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Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Avaliação e Atendimento Inicial no Trauma ➔ O trauma é a maior causa de morte até a 4ª década de vida! Avaliação Inicial: ➔ O tto de vítima de trauma requer avaliação rápida das lesões e instituição de medidas terapêuticas de suporte de vida; ➔ O tempo é essencial → Abordagem sistematizada: “Avaliação Inicial”. ➔ Inclui: ○ Preparação; ○ Triagem; ○ Avaliação primária (ABCDE); ○ Reanimação; ○ Medidas auxiliares à avaliação primária e à reanimação; ○ Considerar a necessidade de transferência do paciente; ○ Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e história; ○ Medidas auxiliares à avaliação secundária; ○ Reavaliação e monitorização contínua após reanimação; ○ Tratamento definitivo. ➔ Nem todos os doentes necessitam de todos esses procedimentos. A avaliação primária deve ser repetida com frequência para identificar alterações no estado clínico do doente que indique a necessidade de intervenção adicional! Preparação: ➔ Como preparar a transferência do pré-hospitalar para o ambiente hospitalar? ➔ Dois cenários: Fase pré-hospitalar e Fase hospitalar. Fase Pré-hospitalar: ● Entrosamento da equipe de atendimento pré-hospitalar agiliza o tto no local do trauma; ● O hospital de destino deve ser notificado antes de iniciar o transporte; ○ Para que todos os recursos e materiais necessários estejam presentes no serviço de emergência à chegada do doente. ● Manutenção da via aérea; ● Controle da hemorragia externa e choque; ● Imobilização do doente; ● Transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo; ➢ Abreviar a permanência na cena do trauma; ➢ Obtenção de documentos e informações necessárias para triagem hospitalar; ○ Hora do trauma, eventos relacionados ao trauma, história do doente, etc; ○ Mecanismos de lesão → Podem sugerir intensidade das lesões e alertar para traumas específicos. 1 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Fase Hospitalar: ● Planejamento antecipado à chegada do paciente; ● Área de reanimação disponível; ● Equipamentos para abordagem de via aérea (laringoscópios, tubos, etc); ○ Organizados e testados. ● Soluções cristalóides aquecidas; ● Equipamentos de monitorização; ● Normas para convocação de mais médicos, quando necessário; ● Resposta rápida de laboratório e radiologia; ● Todos em contato com o doente devem estar protegidos contra doenças transmissíveis (Ex.: Hepatites e AIDS); ○ Precauções padrões → Máscara, proteção de olhos, avental impermeável, luvas, etc. Triagem: ● Classificação dos doentes conforme o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis; ● TTO baseado nas prioridades ABC; ● Classificação dos doentes no local; ● Escolha para qual hospital os doentes devem ser transportados; ○ Responsabilidade da equipe pré-hospitalar e do médico. ● Escalas de trauma → Identificação de doentes que devem ser transportados para centros específicos; ● Existem dois tipos de situações de triagem: ○ Múltiplas vítimas; ○ Vítimas em massa. Múltiplas Vítimas: ● Embora exista mais de uma vítima, o número de doentes e a gravidade das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital; ● Risco de vida iminente e traumatismos multissistêmicos serão atendidos primeiro. Vítimas em Massa: ● O número de doentes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento do hospital e da equipe; ● Maiores possibilidades de sobrevida, atendimento com menor gasto de tempo, equipamentos, recursos e pessoal serão atendidos primeiro → Salvar o máximo possível de vidas. Avaliação Primária: ● Doentes avaliados e prioridades de TTO estabelecidas de acordo com suas lesões, sinais vitais e mecanismos de lesão; ● Lesões graves → Sequência lógica de TTO de acordo com prioridades com base na avaliação geral do paciente ● Avaliação primária rápida → 10 segundos; ● Avaliação rápida e eficiente dos sinais vitais; ● Reanimação das funções vitais; ● Avaliação secundária mais detalhada; ● Início do TTO definitivo. 2 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➔ Uma rápida avaliação do ABCD no paciente pode ser obtida quando você se apresenta, perguntando a ele seu nome e o que aconteceu; ○ Resposta apropriada → Não há comprometimento grave da via aérea (consegue falar), não há comprometimento grave da ventilação (consegue gerar movimento aéreo que permite a fala) e não há comprometimento maior do nível de consciência (consegue descrever o que aconteceu); ○ Falha de resposta → Anormalidades no ABCD. ➔ A primeira prioridade é o tratamento da via aérea, a sequência de prioridades é baseada no grau de ameaça à vida. Populações Especiais: ● Crianças, grávidas, idosos, atletas e obesos. ○ Crianças → A avaliação e as prioridades assistenciais são as mesmas do adulto, embora apresentem diferenças anatômicas e fisiológicas. ○ Grávidas → Prioridades semelhantes às de não grávidas, embora as alterações fisiológicas da gravidez possam modificar a resposta ao trauma. Pronto reconhecimento do estado gravídico e avaliação precoce do feto são essenciais. ○ Idosos → Trauma é uma causa comum de morte. A reanimação exige cuidados especiais. Envelhecimento reduz as reservas fisiológicas. Doenças crônicas e associadas podem comprometer a resposta ao trauma. Uso crônico de medicamentos pode alterar resposta fisiológica ao trauma e modificar a reanimação. ○ Obesos → Sua anatomia pode tornar procedimentos como IOT mais difíceis e perigosos. Exames diagnósticos também são mais difíceis. Frequentemente possuem doenças cardiopulmonares que limitam sua capacidade de compensação ao trauma e estresse. Rápida reanimação volêmica pode exacerbar essas comorbidades de base. ○ Atletas → Podem não manifestar precocemente sinais de choque (taquicardia e taquipneia). Podem ter PA sistólica e diastólica mais baixas. ABCDE: A: Manutenção da Via Aérea com Proteção da Coluna Cervical. ● Via aérea deve ser avaliada em primeiro lugar para assegurar sua permeabilidade, e, se necessário, assegurar uma via aérea definitiva; ● As manobras para estabelecer a permeabilidade da via aérea devem ser feitas com proteção da coluna cervical; ○ Cuidar para evitar movimentação excessiva da coluna cervical; 3 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ○ Cabeça e pescoço não devem ser hiperestendidos ou rodados com o intuito de estabelecer ou manter a via aérea; ○ Caso seja necessária a remoção temporária do dispositivo de imobilização cervical, um dos membros da equipe deve se encarregar de imobilizar manualmente a cabeça e o pescoço, mantendo-os alinhados. ● Identificar sinais de obstrução → Aspiração e inspeção para presença de corpos estranhos e fraturas (faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas); ○ Consegue se comunicar verbalmente → Pouco provável que obstrução de via aérea represente risco imediato; ○ Prudente avaliar a permeabilidade em curtos intervalos de tempo. ● Manobras: Elevação do mento (chin lift) e Tração da mandíbula (jaw thrust). ● Trauma cranioencefálico grave e rebaixamento do nível de consciência ou Glasgow ≤ 8 → Normalmente necessitam via aérea definitiva; ○ Respostas motoras descoordenadas também sugerem necessidade de via aérea definitiva; ○ Via aérea em criança necessita cuidados especiais. ➔ Considerar a existência de uma lesão de coluna cervical em todo paciente com traumatismos multissistêmicos, especialmente nos que apresentarem nível de consciência alterado ou traumatismo fechado acima da clavícula; ○ A avaliação e o diagnóstico de lesão específica de coluna, incluindo métodos de imagem, devem ser realizados posteriormente. B: Respiração e Ventilação. ● A permeabilidade da via aérea por si só não garante uma ventilação adequada, é necessária troca adequada de gases; ● Boa ventilação → Funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma; ● Pescoço e tórax devem ser expostos para avaliar corretamente a distensão de veias jugulares, posição da traquéia e movimentação da parede torácica; ● Ausculta → Confirmar fluxo de ar nos pulmões; ● Oxigenar; ● Inspeção visual e palpação→ Detectar lesões que possam comprometer a ventilação; 4 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Lesões que podem prejudicar gravemente em pouco tempo → Pneumotórax hipertensivo, tórax instável com contusão pulmonar, hemotórax maciço e pneumotórax aberto; ○ Devem ser identificadas na avaliação primária e podem exigir atenção imediata. ● Hemotórax, pneumotórax simples, fraturas de arcos costais e contusão pulmonar podem comprometer a ventilação, mas em grau menor → Normalmente identificados na avaliação secundária. C: Circulação com Controle de Hemorragia. ● Principais fatores circulatórios a considerar: Volume sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia; ● Volume sanguíneo e Débito cardíaco: ○ Hemorragia é a principal causa de morte pós-traumáticas evitáveis → Identificação e parada da hemorragia são essenciais; ○ Uma vez descartado o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, a hipotensão em pacientes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até que se prove o contrário; ○ Avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico; ➢ Nível de consciência: ↓ Vol. sanguíneo → ↓ Perfusão cerebral. Contudo, paciente consciente também pode ter perdido quantidade significativa de sangue. ➢ Cor da pele: Especialmente face e extremidades. Rósea → Raramente está criticamente hipovolêmico. Cinzenta/Esbranquiçada → Hipovolemia. ➢ Pulso: Examinar bilateralmente. Cheios, lentos e regulares → Normovolemia. Rápido e filiforme (“fraco”) → Hipovolemia. ⇨ Uma frequência normal de pulso não é garantia de que o paciente esteja normovolêmico; ⇨ Pulso irregular → Alerta para disfunção cardíaca; ⇨ Ausência de pulsos centrais → Ação imediata de reanimação. ● Hemorragia: ○ Identificar se a fonte é externa ou interna; ○ Hemorragia externa deve ser identificada e controlada na avaliação primária; ➢ Compressão manual sobre o ferimento; ➢ Torniquetes são efetivos nas lesões de extremidades, porém podem causar lesões isquêmicas. Devem ser utilizados quando a compressão direta não for efetiva; ➢ Pinças hemostáticas podem lesar nervos e veias. ○ Principais áreas de hemorragia interna: Tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. D: Disfunção Neurológica: ● Estabelecer nível de consciência do paciente, tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e nível de lesão da medula espinal; ● Escala de Coma de Glasgow (GCS); ● Nível de consciência → AVPU; ● Rebaixamento do nível de consciência → Pode representar diminuição da oxigenação, má perfusão cerebral ou trauma cerebral; ● Alteração no nível de consciência → Reavaliação de ventilação, oxigenação e perfusão; 5 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Hipoglicemia, álcool, narcóticos ou outras drogas também podem alterar o nível de consciência; ● Prevenção da lesão cerebral secundária, por meio da manutenção de oxigenação e perfusão adequadas. ➔ Se excluídos os problemas mencionados, toda alteração de consciência deve ser considerada originária de trauma ao SNC até que se prove o contrário. E: Exposição e Controle do Ambiente. ● Doente deve ser totalmente despido (usualmente cortando as roupas) para facilitar o exame e a avaliação completos; ● Uso de cobertores aquecidos ou algum dispositivo de aquecimento externo para prevenir a ocorrência de hipotermia na sala de trauma; ● Fluidos intravenosos aquecidos; ● O ambiente deve ser mantido aquecido → Garantir a temperatura corporal do paciente, não o conforto da equipe de atendimento. Reanimação: ➔ A reanimação e o tratamento das lesões com risco para a vida logo que identificadas são essenciais para maximizar a sobrevivência do doente; ➔ Segue a sequência ABC; ➔ Ocorre simultaneamente com a avaliação. Via Aérea: ● Deve ser protegida em todos os doentes e garantida quando há possibilidade de seu comprometimento; ● Dúvida sobre a capacidade do doente em manter a via aérea permeável → Via aérea definitiva (IOT); ○ IOT deve ser feita sob proteção contínua da coluna cervical; ○ Se IOT for contraindicada ou não for possível sua realização → Via aérea cirúrgica. ● Elevação do mento e tração da mandíbula → Inicialmente podem ser suficientes; ● Paciente inconsciente ou sem reflexo de vômito → Tubo orofaríngeo pode ajudar temporariamente. Ventilação, Respiração e Oxigenação: ● Todo doente traumatizado deve receber O2 suplementar; ○ Se não for intubado, o doente deve receber oxigênio por meio de uma máscara com reservatório que garanta oxigenação máxima. ● Oxímetro de pulso. 6 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Circulação e Controle da Hemorragia: ● Essencial em conjunto com a reposição apropriada do volume intravascular; ● Deve-se inserir, pelo menos, 2 catéteres endovenosos calibrosos; ○ Preferível iniciar por punções venosas periféricas em MMSS. ● Amostra de sangue → Tipagem sanguínea + exames laboratoriais de rotina (incluir BHCG para mulheres em idade fértil); ● Gasometria; ● A reanimação volêmica agressiva e contínua não substitui o controle definitivo da hemorragia! Medidas Auxiliares à Avaliação Primária e à Reanimação: ● Monitorização eletrocardiográfica; ● Sondas urinárias → Débito urinário é indicador da volemia e reflete perfusão renal. ○ Parte da fase de reanimação (gástrica também); ○ Enviar amostra de urina para laboratório (exames de rotina); ○ Sondagem vesical; ○ Contraindicada em casos com suspeita de lesão uretral (sangue no meato uretral, equimose perineal, próstata com deslocamento cranial ou não palpável ao toque retal). ● Sondas gástricas → Reduzir a distensão gástrica, reduzir riscos de aspiração e avaliar presença de HDA. ○ Presença de sangue no aspirado gástrico → Sangue orofaríngeo deglutido, trauma na colocação da sonda ou lesões no trato digestivo alto; ○ Suspeita de fratura de placa crivosa (fratura de base de crânio - Líquor saindo pelo ouvido, Sinal do Guaxinim, sinal de Battle) → Sonda deve ser passada por via oral. ● FR e gasometria arterial; ● Oximetria de pulso → SatO2; ● PA; ● Radiografias e procedimentos diagnósticos → Devem ser feitos de maneira racional e de modo a não retardar a reanimação do doente. Considerar a Necessidade de Transferência do Doente: ➔ O processo de transferência pode ser iniciado imediatamente por um profissional administrativo sob a orientação do médico que está atendendo, enquanto estão sendo tomados cuidados adicionais de avaliação e reanimação. Avaliação Secundária: ➔ Apenas após completar a avaliação primária (ABCDE), quando as medidas indicadas para a reanimação tiverem sido adotadas e o doente apresentar tendência para normalização de suas funções vitais; ➔ Quando há outra pessoa no momento do atendimento, parte da avaliação secundária pode ser feita por uma enquanto a outra realiza a primária; ➔ Reconhecer mecanismo do trauma; ➔ Avaliação secundária não deve interferir na primária! ➢ Exame do traumatizado da cabeça aos pés → História clínica e exame físico completos + Reavaliação dos sinais vitais; 7 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➢ Exame neurológico completo (incluindo GCS); ➢ Procedimentos especiais → Radiologias específicas e estudos laboratoriais. História: ● História do mecanismo do trauma; ● Se não conseguir informações do próprio doente → Consultar família e pessoal do atendimento pré-hospitalar; ● AMPLA: Trauma Fechado: ● Colisões automobilísticas, quedas e outras lesões relacionadas a transporte, recreação ou trabalho; ● Informações importantes: ○ Cinto de segurança? ○ Deformação do volante? ○ Direção do impacto? ○ Danos ao automóvel? ○ Intrusão no compartimento de passageiros? ○ Ejeção do passageiro? Trauma Penetrante: ● Arma de fogo, arma branca, empalamentos, etc; ● Fatores determinantes: ○ Extensão da lesão; ○ Região do corpo; ○ Órgãos próximos; ○ Velocidade do projétil; ○ Distância da arma ao doente, etc. Lesões Térmicas: ● Podem se apresentar isoladas ou associadas a trauma penetrante/fechado; ● Atenção: Lesões por inalação ou intoxicação por CO → Maior risco de complicações; ● Hipotermia. 8 Atendimentoao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Ambientes de Risco: ● Exposição a elementos químicos, tóxicos, radiação, etc. ● Perigos: ○ Essas substâncias podem produzir uma grande variedade de disfunções pulmonares, cardíacas ou de outros órgãos internos; ○ Também representam um perigo ao pessoal médico-hospitalar. ● Contato imediato com Centro Regional de Controle de Intoxicações → Recomendações. Exame Físico: ➔ Sequência: Cabeça, estruturas maxilofaciais, pescoço e coluna cervical, tórax, abdome, períneo/reto/vagina, sistema musculoesquelético e sistema neurológico. Cabeça: ● Cabeça e couro cabeludo; ● Identificação de lesões neurológicas significativas (GCS). Estruturas Maxilofaciais: ● Palpação de todas as estruturas ósseas, avaliação de oclusão dentária, exame intraoral e avaliação de partes moles; ● Traumatismos maxilofaciais, quando não associados à obstrução de via aérea ou hemorragia importante, só devem ser tratados após estabilização do doente; ● Fratura média da face → Ruptura da lâmina cribiforme; ● Assumir trauma cervical. Coluna Cervical e Pescoço: ● Doentes com trauma craniano e maxilofacial devem ser considerados portadores de lesão instável de coluna cervical → Seu pescoço deve ser imobilizado até que sua coluna cervical tenha sido estudada por completo e tenham sido excluídas possíveis lesões. ● Ausência de déficit neurológico não exclui lesão de coluna; ● Lesão de coluna deve ser presumida até que se prove o contrário; ● Atentar para lesões vasculares cervicais (ex.: cinto de segurança → carótida). Tórax: ● Inspeção visual e palpação da caixa torácica (incluindo clavículas, arco costais e esterno); ● Ausculta; ● RX tórax; ● Atentar para contusões e hematomas → Podem sugerir lesões ocultas; ● Ex.: Pneumotórax, tamponamento cardíaco, ruptura de aorta, etc. 9 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Abdome: ● Lesões abdominais devem ser identificadas e tratadas de maneira agressiva; ○ O diagnóstico preciso não é tão importante quando a identificação de uma lesão e sua correção cirúrgica, se necessário. ● Exame inicial normal não exclui possibilidade de lesões intra-abdominais significativas; ● Hipotensão inexplicada, lesões neurológicas, alteração do sensório decorrente do uso de álcool e/ou drogas e com achados abdominais duvidosos → Candidatos a LPD, FAST ou TC do abdome (se estiverem hemodinamicamente normais). Períneo, Reto e Vagina: ● Buscar por contusões, hematomas, lacerações e sangramento uretral; ● Toque retal → Lesões intestinais. Sistema Musculoesquelético: ● Contusões e deformidades; ● Palpação, pesquisa por dor ou movimentos anormais; ● Fraturas pélvicas → Equimose ilíaca, no púbis, grandes lábios ou escroto; ● Ruptura de ligamentos → Instabilidade de articulações; ● Lesão de tendões → Interfere na movimentação ativa da estrutura; ● Lesão nervosa ou isquemia podem levar a perdas de sensibilidade ou/e contratilidade muscular; ● Sempre examinar o dorso do paciente. Sistema Neurológico: ● Avaliação sensorial, motora, nível de consciência e resposta pupilar; ● GCS; ● Monitorização frequente do nível de consciência e alterações neurológicas → Podem indicar progressão de lesão intracraniana; ● Proteção da coluna! Reavaliação: ● Reavaliação constante → Assegurar que novos achados não sejam negligenciados e descobrir possíveis deteriorações nos achados registrados previamente; ● Conforme as lesões com risco à vida são tratadas, outras lesões, também ameaçadoras à vida podem ser identificadas; ○ Doenças clínicas preexistentes também podem se tornar evidentes e afetar o prognóstico. ● Sinais vitais; ● Débito urinário; ● Oximetria de pulso; ● Analgesia (evitar IM); ○ Administração cautelosa → Promover conforto ao paciente e alívio da ansiedade, porém, evitando a depressão respiratória , a ocultação de lesões sutis e mudanças no estado geral. 10 Atendimento ao Trauma Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Tratamento Definitivo: ● Considerar necessidade de transferência do doente → Necessidades de tratamento excedem a capacidade da instituição; ● Avaliação detalhada das lesões do doente e da capacidade da instituição; ● Escolha do hospital apropriado mais próximo. Registros e Considerações Legais: ● Registro meticuloso com documentação cronológica de todos os eventos; ● Consentimento informado → De preferência, antes de se instaurar o tratamento; ○ Nos casos de risco à vida, primeiro se realiza o tratamento e, após, o termo de consentimento. ● Preservar evidências forenses → Caso se suspeite de que a lesão seja decorrente de atividade criminosa; ○ Roupas, projéteis, determinações laboratoriais, etc. Trabalho em Equipe: ● Um membro deve assumir o papel de líder → Otimizar o trabalho em equipe; ○ Líder → Supervisiona, checa e dirige a avaliação. Idealmente, ele não está envolvido diretamente na avaliação do doente em si. ● Dependendo do tamanho da equipe, é útil ter membros designados para papéis específicos; ● Cada membro deve saber o que os outros encontraram/estão fazendo; ● Pedidos e ordens devem ser dirigidos a um indivíduo pelo nome; ○ Esse indivíduo deve repetir o pedido/ordem e confirmar, posteriormente sua execução, se aplicável ou não. Referência: COMITÊ DE TRAUMA DO COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES; Advanced Trauma Life Suport (ATLS), 9ª Ed 2014. 11
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