Prévia do material em texto
Antivirais, antifúngicos e antiparasitários Antifúngicos • Infecções fúngicas costumam ser restritas a pele e mucosas • Imunodeficiência → micose sistêmica • Mais comumente → dermatófitos (pele, pelos e unhas). Ex: Candida albicans ANTIBIÓTICOS POLIÊNICOS ANFOTERICINA B, NISTANINA • Anfotericina B e nistanina são de origem bacteriana • Se inserem na membrana celular em regiões próximas ao ergosterol (equivalente ao colesterol humano), formando poros permeáveis a íons • Não sofrem boa absorção → uso parenteral i.v. ou tópico (incluindo oral para candidíase intestinal) • Anfotericina B → alta toxicidade (por infusão), porém com amplo espectro de ação e capacidade fungicida - Seletividade (mas não exclusividade) pelo ergosterol - Comprometimento renal - Febre, calafrios, hipotensão, vômitos e cefaleia DERIVADOS IMIDAZÓLICOS CLOTRIMAZOL, MICONAZOL, OXICONAZOL, CETOCONAZOL • Inibem a síntese do ergosterol → inibem 14-alfa-esterol desmetilase que converte lanosterol em ergosterol • Menor grau de especificidade pela enzima de fungos em relação à mamíferos → maior incidência de efeitos adversos • Efeito fungicida (eliminação) e fungistático (impede o crescimento) de amplo espectro • Mal tolerados e mal absorvidos → preferência por uso tópico • Após triazóis, sem justificativa para emprego sistêmico DERIVADOS TRIAZÓIS FLUCONAZOL, ITRACONAZOL, VORICONAZOL • Inibem a síntese do ergosterol, mas com maior especificidade • São adequados para via oral e parenteral • Maior espectro e mais bem tolerados que os tinidazóis FLUCITOSINA (5-FC) • Pró-farmaco convertida em 5-fluoracil pelo fungo → desorganização da síntese de DNA e RNA • Fungistático e fungicida • Pode reduir a dose quando associada à anfotericina B – anfotericina B aumenta permeabilidade para entrada da 5- FC → ação sinérgica • Boa penetração tecidual CASPOFUNGINA (EQUINOCANDINAS) • Inibe síntese da parede celular do fungo por bloqueio da 1,3-beta-glucano sintetase • Pode se usada em micoses sistêmicas por Candida e Aspergillus quando anfotericina B ou itraconazol não podem ser usados ou quando há resistência • Anidulafungina e micafungina atuam da mesma forma TERBINAFINAS (ALILAMINAS) • Inibição da esqualeno-epoxidase, enzima que catalisa a conversão de esqualeno a 2,3-esqualeno epóxido, precursor do lanesterol (precursor do ergosterol) GRISEOFULVINA • Provoca rompimento do fuso mitótico – inibição da mitose dos fungos • Não tem sido mais utilizada – uso limitado e em dermatofitoses (tíneas) → muitos efeitos adversos Antivirais HERPES VÍRUS • Aciclovir/ Valaciclovir e Ganciclovir (herpes simples 1 e 2, varicela zoster, CMV): análogo da guanosina → inibe DNA polimerase INFLUENZA VÍRUS • Oseltamivir: inibidor da neuroaminidase viral. Benefício questionável (não impactou na mortalidade) O QUE É UM RETROVÍRUS? HIV EPIDEMIOLOGIA INTRODUÇÃO • Farmacoterapia da infecção por HIV é uma área em rápida expansão • Atualmente: combinação de 3 fármacos • Utilização correta permite o uso crônico e o menor desenvolvimento de resistência TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL OBJETIVOS: • Controle da replicação viral • Preservar ou restaurar a integridade do sistema imune • Retardar ou diminuir as consequências da infecção → aumenta o tempo e a qualidade de vida Quanto menor a carga viral, menor o risco de transmissão HAART → TERAPIA ANTIRRETROVIRAL ALTAMENTE ATIVA • Pelo menos 3 medicamentos ativos de duas classes diferentes • Objetivo → supressão máxima e sustentada da replicação viral • Preservar e/ou restaurar o sistema imune, retardar a progressão da doença, manter crescimento e desenvolvimento História natural da infecção por HIV PATOGÊNESE • Lentivírus → infecções crônicas e persistentes • Humanos e outros primatas são hospedeiros ESTRUTURA • Retrovírus clássico com pequeno genoma de RNA • Duas cópias dentro de um nucleocapsídeo • Circundado por envelope (derivado da célula hospedeira) GENOMA VIRAL • Gag → sintetiza capsídeo viral (p24), proteína do nucleocapsídeo (p17) e matriz • Pol → transcriptase reversa, integrasse e protease • Env → gp 120 e gp 40 do envelope • Proteínas reguladoras → tat, ver, nef, vpr... CICLO TROPISMO CONTROLADO POR GP160 DO ENVELOPE • Alvo → receptor CD4 em linfócitos emacrofagos • Entrada necessita de um correceptor → CCR5 (macrófagos) ou CXCR4 (LT) • Geralmente começa com tropismo por CCR5. • Mudança fenotípica para CXCR4 indica maior risco de imunossupressão. DOMÍNIO GP41 CONTROLA FUSÃO DA BICAMA COM A CÉLULA HOSPEDEIRA • RNA penetra no citoplasma • Replicação para RNA-DNA → degradação de RNA original e cópia de DNA de fita dupla completo • Transcriptase reversa do HIV não possui função de revisão → mutações frequentes DNA VIRAL É TRANSPORTADO AO NÚCLEO • Integrado ao cromossomo pela integrasse viral em localização praticamente aleatória • Vírus permanece quiescente, porém replicando-se à medida que a célula se divide • Quando uma célula que abriga o DNA viral é ativada, RNA viral e proteína são produzidas • Proteínas estruturais se reúnem em volta do RNA e formam o nucleocapsídeo • Proteínas do envelope e outras organizam-se na superfície da célula • Nucleocapsídeo se dirige a estes locais onde sofre brotamento pela membrana celular PRINCÍP IOS DA QUIMIOTERAPIA ANTIRRETROVIRAL • Objetivo → suprimir a replicação do vírus ao máximo e pelo maior tempo possível • Padrão atual → uso de pelo menos 3 fármacos • Evidências crescentes apontam para benefícios do uso da terapia independentemente da contagem de CD4 • Elevada taxa de mutação: resistência → evitar suspensões no tratamento! • Resultado esperado → carga viral indetectável em 24 semanas. • Nº de agentes é limitado mais pela toxicidade do que por outros aspectos • IP e INNTR costumam ser indutores ou inibidores enzimáticos. INIBIDORES NUCLEOCAPSÍDEOS E NUCLEOTÍDEOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA • TR converte RNA viral em DNA pró-viral • Estes fármacos são análogos de nucleosídeos/ nucleotídeos → parar o processo de transcrição reversa, usando um falso substrato. • Impedem infecção de céls suscetíveis, mas não erradicam vírus de céls com DNA viral integrado • Toxicidade se relaciona com a capacidade em inibir TR do HIV sem inibir DNA-polimerase de célula hospedeira. Representantes • Zidovudina (AZT) • Didanosina • Estavudina • Lamivudina • Abacavir • Tenofovir • Entricitabina INIBIDORES NÃO NUCLEOSÍDEOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA • Ligam-se à subunidade p66 da TR • Alteram conformação da enzima, que reduz sua atividade → não competitivo • Não apresentam atividade contra DNA polimerase → diminui os efeitos adversos • Bastante suscetíveis à resistência → nunca devem ser usados em monoterapia ou como adição única a regime que está falhando Representantes (a partir da metade da década de 90) • Nevirapina • Efavirenz* • Delavirdina • Etravirina • Rilpivirina INIBIDORES DA PROTEASE PROTEASE VIRAL É DIFERENTE DA PROTEASE HUMANA • Proteases humanas não são significativamente inibidas por IP do HIV • Quase todos são biotransformados por CYP3A4 e também são inibidores enzimáticos dessa mesma enzima, sendo ritonavir o mais potente → possível estratégia para potencializar estes fármacos. INIBIDORES DA ENTRADA • Maraviroque e Enfuvirtida • Enfurvitida → inibe fusão das membranas virais mediada pela interação entre gp41 e CD4 • Maraviroque → antagonista do receptor CCR5 que impede a ligação da gp120 viral (sem atividade CXCR4) INIBIDORES DA INTEGRASSE • DNA humano não é conhecido por sofrer excisão/ reintegração → ótimo alvo (integrasse → como se ampliassem o DNA viral, adicionando elementos para replicação) • Impedem a formação de ligação covalente entre DNAhumano e viral Representantes • Raltegravir • Elvitegravir • Dolutegravir PERSPECTIVAS FUTURAS • Terapia combinada para reduzir resistência • Ênfase na tolerabilidade e adesão • Conscientização da necessidade de tratamento permanente Antiparasitários ANTIPROTOZOÁRIOS • Giardíase (cistos e trofozoítos) → manifestações intestinais • Amebíase (cistos e trofozoítos) → manifestações intestinais e extra-intestinais (hepáticas) • Azólicos → pro-fármacos. Metabolitos tóxicos que induzem estresse oxidativo no protozoário. Boa ação contra trofozoítos. Sem ação contra cistos • Nitazoxanida → amplo espectro de ação. Promove reações metabólicas que culminam na inibição de enzimas importantes para os parasitas → reduz metabolismo energético. Custo elevado comparado aos animais. Categoria B gestação. Microorganismos anaeróbicos. Amebíase e giardíase, parasitoses helmínticas etc. ANTIMALÁRIOS • Parasita intracelular • Homem → HI • Transmissão pelo Anopheles • Ação sobre formas sanguíneas assexuadas → Artemisinas, Cloroquina, Quinina • Ação sobre formas intra-hepatocitárias e latentes → primaquina. BENZIMIDAZÓLICOS MEBENDAZOL, TIABENDAZOL, ALBENDAZOL • Principais anti-helmínticos da pratica clinica • Inibem a formação da beta-tubulina → reduz a captação de glicose → bloqueio da fosforilação oxidativa e geração de ATP → sobrevivência e reprodução • Baixa probabilidade de resistência, devido ao clico de vida longo TIABENDAZOL • Amplo espectro, menor perfil de segurança (hepatotoxicidade, náusea, vomito, xerostomia), menor especificidade. Ação contra parasitas adultos, larvas e ovos. Também disponível para via tópica (larva migrans cutânea) MEBENDAZOL • Amplo espectro • Bom perfil de segurança • Infestações do TGI isoladas ou mistas ALBENDAZOL • Muito semelhante ao mebendazol, com melhor cobertura de estrongiloidiase (mesmo não sendo primeira escolha). E também protozoários (giardíase) IVERMECTINA • 1ª linha para estrongiloidíase • Ativação de canais de cloreto → aumento de permeabilidade do Cl- → paralisia tônica da musculatura • Ação prevalente sobre nematódeos, mas tem amplo espectro de ação incluindo alguns artrópodes (como pediculose, escabiose) PRAZIQUANTEL • Promove influxo de Ca2+ → contrações espásticas → paralisia espástica • Destruição tegumentar → exposição de Ag • Espectro amplo, mas menor que os demais • Categoria B em gestação • Boa resposta para S. mansoni → boa penetração da circulação êntero-hepática