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Alfabetização ou Letramento Como avaliar as crianças na Educação Infantil

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Educação Infantil - Aspectos Pedagógicos Fundamentais: 
Alfabetização ou Letramento? Como avaliar as crianças na Educação Infantil?
	Pensemos a respeito de questões essenciais que permeiam o imaginário de quem está envolvido em educar crianças de 0 a 5 anos em nosso país: famílias e instituições como creches e pré-escolas.
	Não sei se pelo fato de ser uma conquista relativamente recente, pois foi a partir da Constituição Federal de 1988 que a criança passou a ser cidadã de direito e o Estado ter a obrigação de oferecer creches e pré-escolas, mas o fato é que existem muitas dúvidas em relação a esse espaço de educação que é responsável por todas as bases de desenvolvimento e aprendizagem de uma criança.
	Então qual o melhor caminho a ser trilhado na busca de uma educação de qualidade? Na verdade a educação infantil tem diversos papeis importantes, porém, aqui iremos pensar exclusivamente a respeito de dois assuntos fundamentais – as diferenças entre alfabetização e letramento e como deve ser conduzido o processo de avaliação.
Alfabetização X Letramento
D. Tereza - Você sabe que o meu sobrinho já escreve o nome dele todo, e todo dia ele faz trabalhinho de dever de casa?
D. Margarida - A essa escola é boa, esse menino vai ser muito inteligente!
	É comum diálogos como esse entre responsáveis de crianças que estão frequentando escolas de educação infantil. Como existem escolas com propostas sócio-interacionistas que trabalham o aprendizado através do construtivismo, isso gera muitas dúvidas em pais alfabetizados pelo método tradicional. Ao mesmo tempo, paralelamente, ainda existem algumas escolas que reproduzem métodos antigos, como por exemplo a escola representada no diálogo acima.
	Afinal qual a função de um centro de educação infantil (creche e pré-escola)? Devemos pensar em aproveitar a infância das crianças para treiná-las para o futuro? Preparando-as para serem integradas no ensino fundamental? Como fazer que as crianças sejam cidadãs criativas e reflexivas dominando a língua escrita e capazes de compreender os códigos e instrumentos de nossa cultura? De acordo com a definição de Magda Soares (1998) existem diferenças entre alfabetização e letramento:
alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita. p. 47.
	E assim a autora continua destacando que o primeiro termo, alfabetização, corresponderia ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia – a escrita alfabética e as habilidades de utiliza-la para ler e escrever. Para adquirir tal tecnologia é importante compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar o seu traçado, usando instrumentos como lápis, papel ou outros que os substituam.
	Enquanto que letramento relaciona-se ao exercício efetivo e competente daquela tecnologia da escrita, nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais. É o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita.
	Portanto, aquisição dos dois processos não devem ser feitas separadamente, eis aqui o grande dilema que reflete as diferenças entre os métodos utilizados em diferentes escolas. Escolas que apresentam uma proposta baseada em concepções sócio-interacionistas procuram desenvolver um processo em que a aquisição da língua escrita, não se resuma apenas a escrita de letras.
	Vygotsky (in Mello, 2005), importante pesquisador russo, destaca diretrizes para que a escrita se torne um instrumento de expressão e conhecimento do mundo para uma criança leitora e produtora de textos:
que o ensino da escrita se apresente de modo que a criança sinta necessidade dela.
que a escrita seja apresentada não como um ato motor, mas como uma atividade cultural complexa,
que a necessidade de aprender e escrever seja natural, da mesma forma como a necessidade de falar,
que ensinemos à criança a linguagem escrita e não as letras.
	Costumo dizer que obrigar as crianças a copiar letras sem oferece-las o significado, além de ser uma atividade sem sentido, representa para a criança em muitas ocasiões adestramento - “só sai daí quando acabar de copiar!” - com esse tipo de atitude ela aprende que o mais importante é aprender a obedecer não importa para que finalidade.
	Vale ressaltar, que atitudes como essa além de não trazerem nenhum beneficio reforçam a ideia de uma criança heteronoma, aquela que aprende a obedecer pelo medo. Esse ponto contradiz um dos objetivos importantes da educação infantil que é a construção da autonomia, que significa criar possibilidades para que as crianças pensem sobre suas atitudes e tenham liberdade de escolher suas ações com responsabilidade, sem precisar para que isso aconteça o oferecimento de punições autoritárias.
	Um outro ponto importante que deve ser destacado é a respeito de quando inciar o processo de aquisição da escrita. Segundo Mello (2005) “Vygotsky defenderia o letramento para as crianças até 6 anos, e para as crianças entre 6 e 10 anos a alfabetização com letramento”. (p.40)
	Mas, surgem novas angustias, “será que meu filho estará preparado para o ensino fundamental frequentando uma escola que favorece o brincar como atividade principal?” 	O letramento deve ser pensado como uma atividade que exige que a criança seja inserida em um processo cultural, em que ela domine símbolos e instrumentos de nossa sociedade. Nesse sentido, não precisamos temer atrasos hipotéticos em crianças que tenham brincado bastante durante o processo de aquisição da escrita, pois possivelmente são crianças que pensam, tiveram a oportunidade de participar ativamente desse processo, ter suas ideias respeitadas e valorizadas e acreditam em si mesmas, como produtoras de conhecimento.
	O brincar é uma atividade humana que por si mesma representa experiências associadas a nossa cultura, pois os brinquedos são objetos que imitam criações do homem na produção de instrumentos cotidianos como: ferro de passar, telefone, panela, fogão, carro, boneca e tantos outros.
	Brincando as crianças podem representar papeis sociais e ações que na vida real não poderiam fazer, como fazer comida ou dirigir um carro. Essas são exemplos de atividades imaginárias baseadas em experiencias reais que ajudam a criança a realizar pequenos ensaios sobre a realidade. Aproveitando o destaque de Borba, (2006) acho importante que façamos algumas perguntas para nós mesmos:
Como podemos compreender a criança nas suas formas próprias de ser, pensar e agir? Como vê-la como alguém que inquieta o nosso olhar, desloca nossos saberes e nos ajuda a enxergar o mundo e a nós mesmos? Como podemos ajudar a criança a se constituir como sujeito no mundo? De que forma a compreensão sobre o significado do brincar na vida e na constituição dos sujeitos situa o papel dos adultos e da escola na relação com as crianças e os adolescentes? p. 34
	È importante destacar que pesquisas realizadas em diversos países demonstram que meninos e meninas que desde cedo escutam histórias lidas e/ou contadas por adultos, ou que brincam de ler e escrever (quando ainda não dominam o sistema de escrita alfabetizada), adquirem um conhecimento sobre a linguagem escrita e sobre os usos dos diferentes gêneros textuais, antes mesmo de estarem alfabetizadas. Término esse primeiro tema citando as palavras de ARROYO (1994) que afirma:
Há uma superalfabetização e matematização de nossas crianças. Nossa escola superestima o domínio da linguagem escrita porque esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é valido só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da história da humanidade. Faz parte da nossa construção tanto quanto a leitura para um dia ler e inserir-nos na sociedade. p.91
- Como avaliar as crianças na Educação Infantil?
 	O processo de avaliação na educação infantil deverá representar um reflexo da forma como todos os conteúdos são construídos com as crianças de forma descontraídae prazerosa, garantindo o interesse da criança a todos os assuntos que lhes são oferecidos. Vale destacar que segundo a LDB :
Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (Lei 9394/96, artigo 31).
	A avaliação não tem o objetivo de aprovar ou reprovar a criança. Ela representa um momento de trabalhar a auto-estima das crianças. Mostrar como elas avançaram. Uma criança precisa aprender sobre si mesma que ela é capaz, tem boas ideias, faz bons desenhos, conta boas histórias e pode contribuir com o mundo adulto oferecendo seu conhecimento já conquistado. Essa base segura favorecerá o movimento da criança na busca do conhecimento que é fundamental que seja assimilado por ela sempre como uma aventura cheia de prazer e novas possibilidades, inclusive em outros períodos da vida.
	Um outro aspecto importante para pensar é que um processo avaliativo deve representar uma avaliação que não fique restrita apenas as crianças, mas que envolva todos os personagens ativos na tarefa de auxiliar a educação delas. Portanto, significa incluir a família e os educadores.
	A inclusão desses dois personagens é fundamental, pois considerando que uma criança é um ser em desenvolvimento, sozinha ela não conseguirá conquistar com qualidade novas etapas, será necessário que ela esteja - “acompanhada” - ou seja - “estar em companhia” - significa ter um olhar atento de um adulto que auxilia e observa os progressos conquistados pela criança, seja na creche ou em casa.
	Para que tal tarefa seja realizada, é necessário verificar as relações diárias da criança com o mundo e perceber suas conquistas oferecendo desafios que apresentem sentido aos seus questionamentos e hipóteses a partir de seus interesses. Portanto, a parceria da família com a instituição é fundamental.
	Por esse motivo a avaliação não poderá se restringir apenas a criança, mas também exigirá uma reflexão da participação dos envolvidos durante esse processo.
	Uma instituição infantil de qualidade deverá deixar claro para a família aspectos fundamentais relacionados a construção de sua proposta pedagógica:
Quais os objetivos da educação infantil?
Como é realizado o processo avaliativo?
Qual a criança que pretende ajudar a formar?
 Mais uma vez é oportuno reafirmar que a educação infantil tem um fim em si mesma, não deve representar preparação para o ensino fundamental. Atualmente, vivemos em uma sociedade cada vez mais adultizada em que o tempo da infância corre o risco de deixar de existir – considero aqui infância como um conceito social necessário para criar possibilidades para que a criança possa vivenciar as necessidades especificas desse período da vida.
 Para que a criança possa viver uma infância plena é fundamental garantir aspectos que a própria sociedade roubou da criança como por exemplo a redução, ou inexistência de espaço e tempo para a brincadeira livre e em grupo, aspectos importantes que provavelmente fizeram parte da infância de muitas pessoas adultas.
 É importante garantir a possibilidade de oferecer as crianças “coisas de criança” para que possam expressar seus pensamentos e suas ações assimilando o mundo que vivem em doses gradativas e toleráveis, pois a pressa poderá representar ausência de determinados aspectos que serão necessários para as novas etapas.
 Já existiu uma época em que crianças e adultos compartilhavam das mesmas atividades e tinham tarefas semelhantes, sem muita diferenciação. É essencial colocar atenção a esse aspecto, pois em um momento histórico com as características da nossa sociedade: tecnologia (internet, jogos eletrônicos), reorganização da família nuclear, falta de tempo para interações diárias, adulto e crianças tendo acesso as mesmas informações. 
Existe o risco de termos crianças com suas infâncias roubadas, onde “coisa de criança” deixe de existir, fazendo com que elas sejam tratadas como miniaturas de adulto.
A educação infantil deve garantir além de outros aspectos que a criança seja tratada como criança e tenha direito ao ócio para organizar suas ideias e testar suas hipóteses através da atividade principal da infância, a brincadeira.
	 A brincadeira irá garantir formas de expressão, assimilação do mundo real, desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, criando possibilidades para que a criança tenha uma base segura que lhe possibilitará dar grandes saltos na direção de um equilíbrio emocional possibilitando um acesso de qualidade ao mundo em que vive. 
 REFERÊNCIAS
ARROYO, M. G. O significado da Infância. Anais do simpósio de educação infantil. Brasilia, MEC/SEF/DPE/CEDI, 1994: (88-92)
BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. Texto publicado no documento da secretaria de educação do município do Rio de Janeiro, Ensino Fundamental de nove anos. Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade, 2006.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
MELLO, S. A. O processo de aquisição da escrita na educação infantil – contribuições de Vygotsky . In GOULART, A. L., de F. e MELLO, S. A. Linguagens Infantis outras formas de leitura. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

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