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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO CASO 3- PART 1 Por Hanna Med16 DEFINIÇÃO O TOC é representado por um grupo diverso de sintomas que incluem pensamentos intrusivos, rituais, preocupações e compulsões. Essas obsessões ou compulsões recorrentes causam sofrimento grave à pessoa. Elas consomem tempo e interferem significativamente em sua rotina normal. Um indivíduo com TOC pode ter uma obsessão, uma compulsão ou ambos. Um indivíduo com TOC percebe a irracionalidade da obsessão e sente que tanto ela quanto a compulsão são egodistônicas (i.e., comportamentos indesejados). DIFERENÇA ENTRE COMPULSÃO E OBSESSÃO Uma obsessão é um pensamento, um sentimento, uma ideia ou uma sensação recorrentes ou intrusivos. Diferentemente de uma obsessão, que é um evento mental, uma compulsão é um comportamento. De forma específica, uma compulsão é um comportamento consciente, padronizado e recorrente, como contar, verificar ou evitar. EPIDEMIOLOGIA o TOC o quarto diagnóstico psiquiátrico mais comum depois da fobia, de transtornos relacionados a substâncias e do transtorno depressivo maior; Entre adultos, homens e mulheres são igualmente afetados, mas, entre adolescentes, os meninos costumam ser mais afetados do que as garotas. A idade média de início é por volta dos 20 anos; Pessoas solteiras costumam ser mais afetadas por TOC do que as casadas, apesar de esse achado provavelmente refletir a dificuldade de pessoas com o transtorno de manter um relacionamento. Pessoas com TOC são comumente afetadas por outros transtornos clínicos. A prevalência vitalícia de transtorno depressivo maior em pessoas com TOC é de cerca de 67%, e, de fobia social, de 25%. Outros diagnósticos psiquiátricos comórbidos comuns em pacientes com TOC incluem transtornos por uso de álcool, transtorno de ansiedade generalizada, fobia específica, transtorno de pânico, transtornos alimentares e da personalidade ETIOLOGIA FATORES BIOLÓGICOS Estuda-se o envolvimento do sistema noradrenérgico e serotoninérgico (sendo este, o de maior vínculo com a patologia). Além de uma possível contribuição imunológica de infecções estreptocócica para o desenvolvimento do TOC Estudos funcionais de tomografia cerebral – por exemplo, tomografia por emissão de pósitrons (PET) – demonstraram atividade aumentada (p. ex., metabolismo e fluxo sanguíneo) nos lobos frontais, nos gânglios da base (especialmente o caudado) e no cíngulo de pacientes com TOC. O envolvimento dessas áreas na patologia do TOC aparece mais associado com rotas corticos triatais do que com as rotas da amígdala, que são o foco atual de muitas pesquisas sobre transtorno de ansiedade. 1 Os estudos de tomografia computadorizada (TC), assim como os de ressonância magnética (RM), encontraram caudados bilateralmente menores em pacientes com TOC; Familiares de probandos com TOC consistentemente têm uma probabilidade 3 a 5 vezes maior de apresentar características de TOC ( há um contribuição genética importante!) FATORES COMPORTAMENTAIS De acordo com teóricos da aprendizagem, as obsessões são estímulos condicionados. Um estímulo relativamente neutro se torna associado com medo ou ansiedade por meio de um processo de condicionamento replicante ao ser associado com eventos que sejam nocivos ou que produzam ansiedade. Compulsões são estabelecidas de maneira diferente. Quando descobre que determinada ação reduz a ansiedade associada a um pensamento obsessivo, uma pessoa desenvolve estratégias ativas de evitação, na forma de compulsões ou comportamentos ritualísticos, para controlar a ansiedade. FATORES PSICOSSOCIAIS Frequentemente, as dificuldades interpessoais aumentam a ansiedade do paciente e, assim, acabam por também aumentar sua sintomatologia. Pesquisas sugerem que o TOC possa ser precipitado por diversos estressores ambientais, sobretudo aqueles que envolvem gravidez, nascimento ou o cuidado de crianças. Compreender os estressores pode ajudar o médico em um plano de tratamento geral que reduza os próprios eventos estressores ou seu significado para o paciente. Na teoria psicanalítica clássica, o TOC foi cunhado como neurose obsessivo-compulsiva, sendo considerado uma regressão da fase edipiana à fase psicossexual anal do desenvolvimento. Quando se sentem ameaçados com ansiedade pela retaliação a impulsos inconscientes ou pela perda do amor de um objeto significativo, pacientes com TOC retraem-se da posição edipiana e regridem a um estágio emocional intensamente ambivalente assciado à fase anal. A psicogênese do TOC, portanto, pode estar em distúrbios do crescimento normal e do desenvolvimento relacionado à fase anal-sádica A AMBIVALÊNCIA É UMA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE DAS CRIANÇAS SADIAS DURANTE A FASE ANAL-SÁDICA DO DESENVOLVIMENTO; ELAS SENTEM TANTO AMOR QUANTO ÓDIO MORTAL PELO MESMO OBJETO. ESSE CONFLITO DE EMOÇÕES OPOSTAS É EVIDENTE NOS PADRÕES COMPORTAMENTAIS DOS PACIENTES E NAS DÚVIDAS PARALISANTES DIANTE DE ESCOLHAS. NO PENSAMENTO MÁGICO, A REGRESSÃO REVELA MODOS INICIANTES DE PENSAMENTO, EM VEZ DE IMPULSOS. INERENTE AO PENSAMENTO MÁGICO É A ONIPOTÊNCIA DO PENSAMENTO. AS PESSOAS ACREDITAM QUE, SIMPLESMENTE POR PENSAREM ALGO SOBRE UM EVENTO NO MUNDO EXTERIOR, PODEM FAZER O EVENTO OCORRER SEM AÇÕES FÍSICAS. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Como parte dos critérios diagnósticos do TOC, o DSM-5 permite aos médicos que indiquem se o TOC do paciente é caracterizado por insight bom ou razoável, insight pobre ou insight ausente. Segue abaixo tabela com os criérios diagnósticos segundo o DSM-5: 2 OBSESSÕES E COMPULSÕES SÃO AS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO TOC. Uma ideia ou um impulso se impõem com insistência e de forma persistente na percepção consciente da pessoa. Típicas obsessões associadas com TOC incluem pensamentos sobre contaminação (“Minhas mãos estão sujas”) ou dúvidas (“Esqueci de desligar o fogão”). Uma sensação de terrível ansiedade acompanha a manifestação central, e a característica-chave de uma compulsão é que ela reduz a ansiedade associada com a obsessão. PADRÕES DE SINTOMAS O TOC tem quatro padrões principais de sintomas: CONTAMINAÇÃO : O padrão mais comum é uma obsessão de contaminação, seguida de lavagem ou acompanhada de evitação compulsiva do objeto que se presume contaminado. O objeto temido costuma ser difícil de evitar (p. ex., fezes, urina, pó ou germes). Os pacientes podem literalmente arrancar a pele das mãos se lavando demais ou não conseguir sair de casa por medo dos germes. ndivíduos com obsessão por contaminação costumam acreditar que ela se espalha de objeto para objeto ou de pessoa para pessoa com mínimo contato. DÚVIDA PATOLÓGICA:O segundo padrão mais comum é uma obsessão de dúvida, seguida de uma compulsão por ficar verificando. A obsessão costuma implicar algum perigo de violência (p. ex., esquecer de desligar o fogão ou de trancar uma porta). A verificação pode envolver múltiplas viagens de volta para casa para verificar o fogão, por exemplo. Esses indivíduos têm dúvidas obsessivas sobre si mesmos e sempre se sentem culpados achando que esqueceram ou cometeram algo. 3 PENSAMENTOS INTRUSIVOS: No terceiro padrão mais comum, há pensamentos obsessivos intrusivos sem uma compulsão. Tais obsessões costumam ser pensamentos repetitivos de um ato agressivo ou sexual repreensível para o paciente. Os pacientes obcecados com pensamentos de atos sexuais ou agressivos podem se reportar à polícia ou se confessar a um padre. SIMETRIA: O quarto padrão mais comum é a necessidade de simetria ou precisão, que pode levar a uma compulsão de lentidão. Os pacientes podem literalmente levar horas para terminar uma refeição ou fazer a barba DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DO TOC Pesquisar condições neurológicas tais como coreia de Sydenham e doença de Huntington. O TOC apresenta forte relação com o transtorno de Tourette, visto que as duas condiçõescom frequência coocorrem, ambas em indivíduos ao longo do tempo e nas famílias. Cerca de 90% das pessoas com transtorno de Tourette apresentam sintomas compulsivos, e até dois terços enquadram-se nos critérios diagnósticos para TOC. o transtorno de Tourette está associado com um padrão de tiques vocais e motores recorrentes que apresentam apenas uma leve semelhança com o TOC Excluir transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva, que está relacionado com uma preocupação obsessiva com detalhes, perfeccionismo e outros traços de personalidade semelhantes. Diferenciar de PSICOSE: (1) pacientes com TOC quase sempre podem reconhecer a natureza insensata de seus sintomas, e (2) doenças psicóticas são, em geral, associadas com diversos outros atributos que não são característicos do TOC. PROGNÓSTICO Esse início, para cerca de 50 a 70% deles, ocorre após um evento estressante, como uma gestação, um problema sexual ou a morte de um parente. Como muitas pessoas conseguem manter seus sintomas em segredo, costumam demorar de 5 a 10 anos até chegar à atenção psiquiátrica, apesar de o atraso provavelmente estar mais reduzido devido à maior consciência que se tem sobre o transtorno O curso costuma ser longo e variável; alguns pacientes passam por um curso flutuante, e outros passam por um constante. Cerca de 20 a 30% dos pacientes apresentam grande melhora dos sintomas, e 40 a 50% têm melhora moderada. Os 20 a 40% restantes continuam doentes, ou seus sintomas pioram. Um terço dos pacientes com TOC tem transtorno depressivo maior, e o suicídio é um risco para todos os que apresentam TOC. Um prognóstico pobre é indicado por ceder (em vez de resistir) às compulsões, início na infância, compulsões bizarras, necessidade de hospitalização, um transtorno depressivo maior coexistente, crenças delirantes, presença de ideias supervalorizadas e presença de um transtorno da personalidade (especialmente da personalidade esquizotípica). Um bom prognóstico é indicado por bom ajuste social e ocupacional, presença de um evento precipitante e pela natureza episódica desses sintomas. TRATAMENTO: FARMACOTERAPIA E PSICOTERAPIA A abordagem-padrão é iniciar o tratamento com um ISRS ou clomipramina e depois passar a outras estratégias farmacológicas se as drogas específicas serotonérgicas não forem efetivas. As drogas serotonérgicas aumentaram a porcentagem de pacientes com TOC que tendem a responder melhor ao tratamento em um índice de 50 a 70. 4 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA Cada ISRS -fluoxetina, fluvoxamina (Luvox), paroxetina, sertralina, citalopram é usado para tratamento do TO. Embora os ISRSs possam causar perturbação do sono, náusea e diarreia, dores de cabeça, ansiedade e inquietação, esses efeitos adversos costumam ser transitórios, causando menos trabalho do que os efeitos adversos associados com as drogas tricíclicas, tais como clomipramina. Os melhores desfechos clínicos ocorrem quando os ISRSs são usados em combinação com terapia comportamental. CLOMIPRAMINA De todas as drogas tricíclicas e tetracíclicas, a clomipramina é a mais seletiva para recaptação de serotonina versus recaptação de norepinefrina. Sua dosagem deve ser titulada para cima por 2 ou 3 semanas para evitar efeitos gastrintestinais adversos e hipotensão ortostátca, e, como ocorre com as outras drogas tricíclicas, causa sedação e efeitos anticolinérgicos significativos, incluindo boca seca e constipação. OBS: Se o tratamento com clomipramina ou com um ISRS não obtiver sucesso, muitos terapeutas aumentam a primeira droga com a adição de valproato, lítio ou carbamazepina. As principais abordagens comportamentais no TOC são a exposição e a prevenção de resposta. Dessensibilização, prevenção de pensamentos, inundação, terapia implosiva e condicionamento aversivo também foram usados em pacientes com TOC. OBS: Os familiares com frequência entram em desespero devido ao comportamento do indivíduo. Quaisquer esforços psicoterapêuticos devem incluir atenção aos familiares, com o fornecimento de apoio emocional, tranquilização, explicação e conselhos sobre como lidar com o paciente e lhe dar respostas. Algumas vezes, quando rituais obsessivos e a ansiedade alcançam intensidade intolerável, é necessário hospitalizá-los até que a proteção de uma instituição e a remoção de estressores ambientais diminuam os sintomas a um nível tolerável. OBS: Para casos extremos, que resistem a tratamento e são cronicamente debilitantes, a eletroconvulsoterapia (ECT) e a psicocirurgia devem ser consideradas. A ECT deve ser testada antes da cirurgia. Um procedimento psicocirúrgico para TOC é a cingulotomia, que pode ter sucesso no tratamento de casos graves e sem resposta. Outros procedimentos cirúrgicos (p. ex., tractotomia subcaudal, também conhecida como capsulotomia) também foram úteis para esse propósito REFERÊNCIAS COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA 11ª EDIÇÃO