total recu- peração. Filosofia Marxista: o criminoso é vítima inocente da sociedade e das estruturas econômicas. 3.3. vítIma Do ponto de vista doutrinário, a vítima pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que tenha sofrido uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado. Um ponto relevante do objeto de estudo da criminologia, mas que foi relegado a um plano inferior nos últimos dois séculos, é a vítima. O seu papel na dinâmica delitiva foi praticamente desprezado, figurando apenas como uma peça insignificante na existência do delito. Neste período sombrio, o objeto central da persecução penal era o infrator, sendo todo o processo direcionado para a sua punição com o objetivo de, através desta punição, prevenir o delito. Os estudos criminológicos, porém, resgataram a importância da vítima, notadamente na segunda metade do século XX. Surge, então, uma nova disciplina (ou ciência, para alguns), a Vitimologia. O estudo da vítima passa por três fases históricas: a “idade do ouro”, “a neutralização do poder da vítima” e a “revalorização do papel da vítima”. • A idade do ouro: abrange desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média. Neste período, a vítima era muito respeitada e valorizada, a ponto de deter o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA poder de escolher a forma como seria solucionado o problema decorrente do delito que a vitimou, seja através da vingança ou da compensação em relação ao seu agressor. É um período marcado pela autotutela e pela lei de talião. • Neutralização do poder da vítima: o Estado assume o monopólio do poder punitivo es- vaziando, assim, o papel da vítima e seu poder de reação no conflito. A vítima passa a ser vista como uma testemunhade menor importância, porquanto, em tese, teria inte- resse na condenação do acusado. • Revalorização do papel da vítima: a partir da escola clássica, a importância da vítima é retomada sob um enfoque mais humano por parte do Estado 3.3.1. Processo de Vitimização A vitimização é um processo, um caminho, ou ainda uma sequência contínua de fatos que fazem com que um indivíduo qualquer se torne uma vítima. Obviamente que se trata de um processo inerente às relações humanas, mais especificamente no que tange às relações de poder. O processo de vitimização pode ser classificado da seguinte forma: • Vitimização primária: é aquela que decorre diretamente da prática do crime. Provoca danos materiais, físicos e psicológicos. Ex.: Pessoa ferida no crime de lesão corporal. • Vitimização secundária: também conhecida como sobrevitimização, decorre do sofri- mento adicional gerado à vítima pelo processo penal. Como se não bastassem os da- nos materiais, físicos e psicológicos ocasionados pelo crime, a dinâmica da Justiça Criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário) para a apuração do fato ainda causa mais constrangimentos e dores para a vítima do delito. Assim, por exemplo, o in- divíduo que acabou de sofrer as consequências diretas de um crime praticado contra ele (vitimização primária), como por exemplo, um furto, irá passar por um processo de vitimização secundária ao noticiar o fato em uma delegacia de polícia, não raro aguar- dando horas para ser atendido (com chances reais de ser mal atendido), submeter-se O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA a exame de corpo de delito, prestar depoimentos em sede policial e na Justiça etc. É comum durante esta dinâmica, a vítima ser tratada com preconceito, descaso e des- confiança. • Vitimização terciária: provocada pela sociedade, pela comunidade na qual está inserida a vítima, sendo uma decorrência da estigmatização trazida pelo tipo de crime. Ex.: cri- me de estupro cuja vítima sofre preconceito das pessoas que a cercam. 3.3.2. Classificações das Vítimas Consoante Benjamin Mendelsohn, as vítimas podem ser classificadas da seguinte maneira: • Vítima completamente inocente ou vítima ideal. é aquela completamente estranha à ação do delinquente, não tendo qualquer participação no evento criminoso. O delin- quente é o único culpado pela produção do resultado. Exemplos: sequestros e roubos. • Vítima menos culpada do que o delinquente ou vítima por ignorância: é aquela que, de alguma forma, coopera ou contribui para a ocorrência do delito. Ex: Pessoa que fre- quenta locais perigosos expondo seus objetos de valor. • Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator. Ambos podem ser o criminoso ou a vítima. A participação da vítima é indispensável para a caracterização do crime. Exem- plo: Roleta Russa (um só projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tam- bor até um se matar). Outro exemplo são as vítimas do estelionato conhecido como bilhete premiado, onde ocorre a denominada torpeza bilateral, isto é, quando a vítima também age de má-fé, aproveitando a situação para tentar obter lucro ilícito. • Vítima mais culpada que o infrator. Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provoca- doras, que estimulam o autor do crime (homicídio e lesão corporal após injusta agres- são da vítima); as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se con- trolarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor (Ex.: Racha). • Vítima unicamente culpada. a culpa é exclusivamente da vítima. Trata-se de uma mo- dalidade que se subdivide em: – Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA – Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz um indiví- duo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro judiciário; – Vítima imaginária, trata-se de uma pessoa portadora de um grave transtorno mental que, não obstante, pode ser capaz de levar o judiciário à erro. Ela imputa, a alguém, a autoria de um crime que nunca existiu, a não ser na própria cabeça do enfermo mental. Questão 5 (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR/2018)15As vítimas podem ser classificadas da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabilidade menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais cul- pada que o infrator e vítima unicamente culpada. No estudo da vitimologia, essa classificação é atribuída a: a) Benjamin Mendelsohn. b) Enrico Ferri. c) Cesare Bonesana. d) Cesare Lombroso. e) Raffaele Garofalo. 15 Letra a. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Vítima Fases Históricas Processo de Vitimiza- ção Classificação das Vítimas Idade do ouro: vítima valorizada com poder de escolher a forma como vai solucionar o conflito (vingança ou compensação) Vitimização Primária: decorre diretamente da prática do crime. Vítima completamente inocente: ou vítima ideal. é aquela com- pletamente estranha à ação do delinquente; Menos culpada que o infrator: é aquela que, de alguma forma, coopera ou contribui para a ocor- rência do delito Neutralização do poder da vítima: a vítima é uma tes- temunha de menor importância. Vitimização Secundária: sofri- mento adicional gerado à vítima pela dinâmica da Justiça Criminal. Tão culpada quanto o infrator: Ambos podem ser o criminoso ou a vítima. A participação da vítima é indispensável para a caracteri- zação do crime; Revalorização do papel da vítima: a importância da vítima é retomada sob um enfoque mais humano Vitimização Terciá- ria: estigmatização sofrida pelo crime. Preconceito da socie- dade. Mais culpada que o infrator: vítimas provocadoras, que esti- mulam o autor do crime; as víti- mas por imprudência, que oca- sionam o acidente por não se controlarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor (Ex.: Racha) Unicamente culpada (vítima infratora, vítima simuladora e vítima imaginária) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 3.4. Controle soCIal A vida em sociedade é viável porque existe um sistema de controle do grupo para que os indivíduos não se desviem das normas aceitas. Um conjunto de instituições e sanções sociaisexercem este controle tendo por objetivo a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de convivência social. A expressão “controle social” é usualmente associada à capacidade que uma sociedade tem de se autorregular socialmente, isto é, a sociedade estabelece os instrumentos, mecanis- mos e processos por meio dos quais é possível superar os inevitáveis conflitos decorrentes da convivência humana e, assim, alcançar o comportamento conforme16. O controle social é exercido em várias esferas, por diversas agências, com conteúdos, métodos e fins diferentes, podendo ser traduzido genericamente como um conjunto de me- canismos aptos a produzir no indivíduo um padrão de conduta adequado aos padrões sociais dominantes. Ele pode ser exercido das mais variadas formas, desde as mais brandas (olhar de reprovação do pai), até as mais severas (pena de privação de liberdade), de abrangência difusa ou individual. Trata-se, portanto, de uma condição fundamental e irrenunciável da vida em sociedade. 3.4.1. Classificação do Controle Social Existe uma classificação bastante didática do controle social. Vejamos: • Quanto ao modo de exercício do controle social – Controle social como instrumento de orientação; – Controle social como meio de fiscalização do comportamento social da pessoa. • Quanto ao destinatário do controle social – Controle social difuso: direcionado a toda a sociedade; – Controle social localizado: direcionado a grupos estigmatizados, como ciganos etc. 16 VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 181. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA • Quanto aos agentes fiscalizadores – Controle formal: de viés político-criminal, é o controle exercido pelo próprio Estado e seus agentes. Tem um caráter repressivo. Ex.: Polícia, Ministério Público, Sistema Penitenciário e Poder Judiciário. – Controle informal: é o controle exercido pela sociedade civil, sob uma perspectiva pedagógica e preventiva. Ex.: família, igreja, escola, trabalho, clubes de serviços etc.) – Esta classificação é muito cobrada em concurso. Fique ligado!! 3.4.1. Formas de Controle Social • Sanções formais: aplicadas pelo Estado, podendo ser de natureza cível, administrativa ou penal; • Sanções informais: sem força coercitiva; • Controle positivo: prêmios e incentivos; • Controle negativo: reprovações com imposição de sanções. Este sistema de controle positivo e negativo é muito comum no sistema educacional, na medida em que os alu- nos são premiados quando executam suas tarefas, por exemplo; • Controle interno: espécie de autodisciplina. Desde criança aprendemos regras sociais que são internalizadas e nos orientam ao longo da vida; • Controle externo: ocorre por ação da sociedade ou do Estado, a partir do momento em que o controle interno falha; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Controle Social Classificação Formas Quanto ao modo de exercício Cs como instrumento de orientação; Cs como meio de fiscalização; Sanções formais; Sanções informais; Controle positivo; Controle negativo; Controle interno; Controle externo. Quanto ao destinatário Cs difuso; Cs localizado; Quanto aos agentes fiscalizadores Cs formal; Cs informal; 4. funções da CrImInologIa A função basilar da criminologia é fornecer um diagnóstico qualificado e conjuntural so- bre o fenômeno criminal. Em outras palavras, a função linear da criminologia é a junção de múltiplos conhecimentos relacionados ao crime, ao delinquente, à vítima e ao controle social, objetivando informar à sociedade e ao poder público, bem como compreender cientificamente o fenômeno criminal para prevenir a criminalidade e intervir com eficácia no criminoso. Paulo Sumariva17 apresenta o papel da criminologia sob três enfoques: • Explicação científica do fenômeno criminal • Prevenção do delito • Intervenção no homem delinquente 5. CrImInologIa e PolítICa CrImInal A expressão política criminal vem sendo utilizada desde o século XVIII em vários sentidos, predominando atualmente um conceito que lhe atribui a função de estabelecer a forma como devem se configurar a legislação e a jurisprudência com o objetivo de se promover uma pro- teção mais eficaz da sociedade18. 17 SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 10. 18 ZAFFARONI, E. Raúl et al. Direito Penal Brasileiro – I.Rio de Janeiro. Revan. 2013, p. 274. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Cleber Masson assevera que a política criminal é uma ciência independente que tem por escopo a apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal, constituindo uma ponte entre a teoria jurídico-penal e a realidade19. A Política Criminal tem por finalidade estabelecer estratégias e meios de controle social da criminalidade, caracterizando-se pela posição de vanguarda em relação ao direito vigente, na medida em que sugere e orienta reformas à legislação positivada20. É notória a dificuldade de se estabelecer uma relação entre criminologia e política criminal quando a criminologia é concebida como uma ciência crítica e não apenas como uma ciência exclusivamente empírica. Neste sentido, ao discorrer sobre a relação entre criminologia e po- lítica criminal, Juan Bustos Ramírez adverte que21: Tornam-se difíceis os termos da relação quando se compreende a criminologia como uma ciência crítica, já que então ambas tendem a coincidir enquanto consideram a legislação do ponto de vista dos objetivos do Estado. Ademais, haveria a crítica quanto à reforma do direito penal em geral. A diferença residiria no fato de que a política criminal implica a estratégia adota dentro do Estado, a respeito da criminalidade. Nesse sentido, a criminologia converter-se-ia, em face da política cri- minal, em uma ciência de referência para que esta, com base em seu material, pudesse configurar suas estratégias de atuação. Podemos afirmar, então, que a criminologia fundamenta estratégias de ação no campo político-criminal, fornecendo indicativos e dados concretos que têm por finalidade orientar as ações do Estado no controle da criminalidade, levando, por conseguinte, a inovações na esfe- ra legislativa. Como bem observado por Jorge de Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade, “é a partir do que é que a criminologia avança juízos de dever-ser; e é a partir do que deve ser que a política criminal se propõe transformar o que é”22. 19 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol. 1. Parte Geral. São Paulo. Método. 2014, p. 13. 20 BRUNO, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967, p. 41. 21 BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora Renavan. 2014,p. 46. 22 DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena. Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 112. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA 5.1. dIreIto Penal A criminologia é uma ciência que estuda a criminalidade, não se confundindo com o di- reito penal, muito embora nutra com ele uma estreita relação. Aliás, as diferenças existentes não afastam a convergência fundamental entre a criminologia e o direito penal no que diz respeito ao problema criminal que cada uma das disciplinas se propõe analisar, consoante sua aparelhagem metodológica e suas metas específicas23. Ambas se dedicam ao estudo do crime, mas sob um enfoque diferente. O direito penal é um instrumento de controle social que estabelece proibições normativas denominadas infrações penais, cuja finalidade é a proteção dos bens jurídicos mais importantes ao convívio em sociedade. Já a criminologia cuida de diagnosticar o fenômeno criminal, sugerindo programas, diretrizes e estratégias de controle do fenômeno criminal. A prevenção do delito é um dos principais objetivos da criminologia moderna. No final do Século XIX, Enrico Ferri destacou a relação entre o direito penal e a crimino- logia, demonstrando a importância de cada uma delas. Obviamente não há concorrência ou oposição entre a criminologia e o direito penal, mas sim uma atuação complementar24 nos estudos relacionados ao crime, preservando, cada qual, a sua autonomia. Juan Bustos Ramírez, citando Cobo Del Rosal e Vives Antón, destaca que a criminologia e o direito penal são duas disciplinas que buscam o mesmo objetivo, porém, através de meios diferentes. O direito penal parte das normas jurídicas-penais. A criminologia parte do conhe- cimento da realidade. A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo físico. Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência normativa e valorativa25. 23 DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena. Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 101. 24 O saber criminológico está mais próximo da realidade que cerca o fenômeno criminal, possibilitando o acesso a dados, estatísticas e estudos que revelam a eficácia ou não da aplicação da lei penal. Ou seja, a criminologia a teoria da prática, o dogma da realidade fática. 25 BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora Renavan. 2014, p. 44. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA Criminologia Direito Penal Ciência do “ser” (estuda “o que é”) Ciência do “dever-ser” (estuda o que “deve ser”) Ciência empírica Ciência valorativa Objeto constatável no mundo físico Objeto constatável no mundo dos valores Ciência fundamentada na observação e na experiência Ciência normativa 5.2 CIênCIa total do dIreIto Penal A criminologia, o direito penal e a política criminal formam uma doutrina que Von Lizst denominou CIÊNCIA TOTAL DO DIREITO PENAL. Foi a necessidade da máxima aproximação do direito penal à realidade que impôs a interação desses três ramos do conhecimento. Von Lizst destacou a importância deste conhecimento total das ciências criminais, o qual confere uma estrutura mais complexa ao direito penal, fundindo dogmática, criminologia e política criminal. São três vertentes singulares que interagem formando os pilares do sistema das ciências criminais, atuando de forma inseparável e interdependente. O papel exercido por cada um destes saberes no sistema criminal é destacado por Lélio Braga Calhau26: A criminologia deve incumbir-se, assim, de fornecer substrato empírico do sistema, seu fundamen- to científico; a política criminal, de transformar a experiência criminológica em opões e estratégias concretas de controle da criminalidade; por último, o direito penal deve encarregar-se de converter em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias, o saber criminológico esgrimido pela política cri- minal... Vejamos no quadro abaixo um exemplo de atuação sistêmica da criminologia, da política criminal e do direito penal. 26 CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 27/28. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL DIREITO PENAL Por que aumentaram os índi- ces de violência contra mulher em determinado local? Sugere alterações na legisla- ção para endurecer as penas deste tipo de violência, bem como, de acordo com as causas apontadas pela cri- minologia, sugere políticas sociais de conscientização e educação de potenciais auto- res e vítimas desta modali- dade de violência. Aumenta a pena para casos de violência física, psicológica etc. contra a mulher. Obs.: � Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o direito penal estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto, a partir de critérios e métodos autônomos. QUADRO SINÓPTICO Funções da criminologia Explicação científica do fenômeno criminal Prevenção do delito Intervenção no homem delinquente Criminologia e política criminal Criminologia fundamenta estratégias de ação no campo político-cri- minal, fornecendo indicativos e dados concretos que têm por finalidade orientar as ações do Estado no controle da criminalidade, levando, por conseguinte, a inovações na esfera legislativa Direito penal A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo físico. Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência normativa e valorativa Ciência total do direito penal Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o direito penal estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto, a partir de critérios e métodos autônomos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDMAR CORREIA DA SILVA - 00602268117, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 53www.grancursosonline.com.br Humberto Brandão Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal CRIMINOLOGIA QUESTÕES DE CONCURSO Questão 1 (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE