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NEFROPATOLOGIA Quais as 3 principais síndromes relacionadas à doença renal? R: Síndrome nefrótica, Síndrome nefrítica, Insuficiência renal. Liste cinco mecanismos de lesão renal que você acha que são os mais importantes. R:Genético, Reação imune, Drogas, Depósitos anômalos, Hiperfiltração glomerular. Através de que formas ou mecanismos os anticorpos podem lesar os glomérulos? R: Os anticorpos podem lesar os glomérulos por meio de mecanismos de hipersensibilidade. Tais mecanismos podem ser divididos em 4 tipos, sendo dois relacionados a ação de anticorpos: Tipo II: células do organismo são reconhecidas como patógenos e são revestidas por anticorpos, que ativam o sistema imune. Tipo III: são formados complexos antígeno-anticorpo nos capilares glomerulares, conduzindo a uma obstrução destes, o que compromete a filtração. R: Hipersensibilidade tipo III; Hipersensibilidade tipo II; Componentes glomerulares; (Anca) neutrófilos. Quais os critérios para diagnóstico de síndrome nefrótica? R: Gabarito para referência: Proteinúria maciça (> 3,5 g/24h), Hipoalbuminemia, Edemas, Hipercolesterolemia. Cite três alterações características de insuficiência renal? R: Oligúria/anúria; Elevação da creatinina; Elevação da ureia; etc. (resposta livre), inapetência, anasarca. Liste três doenças sistêmicas que cursam com lesão renal? R: Lúpus; Amigdalite/impetigo; Diabetes; Hipertensão; (resposta livre) Escolha três aparelhos ou tipos de exames (avaliação laboratorial) que você considera imprescindíveis para prevenir doença renal crônica? R: Tensiômetro; sumário de urina; bioquímica sérica; (resposta livre). Caso 1 - Síndrome de Alport Caso 2 - Glomerulonefrite Aguda Pós-Infecciosa → Glomerulonefrite rapidamente progressiva (Glomerulonefrite Proliferativa Difusa Generalizada) Caso 3 - (Glomerulonefrite) Membranosa Primária Caso 4 - Glomerulonefrite Membranoproliferativa secundária à Esquistossomose* CASO 1 - 23 anos, masculino. QP: Hematúria e episódios de edema. Edema em MMII, acometendo face após alguns dias, há 1 ano. Proteinúria Nefrótica (5,8) e Dislipidemia somadas a hematúria importante → Nefrótica e Nefrítica associadas. Quadro se resolveu espontaneamente. História familiar de insuficiência renal (dois irmãos 28 e 29 a) SD: Nefropatia Hereditária ou Nefropatia por IgA (DD) ou Lesão da Membrana Basal Fina NEFROPATIA HEREDITÁRIA → SÍNDROME DE ALPORT . Mutações de genes do colágeno IV → lesão glomerular “a Síndrome de Alport, quando completamente desenvolvida, é manifestada por hematúria com progressão para a insuficiência renal crônica, acompanhada pela surdez nervosa e vários distúrbios oculares” A doença é herdada como um traço ligado ao cromossomo X em aproximadamente 85% dos casos. Na forma ligada ao cromossomo X, os homens expressam a síndrome completa, enquanto heterozigotos femininos apresentam tipicamente hematúria. “Com a progressão da doença há o desenvolvimento da glomerulosclerose segmentar focal, glomerulosclerose global, e outras alterações de lesão renal progressiva, incluindo esclerose vascular, atrofia tubular e fibrose intersticial.” CLÍNICA ● Hematúria macro ou micro + Cilindros Hemáticos. Sintomas iniciam-se entre 5 e 20 anos. ● Insuficiência Renal subsequente se inicia entre os 20 e 50 anos. ● Não tão comumente, proteinúria nefrótica MICROSCOPIA A síndrome de Alport totalmente desenvolvida tem achados característicos na microscopia eletrônica. A MBG mostra focos irregulares de espessamento alternando com atenuação (afinamento) → “Tranças” A imuno-histoquímica pode ser útil em casos com lesões da membrana basal ausentes ou duvidosas, porque os anticorpos para o colágeno α3, α4 e α5 não marcam as membranas glomerulares e tubulares na forma clássica ligada ao X CASO 2 - 4,5 anos, feminino. QP: Edema generalizado e oligúria. Edema maleolar que se desenvolve até edema facial e posteriormente anasarca. Passado de Impetigo (Streptococcus Pyogenes). Numerosas hemácias → Síndrome Nefrítica. SD: Glomerulonefrite Aguda Pós-Infecciosa ou GESF ou Doença de Lesão Mínima GLOMERULONEFRITE (PROLIFERATIVA) AGUDA PÓS-INFECCIOSA . “Como o nome indica, este grupo de doenças se caracteriza histologicamente por proliferação difusa das células glomerulares, associadas ao influxo de leucócitos. Essas lesões são geralmente causadas por complexos imunológicos.” Quadro aparece geralmente de 1 a 4 semanas após uma infecção estreptocócica da faringe ou da pele (impetigo). A GN pós-estreptocócica é causada por complexos imunes contendo antígenos de estreptococos e anticorpos específicos, que são formados in situ. Muitas linhas de evidência apoiam base imunológica para glomerulonefrite pós-estreptocócica. Os níveis do complemento no soro são baixos, compatíveis com a ativação do sistema do complemento e o consumo de componentes do complemento. Existem depósitos imunes granulares nos glomérulos, indicando um mecanismo mediado por complexos imunes. No início, os antígenos incitantes são exogenamente plantados a partir da circulação em nível subendotelial das paredes capilares glomerulares, provocando a formação in situ de complexos imunes, onde induzem uma resposta inflamatória. Subsequentemente, por meio de mecanismos que não são bem compreendidos, os complexos antígeno-anticorpo se dissociam, migram através da membrana basal glomerular, e se formam novamente do lado subepitelial da MBG .CLÍNICA Tipicamente crianças com desenvolvimento abrupto de mal-estar, febre, náusea, oligúria e hematúria (urina esfumaçada ou com cor de refrigerantes tipo cola) de 1 a 2 semanas após a recuperação de uma garganta inflamada ou impetigo. Pacientes têm hematúria, proteinúria não nefrótica, edema palpebral e hipertensão leve. Além disso, há consumo de C3 e outros componentes da cascata complemento. 95% → Total recuperação, doença benigna 2-3% → Progressão lenta para Glomerulonefrite Crônica 1% → Progressão Rápida → Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (Crescêntica) Proteinúria Maciça é um indicador de progressão desfavorável. MICROSCOPIA O quadro diagnóstico clássico é de um glomérulo aumentado e hipercelular. A hipercelularidade é causada por: (1) infiltração por leucócitos, tanto neutrófilos quanto monócitos; (2) proliferação de células endoteliais e mesangiais; e, (3) em casos graves, pela formação de crescente. A proliferação e a infiltração de leucócitos são globais e difusas, isto é, envolvem todos os lóbulos de todos os glomérulos. Há também um edema das células endoteliais e a combinação de proliferação, edema e infiltração leucocitária obliterando as luzes capilares. Pode haver um edema intersticial e inflamação, e os túbulos frequentemente contêm cilindros hemáticos. ● Marcadores: IgG, IgM, C3. ● Humps de Imunocomplexos do lado epitelial da Membrana “Os achados característicos da microscopia eletrônica são depósitos elétron-densos, bem individualizados e amorfos, no lado epitelial da membrana, tendo frequentemente a aparência de protuberâncias (humps — corcovas)” GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (CRESCÊNTICA) GNRP. “A glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP) é uma síndrome associada a lesão glomerular grave e não denota uma forma etiológica específica.” Perda rápida da função renal associada a oligúria grave e Síndrome Nefrítica. As crescentes são produzidas predominantemente pela proliferação das células epiteliais parietais que revestem a cápsula de Bowman e pela infiltração de monócitos e macrófagos. 3 TIPOS: 1 - Anticorpo antimembrana Síndrome de Goodpasture 2 - Complexos Imunes Idiopática, Pós-Infecciosa, Nefrite Lúpica, Nefropatia por IgA 3 - Pauci-Imune ANCAs, Idiopática, Granulomatose de Wegener, Poliangeíte Microscópica “Resumindo, um quinto dos pacientes com GNRP tem glomerulonefrite mediada por anticorpos anti-MBG sem envolvimento pulmonar; um quarto tem glomerulonefrite crescêntica mediada por complexos imunes, e o restante é do tipo pauci-imune” Tipo 2 Em todos esses casos, estudos de imunofluorescência revelam o padrão granular de marcação característico da deposiçãode complexos imunológicos. Esse tipo de GNRP frequentemente demonstra proliferação celular e influxo de leucócitos nos tufos glomerulares, além da formação de crescentes. Pacientes não respondem a plasmaférese e necessitam de tratamento para doença subjacente. CLÍNICA Hematúria com cilindros hemáticos na urina, proteinúria geralmente nefrótica, hipertensão e edema variável. Análises séricas dos anticorpos anti-MBG, de anticorpos antinucleares e dos ANCAs são úteis no diagnóstico de subtipos específicos. GNRP geralmente responde bem aos esteróides e agentes citotóxicos. No entanto, a despeito da terapia, muitos pacientes demandam diálise crônica ou transplante, particularmente se a doença for descoberta em um estágio tardio. MICROSCOPIA Os rins são aumentados e pálidos, frequentemente com hemorragias petequiais nas superfícies corticais. Dependendo da causa subjacente, os glomérulos geralmente mostram necrose segmentar e focal, e variavelmente exibem proliferação endotelial difusa ou focal, e proliferação mesangial. Parte mais importante é a observação das crescentes As crescentes são formadas pela proliferação de células parietais e pela migração de monócitos e macrófagos no espaço urinário. Neutrófilos e linfócitos podem estar presentes. As crescentes podem obliterar o espaço Bowman e comprimir o tufo glomerular. Uma rede de fibrina é frequentemente proeminente entre as camadas celulares nas crescentes; de fato, como discutido, a saída de fatores pró-coagulantes, fibrina e citocinas para o espaço de Bowman pode contribuir para a formação da crescente. Com o tempo, a maioria das crescentes é organizada e focos de necrose segmentar evoluem para cicatrizes segmentares (um tipo de esclerose segmentar), mas a restauração da arquitetura normal glomerular pode ser conseguida com uma terapia precoce agressiva. Por microscopia de imunofluorescência, os casos mediados por complexos imunes mostram depósitos imunes granulares CASO 3 -53 anos, feminino. QP: Síndrome Nefrótica Quadro de edema progressivo que evolui para anasarca. Dores articulares em pés, mãos e joelhos. Diagnóstico de Síndrome Nefrótica, respondendo bem ao tratamento com corticóide. SD: Membranosa Primária ou Nefrite Lúpica ou GESF NEFROPATIA MEMBRANOSA . “É caracterizada pelo espessamento difuso da parede capilar glomerular devido ao acúmulo de depósitos contendo Ig no lado subepitelial da membrana basal.Aproximadamente 75% dos casos de nefropatia membranosa são primários. Os demais casos ocorrem em associação a outras doenças sistêmicas, e têm agentes etiológicos identificáveis, e, portanto, são chamados de nefropatia membranosa secundária” Causas de Nefropatia Membranosa secundária são: 1. Fármacos → Captopril, AINEs, 2. Tumores malignos → Carcinomas de pulmão, cólon e melanomas. 5-10% desenvolvem 3. LES → 10-15% das Glomerulonefrites Lúpicas é do tipo membranoso 4. Infecções → Hepatites, Sífilis, Esquistossomose, Malária 5. Distúrbios Autoimunes → Tireoidite A nefropatia membranosa é uma forma de doença crônica mediada por complexos imunes. A nefropatia membranosa primária (também chamada de idiopática) é considerada uma doença autoimune associada a certos alelos HLA, tais como HLA-DQA1, e, na maioria dos casos, causada por anticorpos a um auto antígeno renal. Em muitos casos adultos, o auto antígeno é o receptor de fosfolipase A2 ● O complexo de ataque à membrana do sistema complemento C5b-C9 tem um papel importante. ● Uma subclasse de IgG, IgG4, que difere de outras subclasses de IgG por ser uma ativadora fraca da via clássica do complemento, é a principal imunoglobulina depositada em casos de nefropatia membranosa primária CLÍNICA Síndrome Nefrótica de início insidioso (85%), somados a hematúria e hipertensão (15-35%). Necessário excluir Nefropatia Membranosa Secundária (rastreio por etiologias/condições subjacentes. Curso da doença costuma ser indolente, a proteinúria é não seletiva e não há resposta a corticoterapia. “Remissões completas ou parciais podem ocorrer em até 40% dos pacientes, mesmo em alguns pacientes sem terapia. A progressão está associada a um aumento de esclerose glomerular, aumentando a creatinina sérica que reflete uma insuficiência renal, e ao desenvolvimento de hipertensão” Por causa do curso variável da doença, é difícil avaliar a efetividade integral dos corticosteróides ou de outras terapias imunossupressoras no controle da proteinúria ou da progressão. MICROSCOPIA Na microscopia óptica, os glomérulos aparecem normais nos estágios iniciais da doença ou exibem um espessamento uniforme e difuso da parede capilar glomerular. Na microscopia eletrônica, o espessamento é causado por depósitos elétron-densos irregulares de complexos imunes entre a membrana basal e as células epiteliais sobrejacentes, com perda dos processos podocitários. Ocorre deposição de material de membrana basal entre esses depósitos, que se mostram como espículas irregulares se projetando da MBG. Essas espículas são mais bem observadas por colorações de prata, que coram em preto a membrana basal, mas não os depósitos. A microscopia de imunofluorescência demonstra que os depósitos granulares contêm tanto imunoglobulinas quanto complemento. O avanço da doença pode ocorrer esclerose segmentar; ao longo do tempo os glomérulos podem se tornar totalmente esclerosados. Pode haver considerável inflamação intersticial de células mononucleares. CASO 4 - 41 anos, masculino. QP: Aumento do volume abdominal, edema de MMII Paciente, com histórico de Esquistossomose (há 20 anos) e Hepatite Alcoólica (há 15 anos), apresenta aumento do volume abdominal, edema de MMII, oligúria e episódios de náusea e vômitos, Hepatoesplenomegalia e Hipertensão Portal. Hematúria, Proteinúria Nefrótica, Cilindros granulosos, Hipoalbuminemia, Dislipidemia → Síndrome Nefrótica e Nefrítica SD: Glomerulonefrite Membranoproliferativa (GMNP) associada à Esquistossomose ou Glomerulonefrite Membranosa (condição também associada a Esquistossomose) GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA GNMP . A GNMP é mais bem considerada como um padrão de lesão imunológica, do que como uma doença específica. Existem dois tipos: Tipo I - Deposição de Complexos Imunes contendo IgG e Complemento Tipo II - Doença de Depósitos Densos - Ativação de Complemento tem papel central A GNMP é caracterizada histologicamente por alterações na membrana basal glomerular, proliferação de células glomerulares (predominantemente no mesângio → Glomerulonefrite Mesangiocapilar) , infiltração de leucócitos e presença de depósitos nas regiões mesangiais e nas paredes dos capilares glomerulares. Responsável por 10% dos casos de Síndrome Nefrótica de crianças e adultos jovens. Alguns pacientes se apresentam somente com hematúria ou proteinúria em níveis não nefróticos, mas muitos outros têm um quadro combinado nefrótico-nefrítico. “Os antígenos envolvidos na GNMP idiopática são desconhecidos. Em muitos casos, acredita-se que esses sejam proteínas derivadas de agentes infecciosos como os vírus das hepatites C e B” GNMP Secundária Sempre Tipo I, podem ser dos tipos: ● Deficiência de alfa-1 antitripsina ● Doenças Malignas - Tumores Linfóides (LLC) ● Distúrbios Crônicos de Complexos Imunes - LES, Hepatites B e C, Infecção por HIV, Endocardite, Abscessos Viscerais e Esquistossomose CLÍNICA A maioria dos pacientes com GNMP primária se apresenta, na adolescência ou no início da vida adulta, com uma síndrome nefrótica e com um componente nefrítico, manifestado por hematúria ou, mais insidiosamente, como proteinúria branda. Alguns pacientes desenvolvem numerosas crescentes e um quadro clínico de GNRP. Tratamento com esteróides, imunossupressores e anti coagulantes não são eficazes MICROSCOPIA Os glomérulos são grandes e hipercelulares. A hipercelularidade é produzida pela proliferação de células no mesângio e a chamada proliferação endocapilar envolvendo o endotélio capilar e os leucócitos infiltrantes. MBG está espessada e frequentemente apresenta um “contorno duplo” ou uma aparência de “trilhode trem” → Duplicação da membrana basal (splitting) → resultado da síntese de uma nova membrana basal em resposta aos depósitos subendoteliais de complexos imunes ● Marcadores Imunofluorescência → IgG, C3, C1q e C4 GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR FOCAL GESF . A glomeruloesclerose segmentar focal primária é a causa mais comum da síndrome nefrótica em adultos nos Estados Unidos. Às vezes é considerada como um distúrbio primário de podócitos, como a doença de lesão mínima. Como o nome implica, essa lesão é caracterizada por esclerose de alguns, mas não todos, glomérulos (portanto, ela é focal); e nos glomérulos afetados, somente uma porção do tufo capilar está envolvida (logo, é segmentar). Manifestação Clínica → Síndrome Nefrótica ou Proteinúria Não Nefrótica de início agudo ou subagudo. Hematúria, Hipertensão e Azotemia também são possíveis manifestações. A doença ocorre nas seguintes condições: ● Doença Primária → Glomeruloesclerose Segmentar Focal Idiopática ○ Responsável por 10% e 35% dos casos de síndrome nefrótica em crianças e adultos, respectivamente. ● Associada a HIV, Uso de Heroína, Anemia Falciforme e Obesidade Acentuada ● Evento secundário → Cicatrização de lesões previamente ativas com Glomerulonefrite focal (Exemplo: Nefropatia por IgA) ● Como resposta adaptativa a perda de tecido renal ou estágios avançados de doenças renais (Exemplo: Nefropatia Hipertensiva) ● Formas hereditárias incomuns (Exemplo: podocina, a-actinina 4 e TRPC6 - canal de potencial receptor de cálcio transitório-6) A característica degeneração e a ruptura focal das células epiteliais viscerais com perda dos processos podocitários parecem as alterações epiteliais difusas típicas doença de lesão mínima e de outras podocitopatias. É este dano epitelial que é a característica da GSF. Múltiplos diferentes mecanismos podem causar esse dano epitelial, incluindo fatores circulantes e defeitos geneticamente determinados que afetam os componentes do complexo dos diafragmas das fendas. A hialinose e a esclerose se originam do aprisionamento de proteínas plasmáticas nos focos extremamente hiperpermeáveis e da deposição aumentada de MEC. “A descoberta de uma base genética para alguns casos de GSF, e de outras causas de síndrome nefrótica, melhorou o entendimento da patogenia da proteinúria na síndrome nefrótica e forneceu novos métodos para o diagnóstico e o prognóstico dos pacientes afetados. O que essas proteínas (nefrina, podocina,alfa-actinina-4), têm em comum é a sua localização nos diafragmas das fendas de filtração e nas estruturas citoesqueléticas podocitárias adjacentes. Suas funções e interações específicas não são completamente entendidas, mas está claro que a integridade de cada uma é necessária para manter a barreira de filtração glomerular normal ” MICROSCOPIA Por microscopia óptica, as lesões focais e segmentares podem envolver somente uma minoria dos glomérulos. Nos segmentos escleróticos há um colapso das alças capilares, um aumento na matriz e uma deposição segmentar de proteínas plasmáticas ao longo da parede capilar (hialinose), o que pode se tornar tão pronunciado a ponto de ocluir as luzes capilares. Gotículas lipídicas e as células espumosas estão frequentemente presentes. Na microscopia eletrônica, tanto as áreas escleróticas quanto não escleróticas mostram uma perda difusa dos processos podocitários, e também pode haver um descolamento focal das células epiteliais e desnudamento da MBG subjacente ● Marcadores Imunofluorescência → IgM, C3 nas áreas escleróticas e mesângio. CLÍNICA Cerca de 20% dos pacientes seguem um curso rápido incomum, com proteinúria maciça não tratável terminando em insuficiência renal dentro de 2 anos. Indicadores de progressão rápida incluem o grau de proteinúria, o grau de insuficiência renal no momento do diagnóstico e o subtipo histológico (a variante colapsante tem um curso desfavorável, por exemplo). GESF Lesão Mínima Maior incidência de Hematúria, queda da TFG e Hipertensão Proteinúria não seletiva Resposta fraca a terapia com Corticóides 50% dos acometidos progridem para DRC DOENÇA DE LESÃO MÍNIMA “Essa condição relativamente benigna é caracterizada pela perda difusa dos processos podocitários das células epiteliais viscerais (podócitos), detectada somente pela microscopia eletrônica, nos glomérulos que aparecem praticamente normais por microscopia óptica. É a causa mais frequente de síndrome nefrótica em crianças, mas é menos comum em adultos. O pico de incidência é entre 2 e 6 anos de idade. A doença algumas vezes ocorre após uma infecção respiratória ou após uma imunização profilática de rotina.” Características que apontam para base imunológica. ● Associação com doenças respiratórias e doenças atópicas ● Boa resposta a Corticoesteróides e Imunossupressores ● Predisposição genética (HLA) associada também à atopia. ● Incidência aumentada associada a pacientes com Linfoma de Hodgkin As alterações ultraestruturais apontam para uma lesão primária de células epiteliais viscerais (podocitopatia) e estudos em modelos animais sugerem a perda de poliânions glomerulares. Logo, os defeitos na barreira eletroquímica podem contribuir para a proteinúria. MICROSCOPIA Os glomérulos são normais na microscopia óptica. Na microscopia eletrônica, a MBG parece normal e nenhum material elétron-denso está depositado. A principal lesão é nas células epiteliais viscerais, que mostram uma perda uniforme e difusa dos processos podocitários, os quais estão reduzidos a um aro de citoplasma sem se reconhecer os espaços entre os processos com seus diafragmas. Existem outras condições associadas a proteinúria que levam a perda de processos podocitários, como Glomerulopatia Membranosa e Nefropatia Diabética. Dessa forma, o diagnóstico de Doença de Lesão Mínima depende da apresentação com glomérulos normais. As células dos túbulos proximais são frequentemente sobrecarregados com lipídios e proteínas. ● Marcadores Imunofluorescência → Complemento ou IgG CLÍNICA Proteinúria Maciça, associada a boa função renal. Hipertensão arterial e hematúria. Geralmente a proteinúria é altamente seletiva, sendo a principal perda de albumina. Resposta muito favorável a Corticóides. Pode estar associada ao linfoma de Hodgkin e, menos frequentemente, a outros linfomas e leucemias. Além disso, a doença de lesão mínima secundária pode ocorrer após uma terapia com AINEs, geralmente associada a uma nefrite intersticial aguda. NEFROPATIA POR IgA DOENÇA DE BERGER A nefropatia por IgA, caracterizada pela presença proeminente de depósitos de IgA nas regiões mesangiais e hematúria recorrente, é o tipo mais comum de glomerulonefrite em todo o mundo. Pode se suspeitar da doença pelo exame por microscopia óptica, mas o diagnóstico é feito somente pela detecção de deposição de IgA. Proteinúria leve, algumas vezes pode se tornar nefrótica. Raramente a doença pode evoluir até uma Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva Crescêntica (GNRP Crescêntica). Enquanto a nefropatia por IgA é tipicamente uma doença renal isolada, depósitos similares de IgA estão presentes em um distúrbio sistêmico de crianças, a púrpura de Henoch-Schönlein. que possui muita características sobrepostas com a nefropatia por IgA. Além disso, a nefropatia por IgA secundária ocorre em pacientes com doenças hepáticas e intestinais, como discutido posteriormente. As características epidemiológicas dessa doença indicam que o aumento da síntese de IgA anormal pode ocorrer em resposta à exposição respiratória ou gastrointestinal aos agentes ambientais (p. ex, vírus, bactérias, proteínas alimentares). A nefropatia por IgA ocorre com frequência aumentada em indivíduos com enteropatia do glúten (doença celíaca), nos quais os defeitos da mucosa intestinal são bem definidos, e naqueles com doença hepática, já que há um clearance hepatobiliar defeituoso dos complexos de IgA (nefropatia por IgA secundária) MICROSCOPIA Os glomérulos podem ser normais ou podem apresentar uma expansão mesangial e uma proliferação endocapilar (glomerulonefritemesangioproliferativa), uma proliferação segmentar confinada a alguns glomérulos (glomerulonefrite proliferativa focal) ou, raramente, uma clara glomerulonefrite crescêntica. Pode haver presença de leucócitos. A expansão mesangial pode ser o resultado de proliferação celular, do acúmulo de matriz, dos depósitos imunológicos, ou de alguma combinação dessas anormalidades. A cicatrização da lesão proliferativa focal pode levar à esclerose segmentar focal. ● Marcador de Imunofluorescência → IgA, C3, properdina, IgG e IgM. CLÍNICA Hematúria Macroscópica após uma infecção respiratória, gastrointestinal ou urinária. 30-40% têm Hematúria Microscópica associada ou não à Síndrome Nefrótica. 5-10% desenvolvem uma Síndrome Nefrítica aguda clássica. Uma progressão lenta para insuficiência renal crônica ocorre em 15% a 40% dos casos ao longo de um período de 20 anos. O início na idade tardia, a proteinúria pesada, a hipertensão e a amplitude da glomerulosclerose na biópsia são indicações para um risco maior de progressão. Resgate de Conceitos Elas são denominadas doenças glomerulares secundárias. Distúrbios em que o rim é o único órgão, ou é o predominantemente envolvido, constituem os vários tipos de glomerulonefrite primária ou, pelo fato de não terem um componente inflamatório celular, glomerulopatia. . As manifestações clínicas da doença glomerular estão agrupadas em cinco principais síndromes glomerulares resumidas na Tabela 20-3 Alterações histológicas glomerulares nas formas primária e secundária podem ser similares Diabetes melito, LES, vasculite e amiloidose, em qualquer paciente com manifestações de doença glomerular, é essencial considerar essas condições sistêmicas. Estrutura do Glomérulo . O glomérulo consiste em uma rede anastomosada de capilares revestida por um endotélio fenestrado envolvido por duas camadas de epitélio As células epiteliais viscerais (comumente referidas como podócitos) estão incorporadas à parede capilar, tornando-se parte intrínseca dessa, e separadas das células endoteliais por uma membrana basal. O epitélio parietal, situado na cápsula de Bowman, reveste o espaço urinário, a cavidade na qual o filtrado do plasma é primeiramente coletado. GLOMERULONEFRITES PRIMÁRIAS Referências: - KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010;. - BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016.
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