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Região cervical

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Região cervical 
1. Rever a morfofisiologia da região cervical (ossos, músculos, articulações e ligamentos)
A coluna vertebral é composta por uma série de ossos chamados vértebras, é composta de osso e tecido conjuntivo; a medula espinal que ela encerra e protege consiste em tecido nervoso e conjuntivo. Ela atua como uma forte haste flexível com elementos que podem promover movimentos em direção anterior, posterior, lateral e ainda de rotação. Além de encerrar e proteger a medula espinal, a coluna vertebral sustenta a cabeça e serve de ponto de fixação para as costelas, o cíngulo dos membros inferiores e músculos do dorso e membros superiores. 

No adulto, a coluna vertebral normalmente tem 33 vértebras, organizadas em cinco regiões: 7 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. Só há movimento significativo entre as 25 vértebras superiores. Das 9 vértebras inferiores, as 5 vértebras sacrais estão fundidas nos adultos formando o sacro e, após aproximadamente 30 anos de idade, as 4 vértebras coccígeas se fundem para formar o cóccix. 
Vértebras 
A vértebra típica consiste em um corpo vertebral, um arco vertebral e sete processos. 
As vértebras cervicais formam o esqueleto do pescoço, são as menores das 24 vértebras móveis e estão localizadas entre o crânio e as vértebras torácicas. O tamanho menor reflete o fato de sustentarem menos peso do que as vértebras inferiores maiores. Embora os discos intervertebrais cervicais sejam mais finos do que aqueles das regiões inferiores, são relativamente espessos em comparação ao tamanho dos corpos vertebrais que unem. A espessura relativa dos discos intervertebrais, a orientação quase horizontal das faces articulares e a pequena massa corporal adjacente dão à região cervical a maior amplitude e variedade de movimento de todas as regiões vertebrais.
O atributo mais característico das vértebras cervicais é o forame transversário oval no processo transverso. As artérias vertebrais e suas veias acompanhantes atravessam os forames transversários, exceto em C VII, onde dão passagem apenas a pequenas veias acessórias. Assim, em C VII os forames são menores do que nas outras vértebras cervicais, e algumas vezes estão ausentes. 
Os processos transversos das vértebras cervicais terminam lateralmente em duas projeções: um tubérculo anterior e um tubérculo posterior. Os tubérculos dão fixação a um grupo de músculos cervicais laterais (levantadores da escápula e escalenos). Os ramos anteriores dos nervos espinais cervicais seguem inicialmente sobre os processos transversos nos sulcos do nervo espinal entre os tubérculos. Os tubérculos anteriores da vértebra C6 são chamados de tubérculos caróticos porque as artérias carótidas comuns podem ser comprimidas nesse local, no sulco entre o tubérculo e o corpo, para controlar o sangramento desses vasos. O sangramento pode continuar em vista das múltiplas anastomoses de ramos distais da artéria carótida com ramos adjacentes e contralaterais, porém com menor intensidade. 
As vértebras C III a C VII são vértebras cervicais típicas. Elas têm grandes forames vertebrais para acomodar a intumescência cervical da medula espinal em consequência do papel dessa região na inervação dos membros superiores. As margens superiores dos corpos alongados transversalmente das vértebras cervicais são elevadas posteriormente e em especial lateralmente, mas são deprimidas anteriormente, assemelhando-se a um banco esculpido.
A margem inferior do corpo vertebral situado acima tem formato recíproco. As vértebras cervicais adjacentes articulam-se de um modo que permite flexão e extensão livres e alguma flexão lateral, mas a rotação é restrita. As faces articulares planas, quase horizontais, dos processos articulares também são favoráveis a esses movimentos. A margem superolateral elevada é o unco do corpo da vértebra. 
Os processos espinhosos das vértebras C III a C VI são curtos e geralmente bífidos em pessoas brancas, sobretudo homens, mas isso não é tão comum em pessoas de ascendência africana nem nas mulheres (Duray et al., 1999). C VII é uma vértebra saliente caracterizada por um processo espinhoso longo. Em função desse processo saliente, C VII é chamada de vértebra proeminente. Passe o dedo ao longo da linha mediana da face posterior de seu pescoço até encontrar o processo espinhoso saliente de C VII. É o processo espinhoso mais proeminente em 70% das pessoas. 
As duas vértebras cervicais superiores são atípicas. A vértebra C I, também denominada atlas, é singular porque não tem corpo nem processo espinhoso. Esse osso anular tem um par de massas laterais que ocupam o lugar de um corpo, sustentando o peso do crânio globoso, de maneira semelhante à forma como Atlas, da mitologia grega, sustentava o peso do mundo sobre seus ombros. Os processos transversos do atlas originam-se das massas laterais, fazendo com que estejam posicionados lateralmente em relação aos das vértebras inferiores. Essa característica torna o atlas a mais larga das vértebras cervicais, o que proporciona maior alavanca para os músculos fixados. As faces articulares superiores côncavas e reniformes das massas laterais articulam-se com duas grandes protuberâncias cranianas, os côndilos occipitais nas laterais do forame magno. Os arcos anterior e posterior, cada um possuindo um tubérculo no centro de sua face externa, estendem-se entre as massas laterais, formando um anel completo. O arco posterior, que corresponde à lâmina de uma vértebra comum, tem um largo sulco da artéria vertebral em sua face superior. O nervo C1 também segue nesse sulco. 
A vértebra C II, também denominada áxis, é a mais forte das vértebras cervicais. C I, que sustenta o crânio, gira sobre C II (p. ex., quando a pessoa diz “não” com a cabeça). O áxis tem duas grandes faces planas de sustentação, as faces articulares superiores, sobre as quais gira o atlas. A característica que distingue C II é o dente rombo, que se projeta do seu corpo para cima. Tanto o dente quanto a medula espinal no interior de seu revestimento (meninges) são circundados pelo atlas. 
O dente situa-se anteriormente à medula espinal e serve como eixo em torno do qual ocorre a rotação da cabeça. O dente é mantido em posição contra a face posterior do arco anterior do atlas pelo ligamento transverso do atlas (Figura 4.6B). Esse ligamento estende-se de uma massa lateral do atlas até a outra, passando entre o dente e a medula espinal, formando a parede posterior do “bocal” que recebe o dente. Assim, impede o deslocamento posterior (horizontal) do dente e o deslocamento anterior do atlas. Qualquer deslocamento comprometeria a parte do forame vertebral de C I que dá passagem à medula espinal. C II tem um grande processo espinhoso bífido que pode ser palpado profundamente no sulco nucal, o sulco vertical superficial no dorso do pescoço.
Tortora 
Os corpos das vértebras cervicais (C I a C VII) são menores que os das outras vértebras, exceto aquelas que formam o cóccix. Seus arcos vertebrais, no entanto, são maiores. Todas as vértebras cervicais apresentam três forames: um forame vertebral e dois forames transversos. Os forames vertebrais das vértebras cervicais são os mais largos da coluna espinal porque alojam a intumescência cervical da medula espinal. Cada processo transverso cervical contém um forame transversário, através do qual passam a artéria vertebral e sua veia acompanhante, além de fibras nervosas. Os processos espinhosos de C II a C VI são muitas vezes bífidos – isto é, se ramificam em duas projeções pequenas nas extremidades. 
As duas primeiras vértebras cervicais são consideravelmente diferentes das outras. O atlas (C I), uma referência à figura mitológica de Atlas, que sustentava o mundo nos ombros, é a primeira vértebra cervical abaixo do crânio. O atlas é um anel ósseo com arco anterior e arco posterior e grandes massas laterais. Não apresenta corpo nem processo espinhoso. As superfícies superiores das massas laterais, chamadas faces articulares superiores, são côncavas e se articulam comos côndilos occipitais do occipital para formar o par de articulações atlantoccipitais. Essas articulações possibilitam o movimento de anuência. As superfícies inferiores das massas laterais, as faces articulares inferiores, se articulam com a segunda vértebra cervical. Os processos transversos e os forames transversos do atlas são bastante grandes. 
A segunda vértebra cervical (C II), o áxis, apresenta corpo vertebral. Um processo chamado dente ou processo odontoide se projeta superiormente pela porção anterior do forame vertebral do atlas. O dente serve de eixo em torno do qual a cabeça faz rotação. Esse arranjo possibilita o movimento lateral da cabeça, como quando se quer fazer o sinal de “não”. A articulação formada entre o arco anterior do atlas e o dente do áxis, e entre suas faces articulares, é chamada de articulação atlantoaxial. Em algumas situações de trauma, o dente do áxis pode ser projetado contra o bulbo, sendo esse tipo de lesão a causa usual de morte das lesões por mecanismo de chicote (lesão por flexão­extensão súbitas). 
A terceira, a quarta, a quinta e a sexta vértebras cervicais (C III a C VI), correspondem ao padrão estrutural de uma vértebra cervical típica previamente descrita. A sétima vértebra cervical (C VII), chamada de vértebra proeminente, é um tanto diferente, revelando um processo espinhoso grande e não bífido que pode ser percebido e palpado na base do pescoço, mas, sob outros aspectos, é típica.
Articulações e ligamentos 
As vértebras adjacentes estão conectadas por duas articulações intervertebrais:
Discos intervertebrais - articulações fibrocartilaginosas (sínfises) interpostas entre os corpos vertebrais 
Articulações zigoapofisárias - (articulações facetárias) formadas pelos processos articulares superior e inferior das vértebras adjacentes
Articulações do corpo vertebral
As articulações dos corpos vertebrais são sínfises (articulações cartilagíneas secundárias) destinadas a sustentação de peso e resistência. As faces articulares das vértebras adjacentes são unidas por discos intervertebrais e ligamentos.
A coluna vertebral é flexível porque é formada por muitos ossos relativamente pequenos, chamados vértebras, que são separados por discos intervertebrais elásticos. Cada disco apresenta um anel fibroso externo composto de fibrocartilagem chamado de anel fibroso e uma substância interna macia e altamente elástica chamada de núcleo pulposo. As faces superior e inferior do disco são cobertas por uma fina lâmina de cartilagem hialina. Não há disco intervertebral entre as vértebras C I e C II. A espessura é mais uniforme na região torácica. Os discos são mais espessos na parte anterior nas regiões cervical e lombar, e a variação de formatos é responsável pelas curvaturas secundárias da coluna vertebral.
 As “articulações” uncovertebrais* (fendas de Luschka) costumam se desenvolver entre os uncos dos corpos das vértebras C III ou C IV–C VI ou C VII e as faces inferolaterais biseladas dos corpos vertebrais superiores a elas após os 10 anos de idade. As articulações estão situadas nas margens lateral e posterolateral dos discos intervertebrais. As faces articulares dessas estruturas semelhantes a articulações são cobertas por cartilagem umedecida por líquido contido em um espaço virtual interposto, ou “cápsula”. Alguns as consideram articulações sinoviais; outros, espaços degenerativos (fendas) nos discos ocupados por líquido extracelular. As “articulações” uncovertebrais são locais frequentes de surgimento de osteófitos numa idade mais avançada, podendo causar dor cervical.
O ligamento longitudinal anterior é uma faixa fibrosa forte e larga que cobre e une as faces anterolaterais dos corpos vertebrais e discos intervertebrais. O ligamento estende-se longitudinalmente da face pélvica do sacro até o tubérculo anterior da vértebra C I e o osso occipital anteriormente ao forame magno são as partes superiores, os ligamentos atlantoaxial e atlantoccipital anteriores. Embora seja mais espesso na face anterior dos corpos vertebrais (as ilustrações costumam mostrar apenas essa parte), o ligamento longitudinal anterior também cobre as faces laterais dos corpos até o forame intervertebral. Esse ligamento impede a hiperextensão da coluna vertebral, mantendo a estabilidade das articulações entre os corpos vertebrais. O ligamento longitudinal anterior é o único ligamento que limita a extensão; todos os outros ligamentos intervertebrais limitam formas de flexão. 
O ligamento longitudinal posterior é uma faixa muito mais estreita, um pouco mais fraca, do que o ligamento longitudinal anterior. O ligamento longitudinal posterior segue dentro do canal vertebral ao longo da face posterior dos corpos vertebrais. Está fixado principalmente aos discos intervertebrais e menos às faces posteriores dos corpos vertebrais de C II ao sacro, frequentemente unindo gordura e vasos entre o ligamento e a superfície óssea. Esse ligamento resiste pouco à hiperflexão da coluna vertebral e ajuda a evitar ou redirecionar a herniação posterior do núcleo pulposo. É bem suprido por terminações nervosas nociceptivas (de dor).
Articulações dos arcos vertebrais 
 As vértebras cervicais, torácicas, lombares e a primeira sacral, ao todo 25, também se articulam nas articulações dos processos articulares (zigapofisárias), que facilitam e controlam a flexibilidade da coluna vertebral. Embora o movimento entre duas vértebras adjacentes seja pequeno, em conjunto as vértebras e os discos intervertebrais que as unem formam uma coluna bastante flexível, porém sólida, que protege a medula espinal circundada por eles.
As articulações dos arcos vertebrais são as articulações dos processos articulares ou zigapofisárias (articulações facetárias). Estas são articulações sinoviais planas entre os processos articulares superiores e inferiores de vértebras adjacentes. Cada articulação é circundada por uma cápsula articular fina. Na região cervical, elas são mais finas e frouxas, refletindo a grande amplitude de movimento. A cápsula articular é fixada às margens das faces articulares dos processos articulares de vértebras adjacentes. Ligamentos acessórios unem as lâminas, processos transversos e processos espinhosos e ajudam a estabilizar as articulações. 
As articulações dos processos articulares permitem movimentos de deslizamento entre os processos articulares; o formato e a disposição das faces articulares determinam os tipos de movimento possíveis. A amplitude de movimento é determinada pelo tamanho do disco intervertebral em relação ao tamanho do corpo vertebral. Nas regiões cervical e lombar essas articulações sustentam algum peso, compartilhando a função com os discos intervertebrais, sobretudo durante a flexão lateral. 
As articulações dos processos articulares são inervadas por ramos articulares que se originam dos ramos mediais dos ramos posteriores dos nervos espinais. Como esses nervos seguem em direção posteroinferior, situam-se em sulcos nas faces posteriores das partes mediais dos processos transversos. Cada ramo articular inerva duas articulações adjacentes; portanto, cada articulação é suprida por dois nervos. 
LIGAMENTOS ACESSÓRIOS DAS ARTICULAÇÕES INTERVERTEBRAIS 
As lâminas de arcos vertebrais adjacentes são unidas por faixas largas e amarelo-claras de tecido elástico, denominadas ligamentos amarelos. Esses ligamentos estendem-se quase verticalmente entre a lâmina superior e a lâmina inferior, e os ligamentos de lados opostos encontram-se e fundem-se na linha mediana. Os ligamentos amarelos unem as lâminas das vértebras adjacentes, formando seções alternadas da parede posterior do canal vertebral. São ligamentos longos, finos e largos na região cervical, tornam-se mais espessos na região torácica e têm espessura máxima na região lombar. Esses ligamentos resistem à separação da lâmina vertebral por limitação da flexão abrupta da coluna vertebral, evitando, assim, a lesão dos discos intervertebrais. Os ligamentos amarelos, fortes e elásticos, ajudam a preservar as curvaturas normais da coluna vertebrale auxiliam na extensão da coluna após a flexão. 
Os processos espinhosos adjacentes são unidos por ligamentos interespinais fracos, muitas vezes membranáceos, e por ligamentos supraespinais fortes e fibrosos. Os finos ligamentos interespinais unem processos espinhosos adjacentes, fixando-se da raiz até o ápice de cada processo. Os ligamentos supraespinais, semelhantes a cordões, unem as extremidades dos processos espinhosos desde C VII até o sacro e fundem-se na parte superior com o ligamento nucal na região cervical posterior (Figura 4.18A). Ao contrário dos ligamentos interespinais e supraespinais, o ligamento nucal, forte e largo, é constituído de tecido fibroelástico espesso, que se estende como uma faixa mediana desde a protuberância occipital externa e a margem posterior do forame magno até os processos espinhosos das vértebras cervicais. Em razão do curto comprimento e da profundidade dos processos espinhosos de C III a C V, o ligamento nucal é o local de fixação dos músculos que se fixam nos processos espinhosos das vértebras em outros níveis. Os ligamentos intertransversários, que unem processos transversos adjacentes, consistem em fibras dispersas na região cervical e cordões fibrosos na região torácica. Na região lombar esses ligamentos são finos e membranáceos. 
ARTICULAÇÕES CRANIOVERTEBRAIS 
Existem dois grupos de articulações craniovertebrais, as articulações atlantoccipitais, formadas entre o atlas (vértebra C I) e o occipital no crânio, e as articulações atlantoaxiais, entre o atlas e o áxis (vértebra C II). A palavra grega atlanto refere-se ao atlas (vértebra C I). As articulações craniovertebrais são articulações sinoviais que não têm discos intervertebrais. Sua arquitetura permite uma amplitude de movimento maior do que o restante da coluna vertebral. As articulações incluem os côndilos occipitais, o atlas e o áxis.
Articulações atlantoccipitais. As articulações situam-se entre as faces articulares superiores das massas laterais do atlas e os côndilos occipitais. Essas articulações permitem acenar com a cabeça, como na flexão e extensão da cabeça indicativa de aprovação. Essas articulações também possibilitam a inclinação lateral da cabeça. O principal movimento é de flexão, com leve flexão lateral e rotação. São articulações sinoviais do tipo elipsóideo e têm cápsulas articulares finas e frouxas. 
O crânio e C I também estão unidos por membranas atlantoccipitais anterior e posterior, que se estendem dos arcos anterior e posterior de C I até as margens anterior e posterior do forame magno. As membranas anteriores são formadas por fibras largas e densamente entrelaçadas (sobretudo na parte central, onde são contínuas com o ligamento longitudinal anterior). As membranas posteriores são largas, mas relativamente fracas. As membranas atlantoccipitais ajudam a evitar o movimento excessivo das articulações atlantoccipitais. 
Articulações atlantoaxiais. Existem três articulações atlantoaxiais: duas articulações atlantoaxiais laterais (direita e esquerda) (entre as faces inferiores das massas laterais de C I e as faces superiores de C II), e uma articulação atlantoaxial mediana (entre o dente de C II e o arco anterior do atlas). As articulações atlantoaxiais laterais são sinoviais planas, enquanto a articulação atlantoaxial mediana é trocóidea.
O movimento das três articulações atlantoaxiais permite que a cabeça gire de um lado para outro, como ocorre ao girar a cabeça para indicar desaprovação (o movimento de “não”). Durante esse movimento, o crânio e C I giram sobre C II como uma unidade. Durante a rotação da cabeça, o dente de C II é o eixo ou pivô, que é mantido em uma cavidade ou colar formado anteriormente pelo arco anterior do atlas e posteriormente pelo ligamento transverso do atlas; essa faixa resistente estende-se entre os tubérculos nas faces mediais das massas laterais da vértebra C I.
Fascículos longitudinais superiores e inferiores com orientação vertical, porém muito mais fracos, seguem do ligamento transverso do atlas até o occipital superiormente e até o corpo de C II inferiormente. O ligamento cruciforme do atlas, assim denominado em razão de sua semelhança com uma cruz, é formado pelo ligamento transverso do atlas junto com os fascículos longitudinais. 
Os ligamentos alares estendem-se das laterais do dente do áxis até as margens laterais do forame magno. Esses cordões arredondados e curtos, com diâmetro aproximado de 0,5 cm, fixam o crânio à vértebra C I e servem como ligamentos de contenção, evitando a rotação excessiva nas articulações. 
A membrana tectória é a forte continuação superior do ligamento longitudinal posterior que se alarga e segue posteriormente sobre a articulação atlantoaxial mediana e seus ligamentos. Segue superiormente a partir do corpo de C II, atravessa o forame magno e se fixa à parte central do assoalho da cavidade craniana, formado pela face interna do osso occipital.
A mobilidade da coluna vertebral decorre principalmente da compressibilidade e elasticidade dos discos intervertebrais. A coluna vertebral faz movimentos de flexão, extensão, flexão e extensão laterais, e rotação (torção). A flexão da coluna vertebral para a direita ou esquerda a partir da posição neutra (ereta) é a flexão lateral; o retorno à postura ereta a partir de uma posição de flexão lateral é a extensão lateral. A amplitude de movimento da coluna vertebral é limitada por: Espessura, elasticidade e compressibilidade dos discos intervertebrais. Formato e orientação das articulações dos processos articulares Tensão das cápsulas articulares das articulações dos processos articulares Resistência dos músculos e ligamentos do dorso (p. ex., os ligamentos amarelos e o ligamento longitudinal posterior) Fixação à caixa torácica Volume de tecido adjacente.
A orientação das articulações dos processos articulares permite alguns movimentos e restringe outros. Com exceção talvez de C I–C II, nunca há movimento isolado em um único segmento da coluna. A flexão da coluna vertebral é máxima na região cervical. A flexão e a extensão ocorrem principalmente nas regiões cervical e lombar. A rotação ocorre nas regiões cervical e torácica. 
Curvaturas da coluna vertebral: As curvaturas primárias (cifoses torácica e sacral) são formadas durante o desenvolvimento; as curvaturas secundárias (lordoses cervical e lombar) são decorrentes da postura ereta humana. As curvaturas oferecem resiliência (absorção de choque e flexibilidade) ao esqueleto axial. Os músculos extensores do dorso e os flexores abdominais proporcionam sustentação dinâmica para manter as curvaturas. 
Músculos 
Vários músculos atuam durante a movimentação cervical e alguns relacionam-se com os movimentos respiratórios. 
O músculo trapézio origina-se na linha nucal superior e apófises espinhosas das vértebras cervicais e torácicas e insere-se na clavícula, espinha da escápula e acrômio; pode ser dividido em uma porção rostral, uma média e outra caudal. A porção rostral eleva a clavícula, e conseqüentemente, a escápula e a desloca para trás, enquanto a porção média, aduz a escápula e, a porção caudal estabiliza a escápula enquanto a porção rostral está agindo. 
O músculo esternocleidomastóideo é composto por duas porções, uma esternal e outra clavicular. A primeira origina-se no esterno e, a segunda, na clavícula. Ambas inserem-se na mastóide. Este músculo causa rotação contralateral do pescoço e elevação contralateral do segmento cefálico. 
O músculo esplênio da cabeça origina-se nos processos espinhosos de C3 a T3 e inserese na linha nucal superior e na mastóide. 
O esplênio do pescoço origina-se nos processos espinhosos T3 ou T4 à T6 e insere-se nos processos espinhosos das primeiras vértebras cervicais. 
O músculo elevador da escápula origina-se nos processos transversos das primeiras quatro vértebras cervicais e insere-se no ângulo rostral da escápula. Eleva a escápula e, quando esta está fixa, inclina o pescoço lateralmente. 
Os músculos supraespinhais da cabeça e do pescoço, o longuíssimo da cabeça e o multífidooriginam-se, inserem-se e localizam-se mais profundamente que os descritos anteriormente. Têm como função principal auxiliar a extensão cervical. 
Os músculos retos posteriores e oblíquos profundos localizam-se na região da primeira e segunda vértebras cervicais. 
O músculo escaleno anterior, médio e posterior têm como funções a estabilização da primeira e segunda costelas durante a respiração e estabilização do pescoço, durante a rotação. Apresenta íntima relação anatômica com o plexo braquial, que cursa entre o escaleno anterior e médio. O escaleno anterior origina-se no processo transverso de C3 e 4 e insere-se na primeira costela. O escaleno médio originase nos processos transversos das últimas seis vértebras cervicais e insere-se na primeira costela. O escaleno posterior origina-se nos processos transversos das três últimas vértebras cervicais e insere-se na segunda costela. 
Os músculos do pescoço podem ser divididos em flexores e extensores da cabeça e do pescoço. Os flexores da cabeça são o reto curto anterior e lateral e o músculo longo da cabeça. Os extensores da cabeça são o reto posterior maior e menor, o oblíquo superior e inferior, o longuíssimo da cabeça, o esplênio da cabeça e o semiespinal da cabeça. Os flexores da coluna cervical são o escaleno anterior, médio e posterior e, os extensores, são o esplênio cervical, o semiespinhoso cervical e o longuíssimo cervical. Estes três, em conjunto com o esternocleidomastóideo, são responsáveis pela rotação ipsilateral do pescoço. 
Os músculos infraespinhoso, o elevador da escápula, o trapézio e o multífido participam também da movimentação cervical e do ombro.
Músculo Platisma 
Nervos 
Os nervos espinais estão associados à medula espinal e, como todos os nervos do sistema nervoso periférico (SNP, ou parte periférica do sistema nervoso segundo a Terminologia Anatômica), são feixes paralelos de axônios – e sua neuróglia associada – envolvidos por várias camadas de tecido conjuntivo. Os nervos espinais conectam o SNC a receptores sensitivos, músculos e glândulas em todas as partes do corpo. 
Os 31 pares de nervos espinais são nomeados e numerados de acordo com a região e o nível da coluna vertebral de onde surgem. Nem todos os segmentos da medula espinal estão alinhados com suas vértebras correspondentes. Lembre­se de que a medula espinal termina próximo ao nível da margem superior da segunda vértebra lombar (L II), e que as raízes dos nervos lombares, sacrais e coccígeos se angulam inferiormente para alcançar seus respectivos forames antes de saírem da coluna vertebral. Esta disposição forma a cauda equina. 
O primeiro par de nervos espinais cervicais emerge da medula espinal entre o occipital e o atlas (primeira vértebra cervical, ou C I). A maioria dos nervos espinais restantes sai da medula pelos forames intervertebrais, formados por duas vértebras adjacentes. Os nervos C1–C7 emergem do canal vertebral acima de suas vértebras correspondentes. O nervo espinal C8 sai do canal vertebral entre as vértebras C7 e T1.
Os axônios dos ramos anteriores dos nervos espinais, com exceção dos nervos torácicos T2 a T12, não chegam diretamente às estruturas corporais supridas por eles. Em vez disso, eles formam redes em ambos os lados do corpo, por meio da ligação de vários axônios de ramos anteriores de nervos adjacentes. Esta rede axônica é chamada de plexo. 
O plexo cervical é formado pelas raízes (ramos anteriores) dos primeiros quatro nervos cervicais (C1–C4), com contribuições de C5. Existe uma raiz de cada lado do pescoço, junto com as primeiras quatro vértebras cervicais. 
O plexo cervical supre a pele e os músculos da cabeça, do pescoço e das partes superiores dos ombros e do tórax. Os nervos frênicos originam­se dos plexos cervicais e fornecem fibras motoras que inervam o diafragma. Ramos do plexo cervical também apresentam trajetória junto a dois nervos cranianos, o acessório (XI) e o hipoglosso (XII). 
Medula espinhal- Diâmetro relativamente maior; quantidades relativamente maiores de substância branca; apresenta formato ovalado; nos segmentos cervicais superiores (C1–C4), o corno posterior é maior, mas o corno anterior é relativamente pequeno; nos segmentos inferiores (de C5 em diante), os cornos posteriores são largos e os cornos anteriores, bem desenvolvidos. 
2. Compreender a fisiopatologia e manifestações clínicas da cervicalgia.
Cervicalgia é um problema comum em todo o mundo, pelo menos no mundo industrializado, e constitui causa importante de incapacidade. O pescoço controla os movimentos da cabeça em relação ao resto do corpo. Uma vez que os olhos e os órgãos vestibulares são localizados na cabeça, informações vindas dos mecanorreceptores das estruturas do pescoço são cruciais para interpretar os dados vestibulares e para controlar as funções motoras que dependem das informações visuais. A cervicalgia pode, assim sendo, ter profundas consequências. 
Epidemiologia e economia 
•Anualmente, a cervicalgia afeta entre 30 a 50% da população geral. 
• 15% da população geral experimentarão cervicalgia crônica (>3 meses) em algum momento de suas vidas. 
•Anualmente, entre 11 e 14% da população economicamente ativa experimentarão limitação devida a cervicalgia. 
• A maior prevalência ocorre em doentes de meia idade, e as mulheres são mais afetadas que os homens. 
•Os fatores de risco incluem o trabalho repetitivo, longos períodos de flexão cervical, estresse aumentado no trabalho, fumo, e traumatismos prévios do pescoço e ombros. 
A cervicalgia é a dor no seguimento cervical da coluna. Afeta cerca de 50% dos indivíduos em algum momento da vida e apresenta predileção pelo sexo feminino.
Etiologia 
As dores cervicais e lombares apresentam múltiplas causas já bem definidas. Porém, a real causa da dor não é diagnosticada em um grande número de pacientes, mesmo após vasta investigação clínica/laboratorial e por imagens. A grande maioria constitui, ainda, as chamadas cervicalgias/lombalgias comuns, idiopáticas ou inespecíficas.
Para fins didáticos, podemos classificar as causas de dor em primárias e secundárias. Primárias se fatores locais envolvendo a estrutura da coluna levam à dor, e secundárias se fatores à distância ou não próprios da coluna são os responsáveis pela dor. Podemos ainda dividir as causas em: mecânico-degenerativas (primárias), não mecânicas, psicogênicas, psicossomáticas ou referidas (secundárias).
Causas Mecânico-degenerativas
São relacionadas a alterações da biomecânica na unidade funcional espinhal (UFE), que é a menor unidade de movimento vertebral, constituída por 1 par de vértebras adjacentes, duas articulações sinoviais (zigoapofisárias ou facetárias) e o complexo disco-ligamentar-muscular.
 
1.    Alterações discais
São causas comuns de disfunção mecânica, pois o disco tem a importante função de absorver os impactos e as pressões sofridas pela coluna. Com o seu mau funcionamento, as pressões recebidas se deslocam para outros pontos e estruturas não habilitadas, gerando, assim, lesões permanentes, inflamação e dor.
As alterações discais mais comumente encontradas são discopatias e abaulamentos ou herniações. As discopatias englobam a desidratação discal, as fissuras e as rupturas discais. A desidratação discal é causada pelas alterações dos níveis de proteoglicanos e diminuição de água no núcleo pulposo. As fissuras são lacerações concêntricas do ânulo fibroso, e as rupturas, lacerações radiais. Os abaulamentos e herniações são alterações do contorno discal. Se globais, são chamadas de abaulamentos; se focais, de hérnias.
Hérnia de disco - A hérnia de disco é outra causa comum de radiculopatia compressiva. O disco intervertebral é composto por um anel externo ligamentar resistente e um núcleo pulposo interno gelatinoso. A combinação de pressão intervertebral e degeneração das fibras ligamentares pode levar a uma ruptura no anel, permitindo que o núcleo pulposo prolapse através do anel. Podem ocorrer inflamação e sintomas radiculares se o material prolapso pressionar a raiz nervosa. 
É mais provável quea hérnia de disco resulte em compressão radicular e sintomas radiculares se ocorrer lateralmente, enquanto a compressão da medula espinhal e mielopatia clínica podem ocorrer se houver hérnia de um disco grande da linha média. 
Em uma grande série de pacientes com radiculopatia cervical, a protrusão do disco foi identificada como a causa provável em 21,9% dos pacientes.
A herniação do disco para a porção anterior ao corpo vertebral raramente causa sintomas. Quando ocorre na região posterolateral, na parte lateral do canal vertebral ou no forame intervertebral, pode causar compressão de uma raiz cervical. Na região posteromedial ou central, pode comprimir a medula espinal e seus vasos. Na região lateral, pode provocar a compressão da artéria vertebral. Seja qual for o local de ocorrência, a hérnia de disco pode ser responsável pela queixa de dor cervical. É importante lembrar que outros fenômenos da doença degenerativa, como a formação de osteófitos nas facetas articulares e no corpo vertebral e a instabilidade de alguns dos segmentos da coluna, podem ser responsáveis pela compressão de estruturas nervosas.
 
2.    Alterações osseocartilaginosas e capsuloligamentares 
São aquelas que podem acometer a face intervertebral ou platô vertebral, as articulações zigoapofisárias e o complexo capsuloligamentar vertebral, e devem-se mais comumente à osteoartrite.
Na osteoartrite vertebral, inicialmente há lesão cartilaginosa e de osso subcondral. Em estágios mais avançados, há a formação de osteófitos nos platôs vertebrais ou nas articulações zigoapofisárias, podendo haver, desse modo, distensão da cápsula articular, sinovite ou derrame articular, formação de cistos sinoviais e espessamento com pregueamento do ligamento amarelo. Todas estas alterações crônicas podem levar à redução do canal medular ou dos forames de conjugação e a manifestações de estenose de canal vertebral ou a radiculopatias. Além disso, osteoartrite e discopatias podem levar ao desalinhamento vertebral, como consequência da degeneração ligamentar e óssea. O deslizamento vertebral anterior é chamado de espondilólise e pode vir acompanhado de espondilolistese (fratura) da pars interarticularis, ou seja, do istmo entre as articulações interapofisárias que mantém a estabilidade vertebral no plano sagital.
Espondilose cervical - "Espondilose" é a palavra grega para "vértebra" e é um termo geral para alterações degenerativas e inespecíficas da coluna vertebral. Muitas vezes, a espondilose cervical é uma causa de estenose do canal cervical, mas os dois termos não são intercambiáveis. Embora as causas da espondilose não tenham sido bem definidas, o envelhecimento é claramente um fator importante. Alterações degenerativas ocorrem nos discos vertebrais, nas articulações zigapofisárias e não-vertebrais e nos corpos vertebrais. Gradualmente, há formação óssea nessas áreas, que é chamada de osteófito ou "disco rígido". 
● O crescimento ósseo nas articulações zigapofisárias e não-vertebrais normalmente resulta em estreitamento do forame neural, compressão das raízes nervosas e sintomas radiculares. 
● Alterações degenerativas ao longo das margens dos corpos vertebrais e do ligamento longitudinal posterior normalmente resultam em compressão da medula espinhal e mielopatia. Um canal cervical estreito congênito é um fator de risco para o desenvolvimento de mielopatia cervical espondilótica. 
A fisiopatologia da espondilose não está completamente esclarecida. Uma teoria amplamente citada afirma que a sequência de alterações degenerativas observadas na espondilose começa com a dessecação do disco vertebral, que é estimado em 90% de água no início da vida adulta, mas apenas 69% na oitava década de vida. À medida que o disco perde o teor de água, a altura do disco diminui e a fibrose do anel é enfraquecida. 
Essas alterações levam ao aumento do estresse nas articulações zigapofisárias, nas placas terminais vertebrais e nas articulações não-vertebrais. Supõe-se que o aumento do estresse leve à hipertrofia óssea e ligamentar e à formação de osteófitos. As evidências que sustentam o papel do estresse mecânico na espondilose vêm da observação de que processos degenerativos da coluna vertebral, como a formação de osteófitos, são mais comuns nas regiões cervical e lombar relativamente móveis da coluna vertebral e não são proeminentes na coluna torácica relativamente rígida.
Cervicobraquialgia
As afecções degenerativas da coluna cervical podem provocar dor cervical, com irradiação para um ou ambos os membros superiores. A braquialgia costuma ser causada pela compressão de uma raiz cervical por uma hérnia de disco posterolateral e a dor cervical pela irritação do plexo sensitivo raquidiano. A dor irradiada também pode ser causada pelo estreitamento do forame de conjugação pela hipertrofia facetária e pelos osteófitos.
Na estenose foraminal, a compressão e a tração da raiz podem ser acentuadas pelo movimento cervical. A hiperextensão pode reduzir a dimensão dos foramens e exacerbar os sintomas de braquialgia.
Quadro clínico
A cervicalgia costuma ser insidiosa. Em raras situações, tem início de forma súbita, relacionada a movimentos bruscos do pescoço, longa permanência em posição forçada, esforço ou traumatismos. Na maior parte dos casos, melhora nitidamente com o repouso e piora com a movimentação. Com frequência, há espasmo da musculatura paravertebral.
A alteração sensitiva associada à compressão radicular é a irradiação da dor para o membro superior em um dermátomo definido. Em geral, o indivíduo refere parestesias no mesmo território. Pode ocorrer também hipoestesia no território acometido.
Pode-se encontrar déficit de força nos músculos inervados pela raiz comprometida. A paralisia da musculatura é rara. Na ausência de compressão medular associada, os reflexos poderão ser hipoativos ou abolidos. Se houver reflexos exaltados ou presença de reflexos patológicos, deve-se procurar por compressão medular ou outra lesão do neurônio motor superior. O QUADRO 2.1.1 descreve de forma esquemática as alterações de sensibilidade, motricidade e reflexas causadas pela compressão de cada raiz.
ATENÇÃO! É importante lembrar que nem toda dor irradiada para o membro superior é causada pela compressão de uma raiz na região cervical. Dentre os diagnósticos diferenciais mais importantes, estão as síndromes compressivas dos nervos periféricos, que, geralmente, podem ser diferenciadas pelo exame físico
Mielopatia cervical
Além da compressão das raízes, as alterações degenerativas da coluna cervical, como a herniação central ou posteromedial do disco, o espessamento do ligamento amarelo e a formação de osteófitos, podem ser responsáveis pelo estreitamento do canal medular. Na região cervical, a medula tem o diâmetro máximo de 60% do canal vertebral; o diâmetro transverso médio é de 13 mm; e o anteroposterior, 9 mm. Quando há presença de estenose, a medula pode sofrer lesão pela compressão extrínseca direta ou pela alteração do fluxo sanguíneo medular. Além dos fatores estáticos associados à mielopatia cervical, a hipermobilidade de um segmento pode causar um fenômeno de compressão dinâmica durante a flexão e a extensão. 
Quadro clínico
O diagnóstico precoce de mielopatia cervical não é fácil. Na maioria dos casos, a doença apresenta instalação insidiosa, com sintomas leves e evolução lenta. A mielopatia aguda é pouco comum, mas, em certas ocasiões, é provocada por hérnia de disco aguda, traumatismo ou movimento cervical brusco.
Os sinais e sintomas dependem do local e do grau de compressão sobre a medula. Na mielopatia cervical crônica, os sintomas iniciais mais comuns estão relacionados a distúrbios da motricidade. Com frequência, os indivíduos queixam-se do surgimento de dificuldade para executar tarefas simples que necessitam do movimento fino das mãos. Nos membros inferiores, a manifestação inicial pode ser o surgimento de distúrbios da marcha, com sensação de desequilíbrio e insegurança, quedas frequentes e fadiga.
Ocasionalmente, na mielopatia avançada, os pacientespodem desenvolver distúrbios de continência esfincteriana urinária e fecal. O exame físico adequado é fundamental para o diagnóstico correto da doença e deve incluir o exame neurológico completo.
No membro superior, pode-se identificar a hipotrofia da musculatura intrínseca associada à espasticidade. Os pacientes frequentemente apresentam redução da agilidade manual. Para certificar-se desse problema, pode-se pedir ao paciente que abra e feche a mão 20 vezes, em 10 segundos. Outro sinal que pode ser encontrado é a incapacidade de manter os dedos da mão aduzidos e estendidos sem que o quinto dedo desvie para flexão e abdução. Pode-se encontrar marcha com hesitação e base alargada. O paciente pode apresentar dificuldade para andar em linha reta com um pé em frente ao outro.
O comprometimento do neurônio motor superior provoca alterações na pesquisa dos reflexos abaixo do nível da lesão. Os reflexos miotendíneos ficam exaltados, e os reflexos cutâneos, abolidos. Outros reflexos patológicos podem surgir. O sinal de Hoffman pode ser obtido após provocar a extensão abrupta da interfalangiana distal do terceiro dedo. Quando presente, haverá flexão da interfalangiana distal do primeiro e segundo dedos. No membro inferior, o sinal de Babinski pode ser encontrado quando a face lateral do pé é estimulada com um objeto rombo.
ESTENOSE CERVICAL E NEUROPRAXIA TRANSITÓRIA NO ATLETA
A estenose cervical congênita está associada à redução do diâmetro anteroposterior do canal cervical. A forma adquirida da estenose cervical está relacionada a múltiplos níveis de degeneração discal, formação de osteófitos e hipertrofia do ligamento amarelo e das articulações facetárias.
A associação da estenose cervical à neuropraxia transitória é alvo de polêmica quanto à indicação de restrição da prática de algumas modalidades esportivas por atletas que apresentam a redução do canal medular cervical. Torg e Corcoran (1998) descreveram o quadro clínico da neuropraxia transitória como um episódio de alterações sensitivas e motoras, envolvendo os membros superiores, os inferiores ou os quatro membros, com duração que varia desde poucos minutos até dias. Está associada a traumatismos com hiperextensão forçada, hiperflexão ou carga axial sobre a coluna cervical.
Para evitar as distorções nas medidas obtidas por diferentes técnicas radiográficas, Torg e colaboradores (1996) desenvolveram um índice que consiste na relação entre o diâmetro do canal cervical dividido pelo diâmetro da vértebra em determinado nível na radiografia em perfil. Considera-se estenose quando o valor do índice de Torg é inferior a 0,8. Tal medição pode ser útil para a avaliação de pacientes com traumatismo raquimedular, para análise de estenoses congênitas e degenerativas ou como parte do exame dos candidatos à prática de esportes de contato. Há autores que defendem que o índice de Torg não deva ser utilizado como forma de rastreamento, pois não há correlação forte entre a presença de estenose por esse índice e a ocorrência de déficit neurológico permanente. O valor preditivo positivo baixo do índice de Torg impede seu uso como mecanismo de rastreamento para atletas de alto risco.
A medida do tamanho do canal medular pela TC ou RM é mais precisa. Permite medir adequadamente o espaço disponível para a medula espinal e avaliar os discos e o ligamento amarelo. Entretanto, o alto custo impede seu uso para rastreamento.
ATENÇÃO! Muitos fatores devem ser levados em consideração para liberar ou proibir um atleta de retomar a prática esportiva após um episódio de neuropraxia transitória. Deve-se considerar o esporte praticado, o tamanho do canal medular, a estabilidade da coluna cervical, a gravidade dos sinais e sintomas apresentados, a duração do episódio e o número de recorrências.
3.     cervicalgia idiopática
É hoje também denominada de cervicalgia comum, inespecífica ou distensão muscular: tem caráter mecânico, porém sem alterações precisas nos exames de imagem que lhes confira um alvo de alteração anatomopatológica na UFE. Algumas vezes, encontramos, ao exame físico, apenas pontos miofasciais na musculatura (triggers points) ou contraturas. Acredita-se que é uma forma anatomoclínica inicial da causas de natureza mecanicodegenerativas.
 
Causas Não degenerativas
- Algumas causas de radiculopatia não degenerativa incluem processos infecciosos (especialmente herpes zoster e doença de Lyme), infarto da raiz nervosa, avulsão radicular, infiltração por tumor, infiltração por tecido granulomatoso e desmielinização.
Em geral, as radiculopatias não-regenerativas tendem a afetar a raiz ventral e dorsal de maneira mais difusa do que as etiologias compressivas. Ao contrário da maioria dos tipos compressivos, as radiculopatias não-regenerativas também podem afetar o gânglio da raiz dorsal. O déficit associado à radiculopatia não degenerativa pode abranger vários miotomos e dermátomos, levando a déficits motores e sensoriais mais completos do que os típicos para uma radiculopatia compressiva. Embora os estudos de imagem da coluna cervical sejam geralmente anormais na radiculopatia compressiva, eles podem ser completamente normais na radiculopatia não degenerativa. Assim, os estudos eletrodiagnósticos podem ser particularmente importantes para confirmar uma radiculopatia não degenerativa.
Causas não mecânicas 
Entre elas, podemos citar os processos inflamatórios, infecciosos, neoplásicos e metabólicos da coluna.
 
1.    Doenças inflamatórias
As espondiloartropatias são caracteristicamente um tipo de doença autoimune inflamatória que afeta o esqueleto axial nas ênteses (pontos de inserção de ligamentos e tendões ao esqueleto) e que também podem afetar as articulações sacroilíacas, assim como as grandes articulações dos membros inferiores.
A artrite reumatoide, que também é uma doença autoimune sistêmica, pode acometer a coluna cervical no segmento C1-C2, em 34 a 42% dos casos, determinando subluxação atlantoaxial.
A instabilidade cervical pode ser decorrente de doenças inflamatórias, como as que ocorrem secundariamente à artrite reumatoide ou à síndrome de Grisel. 
Artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença sistêmica que pode envolver diversas articulações. Na coluna, o local mais afetado é a região cervical, e o problema mais comum é a instabilidade C1-C2, seguido de subluxação subaxial e impacção atlantoaxial.
A maioria dos pacientes deve ser tratada com observação periódica. A possibilidade de tratamento cirúrgico precisa ser cogitada assim que apareçam sinais de instabilidade significativa com o objetivo de evitar a ocorrência de déficit neurológico. 
Quando sintomática, a artrite reumatoide cervical provoca dor e redução da amplitude de movimento. A presença de cefaleia occipital deve alertar para o risco de invaginação vertebrobasilar. Nas formas avançadas da doença, é possível encontrar instabilidade mecânica e compressão neurológica com déficit motor e sensitivo, incontinência esfincteriana, distúrbios de marcha e alterações de reflexo. Nos casos de instabilidade grave, há também o risco de morte súbita. 
Como a taxa de complicações após o tratamento cirúrgico das lesões provocadas pela artrite reumatoide na coluna cervical é alta, as indicações de cirurgia devem ser restritas. Indica-se o tratamento cirúrgico quando há déficit neurológico, principalmente progressivo, dor intensa que não melhora com tratamento não cirúrgico e quando o caso é de lesões com instabilidade grave, sobretudo progressivas. 
A subluxação atlantoaxial é a alteração mais comum na artrite reumatoide. Ocorre pela destruição dos ligamentos transverso, alar e apical. Está presente em um a cada 30 casos com artrite com manifestação leve, um a cada 15 com doença clínica e em um a cada cinco internados por artrite reumatoide. Pode ser diagnosticada por meio de radiografia cervical dinâmica, pela distância atlantoaxial superior a 3 mm, principalmente em radiografias em flexão. Nas instabilidades atlantoaxiais com desvio superior a 9 mm, está indicada a artrodese, mesmo em indivíduosassintomáticos, pelo risco de compressão medular.
A subluxação subaxial é a segunda forma de apresentação mais comum da artrite reumatoide na coluna cervical. A lesão das facetas articulares, dos ligamentos e dos discos em um ou mais níveis provoca o aspecto característico em escadaria na radiografia em perfil. Em geral, o tratamento cirúrgico das subluxações subaxiais é feito com artrodese pela via posterior, visto que os pacientes frequentemente são referenciados para tratamento quando a deformidade é grande e envolve diversos níveis. 
A impacção atlantoaxial ocorre por erosão das articulações atlantoaxial e atlantoccipital, gerando migração superior do processo odontoide. Sua incidência varia de 5 a 32% dos pacientes com artrite. A radiografia em perfil auxilia no diagnóstico. A linha de McGregor é traçada da base do palato duro até a cortical externa do occipício. Mede-se a distância da ponta do odontoide até a linha de McGregor. A migração superior do odontoide caracteriza-se quando sua ponta está 4,5 mm acima dessa linha.
Síndrome de Grisel
A síndrome de Grisel é caracterizada pela luxação não traumática do atlas que surge como um torcicolo adquirido. Ela está relacionada a infecções das vias aéreas superiores, traumatismos e procedimentos cirúrgicos na cabeça e no pescoço. Na maioria dos casos, a síndrome de Grisel ocorre em crianças na vigência ou após uma infecção das vias aéreas superiores, quando se desenvolve um torcicolo doloroso.
Ao exame físico, a criança apresenta a cabeça inclinada para um lado e rodada para o lado oposto, como ocorre quando há torcicolo espasmódico. Entretanto, o músculo esternocleidomastóideo, que deveria estar contraturado, parece relaxado. Já o lado oposto parece contraturado à palpação. Esse fenômeno é denominado torcicolo paradoxal e é determinado pela rotação entre C1 e C2, não pelo espasmo do músculo esternocleidomastóideo. Outro indício encontrado no exame físico é o sinal de Sudek, em que se palpa o desvio do processo espinhoso de C2 na mesma direção da rotação da cabeça.
As subluxações rotatórias fixas encontradas na síndrome de Grisel foram classificadas por Fielding e Hawkins. O tipo I é a deformidade rotatória fixa, sem desvio anterior do atlas. Essa é a forma mais comum e benigna. A rotação ocorre na amplitude normal da rotação cervical e há integridade do ligamento transverso. No tipo II, há desvio anterior do atlas entre 3 e 5 mm e a rotação está associada ao ligamento transverso deficiente. A rotação ocorre pelo desvio de uma massa lateral que roda sobre a articulação contralateral intacta. No tipo III, há desvio anterior do atlas superior a 5 mm, com deslocamento de ambas as massas laterais. Esse tipo de subluxação rotatória é visto em pacientes com deficiência tanto do ligamento transverso como dos ligamentos secundários. O tipo IV é uma forma rara, em que há desvio posterior do atlas e associação a um processo odontoide deficiente.
 
2.    Processos infecciosos
Normalmente tem origem no disco intervertebral e são chamados de espondilodiscites, porém podem se estender para as vértebras e tecidos adjacentes com gravidade. Os microrganismos podem atingir a coluna vertebral por via hematogênica, linfática ou por contiguidade (inoculação direta).
As infecções da coluna cervical não são frequentes. A região cervical é responsável por cerca de 4% das infecções de toda a coluna. A infecção da coluna cervical por tuberculose é a mais comum. Acredita-se que 50% das infecções por tuberculose osteoarticular ocorram na coluna vertebral. Dessas, a maior parte ocorre nas regiões torácica e lombar e menos de 10% ocorrem na região cervical. Após a tuberculose, a infecção mais comum é a osteomielite piogênica causada pelo Staphylococcus aureus. As infecções fúngicas são raras, mas sua incidência tem aumentado nas últimas décadas.
O quadro clínico mais comum associado à infecção da coluna cervical é a cervicalgia. Pode ser de instalação aguda e intensa nas osteomielites piogênicas ou de instalação lenta e insidiosa nas infeções por tuberculose ou fungos. O indivíduo pode apresentar febre, queda do estado geral, anorexia ou calafrios, mas esses sinais e sintomas não estão presentes em todos os casos. A queixa de dor noturna, descrita como dor que piora ao repouso e melhora com o movimento, indica o risco de uma doença infecciosa ou tumoral. Se a infecção provocar efeito de massa pela resposta inflamatória ou pela formação de abscessos, pode causar cervicobraquialgia por irritação radicular ou sinais e sintomas de mielopatia, se houver compressão da medula espinal.
3.    Tumores
São mais comumente metástases nos corpos vertebrais de carcinomas de pulmão, mama, próstata, rins, tireoide e cólon. O mieloma e a leucemia também podem envolver as vértebras, e todos normalmente levam a sintomas por compressão neurológica ou por fraturas patológicas. Os tumores primários benignos mais comuns da coluna são hemangiomas, cistos ósseos aneurismáticos, osteoma osteoide, osteoblastoma e osteocondroma. Os malignos são osteossarcoma, condrossarcoma, sarcoma de Ewing, linfoma, plasmicitoma e cordoma.
Os tumores da coluna cervical são mais raros quando comparados aos dos demais segmentos da coluna. Em indivíduos com idade inferior a 30 anos, os tumores benignos são mais comuns. No corpo vertebral, o hemangioma é o tumor encontrado com mais frequência, seguido pelo cisto ósseo aneurismático. Nos elementos posteriores, os mais comuns são o tumor de células gigantes, o osteoma osteoide e o osteoblastoma.
Os tumores metastáticos são malignos e mais comuns. Os tumores primários que resultam em metástase para a coluna são câncer de pulmão, mama, próstata, trato gastrintestinal, tireoide e rim. Ainda que qualquer vértebra cervical e qualquer região possam ser acometidas, as lesões localizam-se com mais frequência nos corpos de C3 a C7. Dentre os tumores primários malignos, o mieloma múltiplo é o mais comum, mas os sarcomas primários são raros.
DICA: A anamnese e o exame físico cuidadoso, associados a exames radiológicos e laboratoriais, são necessários para um diagnóstico adequado do tipo de tumor. O diagnóstico definitivo é confirmado por biópsia.
O sintoma mais comum dos tumores da coluna cervical é a dor cervical. A dor tende a ser constante e, com frequência, provoca o despertar do indivíduo. Difere da dor mecânica pela ausência de melhora ao repouso. Pode ser causa de cervicobraquialgia quando provoca irritação radicular. Se houver compressão da medula, o paciente pode apresentar sinais e sintomas de mielopatia. Dependendo do tipo de tumor, podem ocorrer sinais e sintomas sistêmicos, como febre e perda de peso.
 
4.    Doenças metabólicas ou repercussão de outras doenças sistêmicas
Entre as causas não mecânicas, há uma série de outras doenças sistêmicas que podem levar à dor na coluna. P. ex.: doenças osteometabólicas (osteoporose e hiperparatiroidismo) que normalmente são dolorosas por acometerem estruturas intra ou extrarraquidianas adjacentes, ou por levarem a fraturas.
Causas Psicogênicas ou Psicossomáticas e Dores Referidas
1.    Causas psicogênicas e psicossomáticas
A dor é percebida no córtex cerebral, sem estar associada à alteração anatômica local ou sistêmica, geralmente de caráter difuso, descrição imprecisa ou punitiva e forte associação com desencadeantes emocionais. P. ex.: fibromialgia, depressão, histeria etc. A anamnese é a principal arma diagnóstica e os exames complementares e físicos são normais.
2.    Dores referidas
A lesão está em outros sítios que não a coluna. Por exemplo, pode ser uma dor referida neurogênica de um infarto do miocárdio, dor viscerogênica como em uma vasculite de carótidas, espasmo esofágico ou pode ser somática, como em um herpes zoster.
Fisiopatologia 
A fisiopatologia da maioria das condições de cervicalgia não é esclarecida. Existem evidências de distúrbios do metabolismo oxidativo e níveis elevados de substâncias que provocam dor muscular na região cervical, que sugerem que a circulação ou o metabolismo deteriorado do músculolocal podem fazer parte da fisiopatologia. A dor cervical ou cervicalgia se associa também com a alteração da coordenação dos músculos cervicais e a deterioração da propriocepção do pescoço e dos ombros. As evidências sugerem que estes fenômenos são ocasionados pela dor, mas também podem agravar a condição.
RECURSOS CLÍNICOS 
As manifestações clínicas da radiculopatia cervical podem incluir dor no pescoço, ombro ou braço; fraqueza muscular; sintomas sensoriais; reflexos tendinosos profundos diminuídos, isoladamente ou em combinação. As características clínicas variam de acordo com o envolvimento da raiz do nervo cervical.
O aparecimento dos sintomas é mais frequentemente agudo quando causado por um núcleo pulposo herniado, mas pode ser mais indolente quando devido à espondilose. Dor no pescoço ou braço ocorre em quase todos os pacientes com radiculopatia cervical, mas geralmente não tem valor localizado. A dor pode estar na região cervical, no membro superior, no ombro ou na região interescapular. A dor pode ser atípica e presente como dor no peito (pseudo-angina), dor no peito ou dor facial. A perda sensorial na radiculopatia é freqüentemente leve ou ausente; esse aparente paradoxo é explicado pela extensa sobreposição de dermátomos, embora essa sobreposição não seja representada nas ilustrações de dermátomos.
Sinais de perigo - Vários achados podem apontar para mielopatia cervical ou sugerir etiologias não compressivas para radiculopatia cervical: 
● O fenômeno de Lhermitte, uma parestesia semelhante ao choque que ocorre com a flexão do pescoço, pode estar presente se houver compressão do cordão cervical por hérnia de disco na linha média ou espondilose, mas também pode sugerir patologia intramedular, como uma placa de esclerose múltipla. 
● Embora não exista uma apresentação específica da mielopatia cervical, os sintomas geralmente começam com um início insidioso de distúrbio da marcha. Outros sintomas comuns incluem perda sensorial, fraqueza e atrofia muscular nas mãos, além de dores no pescoço e nos braços. O exame geralmente revela outras características mielopáticas. 
● Uma história de febre, calafrios, perda inexplicada de peso, imunossupressão, câncer ou uso de drogas intravenosas deve levantar suspeitas de tumor ou infecção como causa da radiculopatia.
Eventos anteriores - Os eventos antecedentes relatados com radiculopatia cervical incluíram esforço físico ou trauma imediatamente antes do início dos sintomas. Também foi relatado que jogar golfe, limpar a neve e mergulhar de um tabuleiro são eventos antecedentes. No entanto, a maioria dos casos não possui precipitante facilmente identificável. 
EXAME 
Um dos principais objetivos do exame neurológico em pacientes com suspeita de radiculopatia cervical é procurar evidências de fraqueza e distúrbios sensoriais nos padrões miotomal e dermatomal. Outro objetivo importante é procurar sinais de disfunção medular sobreposta (ou seja, mielopatia), uma vez que a espondilose cervical pode causar compressão da medula espinhal e compressão da raiz nervosa. 
● Os achados clínicos típicos das lesões radiculares: Parestesia ou dormência na distribuição da raiz ocorre em 80% dos pacientes, mas também é freqüentemente não-localizadora. Devido à extensa sobreposição de dermátomos, é incomum haver perda sensorial bem demarcada e densa em lesões de uma única raiz, mesmo que a radiculopatia seja grave. Fraqueza subjetiva é menos comum que parestesias. Por outro lado, uma acentuada demarcação da perda sensorial é frequentemente observada nas lesões dos nervos periféricos, e esse achado pode ser uma característica distintiva útil. 
● Na presença de dor, pode ser difícil realizar um exame motor preciso. Nesses casos, o exame reflexo é um teste mais objetivo da função da raiz nervosa. Os reflexos são tipicamente reduzidos quando a radiculopatia envolve o C5 (bíceps e braquiorradial), C6 (bíceps e braquiorradial), raízes nervosas C7 (tríceps), mas não há reflexos padrão que refletem a distribuição das raízes nervosas C8 e T1. 
● Os sinais motores de mielopatia abaixo do nível do comprometimento da medula espinhal incluem fraqueza do tipo neurônio motor superior, reflexos e tônus aumentados e sinais de Babinski. Uma fraqueza do tipo de neurônio motor inferior pode ocorrer no nível da compressão da medula espinhal. Os sinais sensoriais incluem diminuição da sensação de picada de alfinete abaixo do nível de comprometimento da medula espinhal e perda de posição ou sensação de vibração nas extremidades inferiores. Esses achados do exame podem ser sutis se a compressão medular for leve. 
Quando o diagnóstico diferencial inclui fraqueza e desperdício não neurogênicos do ombro, é importante um exame cuidadoso do ombro, incluindo a avaliação da amplitude de movimento passiva e ativa. 
Manobra de Spurling - A manobra de Spurling (teste de compressão do pescoço) é realizada estendendo e girando o pescoço para o lado da dor, seguido de pressão para baixo na cabeça. Essa manobra pode causar dor ou parestesia nos membros porque a extensão do pescoço causa abaulamento posterior do disco, enquanto a flexão e rotação laterais estreitam o forame neural ipsilateral. 
O teste de Spurling é positivo se houver dor ou parestesia nos membros, e o teste deve ser interrompido. A produção de dor no pescoço sozinha em resposta à manobra de Spurling é inespecífica e constitui um teste negativo. 
O teste de Spurling tem alta especificidade para a presença de radiculopatia cervical, mas sua sensibilidade é baixa a moderada. Como exemplo, um estudo que usou o teste eletrodiagnóstico como referência descobriu que a manobra de Spurling tinha sensibilidade e especificidade de 30 e 93%, respectivamente. Assim, um teste de Spurling positivo é útil para apoiar o diagnóstico de radiculopatia cervical, mas um teste negativo não descarta a patologia radicular. 
Deve-se ter cuidado ao executar a manobra de Spurling; nunca deve ser realizada em pacientes que possam ter instabilidade da coluna cervical, como aqueles com artrite reumatóide, malformações cervicais ou doença metastática, pois podem causar mais lesões na coluna. Além disso, não deve ser realizado quando houver suspeita de mielopatia cervical associada. 
Teste de alívio de abdução de ombro - Com o teste de alívio da abdução do ombro, o paciente é solicitado a levantar o braço sintomático acima da cabeça, apoiando a mão no topo da cabeça. O teste é positivo se o paciente apresentar uma diminuição ou desaparecimento dos sintomas radiculares com esta manobra. Uma revisão sistemática de 2006 constatou que o teste de abdução do ombro demonstrou sensibilidade baixa a moderada e especificidade moderada a alta. Em alguns pacientes, o teste de alívio da abdução do ombro também pode ser útil como uma manobra terapêutica para o alívio da dor. 
2.1 correlacionar com a má postura e aparelhos eletrônicos. 
O uso incorreto de celulares, tablets e outros dispositivos móveis podem comprometer a boa postura de uma pessoa. Em posição neutra, a cabeça de um adulto pesa entre 4,5 e 5,4 quilos. Dependendo inclinação da cabeça para utilizar celular, podem ser gerados um peso extra de 27 quilos sobre o pescoço, além de sérios problemas de saúde a médio e longo prazo. Esse peso é correspondente a uma criança de oito anos.
 
Além de dores no pescoço, a posição curvada pode causar dores de cabeça e até hérnia de disco. Para evitar danos futuros na coluna cervical, o ideal é que o aparelho seja elevado até que o centro da tela fique na altura dos olhos. “O correto é direcionar a visão e não o pescoço até o celular”, explica Liége Mentz-Rosano, médica ortopedista do Grupo NotreDame Intermédica.
 
Na imagem abaixo, é possível ver toda a pressão exercida na região cervical por conta da postura incorreta ao utilizar o smartphone:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial têm, teve ou terá dores nas costas provocados por problemas de coluna e postura errada. No Brasil, os dados também são alarmantes: cerca de 30% da populaçãodo País apresenta algum caso de dor crônica na coluna.
 
A má postura é uma das principais causas de dores crônicas na coluna, além de questões hereditárias, excesso de peso, movimentos repetitivos, sedentarismo e traumas na região. 
  
Referências 
Ortopedia e traumatologia: princípios e prátricas
Morre, Tortora
Uso incorreto do celular pode causar danos na coluna cervical, Rodolfo Pires, 2018
Características clínicas e diagnóstico de radiculopatia cervical, Jenice Robinson, 2020
Cervicalgia e lombalgia, Lissiane Karine Noronha Guedes, 2009
Cervicalgia, Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor – SBED, 2010
Cervicalgias, Manoel Teixeira, 2001

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