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ATM 2026.2 Trauma @ju.raminelli 1 • Mortes imediatas: acontecem no local do acidente, apenas medidas preventivas primárias poderiam evitar; • Mortes precoces: podem ser evitadas no atendimento inicial adequado; • Mortes tardias: geralmente decorrentes de complicações do trauma, evitadas possivelmente por cuidados hospitalares. Avaliação primária: • Medidas auxiliares na avaliação primária: ECG, oximetria, capnografia e GA, sondagem gástrica e urinária (cuidado com as CI!), FAST/e-FAST, LPD; o RX tórax em AP e de pelve (focos de sangramento); o Gestante também faz RX de qualquer forma, nessa situação não importa que ela é gestante, a prioridade é salvar a mãe. • Lesões com risco imediato de morte: obstrução de VA, pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tamponamento cardíaco, lesão de árvore traqueobrônquica. • ECG: FA, extrassístoles ventriculares, mudança no ST → trauma contuso cardíaco. o Atividade elétrica sem pulso → tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo ou hipóxia/hipoperfusão. X Contenção de hemorragias graves externas com risco de exanguinação • PHTLS – faz parte do atendimento pré-hospitalar A 1. Proteção cervical (se possível); a. Colar cervical; b. Head block; c. Mobilização em bloco; d. Prancha rígida apenas para transporte. 2. Patência das VA; a. Corpo estranho, secreção, sangue, queda da base da língua → manobra de tração anterior da mandíbula ou elevação do mento); b. Cânula de Guedel: outra opção. 3. O2 máscara não reinalante de alto fluxo (10-15 L/min); 4. Avaliar necessidade de VA definitiva. a. Sonda em posição traqueal, com balonete insuflado abaixo das pregas vocais, ligada à uma fonte enriquecida de oxigênio; b. Não cirúrgica: IOT ou intubação nasotraqueal (CI: apneia, fratura de base de crânio, criança); i. Fratura de base de crânio: sinal do Guaxinim, sinal do duplo halo, sinal de Battle. c. Cricotireoidostomia: falha de IOT, edema de glote/distorção anatômica cervical, traumatismo maxilofacial extenso, hemorragia profusa, qualquer fator que impossibilite de visualização da laringe (cordas vocais); i. CI: fratura de laringe, idade menor que 12 anos. d. Traqueostomia: realizar quando não se pode fazer a crico; e. VA alternativas: máscara laríngea, crico por punção, tubo laríngeo, tubo esofágico multilúmen. i. Crico por punção: medida provisória até via definitiva, estratégia de oxigenação de emergência, tempo máximo de 30 a 40 min porque não ventila direito então retém CO2 e faz hipercapnia, não é contraindicada em menores de 12 anos. Indicações: o Apneia, incapacidade de manter oxigenação: sat < 90%, Pa O2 < 60 mmHg; o Risco de aspiração: paciente inconsciente/GL < 8, sangramento protuso de VA, convulsões reentrantes; o Risoc iminente de comprometimento da VA: trauma maxilofacial extenso, lesão térmica/inalatória, hematoma cervical expansivo. Quando retirar o colar cervical? Segundo o ATLS, apenas após exame de imagem de coluna cervical. Há algum critério NEXUS (DILCE)? SIM = manter; NÃO = abrir o colar e palpar coluna. → gera dor? SIM = manter; NÃO = movimentação ativa da coluna gera dor? SIM = manter; NÃO = retirar o colar. D- déficit neurológico; I – intoxicação (etanol ou drogas); L – lesão extrema que distraia o paciente durante o exame; C – consciência alterada (Glasgow < 15); E – Espinha dolorosa (dor à palpação da coluna). ATM 2026.2 Trauma @ju.raminelli 2 • Lembrar de risco de aspiração de vômito → aspirar com sucção, lateralizar paciente com proteção da cervical; • Trauma maxilofacial: frequentemente decorrente de colisão automobilística sem cinto de segurança, de modo com que o passageiro bata no para-brisas → dificuldade em manter VA, aumento de secreções, sangramentos, edema; o Não passar sonda nasogástrica pelo risco de fratura da placa crivosa → sonda vai para no cérebro. • Trauma cervical muitas vezes exigem VA definitiva cirúrgica; • Trauma de laringe: rouquidão, enfisema subcutâneo e fratura palpável. B Respiração e ventilação. • Agitação = hipóxia; • Obnubilação = hipercarbia (aumento da PCO2); • Avaliar cianose pela pele e pelo leito ungueal, mas é difícil de se analisar em peles mais escuras, além de ser um sinal tardio de hipóxia; o Verificar oximetria e esforço respiratório. • Lesões medulares abaixo de C3 não comprometem o diafragma (quanto mais proximal, pior o prognóstico), mas impacta nos músculos acessórios à respiração, portanto, muda o padrão respiratório → respiração abdominal, contrações rápidas e ineficazes que podem levar à atelectasia e insuficiência respiratória; 1. Inspeção – expansibilidade, distensão das jugulares, posição da traqueia; 2. Palpação – crepitação? Enfisema subcutâneo? 3. Percussão – timpanismo? Macicez? 4. Ausculta – MV presente? RA? Bulhas abafadas? Pneumotórax hipertensivo: • Ausência de MV; • Hipertimpanismo à percussão; • Hipóxia; • Sinais de choque: taquipneia, taquicardia e hipotensão (choque obstrutivo); • Enfisema subcutâneo; • Turgência jugular; • Desvio da traqueia contralateral; • Tratamento: o Imediato: toracocentese (punção) imediata no 5º espaço intercostal, na linha axilar média/descompressão torácica digital; o Definitivo: drenagem torácica no 5ª EIC, entre a linha axilar anterior e a média. • O pneumotórax hipertensivo pode simular um tamponamento cardíaco, através de achados que são comuns a ambos, como turgência jugular e desvio da traqueia. No entanto, a ausência de MV e o timpanismo à percussão não estão presentes no tamponamento cardíaco. Pneumotórax: • Tto conservador; o Pcte assintomático; o Pneumotórax pequeno (2-3 cm); o Sem proposta de transporte aéreo subatmosférico. • Pode vir sem desvio de traqueia; • Em qualquer pneumotórax, seja ele hipertensivo ou não, o diagnóstico é clínico, não precisa fazer RX; • Um pneumotórax simples pode evoluir para pneumotórax hipertensivo quando um doente é intubado e ventilado com pressão positiva antes de ter o hemitórax descomprimido com um dreno de tórax. Hemotórax: • Ausência de MV; • Não tem turgência jugular porque o pcte está chocado; • Macicez à percussão; • Choque: taquipneia, taquicardia e hipotensão; • Tto: drenagem torácica no 5º EIC ou toracotomia de emergência (drenagem de 1500 mL de sangue ou > 200 mL/h por amis de 2 a 4 horas após a drenagem inicial). Avaliação para intubação de VA difícil: C Circulação e controle de hemorragia. • O choque hemorrágico é o principal choque no trauma e é a principal causa de morte evitável; ATM 2026.2 Trauma @ju.raminelli 3 • Má perfusão generalizada → hipóxia celular → acidose lática; • Descartar primeiro pneumotórax hipertensivo como causa de hipotensão, é perda volêmica até que se prove o contrário; • Choque não hemorrágico; o Distributivo: neurogênico, séptico; o Obstrutivo: pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco; o Cardiogênico: contusão miocárdica, IAM. • O choque neurogênico está associado a lesões medulares e pode ser caracterizado pela bradicardia associada à hipotensão sem vasoconstrição periférica (forma não compensatória) em função da perda do tônus simpático; • Focos de hemorragia externa; o Compressão direta do ferimento; o Extremidades: se não houve controle de compressão → torniquete. ▪ Lembrar que causa isquemia. • Pegar 2 acessos periféricos calibrosos e coletar amostra → pedir HCG para todas as mulheres em idade fértil, hemograma, tipagem sanguínea e provas cruzadas; o Caso não seja possível pegar 2 acessos periféricos, pegar intraósseo, central ou até dissecção venosa. • Pegar artéria (radial ou femoral, geralmente) para pedir gaso e lactato; • Idosos podem não fazer taquicardia, lembrartambém daqueles que usam bloqueadores beta- adrenérgicos e de canal de cálcio, bem como dos usuários de marca-passo; • Gestantes e atletas tendem a demorar mais para apresentarem sinais e sintomas de perda volêmica. Focos de hemorragia interna: 1. Cavidade torácica; a. Hemotórax: macicez, hipotensão, taquicardia, dispneia. 2. Cavidade abdominal/retroperitônio; a. Instabilidade + foco abdominal → cx; b. Dúvida: FAST/lavado peritonial diagnóstico. 3. Pelve: fratura → imobilização dos ossos da pelve; 4. Ossos longos. a. Tíbia – 750 mL; b. Úmero – 750 mL; c. Fêmur – 1500 mL; d. Redução da fratura e imobilização. Sinais de choque: 1. Palidez cutânea: sudorese, pele pegajosa; 2. Aumento da FC; 3. Pressão de pulso = PAS – PAD (30 mmgHg); a. Pulso rápido e fino; b. Pulsos centrais (carótidas ou femorais) ausentes = reanimação; c. Verificar regularidade, frequência e qualidade. 4. Diminuição da PA; 5. Aumento da FR; 6. Enchimento capilar; 7. Alteração de sensório; 8. Diurese. Reposição volêmica: começar com cristaloide, se não responder, transfundir. • 1000 mL de RL aquecido (39ºC), 2 acessos periféricos, mínimo calibre 18; • Transfusão sanguínea precoce (hemácias, plasma fresco e plaquetas); o Pctes com hemorragia classe II; o Pctes com hemorragia classe IV; o Respondedores transitórios à reposição volêmica; o Não respondedores à reposição volêmica. • Recomendação do ácido tranexâmico em pctes gravemente feridos; o Primeira dose (infundir em 10 min): até 3h do trauma; o Segunda dose: manter infusão por 8h (intra-hospitalar). • O débito urinário é o indicador mais fidedigno para avaliarmos perfusão tecidual e reposição volêmica (adultos: 0,5 mL/kg/h); • A reposição agressiva aumenta a mortalidade → conceito de hipotensão tolerada; • A resposta pode ser rápida (I e II), transitória (III) ou mínima/ausente (IV); • Transfusão maciça (IV): 10 unidades de CHAD em 24h ou 4 unidades em 1h; • Um aumento da PA pode não equivaler a um aumento concomitante do débito cardíaco ou da revisão do estado de choque. Aumento da resistência vascular periférica por meio do uso de vasopressores, sem alteração de débito cardíaco, resulta em aumento da PA, mas não melhora a perfusão e a oxigenação dos tecidos. ATM 2026.2 Trauma @ju.raminelli 4 D Estado neurológico. Pontuação final = abertura ocular [1 a 4] + resposta verbal [1 a 5] + resposta motora [1 a 6] – reatividade Pupilar [0 a 2]. → TCE leve: 13-15; → TCE moderado: 9-12; → TCE grave: < 8 → indicação de VA definitiva. E Exposição e controle ambiental, evitando hipotermia. • Despir completamente o pcte; • Cobertor térmico; • Aquecer o ambiente; • Solução cristaloide aquecida; • Tríade letal: hipotermia → acidose metabólica → coagulopatia. Avaliação secundária: • Autorizada apenas após o término da avaliação primária; • Exame minucioso da cabeça aos pés; • Anamnese dirigida → mnemônico AMPLA; • Não se faz avaliação secundária se paciente instável; • Medidas auxiliares: RX membros, RX coluna, exames contrastados, TC, endoscopias. A - alergias M – medicações em uso P – passado médico/prenhez L – líquidos e alimentos ingeridos A – ambiente, eventos e mecanismo de trauma Diamante letal do trauma: REFERÊNCIAS: AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS – Advanced Trauma Life Support for Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma, 2018, 9 p.
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