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APG 12 - BATATA FRIA

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Carlos Caique Araujo Mendes 
Curso de Medicina 3º Período 
Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional 
Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. 
Prof. Tutor Henrique Lanza 
Salmos 23. 
APG 12 – “BATATA FRIA.” 
Abertura: 12/03/2021 
Devolutiva: 16/03/2021.
Objetivos: 
1. REVER A MORFOFISIOLOGIA DOS VASOS 
SAGUÍNEOS DOS MMII. 
-> estruturas básicas dos vasos sanguíneos 
(túnicas íntima, média, externa); artérias 
(elásticas, musculares); Arteríolas, capilates, 
vênulas, veias; Distribuição do sangue; 
Artérias e veias dos mmii. 
2. ESTUDAR OS FATORES DE RISCO, 
FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS DA DOENÇA ARTERIAL 
OBSTRUTIVA PERIFÉRICA. 
-> epidemiologia; fatores de risco; 
fisiopatologia; manifestações clínicas. 
3. DISCUTIR A RESPEITO DAS 
DIFICULDADES DE ADESÃO AO 
TRATAMENTO DEVIDO ÀS CONDIÇÕES 
SOCIOECONÔMICAS. 
-> de que forma as condições socioeconômicas 
interferem na adesão ao tratamento farmacológico e 
não farmacológico. 
ESTRUTURA BÁSICA DOS VASOS SANGUÍNEOS: 
 
➔ TÚNICA ÍNTIMA: 
A íntima apresenta uma camada de células endoteliais apoiada 
em uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a camada 
subendotelial, a qual pode conter, ocasionalmente, células 
musculares lisas. Em artérias, a túnica íntima está separada da 
túnica média por uma lâmina elástica interna, a qual é o 
componente mais externo da íntima. Esta lâmina, composta 
principalmente de elastina, contém aberturas (fenestras) que 
possibilitam a difusão de substâncias para nutrir células 
situadas mais profundamente na parede do vaso. Como 
resultado da ausência de pressão sanguínea e da contração do 
vaso por ocasião da morte, a lâmina elástica interna das artérias 
geralmente apresenta um aspecto ondulado nos cortes 
histológicos. 
 
 
 
➔ TÚNICA MÉDIA: 
A média consiste principalmente de camadas concêntricas de 
células musculares lisas organizadas helicoidalmente. 
Interpostas entre as células musculares lisas existem 
quantidades variáveis de matriz extracelular composta de fibras 
e lamelas elásticas, fibras reticulares (colágeno do tipo III), 
proteoglicanos e glicoproteínas. As células musculares lisas são 
as responsáveis pela produção dessas moléculas da matriz 
extracelular. Nas artérias do tipo elástico a maior parte da 
túnica média é ocupada por lâminas de material elástico. Em 
artérias musculares menos calibrosas, a túnica média contém 
uma lâmina elástica externa no limite com a túnica adventícia. 
 
➔ TÚNICA ADVENTÍCIA: 
A adventícia consiste principalmente em colágeno do tipo 1 e 
fibras elásticas. A camada adventícia toma-se gradualmente 
contínua com o tecido conjuntivo do órgão pelo qual o vaso 
sanguíneo está passando. 
 
➔ VASO VASORUM: 
Vasos grandes normalmente contêm vaso vasorum (vasos dos 
vasos) que são arteríolas, capilares e vênulas que se ramificam 
profusamente na adventícia e, em menor quantidade, na 
porção externa da média. Os vasa vasorum proveem a 
adventícia e a média de metabólitos, uma vez que, em vasos 
maiores, as camadas são muito espessas para serem nutridas 
somente por difusão a partir do sangue que circula no lúmen 
do vaso. Vasa vasorum são mais frequentes em veias que em 
artérias. Em artérias de diâmetro intermediário e grande, a 
íntima e a região mais interna da média são destituídas de vasa 
vasorum. Essas camadas recebem oxigênio e nutrição por 
difusão do sangue que circula no lúmen do vaso. 
 
➔ INERVAÇÃO: 
A maioria dos vasos sanguíneos que contêm músculo liso nas 
suas paredes é provida por uma rede profusa de fibras não 
mielínicas da inervação simpática (nervos vasomotores) cujo 
neurotransmissor é a norepinefrina. Descarga de norepinefrina 
por essas terminações nervosas resulta em vasoconstrição. Uma vez 
Carlos Caique Araujo Mendes 
Curso de Medicina 3º Período 
Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional 
Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. 
Prof. Tutor Henrique Lanza 
Salmos 23. 
que as terminações nervosas eferentes geralmente não 
penetram a túnica média das artérias, o neurotransmissor 
precisa difundir-se por uma distância de vários micrômetros 
para poder atingir as células musculares lisas da túnica média. 
ESSES NEUROTRANSMISSORES ATUAM ABRINDO ESPAÇOS 
ENTRE AS JUNÇÕES INTERCELULARES DAS CÉLULAS 
MUSCULARES LISAS DA MÉDIA, E DESSA MANEIRA A 
RESPOSTA AO NEUROTRANSMISSOR PROPAGA-SE PARA AS 
CÉLULAS MUSCULARES DAS CAMADAS MAIS INTERNAS DESSA 
TÚNICA. 
Em veias, as terminações nervosas alcançam as 
túnicas adventícia e média, mas a densidade total das 
terminações nervosas é menor do que aquela encontrada nas 
artérias. As artérias de músculos esqueléticos também 
recebem urna provisão de terminações nervosas 
vasodilatadoras do tipo colinérgico. A liberação de acetilcolina 
por essas terminações colinérgicas leva as células endoteliais a 
produzir óxido nítrico, o qual se difunde através das células 
musculares lisas e vai ativar o sistema de mensageiros 
intracelulares, GMP delico. As células musculares então 
relaxam, e o lúmen do vaso é dilatado. AS TERMINAÇÕES 
NERVOSAS AFERENTES (SENSORIAIS) DAS ARTÉRIAS INCLUEM 
OS BARORRECEPTORES (RECEPTORES DE PRESSÃO), O SEIO 
CAROTÍDEO E O ARCO DA AORTA, COMO TAMBÉM 
QUIMIORRECEPTORES DA CARÓTIDA E CORPOS AÓRTICOS. 
 
➔ ESTRUTURA E FUNÇÕES DOS VASOS 
SANGUÍNEOS: 
Para fins didáticos, os vasos sanguíneos arteriais são 
classificados de acordo com o seu diâmetro em grandes 
artérias elásticas, artérias de diâmetro médio ou artérias 
musculares e arteríolas. 
 
 
 
 
➔ GRANDES ARTÉRIAS 
ELÁSTICAS: 
As grandes artérias elásticas contribuem para estabilizar o 
fluxo sanguíneo. As artérias 
elásticas incluem a 
aorta e seus grandes 
ramos. ESTES VASOS TÊM COR AMARELADA 
DECORRENTE DO ACÚMULO DE ELASTINA NA TÚNICA MÉDIA. 
A íntima, rica em fibras elásticas, é mais espessa que a túnica 
correspondente de uma artéria muscular. Uma lâmina elástica 
interna, embora presente, não pode ser facilmente distinguida 
das demais lâminas elásticas existentes entre as camadas 
musculares que se seguem. A TÚNICA MÉDIA CONSISTE EM 
UMA SÉRIE DE LÂMINAS ELÁSTICAS PERFURADAS, 
CONCENTRICAMENTE ORGANIZADAS, CUJO NÚMERO 
AUMENTA COM A IDADE (HÁ EM TORNO DE 40 LÂMINAS NO 
RECÉM-NASCIDO E 70 NO ADULTO). Entre as lâminas elásticas 
situam-se células musculares lisas, fibras de colágeno, 
proteoglicanos e glicoproteínas. A túnica adventícia é 
relativamente pouco desenvolvida. A túnica média das 
grandes artérias contém várias lâminas elásticas que 
contribuem para a importante função de tornar o fluxo de 
sangue mais uniforme. Durante a contração ventricular 
(sístole), a lâmina elástica das grandes artérias está distendida 
e reduz a variação da pressão. Durante relaxamento 
ventricular (diástole), a pressão no ventrículo cai para níveis 
muito baixos, mas a propriedade elástica das grandes artérias 
ajuda a manter a pressão arterial. Como consequência, a 
pressão arterial e a velocidade do sangue diminuem e se tornam 
menos variáveis à medida que se distanciam do coração. 
 
➔ ARTÉRIAS MUSCULARES 
MÉDIAS: 
Artérias musculares de diâmetro médio contêm a túnica média 
formada essencialmente por células musculares lisas. Nas 
artérias musculares a íntima tem uma camada subendotelial 
um pouco mais espessa do que a das arteríolas. A lâmina 
elástica interna, o componente mais externo da íntima, é 
proeminente, e a túnica média pode conter até 40 camadas de 
células musculares lisas. Essas células são entremeadas por um 
número variado de lamelas elásticas (dependendo do 
tamanho do vaso), como também por fibras reticulares e 
proteoglicanos, todos sintetizados pela própria célula 
muscular lisa. 
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Salmos 23. 
A lâmina elástica externa, o último componente da túnica 
média, só é encontrada nas artériasmusculares maiores. A 
adventícia consiste em tecido conjuntivo frouxo. Nesta túnica 
também são encontrados vasos capilares linfáticos, vaso 
vasorium e nervos da adventícia, podendo essas estruturas 
penetrar até a porção mais externa da média. As artérias 
musculares podem controlar o fluxo de sangue para os vários 
órgãos, contraindo ou relaxando as células musculares lisas de 
sua túnica média. Nos ramos mais delgados, as túnicas são mais 
delgadas. 
 
 
 
 
 
 
ANATOMIA MACROSCÓPICA 
DA VASCULARIZAÇÃO DOS 
MEMBROS INFERIORES: 
ARTÉRIAS: 
 
artéria femoral (a continuação da artéria ilíaca externa) fornece 
o principal suprimento arterial para o membro inferior, 
distalmente ao ligamento inguinal e ao sulco infraglúteo. 
A artéria femoral passa por dentro da face anteromedial da 
coxa, transforma-se na artéria poplítea ao entrar no 
compartimento posterior do quadril e divide-se em seus dois 
ramos terminais no compartimento posterior da perna. As 
artérias obturatória e glútea inferior também contribuem para 
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Salmos 23. 
o suprimento da parte proximal do membro. No embrião, a 
artéria glútea inferior supria a principal artéria axial do membro; 
no adulto ela é representada pela artéria acompanhante do 
nervo isquiático. Os ossos do membro inferior recebem seu 
suprimento arterial através de vasos nutrícios, ramos arteriais 
metafi sários de anastomoses periarticulares, bem como das 
artérias que suprem os músculos que se inserem no periósteo. 
O padrão do suprimento arterial é particularmente relevante 
para o reparo de fraturas, para a expansão de infecções e 
malignidades e para o planejamento de procedimentos 
cirúrgicos reconstrutivos. 
 
 
ARTÉRIAS PERFURANTES 
DOS MMII: 
Conseguir retalhos de pele e tecidos moles adequados e 
satisfatoriamente estéticos para cobrir grandes defeitos 
teciduais superficiais é um desafio no campo da cirurgia plástica 
e reconstrutiva, e responde por uma parte substancial da carga 
de trabalho do cirurgião plástico. Geralmente, enxertos de pele 
de espessura parcial ou total são apropriados somente para 
defeitos muito superficiais. Para conseguir uma cobertura de 
tecido para defeitos teciduais extensos e profundos, o 
cirurgião plástico emprega um dentre uma variedade de 
retalhos (flaps) de tecido autólogos. A viabilidade de um 
retalho transplantado de uma parte do corpo para a outra é 
crucialmente dependente do seu suprimento sanguíneo. Uma 
avaliação do conceito do angiosoma, utilizada juntamente com 
os avanços tecnológicos em microcirurgia reconstrutiva, 
estimulou o desenvolvimento e o uso de retalhos com base em 
vasos perfurantes. São retalhos de pele ou tecido subcutâneo, 
supridos por um ou mais vasos perfurantes; por exemplo, 
artérias que alcançam o plexo suprafascial diretamente (por um 
vaso que as alimenta) ou indiretamente (através de tecidos 
vizinhos). Os retalhos baseados em vasos perfurantes são 
tipicamente coletados com a dispensa do tecido muscular 
subjacente, com mínimo trauma: seu uso reduz a dor no pós-
operatório, a morbidade do sítio doador e a perda funcional. O 
membro inferior é o maior sítio doador no corpo para este tipo 
de técnica de retalho com base nas perfurantes. Os retalhos 
usados mais comumente são os da porção anteromedial da coxa 
que oferecem uma grande quantidade de pele: retalhos obtidos 
a partir da artéria glútea inferior para reconstrução de mama; 
retalhos vascularizados da fíbula para reconstrução de osso defi 
ciente; retalhos vascularizados do músculo tensor da fáscia lata 
para reconstituição de tendão; retalhos vascularizados do nervo 
sural para reconstrução de nervo; retalho do músculo grácil, 
utilizado na reanimação de músculos paralisados. No contexto 
da cirurgia de retalho com base nas perfurantes o membro 
inferior pode ser considerado conforme quatro regiões 
anatômicas: glútea; quadril e coxa (anterior); joelho e perna; 
tornozelo e pé. Cada membro inferior contribui para 
aproximadamente 23% da área total de superfície corporal 
(coxa 10,5%; perna 6,5%; nádega 2,5%; pé 3,5%) e contém uma 
média de 90 artérias perfurantes. 
 
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Salmos 23. 
 
 
DRENAGEM VENOSA: 
 
 
 
 
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Salmos 23. 
As veias do membro inferior podem ser subdivididas, como as 
do membro superior, em grupos superficial e profundo. 
AS VEIAS SUPERFICIAIS SÃO SUBCUTÂNEAS E REPOUSAM NA 
FÁSCIA SUPERFICIAL; Os principais, denominados veias 
superficiais, são as veias safenas magna e parva; suas 
numerosas tributárias, em sua maioria, não são nomeadas. 
AS VEIAS PROFUNDAS (ABAIXO DA FÁSCIA PROFUNDA) 
ACOMPANHAM AS GRANDES ARTÉRIAS. Veias profundas dos 
membros inferiores acompanham as artérias e seus ramos. 
As válvulas estão presentes nos dois grupos, mas são mais 
numerosas nas veias profundas. (Válvulas são mais numerosas 
nas veias do membro inferior que nas veias do membro 
superior.) Os plexos venosos ocorrem no interior e entre 
alguns músculos do membro inferior. 
As veias digitais plantares se originam a partir de plexos nas 
regiões plantares dos dedos, conectam-se às veias digitais 
dorsais e se unem para formar quatro veias metatarsais 
plantares. Estas seguem pelos espaços intermetatarsais e se 
conectam às veias dorsais, através de veias perfurantes. Depois, 
conectam-se umas às outras para formar o arco venoso plantar 
profundo. A partir deste arco, veias plantares mediais e laterais 
seguem próximas das suas artérias correspondentes: essas 
veias se comunicam com as veias safenas magna e parva (antes 
de formar as veias tibiais posteriores, atrás do maléolo 
medial). As veias tibiais posteriores acompanham a artéria 
tibial posterior. Elas recebem veias dos músculos da 
panturrilha, especialmente do plexo venoso no músculo sóleo, 
e se unem às veias superficiais e às veias fibulares. Estas 
últimas, que seguem juntamente com suas artérias, recebem 
tributárias do músculo sóleo e das veias superficiais 
As veias tibiais anteriores são continuações das veias satélites 
da artéria dorsal do pé. Elas deixam a região extensora entre 
a tíbia e a fíbula, passam através da extremidade proximal da 
membrana interóssea e unem-se às veias tibiais posteriores, 
na borda distal do músculo poplíteo, para formar a veia 
poplítea. 
 
BOMBA VENOSA 
(MUSCULAR): 
Na posição de pé, o retorno venoso do membro inferior 
depende amplamente da atividade muscular, especialmente 
da contração dos músculos da panturrilha e do pé. Isso é 
conhecido como “bomba muscular”, cuja eficiência é auxiliada 
pela fáscia profunda, firme. Veias perfurantes conectam a veia 
safena magna às veias profundas (particularmente próximo ao 
tornozelo, à parte distal da panturrilha e ao joelho). Suas 
válvulas são organizadas de modo a prevenir o refluxo 
sanguíneo das veias profundas para as superficiais. Em 
repouso, a pressão em uma veia superficial é igual à altura da 
coluna de sangue que se estende daquela veia até o coração. 
Quando os músculos da panturrilha se contraem, o sangue é 
bombeado em direção proximal nas veias profundas e é 
normalmente impedido de dirigir-se às veias superficiais pelas 
válvulas nas veias perfurantes. Durante o relaxamento 
muscular, o sangue é direcionado para dentro das veias 
profundas pelas veias superficiais. SE AS VÁLVULAS DAS VEIAS 
PERFURANTES TORNAREM-SE INCOMPETENTES, ESSAS VEIAS 
TORNAM-SE LUGARES DE “VAZAMENTOS DE ALTA PRESSÃO” 
DURANTE A CONTRAÇÃOMUSCULAR, E AS VEIAS 
SUPERFICIAIS TORNAM-SE DILATADAS E VARICOSAS. Conexões 
perfurantes similares ocorrem na região anterolateral, em que 
varicosidades também podem ocorrer. A incompetência das 
válvulas nas veias de conexão entre a veia safena magna e a veia 
femoral no canal dos adutores podem predispor ao 
aparecimento de varicosidades superficiais na face medial da 
coxa. 
 
PLEXOS VENOSOS: 
Os plexos venosos podem ser intramusculares (sóleo) ou 
intermusculares (pé e região glútea). Os plexos se comunicam 
com as veias profundas que seguem axialmente e são 
componentes do mecanismo de “bomba muscular”. 
 
HISTOLOGIA / FISIOLOGIA 
VASCULAR: 
 
 
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Salmos 23. 
 
 
 
 
 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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Salmos 23. 
2º OBJETIVO: 
➔ ESTUDAR OS FATORES 
DE RISCO, 
FISIOPATOLOGIA E 
MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS DA DOENÇA 
ARTERIAL 
OBSTRUTIVA 
PERIFÉRICA. 
 
DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA (DAP) REFERE-SE, EM GERAL, A 
UMA DOENÇA NA QUAL O FLUXO SANGUÍNEO PARA AS 
EXTREMIDADES INFERIORES OU SUPERIORES ESTÁ 
OBSTRUÍDO. 
Mais frequentemente causada por aterosclerose, a DAP pode 
também resultar de trombose, embolia, vasculite, displasia 
fibromuscular ou aprisionamento. 
O TERMO DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA É MENOS 
ESPECÍFICO PORQUE ENGLOBA UM GRUPO DE DOENÇAS QUE 
AFETA OS VASOS SANGUÍNEOS QUE INCLUEM OUTRAS 
CONDIÇÕES ATEROSCLERÓTICAS, TAIS COMO A DOENÇA DA 
ARTÉRIA RENAL E DOENÇA CAROTÍDEA, BEM COMO AS 
VASCULITES, VASOESPASMO, TROMBOSE VENOSA, 
INSUFICIÊNCIA VENOSA E DOENÇAS DO SISTEMA LINFÁTICO. 
A DAP correlaciona-se fortemente com o risco de eventos 
cardiovasculares maiores, já que ela, em muitos casos, associa-
se às ateroscleroses coronariana e cerebral. Além do mais, os 
sintomas da DAP, como a claudicação intermitente, prejudicam 
a qualidade de vida e a independência da maioria dos pacientes. 
A DAP comumente é subdiagnosticada e subtratada; portanto, 
os cardiologistas clínicos têm aumentado o seu interesse no seu 
diagnóstico e tratamento. 
 
➔ EPIDEMIOLOGIA: 
A prevalência da DAP varia de acordo com a população 
estudada, com o método diagnóstico empregado e com a 
inclusão ou não dos sintomas para realizar as estimativas. A 
maior parte dos estudos epidemiológicos tem empregado uma 
medida não invasiva, o índice tornozelo-braquial (ITB), para 
diagnosticar a DAP. O ITB é a razão entre a pressão arterial 
sistólica no tornozelo com relação à braquial. 
A PREVALÊNCIA DA DAP COM BASE EM UM ITB ANORMAL 
VARIA DE APROXIMADAMENTE 6% ENTRE INDIVÍDUOS COM 
IDADE MAIOR OU IGUAL A 40 ANOS A 15% A 20% ENTRE 
AQUELES COM 65 ANOS OU MAIS. A prevalência de DAP é 
maior em homens do que em mulheres na maioria dos 
estudos. No entanto, tendo em conta o número total de 
homens e mulheres na população do Estados Unidos, há mais 
mulheres do que homens com DAP. 
Os indivíduos de raça negra têm uma prevalência maior de 
DAP do que os indivíduos de raça caucasiana não hispânicos. 
No estudo Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA), os 
indivíduos de raça negra tiveram uma probabilidade de 
desenvolver DAP 1,47 vezes maior do que os indivíduos de raça 
caucasiana não hispânicos, enquanto em hispânicos e chineses 
esta era inferior a 0,5 vezes a dos indivíduos brancos não 
hispânicos. Estes dados agregados indicam que cerca de oito a 
dez milhões de indivíduos nos Estados Unidos têm DAP. 
Questionários especificamente projetados para detectar 
sintomas de claudicação intermitente puderam avaliar a 
prevalência da doença sintomática nessas populações. 
Estimativas variaram por idade e sexo, mas em geral indicam 
que apenas 10% a 30% dos pacientes com DAP têm claudicação. 
Globalmente, a prevalência estimada de claudicação varia de 
1% a 4,5% nas populações com mais de 40 anos. A prevalência 
e a incidência de claudicação aumentam com o 
envelhecimento e são mais elevadas em homens do que em 
mulheres na maioria dos estudos. Há menos informação 
disponível quanto à prevalência e incidência da isquemia crítica 
dos membros. A incidência estimada é de 500 a 1.000 por 
milhão de pessoas por ano e afeta 1% a 2% dos pacientes com 
DAP. A incidência de amputação varia de 112 a 250 por milhão 
de pessoas por ano. 
 
 
➔ FATORES DE RISCO: 
Os conhecidos fatores de risco modificáveis associados à 
aterosclerose coronariana também contribuem para a 
aterosclerose da circulação periférica. TABAGISMO, DIABETES 
MELITO, DISLIPIDEMIA E HIPERTENSÃO AUMENTAM O RISCO 
DE DAP. Dados de vários estudos observacionais indicam um 
aumento de duas a quatro vezes na prevalência de DAP em 
fumantes atuais em comparação com indivíduos que nunca 
fumaram. 
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Há uma relação dose-dependente entre o tempo de exposição 
ao tabaco e a incidência de DAP sintomática. O risco relativo de 
DAP sintomática em fumantes de mais de 15 cigarros por dia foi 
17 (intervalo de confiança [IC] a 95%, 11 a 27); o risco diminui 
após a cessação tabágica. OS PACIENTES COM DIABETES 
MELITO MUITAS VEZES TÊM DAP EXTENSA E GRAVE E TÊM 
UMA MAIOR PROPENSÃO PARA CALCIFICAÇÃO ARTERIAL. 
O envolvimento da artéria femoral e poplítea assemelha-se 
àquele dos indivíduos não diabéticos, mas a doença distal que 
afeta a artéria tibial e fibular ocorre com mais frequência nos 
indivíduos com diabetes. O risco de desenvolvimento de DAP 
aumenta duas a quatro vezes em pacientes com diabetes 
melito. Entre os pacientes com DAP, os diabéticos têm maior 
probabilidade que os não diabéticos de sofrerem amputação e 
o diabetes aumenta o risco de isquemia crítica do membro . 
No estudo NHANES (National Health and Nutritional 
Examination Survey), a resistência à insulina foi associada a 
maior prevalência de DAP, e os pacientes com síndrome 
metabólica tiveram um maior risco de desenvolverem DAP 
sintomática. Alterações no metabolismo dos lipídeos também 
se associam a uma prevalência aumentada de DAP. Elevações 
no colesterol total ou da lipoproteína de baixa densidade (LDL) 
aumentam o risco de desenvolvimento de DAP e claudicação 
na maioria dos estudos. A hipertrigliceridemia prediz o risco de 
DAP quando considerada como variável independente, mas o 
seu fator contribuinte diminui quando considerado no 
contexto de avaliação de outras frações de lipídeos. 4 
Adicionalmente, a hipertensão aumenta o risco de DAP de 1,3 
a 2,2 vezes. No Women’s Health Study, a DAP sintomática 
relacionou-se com a gravidade da hipertensão. A doença renal 
crônica também aumenta a DAP. O risco de desenvolvimento 
de DAP e claudicação intermitente aumenta progressivamente 
com o peso dos fatores contribuintes. 
A PATOBIOLOGIA DA DAP ENVOLVE INFLAMAÇÃO, TAL COMO 
NA ATEROSCLEROSE EM OUTROS LEITOS. ALTOS NÍVEIS DE 
FIBRINOGÊNIO ASSOCIAM-SE A RISCO NÃO SÓ DE EVENTOS 
CORONÁRIOS COMO TAMBÉM DE DESENVOLVIMENTO DE 
DAP. Análises atuais, no entanto, sugerem que após ajuste 
para marcadores inflamatórios como a proteína C reativa 
elimina-se o risco para DAP associada ao fibrinogênio. Dessa 
forma, os níveis elevados de fibrinogênio em pacientes com 
DAP podem refletir um processo inflamatório tanto quanto ou 
mais do que um efeito pró-coagulante. Evidências importantes 
fazem uma ligação entre os leucócitos, os mediadores 
celulares da resposta inflamatória, com o desenvolvimento de 
DAP. Os níveis das formas solúveis de moléculas de adesão de 
leucócitos correlacionam-se com o desenvolvimento e a 
extensão da DAP e com o risco de complicações. Os níveis deproteína C reativa e de monócitos no sangue periférico estão 
associados de maneira independente à DAP, consistentes com 
um papel da imunidade inata e da inflamação crônica em sua 
patogenia. De modo inverso, a bilirrubina sérica, um 
antioxidante endógeno com propriedades anti-inflamatórias, 
se associa a uma menor prevalência de DAP. 
A inflamação fornece a ligação entre muitos dos fatores de risco 
comuns para a aterosclerose e os processos fisiopatológicos da 
parede arterial que levam à DAP. 
 
 
➔ FISIOPATOLOGIA 
AS CONSIDERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS EM PACIENTES COM 
DAP PRECISAM LEVAR EM CONTA O EQUILÍBRIO ENTRE O 
SUPRIMENTO CIRCULATÓRIO DE NUTRIENTES PARA O 
MÚSCULO ESQUELÉTICO E A SUA DEMANDA DE OXIGÊNIO E DE 
NUTRIENTES. 
A CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE OCORRE QUANDO A 
DEMANDA DE OXIGÊNIO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO 
DURANTE O ESFORÇO FÍSICO SUPERA O FORNECIMENTO DE 
OXIGÊNIO PELO SANGUE, E RESULTA DA ATIVAÇÃO DE 
RECEPTORES SENSORIAIS LOCAIS PELO ACÚMULO DE LACTATO 
E DE OUTROS METABÓLITOS. Pacientes com claudicação 
intermitente podem ter uma única ou múltiplas lesões 
oclusivas nas artérias que irrigam os membros inferiores. O 
fluxo sanguíneo e o consumo de oxigênio da perna são normais 
em repouso, mas as lesões obstrutivas limitam o fluxo de 
sangue e o aporte de oxigênio durante o exercício, de forma 
que as necessidades metabólicas de oxigênio do músculo 
envolvido ultrapassam a quantidade disponível do mesmo e de 
nutrientes. Pacientes com grave isquemia de membros 
inferiores tipicamente apresentam múltiplas lesões oclusivas 
que frequentemente envolvem as artérias proximais e distais 
do membro. Com isso, mesmo em estado de repouso, o 
suprimento de sangue diminui e não mais consegue atender as 
necessidades nutricionais do membro. 
 
- FATORES QUE REGULAM O 
FLUXO SANGUÍNEO: 
O fluxo através de uma artéria relaciona-se diretamente com a 
pressão de perfusão e inversamente com a resistência vascular. 
As estenoses reduzem o fluxo através da artéria, tal como 
descrito na equação de Poiseuille: 
 
em que ΔP é o gradiente de pressão através da estenose, r é o 
raio do lúmen residual, η é a viscosidade sanguínea e l é o 
comprimento do vaso afetado pela estenose. 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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À medida que a gravidade da lesão aterosclerótica aumenta, o 
fluxo torna-se progressivamente menor. O gradiente de 
pressão através da estenose aumenta de maneira não linear, 
enfatizando a importância da estenose em altas taxas de fluxo 
sanguíneo. Normalmente, existe um gradiente de pressão 
arterial em repouso caso a estenose diminua o diâmetro da luz 
do vaso em mais de 50%, pois à medida que se desenvolve uma 
perturbação do fluxo, a energia cinética é perdida. 
Uma estenose que não causa gradiente de pressão em repouso 
pode provocar um durante o exercício, quando o fluxo 
sanguíneo aumenta a partir da elevação do débito cardíaco e 
da redução da resistência vascular periférica. Dessa forma, à 
medida que o fluxo através da estenose aumenta, a pressão de 
perfusão distal cai. À medida que a demanda metabólica 
muscular durante o exercício supera o aporte sanguíneo, 
metabólitos locais (como adenosina, óxido nítrico, potássio e 
íons hidrogênio) acumulam-se e os vasos periféricos de 
resistência dilatam-se. A pressão de perfusão cai mais por 
causa da limitação imposta pela estenose. Além disso, a 
pressão intramuscular eleva-se durante o exercício e pode 
exceder a pressão arterial distal a uma oclusão e parar o fluxo. 
O fluxo através de vasos sanguíneos colaterais pode 
usualmente atender as necessidades metabólicas do tecido 
muscular esquelético em repouso, mas pode não ser suficiente 
durante o exercício. 
As anormalidades funcionais na reatividade vascular também 
podem interferir no fluxo sanguíneo. 
A CAPACIDADE 
VASODILATADORA TANTO 
DOS VASOS DE CONDUÇÃO 
QUANTO DE RESISTÊNCIA 
ESTÁ REDUZIDA EM 
PACIENTES COM 
ATEROSCLEROSE 
PERIFÉRICA. 
Normalmente, as artérias dilatam-se em resposta a estímulos 
farmacológicos e bioquímicos, como a acetilcolina, a 
serotonina, a trombina e a bradicinina, assim como em 
resposta à força de cisalhamento induzida por aumentos no 
fluxo sanguíneo. Esta resposta vasodilatadora resulta da 
liberação de substâncias biologicamente ativas a partir do 
endotélio, sobretudo do óxido nítrico. 
O relaxamento vascular de um vaso de condução que ocorre 
após um estímulo de fluxo, como o induzido pelo exercício, 
pode facilitar a oferta de sangue aos músculos em exercício em 
indivíduos saudáveis. A vasodilatação dependente do endotélio 
subsequente aos estímulos de fluxo ou farmacológicos fica 
prejudicada nas artérias femorais ateroscleróticas e nos vasos 
de resistência das panturrilhas em pacientes com DAP. Esta 
falha na vasodilatação pode impedir um aumento no 
suprimento sanguíneo nutricional ao músculo em exercício, já 
que o óxido nítrico derivado do endotélio pode contribuir para 
o fluxo sanguíneo hiperêmico após um estímulo isquêmico. 
Anormalidades na microcirculação também contribuem para a 
fisiopatologia da isquemia crítica dos membros inferiores. 
Pacientes com isquemia grave dos membros inferiores têm um 
número reduzido de capilares perfundidos na pele. OUTRAS 
CAUSAS POTENCIAIS PARA A REDUÇÃO NA PERFUSÃO 
CAPILAR NESSA CONDIÇÃO INCLUEM UMA REDUÇÃO DA 
DEFORMABILIDADE DOS ERITRÓCITOS, AUMENTO NA 
ADESIVIDADE DE LEUCÓCITOS, AGREGADOS DE PLAQUETAS, 
FIBRINOGÊNIO, TROMBOSE MICROVASCULAR, 
VASOCONSTRIÇÃO EXCESSIVA E EDEMA INTERSTICIAL. A 
pressão intravascular pode também diminuir, por causa da 
dilatação da arteríola pré-capilar, em virtude da liberação local 
de metabólitos vasoativos. 
 
- ESTRUTURA E FUNÇÃO 
METABOLICA DO MÚSCULO 
ESQUELÉTICO: 
Os exames eletrofisiológico e histopatológico encontraram 
evidências de desnervação axonal parcial do músculo 
esquelético em pernas afetadas pela DAP. Há preservação das 
fibras contráteis lentas tipo I oxidativas, mas ocorre perda das 
fibras contráteis rápidas tipo II ou glicolíticas no músculo 
esquelético dos pacientes com DAP. A perda das fibras tipo II 
correlaciona-se com uma força muscular reduzida e uma 
capacidade reduzida de exercício. No músculo esquelético 
distal à DAP, ocorre um desvio para o metabolismo anaeróbico 
mais precocemente durante o exercício e isto persiste durante 
mais tempo após a interrupção do exercício. Os pacientes com 
claudicação apresentam um aumento na liberação do lactato 
e acúmulo de acilcarnitinas durante o exercício e reduzida 
cinética de dessaturação de oxigênio, indicativo de um 
metabolismo oxidativo ineficaz. Além do mais, a atividade 
respiratória mitocondrial e o tempo de recuperação da 
fosfocreatina e do trifosfato de adenosina diminuem nos 
músculos da panturrilha dos pacientes com DAP, conforme 
avaliado após o exercício submáximo pela espectroscopia por 
ressonância magnética. 
 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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➔ CARACTERÍSTICAS 
CLÍNICAS: 
SINTOMATOLOGIA: Os sintomas cardinais de DAP incluem a 
claudicação intermitente e a dor em repouso. O termo 
claudicação é derivado da palavra latina claudicare, “mancar”. 
A claudicação intermitente caracteriza-se por dor, sofrimento, 
sensação de fadiga ou outros desconfortos que ocorrem no 
grupo muscular afetado pelo exercício, sobretudo em 
caminhadas, e que cessam com o repouso. A localização do 
sintoma muitas vezes se relaciona com o sítio da estenose mais 
proximal. 
A claudicação das nádegas, dos quadris ou das coxas 
tipicamente ocorre em pacientes com obstrução da aorta e das 
artérias ilíacas. 
A claudicação da panturrilha é causada pelas estenoses dasartérias femorais e poplíteas. 
O músculo gastrocnêmio consome mais oxigênio durante a 
caminhada do que os outros grupos musculares na perna e, 
portanto, causa o sintoma mais frequentemente relatado 
pelos pacientes. 
A claudicação do tornozelo ou pé ocorre em pacientes com 
doença das artérias tibiais e fibulares. 
De maneira similar, as estenoses das artérias subclávias, axilares 
ou braquiais podem causar claudicação do ombro, do bíceps ou 
do antebraço, respectivamente. 
Os sintomas se resolvem alguns minutos após a interrupção do 
esforço. 
A dor na panturrilha e na coxa que ocorre em repouso, como a 
cãibra noturna, não deve ser confundida com a claudicação e 
não é um sintoma de DAP. Na história obtida das pessoas que 
relatam claudicação, devem ser registradas a distância, a 
velocidade e a inclinação da caminhada que precipitam a 
claudicação. Esta avaliação basal é utilizada para avaliar a 
incapacitação e proporciona uma medida qualitativa inicial com 
a qual se determina a estabilidade, a melhora ou a deterioração 
durante as visitas subsequentes ao paciente. Outros sintomas 
além da claudicação podem também limitar a capacidade 
funcional. Os pacientes com DAP caminham com mais lentidão 
e apresentam menor resistência à caminhada do que os 
pacientes que não têm DAP 
Diversos questionários podem ser utilizados para avaliar a 
presença e a gravidade da claudicação. O Rose Questionnaire 
foi desenvolvido inicialmente para diagnosticar angina e 
claudicação intermitente em estudos epidemiológicos. Ele 
questiona se a dor ocorre em uma das panturrilhas com a 
caminhada e se ocorre em repouso, durante a caminhada em 
ritmo habitual ou acelerado, ou na subida de ladeira. Foram 
feitas diversas modificações nesse questionário, incluindo o 
Edinburgh Claudication Questionnaire e o San Diego 
Claudication Questionnaire, ambos mais sensíveis e específicos 
que o diagnóstico médico de claudicação intermitente baseado 
na distância percorrida, velocidade da caminhada e natureza 
dos sintomas. Outro instrumento validado, o Walking 
Impairment Questionnaire, faz uma série de perguntas e 
desenvolve um escore de pontos baseado na distância 
percorrida, velocidade da caminhada e natureza dos sintomas. 
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Sintomas semelhantes aos da claudicação de membros 
inferiores ocasionalmente resultam de causas não 
ateroscleróticas de doença arterial oclusiva, como embolia 
arterial; vasculites como a tromboangeíte obliterante, arterite 
de Takayasu e arterite de células gigantes; coarctação da aorta, 
displasia fibromuscular; irradiação; endofibrose da artéria 
ilíaca externa; e compressão extravascular devido a 
aprisionamento arterial ou por cistos de camada adventícia. 
Várias causas não vasculares de dor na perna com o esforço 
entram no diagnóstico diferencial de claudicação intermitente. 
A radiculopatia lombossacra resultante da doença articular 
degenerativa, a estenose espinhal e a hérnia de disco podem 
causar dor nas nádegas, nos quadris, nas coxas, nas panturrilhas 
ou nos pés com a caminhada, e geralmente depois de distâncias 
muito curtas ou mesmo ao ficar em pé. Este sintoma tem sido 
chamado pseudoclaudicação neurogênica. A doença da coluna 
lombossacra e a DAP afetam os idosos mais comumente e, 
portanto, podem coexistir no mesmo indivíduo. A artrite dos 
quadris e dos joelhos também provoca dor nas pernas com a 
caminhada. Tipicamente, a dor localiza-se na articulação 
afetada e pode ser desencadeada no exame físico pela palpação 
e por manobras de movimentação. A síndrome compartimental 
associada ao esforço físico é mais frequentemente observada 
em atletas com músculos da panturrilha grandes; o aumento 
da pressão durante o exercício limita o fluxo microvascular e 
resulta em dor e tensão na panturrilha. Os sintomas melhoram 
após a interrupção do exercício. Raramente, os distúrbios do 
músculo esquelético, como a miosite, podem causar dor na 
perna com os esforços. Dor muscular, alteração no exame 
físico neuromuscular, níveis elevados de enzimas do músculo 
esquelético e a avaliação do pulso normal devem distinguir a 
miosite da DAP. A doença de armazenamento do glicogênio 
tipo V, também conhecida como síndrome de McArdle, na qual 
há um déficit da fosforilase do músculo esquelético, pode 
causar sintomas que mimetizam a claudicação da DAP. 
Os pacientes com insuficiência venosa crônica algumas vezes 
relatam desconforto nas pernas com o esforço, o que é 
denominado claudicação venosa. A hipertensão venosa 
durante o exercício aumenta a resistência arterial no membro 
afetado e limita o fluxo sanguíneo. No caso da insuficiência 
venosa, a pressão extravascular elevada causada pelo edema 
intersticial diminui ainda mais a perfusão capilar. Exame físico 
demonstrando edema periférico, dermatite pigmentar e, às 
vezes, varicosidades venosas identificará esta causa incomum 
de dor na perna ao esforço. 
Sintomas podem ocorrer em repouso em pacientes com 
isquemia crítica do membro. Tipicamente, os pacientes 
queixam-se de dor ou de parestesias no pé ou nos dedos do pé 
da extremidade afetada. Este desconforto piora com a elevação 
da perna e melhora com a perna para baixo, como pode ser 
antecipado pelos efeitos respectivos da gravidade sobre a 
pressão de perfusão. A dor pode ser intensa, sobretudo em 
locais de fissura da pele, ulceração ou necrose. Geralmente, a 
pele é sensível demais e até mesmo o peso das roupas de cama 
ou dos lençóis desencadeia dor. Os pacientes podem sentar-se 
na borda da cama e deixar as pernas pendentes para aliviar o 
desconforto. Pelo contrário, os pacientes com neuropatia 
isquêmica ou diabética podem experimentar pouca ou 
nenhuma dor, apesar da presença de isquemia acentuada. 
A isquemia crítica do membro e do dedo pode resultar de 
oclusões arteriais além da aterosclerose. Elas incluem as 
vasculites, como a tromboangeíte obliterante; distúrbios do 
tecido conjuntivo, como o lúpus eritematoso sistêmico e a 
esclerodermia; o vasoespasmo; a embolia ateromatosa; e a 
oclusão arterial aguda causada pela trombose ou embolismo. 
A artrite gotosa aguda, o trauma e a neuropatia sensorial, 
como a provocada pelo diabetes melito, as radiculopatias 
lombossacras e a síndrome dolorosa complexa regional 
(previamente denominada distrofia simpática reflexa) podem 
causar dores no pé. As úlceras nas pernas também ocorrem em 
pacientes com insuficiência venosa ou neuropatia sensorial, 
sobretudo a relacionada ao diabetes. Essas úlceras parecem ser 
diferentes daquelas causadas pelas doenças arteriais. A úlcera 
da insuficiência venosa em geral está localizada próxima ao 
maléolo medial e tem uma borda irregular e uma base rósea 
com tecido de granulação. As úlceras causadas por doença 
venosa produzem uma dor mais leve do que aquelas causadas 
pela doença arterial. As úlceras neurotróficas ocorrem onde há 
pressão ou trauma, em geral na sola do pé. Essas úlceras são 
profundas, frequentemente infectadas e não costumam ser 
dolorosas devido à perda da sensação. 
 
ACHADOS DO EXAME FÍSICO: 
Um exame cardiovascular cuidadoso inclui a palpação dos 
pulsos periféricos e a ausculta das artérias acessíveis 
pesquisando-se sopros. Alterações de pulso e sopros aumentam 
a probabilidade de DAP. Os pulsos palpáveis em indivíduos 
saudáveis incluem as artérias braquiais, radiais e ulnares nas 
extremidades superiores e as artérias femorais, poplíteas, 
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pediosas dorsais e tibiais posteriores das extremidades 
inferiores. A aorta também pode ser palpável em pessoas 
magras. Um pulso diminuído ou ausentefornece um indício da 
localização das estenoses arteriais. POR EXEMPLO, UM PULSO 
FEMORAL DIREITO NORMAL, MAS UM PULSO FEMORAL 
ESQUERDO AUSENTE SUGEREM A PRESENÇA DE ESTENOSE 
ARTERIAL ILIOFEMORAL ESQUERDA. Um pulso normal da 
artéria femoral, mas um pulso da artéria poplítea ausente 
indicariam uma estenose na artéria femoral superficial ou na 
artéria poplítea proximal. Um pulso arterial poplíteo palpável 
com pulso pedioso dorsal ou tibial posterior ausente indicam 
doença da artéria tibial anterior ou posterior, respectivamente. 
Os sopros são muitas vezes um sinal de velocidade aumentada 
do fluxo arterial e distúrbios do fluxo em locais de estenose. 
Deve ser usado um estetoscópio para auscultar as fossas 
supraclavicular e infraclavicular na procura de evidência de 
estenose da artéria subclávia; o abdome, flanco e pelve para 
evidência de estenose da aorta ou de seus ramos; e a região 
inguinal para evidência de estenoses da artéria femoral. Realiza-
se uma manobra na qual os pés são elevados acima do nível do 
coração e os músculos das panturrilhas são exercitados pela 
dorsiflexão e pela flexão plantar repetidas dos tornozelos, 
desencadeando palidez sobre as solas dos pés de alguns 
pacientes com DAP. As pernas, então, são colocadas na posição 
para baixo e se mede o tempo até o início da hiperemia e a 
distensão venosa. Cada uma dessas variáveis depende da 
velocidade do fluxo sanguíneo que, por sua vez, reflete a 
gravidade da estenose e a adequação dos vasos colaterais. 
As pernas dos pacientes com doença aortoilíaca crônica 
podem mostrar atrofia muscular. Sinais adicionais de isquemia 
crônica de baixo grau incluem a perda de pelos, unhas dos 
dedos dos pés espessadas e quebradiças, pele lisa e brilhante 
e atrofia da gordura subcutânea das polpas digitais. OS 
PACIENTES COM ISQUEMIA GRAVE DOS MEMBROS TÊM PELE 
FRIA E TAMBÉM PODEM APRESENTAR PETÉQUIAS, CIANOSE 
PERSISTENTE OU PALIDEZ, RUBOR DEPENDENTE, EDEMA DO 
PÉ RESULTANTE DE UMA POSIÇÃO PROLONGADA COM AS 
PERNAS PARA BAIXO, FISSURAS CUTÂNEAS, ULCERAÇÕES OU 
GANGRENA. As úlceras causadas por DAP tipicamente têm 
uma base pálida com bordas irregulares e costumam envolver 
as pontas dos dedos dos pés ou o calcanhar, ou desenvolvem-
se nos locais de pressão. Essas úlceras variam em tamanho e 
podem ter de 3 a 5 mm. 
 
 
 
 
➔ CLASSIFICAÇÃO: 
A classificação dos pacientes com DAP depende da gravidade 
dos sintomas e das anormalidades detectadas ao exame físico. 
A classificação das manifestações clínicas da DAP melhora a 
comunicação entre os profissionais que cuidam desses 
pacientes e fornece uma estrutura para definir as diretrizes 
para as intervenções terapêuticas. Fontaine descreveu um 
esquema amplamente empregado que classificava os pacientes 
em um dos quatro estágios que progredia desde o 
assintomático até a isquemia crítica do membro. 
 
Várias sociedades vasculares profissionais adotaram uma 
classificação mais contemporânea e descritiva, que inclui 
pacientes assintomáticos, três graus de claudicação e três 
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graus de isquemia crítica dos membros, variando da dor em 
repouso isolada até uma perda tissular menor e maior. 
 
 
➔ TESTES NA DOENÇA 
ARTERIAL PERIFÉRICA: 
MEDIDAS DA PRESSÃO SEGMENTAR: A medição da pressão 
sistólica nos segmentos selecionados de cada extremidade é 
uma das avaliações não invasivas mais simples e úteis para 
determinar a presença e gravidade de estenoses nas artérias 
periféricas. 
Nas extremidades inferiores, os manguitos pneumáticos são 
colocados nas porções superiores e inferiores da coxa, da 
panturrilha, acima do tornozelo e, muitas vezes, sobre a área 
do metatarso do pé. 
Da mesma maneira, na extremidade superior, os manguitos 
pneumáticos são colocados na parte superior do braço sobre o 
bíceps, no antebraço abaixo do cotovelo e no punho. 
A pressão arterial sistólica em cada segmento do membro 
respectivo é medida primeiramente inflandose o manguito 
pneumático até uma pressão suprassistólica, então 
determinando-se a pressão na qual ocorre o fluxo sanguíneo 
durante a deflação do manguito. O início do fluxo é avaliado 
colocando-se um transdutor Doppler sobre uma artéria distal 
ao manguito. Nas extremidades inferiores, é mais conveniente 
colocar o transdutor no pé sobre a artéria tibial posterior, 
conforme ela faz um trajeto inferior e posterior ao maléolo 
medial ou sobre a artéria pediosa dorsal no dorso do arco do 
metatarso. Nas extremidades superiores, o transdutor Doppler 
pode ser colocado sobre a artéria braquial na fossa antecubital 
ou sobre as artérias radial e ulnar no punho. 
A contração ventricular esquerda proporciona energia cinética 
ao sangue, que é mantida através dos vasos de grande e médio 
calibres. A pressão arterial sistólica pode ser maior nos vasos 
mais distais do que na aorta e nos vasos proximais em virtude 
da reflexão das ondas de pulso. Uma estenose pode causar uma 
perda de energia pressórica como resultado de forças friccionais 
aumentadas e distúrbios do fluxo no local da estenose. Cerca de 
90% da área de corte transversal da aorta precisam estar 
estreitados antes que se desenvolva um gradiente pressórico. 
Em vasos menores, como as artérias ilíacas e femorais, uma 
redução de 70% a 90% na área de corte transversal provocará 
um gradiente pressórico em repouso suficiente para reduzir a 
pressão arterial sistólica distal à estenose. LEVANDO-SE 
EM CONSIDERAÇÃO A PRECISÃO DESSE 
MÉTODO NÃO INVASIVO E A VARIABILIDADE 
DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE ATÉ MESMO 
PERÍODOS MUITO CURTOS, UM GRADIENTE DE 
PRESSÃO ARTERIAL QUE EXCEDA 20 MMHG 
ENTRE OS MANGUITOS SUCESSIVOS EM 
GERAL É USADO COMO UMA EVIDÊNCIA DE 
ESTENOSE ARTERIAL NA EXTREMIDADE 
INFERIOR, ENQUANTO UM GRADIENTE DE 10 
MMHG É INDICATIVO DE ESTENOSE ENTRE 
MANGUITOS SEQUENCIAIS NA EXTREMIDADE 
SUPERIOR. A pressão arterial sistólica nos dedos dos pés e 
das mãos aproxima-se de 60% da pressão arterial sistólica no 
tornozelo e no punho, respectivamente, à medida que a pressão 
diminui ainda mais nos vasos distais menores. 
Na perna direita, não existem gradientes pressóricos entre as 
partes superior e inferior da coxa e entre a panturrilha e o 
tornozelo. Na perna esquerda, ocorrem gradientes pressóricos 
entre a parte superior e inferior da coxa, entre a parte inferior 
da coxa e da panturrilha e entre a panturrilha e o tornozelo. Eles 
são indicativos de estenoses nas artérias femorais superficiais e 
poplíteas e nas artérias tíbio-fibulares. 
 
 
TESTE ERGOMÉTRICO: 
O teste ergométrico pode avaliar a significância clínica das 
estenoses arteriais periféricas e fornece evidências objetivas 
da capacidade de caminhada do paciente. 
O tempo do início de claudicação é definido como o tempo no 
qual os sintomas de claudicação se desenvolvem inicialmente 
e o tempo de pico de caminhada é quando o paciente não é 
mais capaz de continuar caminhando devido ao intenso 
desconforto na perna. Esta medida padronizada e mais 
objetiva da capacidade de caminhada suplementa a história 
do paciente e fornece uma avaliação quantitativa da 
incapacidade do paciente, assim como uma variável que pode 
ser monitorada após intervenções terapêuticas. 
O teste ergométrico pode determinar se as estenoses arteriais 
contribuem para os sintomas do paciente de dor na perna ao 
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exercício. Durante o exercício, o fluxo sanguíneo através da 
estenose aumenta conforme a resistência vascular cai no 
músculo em exercício. De acordo com a equação de Poiseuille, 
descrita previamente, o gradiente pressórico através da 
estenose aumentaem proporção direta ao fluxo. Portanto, as 
pressões arteriais sistólicas no tornozelo e braquial são 
medidas em condições de repouso antes do teste ergométrico, 
um minuto após o exercício e repetidamente após os valores 
basais terem sido restabelecidos. Normalmente, os aumentos 
na pressão arterial que ocorrem durante o exercício devem ser 
os mesmos tanto nas extremidades superiores quanto nas 
inferiores, mantendo-se um ITB constante de 1 ou maior. Na 
presença de estenoses arteriais periféricas, no entanto, o ITB 
reduz-se, pois o aumento na pressão arterial observado no 
braço não se correlaciona com um aumento na pressão arterial 
do tornozelo. Uma redução de 25% ou mais no ITB após o 
exercício em um paciente cuja capacidade de caminhada é 
limitada pela claudicação é considerada diagnóstica, implicando 
a DAP como causa dos sintomas do paciente. 
Muitos pacientes com DAP também têm aterosclerose 
coronariana. O acréscimo de uma monitoração cardíaca ao 
protocolo de exercício pode fornecer informações adicionais 
concernentes à presença de isquemia miocárdica. A claudicação 
pode limitar a obtenção de um nível de exercício suficiente para 
aumentar a necessidade miocárdica de oxigênio e provocar 
isquemia miocárdica. Ainda assim, alterações 
eletrocardiográficas, particularmente durante os níveis mais 
inferiores da prova de esforço, podem fornecer evidência de 
doença arterial coronariana (DAC) grave. 
 
REGISTRO DO VOLUME DE PULSO: O registro do volume de 
pulso ilustra graficamente as alterações volumétricas em um 
segmento do membro que ocorrem em cada pulso. 
Instrumentos pletismográficos, que tipicamente utilizam strain 
gauges ou manguitos pneumáticos, podem transmitir as 
alterações volumétricas no membro, as quais podem ser 
mostradas em um registrador gráfico. Esses transdutores são 
estrategicamente posicionados ao longo do membro, a fim de 
detectar o volume de pulso em seus segmentos diferentes, 
como coxa, panturrilha, tornozelo, região metatársica e dedos 
do pé, ou na parte superior do braço, antebraço e dedos das 
mãos. O contorno do volume de pulso normal depende tanto 
da pressão arterial local como da distensibilidade da parede 
vascular e assemelha-se à forma da onda da pressão arterial. 
É constituído por uma ascensão sistólica acentuada, que atinge 
um pico rapidamente, uma incisura dicrótica e uma 
concavidade descendente que cai progressivamente em 
direção ao valor de momento basal. O contorno da onda de 
pulso muda distalmente a uma estenose, com perda da incisura 
dicrótica, uma taxa mais lenta de aumento, um pico mais 
arredondado e um descenso mais lento. A amplitude torna-se 
menor com o aumento da gravidade da doença e a onda de 
pulso pode não pode ser registrada no membro criticamente 
isquêmico. A análise segmentar da onda de pulso pode indicar 
a localização de uma estenose arterial, que mais 
provavelmente estará situada na artéria entre um registro de 
volume de pulso normal e um anormal. A onda de volume de 
pulso também fornece informações sobre a integridade do 
fluxo sanguíneo quando as mensurações da pressão arterial 
não podem ser obtidas com precisão devido à presença de 
vasos não compressíveis. 
 
ULTRASSONOGRAFIA COM 
DOPPLER: Sistemas de Doppler com onda contínua 
ou onda pulsada transmitem e recebem sinais de ultrassom de 
alta frequência. A movimentação dos eritrócitos varia 
diretamente com a velocidade do fluxo sanguíneo, 
provocando desvio na frequência do Doppler. Tipicamente, o 
desvio de frequência detectado está entre 1 e 20 kHz, que está 
dentro da faixa audível pelo ouvido humano. Logo, o 
posicionamento de um sensor de Doppler ao longo de uma 
artéria permite ao examinador ouvir se o fluxo sanguíneo está 
presente e se o vaso está patente. O processamento e a 
reprodução gráfica do sinal do Doppler possibilitam uma análise 
mais detalhada dos componentes da frequência. 
Instrumentos de Doppler podem ser utilizados com ou sem 
imagem em escala de cinza para avaliar a presença de estenoses 
em determinada artéria. O sensor do Doppler é posicionado em 
um ângulo de aproximadamente 60 graus sobre a artéria 
femoral comum, femoral superficial, poplítea, dorsal do pé e 
artérias tibiais posteriores. 
A FORMA NORMAL DA ONDA DO DOPPLER TEM TRÊS 
COMPONENTES: UM COMPONENTE RÁPIDO COM FLUXO 
DIRECIONADO PARA FRENTE DURANTE A SÍSTOLE, UMA 
REVERSÃO DO FLUXO DURANTE O INÍCIO DA DIÁSTOLE E UM 
COMPONENTE LENTO ANTERÓGRADO DURANTE O FIM DA 
DIÁSTOLE. A onda do Doppler torna-se alterada se o sensor for 
colocado distalmente a uma estenose arterial e é caracterizada 
pela desaceleração do fluxo sistólico, perda da reversão do 
início da diástole e diminuição das frequências de pico. As 
artérias de um membro com isquemia grave podem não 
mostrar qualquer desvio na frequência do Doppler. Como 
ocorre com a avaliação do volume de pulso, uma mudança de 
uma onda de Doppler de normal para alterada conforme a 
artéria é avaliada mais distalmente sugere a localização da 
estenose. 
 
 
Carlos Caique Araujo Mendes 
Curso de Medicina 3º Período 
Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional 
Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. 
Prof. Tutor Henrique Lanza 
Salmos 23. 
ANGIOGRAFIA POR 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: A 
angiografia por ressonância magnética (ARM) pode ser usada 
para visualizar de forma não invasiva a aorta e as artérias 
periféricas. A resolução da anatomia vascular com a ARM com 
contraste de gadolínio aproxima-se daquela da angiografia 
contrastada convencional por subtração digital. Uma 
metanálise de 32 estudos comparando a ARM com a angiografia 
intra-arterial por subtração digital encontrou uma sensibilidade 
combinada para a ARM de 94,7% (IC 95%, 92,1% a 96,4%) e uma 
especificidade combinada de 95,6% (IC 95%, 94,0% a 96,8%) 
para a detecção de estenoses segmentares e lesões oclusivas. 
37 A ARM tem atualmente sua maior utilidade na avaliação de 
pacientes sintomáticos para ajudar na tomada de decisão antes 
de intervenção endovascular ou cirúrgica ou em pacientes em 
risco de complicações renais, alérgicas ou outras durante a 
angiografia convencional. 
 
ANGIOGRAFIA POR 
TOMOGRAFIA 
COMPUTADORIZADA: Os novos 
aparelhos de tomografia computadorizada usam tecnologia 
com múltiplos detectores para obter imagens em cortes 
transversais. Esse avanço permite obter imagens das artérias 
periféricas com uma resolução espacial excelente em um 
período relativamente curto e com uma quantidade reduzida 
de material de radiocontraste. As reconstruções de imagem 
em três dimensões permitem a rotação para otimizar a 
visualização das estenoses arteriais. Quando comparada com a 
angiografia convencional contrastada, a sensibilidade e a 
especificidade para estenoses maiores que 50% ou oclusão 
obtidas para a angiografia por tomografia computadorizada 
(ATC) usando tecnologia com múltiplos detectores foram de 
95% (IC 95%, 92% a 97%) e 96% (IC 95%, 93% a 97%), 
respectivamente. 38 A ATC oferece vantagens sobre a ARM no 
sentido que pode ser usada em pacientes com stents, clipes 
metálicos e marca-passos, embora tenha a desvantagem de 
necessitar de material de radiocontraste e radiação ionizante. 
 
 
 
 
ANGIOGRAFIA 
APRIMORADA POR 
CONTRASTE: A angiografia convencional é 
indicada na avaliação da anatomia arterial antes do 
procedimento de revascularização. Ainda apresenta uma 
utilidade ocasional quando o diagnóstico estiver em dúvida. A 
maioria dos laboratórios de angiografia contemporâneos 
utiliza as técnicas por subtração digital após a administração 
intra-arterial de contraste para intensificar a resolução. A 
injeção do material de radiocontraste dentro da aorta 
possibilita a visualização da aorta e das artérias ilíacas, e a 
injeção de material de contraste dentro do segmento 
iliofemoral da perna envolvida permite uma excelente 
visualização das artérias femorais, poplíteas, tibiais e fibulares . 
Em pacientes com oclusão aórtica, o cateterismodas artérias 
femorais não é exequível. A aorta pode ser abordada pela 
canulação arterial braquial ou axilar ou, se necessário, 
diretamente por uma abordagem translombar. 
 
 
Carlos Caique Araujo Mendes 
Curso de Medicina 3º Período 
Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional 
Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. 
Prof. Tutor Henrique Lanza 
Salmos 23. 
3º OBJETIVO: DISCUTIR A 
RESPEITO DAS 
DIFICULDADES DE ADESÃO 
AO TRATAMENTO DEVIDO 
ÀS CONDIÇÕES 
SOCIOECONÔMICAS. 
As doenças crônicas são as principais causas de morte em todo 
mundo e representam um dos desafios do século XXI, 
particularmente nos países de baixa e média rendas. 
Em 2016, as doenças não transmissíveis foram responsáveis 
por 41 das 57 milhões de mortes no mundo. No mesmo ano, 
no Brasil, essas doenças foram responsáveis por 76% das 
mortes. Dessa forma, as doenças crônicas não transmissíveis 
são alvo de diversas ações de prevenção e tratamento, sendo 
a farmacoterapia usada para o controle da doença e a melhoria 
da qualidade de vida dos pacientes. Nesse contexto, um desafio 
para o sucesso da farmacoterapia é a adesão ao tratamento 
recomendado. 
Adesão pode ser definida como a medida em que o 
comportamento de uma pessoa — tomar medicamento, seguir 
dieta ou executar mudanças no estilo de vida — corresponde 
às recomendações acordadas com um profissional de saúde. É 
fator essencial à eficácia de todas as terapias farmacológicas, 
mas é particularmente crítica em casos de doenças crônicas. 
A NÃO ADESÃO À FARMACOTERAPIA CONDUZ A RESULTADOS 
CLÍNICOS RUINS E ELEVA OS CUSTOS DO CUIDADO, 
COMPROMETENDO A EFICÁCIA DO TRATAMENTO. Segundo a 
Organização Mundial da Saúde, a prevalência da não adesão à 
farmacoterapia é tão alarmante que a implementação de 
melhorias na adesão aos tratamentos existentes pode resultar 
em mais benefícios para a saúde que o desenvolvimento de 
novos tratamentos. 
AS TAXAS DE ADESÃO À FARMACOTERAPIA 
SÃO GERALMENTE MAIS BAIXAS ENTRE 
PACIENTES COM CONDIÇÕES CRÔNICAS, EM 
COMPARAÇÃO COM AQUELES COM 
CONDIÇÕES AGUDAS, E SÃO AFETADAS PELA 
CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DO INDIVÍDUO. 
Pobreza, escolaridade e custo dos medicamentos estão entre os 
fatores socioeconômicos associados à adesão à terapia. Alguns 
estudos nacionais e internacionais apontam maior 
probabilidade de adesão à farmacoterapia de doenças crônicas 
entre as pessoas com melhores condições de renda e de 
escolaridade, revelando desigualdades entre subgrupos 
populacionais. No entanto, a investigação das desigualdades 
em pesquisas relacionadas à não adesão à farmacoterapia não 
é frequente. 
No Brasil, faltam evidências quanto à magnitude da 
desigualdade na adesão à farmacoterapia, em relação à 
condição socioeconômica do indivíduo. O monitoramento das 
desigualdades socioeconômicas em saúde ao longo do tempo é 
essencial para o aperfeiçoamento das políticas públicas 
destinadas a reduzi-las. 
Nesse sentido, os dados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, 
Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos 
(PNAUM) de 2014 — primeiro e mais recente inquérito 
domiciliar de base populacional realizado no Brasil com o 
objetivo de avaliar o acesso e uso racional de medicamentos 
— permitem a investigação das desigualdades na adesão à 
farmacoterapia de forma a construir um primeiro panorama, 
que poderá ser acompanhado ao longo do tempo, com a 
continuidade da PNAUM. 
 
ANÁLISE ESTATÍSTICA: 
o índice absoluto da desigualdade (SII) e o índice relativo da 
desigualdade (RII). Assim, classificaram-se os indivíduos de 0 a 1 
conforme a posição socioeconômica, com “0” representando o 
grupo de menor poder aquisitivo e “1” representando o grupo 
de maior poder de compra. 
 
RESULTADOS: 
A amostra compôs-se em sua maioria de mulheres, pessoas com 
idade superior a 40 anos e indivíduos pertencentes ao estrato 
socioeconômico C. No total, observaram- -se 11.307 indivíduos. 
A prevalência de não adesão à farmacoterapia no Brasil foi de 
20,2% e, para as regiões Nordeste 27,8, Norte 24,2, Centro-
Oeste 21,5, Sudeste 17,5 e Sul foi de 17% e, com diferenças 
estatisticamente significantes. 
 
A Figura 2 apresenta a distribuição da prevalência da não 
adesão, para o Brasil e regiões, por categorias de classificação 
socioeconômica. 
 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional 
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Salmos 23. 
Neste gráfico, o estrato socioeconômico varia de 1 a 4, 
correspondendo a pessoas de menor a maior poder aquisitivo. 
Observou-se maior gradiente de desigualdade nas regiões 
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo esta a única que 
apresentou significância estatística. A probabilidade de não 
adesão à farmacoterapia para a maior categoria de estrato 
socioeconômico entre as regiões foi de 23% (16,7; 30,8%) para 
a Região Norte, 22,2% (16; 29,8%) para a Região Nordeste, 
19,3% (14,6; 25,1%) para a Região Sudeste, 15% (11,4; 19,5%) 
para a Região Sul e 16,5% (12,4; 21,7%) para a Região Centro-
Oeste. 
Observaram-se maiores prevalências de não adesão à 
farmacoterapia entre as regiões nos indivíduos de menor 
categoria de estrato socioeconômico, sendo de 35,6% (24; 
49,2%) para a Região Norte, 33,5% (20,4; 39,7%) para a Região 
Nordeste, 20,3% (13; 30,4%) para a Região Sudeste, 16,9% (8,3; 
31;3%) para a Região Sul e 37,9% (22,5; 56,3%) para a Região 
Centro-Oeste. 
A Tabela 3 apresenta a magnitude das desigualdades 
socioeconômicas absolutas (SII) e relativas (RII) ajustadas, 
relacionadas à não adesão à farmacoterapia, as quais foram 
significativas para o Brasil [SII = -7,4 (intervalo de confiança de 
95% — IC95% -12,9; -1,8); RII = 0,69 (IC95% 0,50; 0,89)]. Quanto 
às regiões que apresentaram resultados significativos, 
observaram-se desigualdades absolutas para as regiões 
Nordeste e Centro-Oeste [Nordeste: SII = -14 (IC95% -25,2; -
2,9); Centro-Oeste: SII = -20,8 (IC95% -30,5; -11,1)]. 
Identificaram-se desigualdades relativas nas regiões Nordeste, 
Sul e Centro-Oeste [Nordeste: RII = 0,59 (IC95% 0,35; 0,84); Sul: 
RII = 0,67 (IC95% 0,35; 0,99); Centro-Oeste: RII = 0,38 (IC95% 
0,20; 0,56)]. 
 
 
 
DISCUSSÃO: 
O presente estudo estimou a prevalência de não adesão à 
farmacoterapia de doenças crônicas na população brasileira e 
quantificou a magnitude das desigualdades socioeconômicas 
relacionadas a esse desfecho, demonstrando que a prevalência 
de não adesão se distribui de forma desigual entre os estratos 
socioeconômicos e entre as regiões geográficas brasileiras. 
A PROBABILIDADE DE NÃO ADESÃO À FARMACOTERAPIA, NO 
BRASIL, FOI MAIOR ENTRE OS INDIVÍDUOS DE PIOR CONDIÇÃO 
SOCIOECONÔMICA. As desigualdades não foram encontradas 
em todas as regiões do país. A prevalência de não adesão à 
farmacoterapia de 20,2% (IC95% 18,6; 22) encontrada para o 
Brasil foi semelhante ao resultado observado em revisão 
sistemática de estudos internacionais sobre esse tema ao 
longo de 50 anos. Estudos nacionais prévios apresentaram 
prevalências de não adesão à farmacoterapia variando de 33 a 
63,5%. Apesar da distinção entre as populações de estudo e 
metodologias de análises, o que demanda cautela na 
comparação desses resultados, tais estudos mostram taxas 
relevantes de não adesão à farmacoterapia. As diferenças 
significativas observadas para as prevalências de não adesão à 
farmacoterapia entre as regiões brasileiras denotam as 
desigualdades regionais existentes no país. As maiores taxas 
de não adesão encontradas para as regiões Nordeste, Norte e 
Centro-Oeste coadunam com o observado, e podem ser 
explicadas pelo fato de que, nessas áreas, há menor utilização 
e acesso a serviços de saúde, com menores proporções de 
acesso a medicamentos em comparação às demais regiões. Os 
achados da presente investigação revelaram maiores 
probabilidades de não adesão à farmacoterapia de doenças 
crônicas entre os indivíduoscom piores condições 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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socioeconômicas. Os índices absolutos e relativos de 
desigualdade foram significativos para o Brasil, como um todo, 
e para as regiões Nordeste e Centro-Oeste, destacando a 
importância de se investigarem as particularidades de cada 
região brasileira. De forma geral, as pesquisas têm apontado 
desigualdades na adesão à farmacoterapia entre as regiões 
brasileiras, no entanto a magnitude das desigualdades 
intrarregionais não tem sido explorada. AO COMPARAR OS 
RESULTADOS DESTE TRABALHO AOS DE OUTROS QUE 
INVESTIGARAM DESIGUALDADES NA ADESÃO À 
FARMACOTERAPIA INDEPENDENTEMENTE DE UMA MEDIDA 
SÍNTESE DE DESIGUALDADE, OBSERVA-SE QUE, NA PESQUISA 
DE NAPOLITANO ET AL.13, REALIZADA NA ITÁLIA, A ADESÃO À 
FARMACOTERAPIA DE DOENÇAS CRÔNICAS FOI 
SIGNIFICATIVAMENTE MAIOR ENTRE PACIENTES COM MAIOR 
NÍVEL DE ESCOLARIDADE QUANDO COMPARADOS COM 
PACIENTES MENOS ESCOLARIZADOS. 
De maneira análoga, no Brasil, a baixa adesão à 
farmacoterapia para doenças crônicas foi maior entre 
indivíduos com menor escolaridade, porém estudos que 
avaliaram doenças crônicas específicas apresentaram 
resultados divergentes. Por exemplo, na Suécia não se 
observou associação entre a renda e a adesão à terapia com 
estatinas, porém a adesão foi menor entre pacientes com nível 
de educação universitário em comparação àqueles com nível 
primário. Revisão sistemática realizada por Pasma et al.35 não 
encontrou resultados conclusivos sobre a influência do status 
socioeconômico na adesão à farmacoterapia da artrite 
inflamatória. A inconsistência nas associações também foi 
verificada em revisão sistemática relacionada à não adesão 
aos medicamentos para o tratamento de hipertensão arterial, 
o que aponta a necessidade de aprofundamento das pesquisas 
com o uso de diferentes medidas de posição socioeconômica. 
A maioria dos estudos incluídos na revisão sistemátic a 
verificou que o maior nível socioeconômico reduziu a 
estimativa de risco de não adesão, porém houve estudos que 
demostraram efeito contrário ou inexistência dessa 
associação. A desigualdade na não adesão à farmacoterapia de 
doenças crônicas baseada em diferenças socioeconômicas 
pode ser explicada por diferentes vias. 
A ESCOLARIDADE É FORTE DETERMINANTE DE EMPREGO E 
RENDA, QUE REFLETE OS RECURSOS MATERIAIS E 
INTELECTUAIS DO INDIVÍDUO E CONTRIBUI PARA A 
UTILIZAÇÃO MAIS FREQUENTE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE. 
AINDA, AS PESSOAS COM MELHORES NÍVEIS DE 
ESCOLARIDADE ESTÃO MENOS PROPENSAS ÀS DIFICULDADES 
DE INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE SAÚDE QUE SÃO 
APONTADAS COMO PREDITORAS DE NÃO ADESÃO À 
FARMACOTERAPIA. NESSA PERSPECTIVA, 
CHEHUEN NETO ET AL. DESTACARAM QUE 
MENORES NÍVEIS DE ESCOLARIDADE LEVAM 
AO MENOR CONHECIMENTO SOBRE A DOENÇA 
E REDUZEM A CAPACIDADE DE COMPREENDER 
AS INSTRUÇÕES MÉDICAS, O QUE AFETA A 
ADESÃO À FARMACOTERAPIA NA MEDIDA EM 
QUE INTERFERE NA COMPREENSÃO DA 
NECESSIDADE DO MEDICAMENTO E DA FORMA 
CORRETA DE UTILIZÁ-LO. 
Já a medida de posse de bens contempla informações sobre 
uma variedade de ativos duráveis, características do domicílio e 
acesso a serviços básicos. Ela surgiu como tentativa de facilitar 
a medição do bem-estar familiar em pesquisas domiciliares nos 
países de baixa e média renda, considerando-se a hipótese de 
que esse conjunto de variáveis possa ser usado como indicador 
geral dos padrões de vida material. 
• ANTE O EXPOSTO, A DISTRIBUIÇÃO 
GRATUITA DE MEDICAMENTOS PARA O 
TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS 
PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) É 
ESSENCIAL PARA A REDUÇÃO DAS 
DESIGUALDADES, POIS REPRESENTA A 
ÚNICA FORMA DE ACESSO ÀQUELES 
INSUMOS PARA FAMÍLIAS DE MENOR 
RENDA. 
• Além disso, a criação do Programa 
Farmácia Popular do Brasil (PFPB) foi 
importante por ser mais uma alternativa 
de acesso aos medicamentos essenciais. 
Ambas as formas de dispensação reduzem as barreiras 
financeiras relacionadas a esse acesso, porém sua ampliação 
sem considerar os entraves relacionados à educação pode 
aumentar as desigualdades, como proposto pelo princípio da 
equidade inversa. Dessa forma, as novas intervenções em 
saúde pública, inicialmente, seriam incorporadas por 
indivíduos com melhores condições socioeconômicas, até que 
fossem incorporadas por aqueles com piores condições. 
Assim, a disponibilidade do medicamento sem assistência 
farmacêutica adequada, sendo esta pautada no cuidado, com 
a promoção do uso adequado e acompanhamento 
farmacoterapêutico, características nem sempre identificadas 
no PFPB e nas farmácias dos serviços públicos de saúde, não 
contribui de forma efetiva para a redução das desigualdades 
na adesão. Apesar dos avanços obtidos desde a implantação da 
política de assistência farmacêutica e do desenvolvimento dos 
diferentes programas para ampliação do acesso, a oferta ainda 
é inadequada. Recentemente, verificou-se que a oferta de 
medicamentos pelas unidades de atenção primária à saúde do 
país foi comprometida em decorrência da falta desses insumos 
por problemas de infraestrutura das unidades dispensadoras e 
de deficiências na logística de suprimentos. Além disso, 
considerando-se a conjuntura política e econômica atual e a 
relevância do financiamento público para a provisão gratuita de 
medicamentos, destaca-se a preocupação com a ampliação das 
Carlos Caique Araujo Mendes 
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Salmos 23. 
desigualdades, tendo em vista as medidas de ajuste fiscal 
implementadas recentemente. 
• O não acesso gratuito aos medicamentos pode levar ao 
comprometimento da renda familiar ou favorecer a 
não adesão ao tratamento, pela incapacidade de 
aquisição por desembolso direto. 
Além disso, a mensuração da magnitude da desigualdade com o 
emprego de medidas complexas servirá como parâmetro para a 
comparação direta dos resultados de estudos futuros. Como 
limitações, deve-se considerar que as medidas complexas de 
desigualdades são afetadas pela prevalência do evento 
analisado. Além disso, a adoção do autorrelato como medida 
de adesão é susceptível a superestimação, em virtude do risco 
de falso positivo por problemas de memória, mas que pode ser 
amenizado pelo emprego de curto período recordatório. Vale 
ressaltar que a avaliação sobre a necessidade de utilização do 
medicamento foi feita com base em autorrelato, podendo haver 
viés quanto à real indicação da farmacoterapia. Ademais, o 
Critério Brasil possui a limitação de ter sido desenvolvido para a 
classificação de populações residentes em áreas urbanas. 
Porém, como a investigação desse tipo de desigualdade em 
estudos sobre não adesão à farmacoterapia ainda é limitada, 
não foi possível realizar comparações detalhadas dos 
resultados. OS RESULTADOS REVELAM IMPORTANTES 
DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS E REGIONAIS NA NÃO 
ADESÃO À FARMACOTERAPIA DE DOENÇAS CRÔNICAS NO 
BRASIL, QUE DEMANDAM INTERLOCUÇÃO ESTRUTURADA 
ENTRE PESQUISADORES, PROFISSIONAIS DE SAÚDE E 
GESTORES EM SAÚDE, COM O INTUITO DE PROMOVER A 
EQUIDADE E FOMENTAR A ADESÃO À FARMACOTERAPIA . 
Além disso, o trabalho evidencia a necessidade de estudos 
futuros que investiguem as causas da não adesão à 
farmacoterapia. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
1. PRINCÍPIOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA DE TORTORA 
12ª EDIÇÃO; 
2. ANATOMIA DE GRAY’S 40º EDIÇÃO; 
3. FISIOLOGIA HUMANA DE SILVERTHORN 7ª EDIÇÃO; 
4. HISTOLOGIA BÁSICA DE JUNQUEIRA E CARNEIRO 12ª 
EDIÇÃO; 
5. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DE 
DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA DE MEMBROS 
INFERIORES. NESCHIS. ET AL. 2021; 
6. VISÃO GERAL DA DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA DE 
MEMBROS INFERIORES. BERGER. ET AL. 2021. 
7. FATORES ASSOCIADOS À BAIXA ADESÃO AO 
TRATAMENTOFARMACOLÓGICO DE DOENÇAS 
CRÔNICAS NO BRASIL. TAVARES L. U. NOEMIA. ET AL. 
REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA. 2016; 
8. AVALIAÇÃO DA NÃO ADESÃO À FARMACOTERAPIA DE 
DOENÇAS CRÔNICAS E DESIGUALDADES 
SOCIOECONÔMICAS NO BRASIL. DRUMMOND D. E. ET 
AL. REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA. 2020.

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