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Ana Luiza Cecheto dos Anjos Clínica médica de ruminantes – p1 • Falha de transferência de imunidade passiva É a transferência inadequada de anticorpos da mãe para o bezerro através do colostro. Tanto ruminantes quanto equinos nascem “agamaglobulinêmicos”, ou seja, com uma carência muito grande de anticorpos no sistema imune, contrário de carnívoros que recebem via placentária. Existem duas formas de transferência de imunoglobulinas, via intestinal, pela absorção das imunoglobulinas presentes no colostro, e via placental, que em caso de ruminantes, a placenta é do tipo sindesmocorial, que une o endométrio materno ao trofoblasto fetal, onde nessa junção endométrio- trofoblasto não tem vasos sanguíneos, então não ocorre troca sanguínea entre feto e mãe, e por isso os ruminantes e equinos não recebem imunoglobulinas via placentária. Cerca de 40% dos bezerros ocorre FTIP, é a principal causa de doenças nos recém-nascidos, trazendo complicações secundárias como: septicemias, diarreias neonatais, broncopneumonia, onfalopatias (artrites sépticas). Tipos de imunoglobulinas: IgG: compõe de 65-80% das imunoglobulinas. São responsáveis pela eliminação de microrganismos, neutralização de toxinas IgA: 5-10% presente em mucosas e é responsável pela imunidade local IgM: 5-10% responsável pela neutralização viral e opsonização IgE: 0,005% responsável pela defesa de parasitas O colostro começa a ser produzido de 4 a 6 semanas antes do parto e de 3 a 9 dias pré-parto a produção de imunoglobulinas é intensificada, sendo que cerca de 90% do colostro é composto de igG1. É composto de proteínas, gorduras, vitaminas, enzimas e minerais, leucócitos, macrófagos, etc. a vida média da IgG1 é de 17 dias no bovino. Os animais passam por um período de vulnerabilidade, uma vez que a imunidade passiva começa a diminuir aproximadamente com 60 dias de vida do animal, e a imunidade ativa começa a ser ativo de 60-90 dias, pois sua evolução é lenta. Sendo assim existe uma janela imunológica com alto risco de contrair doenças. Dentre os fatores que afetam a transferência de imunidade passiva estão a qualidade do colostro, ou seja, quantidade de imunoglobulinas no colostro, ingestão de colostro (de acordo com temperatura ambiente, tempo, posição) e pela absorção de imunoglobulinas pelo intestino no jejuno e no íleo. Então temos fatores ligados ao bezerro, fatores ligados à mãe, e fatores ligados ao manejo. • Fatores ligados ao bezerro: Condições do nascimento, se houve ou não distocia (pode causar hipóxia no bezerro), doenças congênitas como fenda palatina que impede com que o bezerro faça sucção, bezerros prematuros e bezerros fracos. Também caso de gemêos pois gera competição para mamar. • Fatores ligados à mãe: idade da mãe, se é plurípara ou primípara. Se o parto foi precoce ou induzido (dexametasona é indutor de parto) e habilidade materna (bovinos de corte x leite, bovinos de leite geralmente são mais habilidosos). Rejeição de novilhas pode chegar a 20%. Outro fator é a raça da mãe, algumas raças são mais habilidosas, além disso algumas raças tem uma conformação de úbere mais adequada, não adianta a vaca ter habilidade materna mas ter uma conformação de teto inadequada que dificulta a mamada do bezerro. Número de dias do período seco da vaca, doenças maternas como paresia puerperal hipocalcêmica e mastite. • Fatores ligados ao manejo: importante a primeira mamada ser de 4 a 6 horas pós parto, é a mamada que mais vai conter imunoglobulinas. A segunda mamada (12 horas pós parto) contém metade da concentração de imunoglobulinas da primeira mamada, e a 5° mamada (24 horas pós parto) já tem a quantidade de imunoglobulinas igual da lactação. A temperatura ambiente influencia também, sendo que calor e frio extremos prejudicam a ingestão de colostro (calor é mais prejudicial). A vacinação da mãe é crucial (IBR, BVD, Leptospirose, E. coli, rotavirus, clostridium spp) isso porque se eu vacino a vaca, ela vai estar transferindo essa imunidade da vacina para o colostro e consequentemente para o bezerro. O ideal é que a administração do colostro seja via contato mãe-terneiro, pela mamada natural, o que muitas vezes se torna inviável porque não tem como o produtor manejar todas as vacas leiteiras da sua propriedade individualmente, esperar o bezerro mamar, etc. Outras formas seriam a mamadeira (cuidar com a posição e temperatura, deixar da maneira mais fisiológica possível). Pode ser por sonda esofágica, balde é a maneira mais incorreta pois pode predispor à falsa via, ocasionando broncopneumonia secundária. Fatores como a baixa concentração de HCl no estômago, baixa atividade pepsina gástrica, baixa atividade proteolítica intestinal, favorecem a absorção de imunoglobulinas. Diagnóstico de FTIP Observar sinais clínicos relacionados à mãe como úbere repleto, agalactia, morte da mãe, obstrução do esfíncter do teto, decúbito prolongado, rejeição do terneiro. Também sinais clínicos relacionados ao recém nascido como fraqueza, letargia, e doenças secundárias como já foi citado. Realização de exames laboratoriais para detecção direta ou indireta da quantidade de imunoglobulinas. Principalmente avaliação de proteína total sérica, método rápido e barato para avaliar quantidade de imunoglobulinas (FTIP <4,2g/dL). Ainda o método do glutaraldeído, se não houver coagulação entre soro e glutaraldeído indica FTIP (<4,0g/dL). Precipitação pelo sulfato de sódio, é acurado, rápido e de fácil utilização no campo e é um método qualitativo. Imunodifusão radial, ELISA, eletroforese das proteínas séricas são bem específicos porém caros e demorados. O método de densidade do colostro é fácil e barato, sendo que a resposta é que a densidade seja maior possível. Refratômetro de brix é barato e eficiente também. Tratamento de FTIP Fornecer colostro via oral dentro das 12h primeiras horas de vida, colostro fresco da mãe ou de outro animal sadio, buscar bancos de colostro se necessário. Pode utilizar outras espécies (ex: colostro de bovino para alimentar caprino). O banco de colostro consiste num pool, ou seja, mistura de colostro de vários animais, mantidos em temperatura ambiente por até 24h, ou em formaldeído 0,05% a 28°C por 4 semanas, refrigerado de 4-8°C por 1 semana e congelado que é a melhor forma (-18 a -20°C) em sacos plásticos de até 1L (potros 250ml), pode durar de 2-3 anos. Descongelamento deve ser feito em banho maria na temperatura de <37°C. Administrar 10-15% do PV nas primeiras 6h para bezerros e em cordeiros de 180-210mL por Kg até 18h. Existem produtos comerciais como colostro bovino em pó, já bem utilizados em grandes propriedades, apesar do alto custo. Administração intravenosa de plasma, para animais que não mamaram ou necessitam suplementação, fornecer apenas 24h após o parto, o doador deve ser um animal hígido e adulto, com titulação de 1400mg/dL de IgG. Não deve usar a mãe, porque pode ocorrer incompatibilidade sanguínea entre neonato e mãe, então o neonato vai produzir anticorpos contra o plasma da mãe. Via intravenosa 20-40mL/kg. Prognóstico Depende do grau da falha de transferência de imunidade, do ambiente (exposição a patógenos), da idade do neonato e de quando foi diagnosticado a FTIP, presença de infecções. • Diarréias em ruminantes Diarreia é o aumento da frequência de defecação, acompanhada de diminuição na consistência devido a maior concentração de água nas fezes. Importante diferenciar uma diarreia patológica de fisiológica. Patogenia: Hiperperistaltismo, ou seja, aumento da motilidade intestinal, principalmente por fatores inflamatórios; hipersecreção de água e eletrólitos, aumento da permeabilidade principalmente ao sódio e cloreto, se tiver muito sódio no lúmen intestinal, atrai água o que causa uma diminuição da consistência das fezes; diarreias por má absorção e má digestão, uma vez que o lúmen demora cerca de 30dias para se adaptar a novas dietas e por isso não devem ser feitas mudanças bruscas de dieta; Nutricional ou dietética estão relacionadas com bezerros por sucedâneos do leite e afins. As causas mais comuns são superpopulação de animais, com condições sanitárias e ambientais inadequadas, em neonatos a FTIP, dietas (sucedâneos, substitutos do leite, fibras e concentrados), cuidados e manejo do tratador. Em bezerros neonatos é mais comum a diarreia causada por colibacilose (e. coli enterotoxigênica) e a forma viral mais comum é por rotavírus, coronavírus, criptosporidium parvum, salmonela, alterações dietéticas, endoparasitas, enterotoxemia, BVD, eimeriose; Patogenia Caractéristicas Colibacilose Fezes sem sinais de enterite, 3-5 dias de vida Rotavírus Fezes com certo grau de enterite, 10-14 dias de vida Coronavírus Fezes com certo grau de enterite, 7-21 dias de vida Criptosporidium parvum Variação no grau de enterite, diarreia esverdeada, com muco e estrias de sangue, 7-14 dias de vida Salmonela Fezes escuras, fétidas, 2-6 semanas de vida, com sangue, fibrina, muco, fragmentos de mucosa Alterações dietéticas Diarreia do leite Endoparasitas Pode ser por strongyloides (2 meses) ou no desmame (18 meses) Enterotoxemia Por clostridium perfringens, agudo e fatal, 5-20 dias de vida BVD Doença das mucosas, 6- 18 meses Eimeriose Lesão do trato intestinal caudal, hematoquezia, 21 dias de vida ou no desmame Em bovinos adultos as causas são diversas como indigestões, acidoses, BVD, salmonelose, endoparasitas, endotoxemias, ou ainda problemas crônicos como tuberculose digestiva, paratuberculose, BVD, endoparasitas, hepatopatias, nefropatias, deficiência de cobre. Sinais clínicos Fezes amolecidas pelo aumento de água nas fezes, aumento da frequência de defecação, temperatura (hipotermia é um indicativo), enterites (presença de fibrina, muco, fragmentos de mucosa), desidratação que é o primeiro sinal visualizado, apatia, hiporexia, anorexia, depressão e letargia, decúbito e morte Complicações Desidratação, septicemia, bacteremia (lesões no TGI favorecem a infiltração de bactérias), endotoxemias Graus de desidratação Grau Característica 5% Animal alerta, apetite presente, aumento de VG e PPT 6-8% (leve) Animal alerta, elasticidade da pálpebra de 2-4s, enoftalmia leve 8-10% (moderada) Elasticidade da pele 6-10s, enoftalmia evidente, reflexos palpebrais diminuídos, hipotermia, mucosa oral seca, apatia, decúbito esternal Desidratação 10-12% (grave) Elasticidade da pele superior a 10s, enoftalmia intensa, nistagmo, hipotermia, extremidades frias, mucosas ressecadas, apatia intensa, decúbito lateral Diagnóstico Baseado na anamnese e na história clínica, observação dos sinais clínicos e através de exames complementares. Exames complementares Hemograma: uma leucocitose com neutrofilia indica infecção bacteriana, leucopenia com linfopenia indica infecção viral, aumento das PPT indica desidratação e diminuição indica enterite grave. Imunoglobulinas séricas, eletrólitos séricos, gasometria (ideal para correção), coproparasitológico, coprocultura, isolamento viral, sorologia; Tratamento Crucial a reposição de fluídos e eletrólitos, ou seja, corrigir a desidratação do animal. Muitas vezes corrigindo a hipovolemia eu já corrijo o equilíbrio ácido-básico. REPOSIÇÃO = déficit + manutenção + perdas Déficit: calculado através da porcentagem de peso vivo. Ex: bezerro de 100kg com 10% de desidratação, o déficit será 10 litros. (10 litros de reposição = 10 a 20 mL/kg/h) Manutenção: adultos (50mL/kg/dia) e jovens (75- 150mL/kg/dia) Ex: 100kg PV x 75mL = 7,5L /dia Perdas: difícil de calcular TOTAL = 10L (reposição) + 7,5 L (manutenção) = 17,5L Pode usar solução fisiológica 0,9%, ringer, ringer com lactato, glicofisiológica; pode ainda utilizar alcalinizantes quando o equilíbrio ácido básico não foi corrigido apenas com a correção da desidratação Para correção do equilíbrio ácido base o ideal é realizar gasometria, quando está no campo e não é possível, faz de maneira empírica com bicarbonato de sódio. 1 grama de bicarbonato nos dá 12mEq, um animal com desequilíbrio necessita em média 10 a 20 mEq/L. Fezes sem enterite pode oferecer fluidos e eletrólitos via oral, mamadeira ou sonda. Animal em choque oferecer primeiramente solução hipertônica para corrigir hipóxia e acidose, a sua ação é bem rápida por isso deve ser administrada primeiro. A partir disso entra com as outras soluções. Ainda pode oferecer dexametasona, prednisolona, flunixin meglumine; Antibióticos: administrar via parenteral, como opções temos sulfa+trimetoprim; gentamicina; ampicilina; pode ser via oral mas não é recomendado, já estou com um animal que não se alimenta, inviável medicação via oral; como opções neomicina (não é absorvida) e tetraciclina e cloranfenicol (irritação das vilosidades) Dieta: no primeiro dia o recomendado é cortar ou diminuir o leite e fornecer eletrólitos; no segundo dia fornecer 10% do PV de leite QID, fornecer eletrólitos. A partir do terceiro dia volta ao normal se o animal apresentou bom prognóstico, leite 10% PV várias vezes ao dia. Fornecer glicose ou amido de milho via oral para evitar hipoglicemia neonatal. Para o adulto importante fornecer dieta rica em fibras de baixa digestibilidade. Protetores e adsorventes: salicilato de bismuto ou carvão ativado. Antiperistálticos: pode ser administrado mas lembrar que a hipermotilidade é secundária a algum outro processo, portanto deve-se tratar a causa primária Anti-inflamatórios (AINES): flunixin meglumine e cetoprofeno Repositores de flora: lactobacilus (Yakult, iogurte, probióticos). • Indigestões em ruminantes Indigestões são desordens de funcionamento dos pré- estômagos (retículo, omaso e rúmen) e pode ser de ordem motora ou química. Pode ser classificada como primária quando a desordem é localizada nos pré- estômagos ou secundária quando não é localizada, porém reflete na função fermentativa e motora dos mesmos., como endotoxemias e septicemias, patologias de abomaso, patologias intestinais, hepatopatias e dor. Desordens primárias (de ordem motora): timpanismo gasoso ou espumoso, ruminites/reticulites, reticuloperitonite traumática, indigestão vagal, obstruções de cárdia, obstruções do óstio retículo omasal, hérnia diafragmática Desordens primárias (de ordem fermentativa): indigestões simples, acidose láctica ruminal aguda ou crônica, alcalose ruminal, desordens na microflora ruminal; Desordens secundárias: processos sistêmicos, patologias abomasais (deslocamentos de abomaso, volvo abomasal, úlceras abomasais) Ainda podemos classificar as indigestões em secretórias ou absortivas. As secretórias não tem importância clínica em ruminantes, e as absortivas seriam as diarreias. Timpanismo Acúmulo de gás, livre (timpanismo gasoso) ou preso na forma de espuma (timpanismo espumoso) no interior dos pré-estômagos, resultando em distensão abdominal. Como causas temos os distúrbios fermentativos ou motores primários, ou distúrbios secundários. O timpanismo gasoso não é uma patologia e sim um sinal clínico, ou seja, é secundário a outra doença. Já o timpanismo espumoso é uma causa primária, é uma patologia própria. O timpanismo gasoso é causado por obstrução e/ou impedimento da eructação, podendo ser por obstrução esofágica, obstrução do cárdia, tamponamento das funções do cárdia (esses podem ocorrer por exemplo por decúbito lateral prolongado), ou por disfunções motoras como distúrbios na contração ruminal, distúrbios abomasais. O timpanismo espumoso é o acúmulo de gás preso ao líquido ruminal. Obstrução esofágica Obstrução física causada tanto por objeto ou corpo estranho que se instale no lúmen do esôfago (forma aguda), ou por compressão externa do mesmo (crônica) incapacitando o curso do bolo alimentar de forma adequada.É um problema relativamente comum em bovinos pois não são muito seletivos na seleção e ingestão dos alimentos, além de que fazem mastigação incompleta. O que é mais comum de encontrar na obstrução aguda são objetos sólidos, principalmente vegetais como maças, batatas, cebolas, laranjas, espigas de milho, restos mortais (ossos). A obstrução crônica pode ter como causas uma estenose após esofagite, compressão externa por tuberculose ou linfonodos neoplásicos no mediastino ou na base do pulmão, carcinomas de TGI superior (ingestão crônica de samambaia), persistência do arco aórtico direito (recém nascidos), abscessos cervicais ou mediastinais em adultos. Na patogenia da obstrução esofágica aguda ocorre uma ingestão de corpo estranho, causando uma obstrução física do lúmen esofágico, gerando incapacidade física em deglutir e eructar, levando ao timpanismo gasoso que pode gerar complicações mais graves, até levar a morte. Locais de obstrução mais comuns são laringe (cartilagem tireóidea), esôfago cervical (mais comum), porção torácica do esôfago, entrada do cárdia. Os sinais clínicos mais observados são a perda súbita de apetite, ansiedade e inquietação, salivação abundante, tosse, cabeça estendida para frente, vômitos, tentativas de deglutição e mastigação, movimentos ruminais contínuos e forçados. Podemos separar o timpanismo secundário à obstrução esofágica em graus, de acordo com o tempo de engasgamento e natureza do objeto, formato do objeto (se tiver forma irregular, o timpanismo é parcial e escapa um pouco de gás), e o último grau é a morte se o problema não for corrigido rapidamente. Como complicações temos a isquemia e necrose compressiva da mucosa, formação de tecido fibroso que vai causar estenose podendo ser uma causa de obstrução crônica, perfuração ou laceração, pneumonia aspirativa pela grande produção de saliva que pode fazer falsa via, desidratação pois o animal fica com dificuldade de ingerir líquidos. Na obstrução crônica há ausência de sinais agudos, timpanismo crônico moderado, movimentos de deglutição normais até chegar ao local de obstrução, e quando chega o animal vai regurgitar, dilatação do esôfago gerando um aumento de volume na base do pescoço.. Como exames complementares podemos usar exames radiográficos e endoscópios. O diagnóstico é baseado em anamnese principalmente voltada ao histórico de disponibilidade de alimentos de risco, sinais clínicos, palpação, passagem de sonda esofagiana ou nasoesofágica e por exames complementares. O tratamento depende do local de obstrução e tempo de evolução do timpanismo. Inicialmente contemos o animal e utilizamos a formiga porque o animal estará altamente agitado, avaliar a gravidade do timpanismo e introduzir uma cânula no rúmen. Fazemos isso porque primeiramente, se o animal estiver com comprometimento severo, deve-se primeiro aliviar a compressão ruminal e depois desobstruir. Para desobstruir, quando o corpo estranho está localizado na porção cervical, utilizamos um espasmolítico que relaxará o músculo liso do esôfago, e então faz retirada manual com abre bocas. Pode fazer anestesia ou sedação (xilazina 2%) que também vai relaxar o músculo. Quando o corpo estranho estiver no esôfago torácico, que é a forma mais complicada de tratar, utilizamos o espasmolítico e utilizamos a sonda gástrica, tentando ir empurrando o corpo estranho para que entre no rúmen e seja digerido. Quando não obtiver sucesso com essa forma, deve-se fazer ruminotomia, retirar todo o conteúdo ruminal e com a mão introduzir no cárdia e retirar o corpo estranho do esôfago, porém essa técnica é de difícil acesso, não há muito sucesso com ela. Em caso de obstrução por material vegetal deve-se fixar um trocarte e permitir que o material de obstrução seja macerado de dois a quatro dias. Essa técnica também não é de muito sucesso porque até os 4 dias pode ocorrer uma isquemia. Pode ainda administrar sulfato de atropina, desobstrução por irrigação com solução salina, administração de extrato líquido de beladona pela sonda esofágica, anestésico local via sonda (empírico), tudo isso para relaxar o espasmo. Na porção cervical ainda pode fazer esofagotomia porém exige grande habilidade. Nos casos de quadros crônicos não existem tratamentos de sucesso. Timpanismo espumoso Aumento de volume anormal do rúmen e retículo sendo ocasionado por gases de fermentação na forma de espuma, dispersa no conteúdo ruminal e que não são eliminados por eructação. Ocorre em bovinos em pastagens de leguminosas, em gados confinados que recebem muitos grãos na dieta, ocorrência estacional (primavera e outono), tem alta morbidade e mortalidade. Sempre vai ser de origem alimentar ao contrário do timpanismo gasoso. O mais comum é que ocorra por alta ingestão de leguminosas, fazem produção de espumas estáveis que prendem os gases normais da fermentação. A alimentação com grãos finamente moídos, altera o pH ruminal e por isso ocorre produção de muco para proteção da mucosa, e esse muco pode ser a causa do timpanismo. Os fatores nutricionais que podem levar ao timpanismo espumoso são principalmente pastagens muito suculentas, plantas de crescimento rápido (deposição de grande quantidade aminoácidos) estágios de pré-florescência, pastagens com excessos de fertilizantes, culturas de cereais, repolhos, leguminosas e gramíneas de alto teor proteico, administração livre da ureia. Algumas leguminosas possuem taninos condensados, que fazem com que as proteínas não se precipitem e não causem formação de espuma no rúmen, por isso não causam timpanismo; no caso do trevo branco e vermelho e a alfafa, possuem pouco tanino e por isso causam timpanismo mais facilmente. Os fatores genéticos também levam à predisposição da formação de espuma, pela morfologia e motilidade ruminal, composição da saliva, etc. Indigestão simples Distúrbio digestivo e fermentativo, resultante de falhas de manejo, acarretando em atonia dos pré-estômagos. Ocorre mais comumente em vacas leiteiras e bovinos em sistema de confinamento, pelas dietas com alto teor de grãos. Pode ocorrer por mudanças drásticas na dieta sem período prévio de adaptação, fornecimento de alimentos congelados, alimentos rançosos ou estragados, fibras não digestíveis (pastagens, silagens que já passaram do ponto), silagem butírica ou contaminada por mal armazenamento. Também pode ocorrer por ingestão acidental de antibióticos, privação de água ou alteração de pH ruminal. Como sinais clínicos temos a redução de apetite, redução da produção leiteira, depressão, apatia, diarreia discreta, timpanismo ruminal leve, fibras não digeridas nas fezes. Muitos dos sinais são muito brandos e não nos dizem nada. Como exames complementares podemos usar exames de urina para corpos cetônicos, avaliação da atividade da microflora ruminal através da prova de sedimentação ou teste da digestão da celulose e fita de pH para avaliar o líquido ruminal. Diagnóstico é feito através de anamnese e avaliação de sinais clínicos e exames físico e complementares, e por exclusão de outras doenças. Normalmente de dois a três dias ocorre recuperação espontânea, se não ocorrer faz a correção do pH ruminal com bicarbonato de sódio e hidróxido de magnésio quando for confirmado pH ruminal ácido, ou ácido acético via oral para corrigir pH básico. Podem ser utilizados estimuladores do parassimpático (fisostigmina, neostigmina, cloridrato de pilocarpina). • Acidose láctica ruminal aguda Ingestão de grandes quantidades de carboidratos altamente fermentáveis, resultando em excessiva produção de ácido láctico no rúmen. Ocorre principalmente em animais em sistema de confinamento pois recebem uma dieta rica em grãos, e em vacas leiteiras; a morbidade varia de 10 a 50% porém a mortalidade para animais não tratados é de 90% e de 40% para animais tratados, ou seja, é grande; os principais alimentos que levam a acidose láctica ruminal aguda são o trigo,aveias, grão de sorgo, milho, cevada; alimentos finamente moídos, sem o período de adaptação (mudanças bruscas de dieta), consumo acidental, falha de manejo ou maquinário, privação de alimento (12-24h). Ocorre pelo aumento da ingestão de carboidrato (dose tóxica depende da categoria, raça, etc), aumenta fermentação no rúmen e aumenta os ácidos graxos voláteis em excesso, o que ocasiona em pH mais baixo que o normal (em torno de 6,0), resultando em uma mudança no crescimento bacteriano, diminui bactérias celulíticas e aumenta principalmente Streptococcus bovis, que vai fermentar o carboidrato presente em excesso, resultando como subproduto o ácido láctico, que vai abaixar ainda mais o pH ruminal (em torno de 5,5) diminui ainda mais o crescimento das bactérias celulíticas (quase zerando), favorecendo a proliferação de Lactobacillus, aumentando mais ainda a concentração de ácido láctico. Com isso, diminui consideralvemente a motilidade ruminal, o ácido láctico que foi produzido vai ser absorvido levando a acidose metabólica sistêmica. Os principais sinais clínicos aparecem de 6 a 12 horas após a ingestão e são comuns: anorexia, queda na produção de leite, temperatura entre 36,5-38,5°C, FC de 80-140bpm, bradpinéia; atonia ruminal, timpanismo ruminal, conteúdo ruminal flutuante, dor abdominal, desidratação grave e progressiva; reflexo palpebral diminuído, incoordenação motora, decúbito com posição de autoauscultação; o diagnóstico é baseado na resenha, anamnese/história clínica, exame físico e sinais clínicos, exames complementares e achados de necropsia, mas geralmente o proprietário já sabe que o animal ingeriu carboidratos; pelo hemograma notamos hemoconcentração devido a desidratação do animal, pode ainda mensurar o pH urinário e o pH ruminal; deve fazer diagnóstico diferencial para paresia puerperal hipocalcêmica, peritonites, toxemias e septicemias e doenças do SNC. O primeiro passo do tratamento é suspender a alimentação concentrada, depois priva-se água do animal por 12-24hrs, lavagem ruminal e tamponantes ruminais (hidróxido de magnésio, óxido de magnésio, hidróxido de alumínio), ruminotomia de emergência em quadros mais avançados, bicarbonato de sódio ou ringer lactato via intravenosa. • Acidose láctica ruminal crônica Aumento do fornecimento de grãos resultando em aumento da produção em curto prazo, dietas com altas concentrações de grãos, consumo insuficiente de fibra efetiva, falha na pré-adaptação ruminal, intervalos muito longos entre alimentação. Ocorre principalmente em bovinos de confinamento e vacas leiteiras de alta produção, causando alta morbidade e prejuízos econômicos. Além do fornecimento de grãos que possa vir a causar acidose crônica, existe a possibilidade de cevada e polpa cítrica também provocarem o mesmo efeito; Resulta em animais magros com baixa ingestão de matéria seca, sub desenvolvimento, diminuição da produção leiteira, diarreia com grãos nas fezes, fezes mal digeridas com bolhas de gás. Podem ocorrer ainda episódios de hipomotilidade ruminal, claudicação, crescimento anormal do casco, transtornos reprodutivos; para diagnóstico utilizamos sempre a anamnese e o exame físico e além disso exames complementares podem ser feitos, como análise do fluido ruminal por ruminocentese ou sondagem orogástrica; também pode ser feita avaliação da concentração de lipopolissacarídeos nas fezes e hemogasometria (vai causar alta pressão de CO2, baixa pressão de O2 e baixo pH sanguíneo). Como tratamento devemos limitar a ingestão de carboidrato rapidamente fermentáveis, fazer adequada adaptação ruminal a dietas, estimular ingestão de forragem no início da lactação e fornecer quantidade de fibras efetivas durante a lactação. Ainda podemos usar tamponantes exógenos como carbonatos e bicarbonatos (na concentração de 1-1,2% do concentrado) e antibióticos ionóforos como monensina. O grande problema da acidose láctica ruminal crônica é que pode trazer outras complicações graves, como abscessos hepáticos, pielonefrite, pneumonia, peritonite, endocardite, artrite, laminites, prejuízos econômicos como já foi dito pela redução da produção de leite, redução da porcentagem de gordura do leite; • Alcalose ruminal Ocorre principalmente por ingestão excessiva de proteína ou NNP (ureia), acesso acidental a ureia, rações inadequadamente misturadas, adição de ureia sem prévia adaptação, sendo que essa deve ser feita de 2 a 6 semanas fornecendo ureia gradativamente, 33% do total na primeira semana, 66% do total na segunda semana e 100% do total na terceira semana. A perda de adaptação ocorre em 3 dias, portanto se eu paro de fornecer a ureia por 3 dias, deve começar a adaptação desde o início. O produtor geralmente usa a ureia para baratear a ração, sendo que existem dois tipos: ureia adubo (com nitrato) e ureia pecuária (sem nitrato, ideal para animais). A ureia no rúmen é metabolizada em amônia, que estará em grande quantidade nesses casos de intoxicação, sofre absorção ruminal, entre 10-30 minutos começam aparecer os sinais clínicos da intoxicação, que são sinais de cunho neurológico. Os sinais clínicos apresentados são pelos arrepiados, depressão do SNC (apatia, depressão, sonolência, midríase, nistagmo), inapetência, polidipsia, taquipneia, odor cáustico, tetania severa com contrações espásticas, dor abdominal intensa, timpanismo gasoso (pH ruminal > 8.0) hipersensibilidade a sons, espuma na boca e narinas; o diagnóstico é baseado na resenha, anamnese e história clínica, principalmente procurar saber se o animal ingeriu ureia, como exame laboratorial usamos a avaliação de pH de líquido ruminal através da sonda esofágica, se o pH estiver acima de 8 chamamos de alcalose. Deve fazer diagnóstico diferencial para encefalopatia hepática, hipomagnesemia, intoxicação por sal, encefalites (raiva, meningites, vírus, etc) tratamento é baseado em sondagem e lavagem ruminal, ácido acético 5% (vinagre) 2 a 6L por animal, se houver recidiva repetir após 30 minutos, fornecer água gelada via sonda, ruminotomia para retirada do conteúdo, terapia com fluidos; • Deslocamento de abomaso Deslocamento anormal do abomaso em relação a sua posição anatômica, seguida ou não de torção; Ocorre com maior frequência em vacas leiteiras, animais de alta produção, novilhas, touros e bezerros e nas primeiras 6 semanas pós parto; também existe uma sazonalidade, sendo que ocorre com maior frequência no inverno, em épocas de vazio forrageiro. O deslocamento de abomaso não ocorre por apenas um fator, ou seja, suas causas são multifatoriais. Porém existem alguns “pré-requisitos” que favorecem a ocorrência da mesma, como a atonia abomasal, fatores anatômicos do abomaso, fatores raciais e genéticos, fatores alimentares (alimentação com altos níveis de concentrado, déficit de fibra efetiva) fatores fisiológicos (parto, período gestacional, cio) e também é mais comum que ocorra com doenças concomitantes (paresia puerperal hipocalcêmica, cetose, acidose, retenção de placenta, metrites; o mais comum é que se ocorra deslocamentos para a esquerda (até 95% dos casos), mas em ambos os tipos de deslocamento (direito e esquerdo) os sinais clínicos são os mesmos, redução de apetite, redução progressiva da produção leiteira, emagrecimento progressivo, fezes secas, hipotonia ruminal, desidratação, dor abdominal, na percussão auscultatória há som metálico ressonante, timpanismo leve. Porém no deslocamento à direita a temperatura, frequência cardíaca e respiratória estarão normais. Diagnóstico é baseado na história clínica, sinais clínicos e exame físico, exames complementares e em último caso laparotomia exploratória; como exames complementares podemos lançar mão de hemograma, onde observaremos hemoconcetração e leucopenia com neutropenia; bioquímico com hipocloremia e hipocalcemia; aspiração do líquido presente na região de gás (pH 2-3). O tratamento principal é devolver o abomaso à sua posiçãoinicial ou aproximada (técnica do rolamento ou de forma cirúrgica) e criar uma ligação permanente nesta posição, corrigir balanço hidroeletrolítico, tratar doenças associadas. O controle pode ser feito pela correção dos fatores predisponentes, manejo nutricional, evitar animais obesos no fim da gestação, evitar animais em BEN; • Endocardite bacteriana Doença que consiste na inflamação do revestimento interno do coração, com comprometimento das válvulas, levando a um quadro de insuficiência cardíaca congestiva com o tempo. Pode ocorrer em bovinos de todas as idades (geralmente acima de 3 anos de idade) e principalmente em bovinos leiteiros adultos e bovinos de sistema semi-intensivo. É a doença valvular mais comum que ocorre e é tratável apesar dos altos índices de mortalidade e de resultar em sequelas. ETIOLOGIA Trueperella pyogenes Streptococcus spp Staphylococcus spp Mannheimia spp Pasteurella spp A endocardite ocorre em decorrência principalmente de afecções musculoesqueléticas sépticas, abscessos, acidose láctica ruminal aguda ou crônica, pneumonia bacteriana, reticuloperitonite traumática, metrite, mastite, tromboflebite, agulhas ou cateteres endovenosos contaminados. Primeiramente ocorre uma infecção por algum dos motivos citados, que gera uma bacteremia que atinge o endotélio cardíaco, levando ao comprometimento das válvulas mitral e tricúspide, causando lesões ulcerativas no endotélio cardíaco e valvular. Ocorre crescimento vegetativo levando à estenose que causa os sinais da ICC e formação de êmbolos, levando à morte em seguida se não for tratado. O curso da doença é de 1 semana a 3 meses, causa hiporexia ou anorexia, redução da produção, emagrecimento progressivo, febre persistente ou intermitente (40-41°C), relutância ao movimento, taquicardia (100-120bpm), dispneia, sopro cardíaco sistólico, ingurgitamento das veias jugulares, hiperfonese cardíaca, edema ventral, peitoral, barbela e submandibular, ascite, arritmias (apenas 10% dos pacientes apresentam esse sinal), posição antiálgica, decúbito e morte; edema de barbela O diagnóstico é baseado na resenha, história clínica, sinais clínicos, exame físico e exames complementares, que pode ser hemograma (animal apresentando anemia não regenerativa, leucocitose com neutrofilia, aumento das proteínas totais e aumento do fibrinogênio), abdominocentese, hemocultura, ecocardiografia e eletrocardiografia; Na necropsia os achados são o saco pericárdico distendido (hidropericárdio), hipertrofia cardíaca (sem proporção), estenose da valva afetada, crescimentos vegetativos (verruga ou couve-flor), congestão pulmonar, infartos embólicos, rins com focos hemorrágicos; Tratamento deve ser feito com antibioticoterapia de longa duração, geralmente com penicilinas, ampicilinas, sulfatrimetoprim, ceftiofur, rifamicina; Como foi dito a endocardite gera problemas secundários, como embolias pulmonares, infarto renal, infarto hepático, por isso assim que diagnosticado o tratamento deve ser iniciado. O prognóstico é reservado quando diagnosticado precocemente e desfavorável quando o animal já apresenta sinais de insuficiência cardíaca congestiva. • Retículo pericardite/peritonite traumática Retículo peritonite traumática Perfuração da parede do retículo por um corpo estranho resultando em uma peritonite aguda local ou difusa, causando ou não afecções secundárias. Geralmente ocorre com maior frequência em animais adultos acima de 2 anos (93%), vacas leiteiras (87%), em seguida de bezerros com até um ano e reprodutores. É uma doença de alta mortalidade e que causa grandes perdas econômicas, muitos animais morrem sem um diagnóstico. 90% dos casos a peritonite é causada por um corpo estranho e em 70% é causada por lesões traumáticas. Tudo vai depender da anatomia do trato gastrointestinal de cada animal e do método de alimentação do mesmo. Mas geralmente ocorre pela ingestão de corpo estranho, principalmente farpas de madeira, arames e pregos. O que ocorre é que o animal ingere o corpo estranho que vai para o retículo, lá esse corpo estranho faz uma perfuração que gera uma peritonite local aguda e que pode gerar também abscessos por todo o organismo; a partir daí essa peritonite local aguda pode evoluir para peritonite local crônica, peritonite aguda difusa, pericardite aguda ou o animal pode se recuperar. Se causar uma peritonite local crônica, pode ainda trazer complicações como indigestão vagal e hérnia diafragmática; se causar pericardite aguda, pode causar uma ICCD ou evoluir para pericardite aguda. A peritonite local aguda tem início súbito, até 12 horas após o trauma e dura até 3 dias, causa anorexia, queda da produção, dor abdominal, relutância em se mover, animal não caminha em declínios (gemidos de dor), fica em decúbito e incapacitado de se levantar, arqueamento do dorso, defecação e micção dolorosas, hipertermia (39,5- 40°C), respiração superficial, gemido inspiratório, hipotonia ou atonia ruminal, timpanismo ruminal leve, constipação, animal vai reagir à dor pela palpação caudal da cartilagem xifoide, prova da prega, abaixamento do dorso, prova do bastão, prova da rampa. Já a peritonite local crônica tem como principais sinais clínicos a dor abdominal, hiporexia e produção melhoram, porém animal apresenta caminhar lento e cauteloso, as contrações são normais, fezes escassas, FC, FR e T°C normais ou levemente aumentadas; A peritonite difusa aguda se manifesta em torno de 24-48hrs após a peritonite local aguda, causa toxemia (congestão de mucosas, desidratação severa, diarreia), atonia ruminal, depressão, temperatura corporal elevada ou hipotermia em casos gravíssimos, freq.. cardíaca elevada, provas de dor com resultado positivo principalmente na porção ventral do abdômen, na auscultação e percussão percebe-se pneumoperitôneo, ainda pode ocorrer insuficiência e colapso da circulação periférica e aí cessa os estímulos dolorosos, decúbito, coma e morte. Na pericardite traumática aguda a evolução é mais lenta, de 1 a 2 semanas, causa anorexia, apatia profunda, emagrecimento progressivo, decúbito, diarreia ou constipação, rangido nos dentes, salivação, corrimento nasal, dorso arqueado, os movimentos respiratórios abdominais são superficializados, animal vocaliza e ocorre ingurgitamento de veias jugulares, pulso jugular é visível, edema de peito, hipertermia, hipotonia ruminal, provas de dor produzem reflexos, na auscultação cardíaca observa-se roce pericárdico, chapoteio e líquido; dispneia, toxemia e morte; Na pericardite traumática crônica há emagrecimento progressivo, o apetite é varíavel, não há comprometimento sistêmico e há ingurgitamento de veia jugular, edema ventral e submandibular, hipofonese cardíaca, hidropericárdio, anasarca e toxemia. O diagnóstico é baseado na resenha, anamnese, sinais clínicos, exames complementares e ainda pode ser feito laparotomia e ruminotomia exploratória. Exames complementares Doença Hemograma Peritonite local aguda Leucocitose, neutrofilia, desvio à esquerda regenerativo Peritonite local crônica Normal Peritonite difusa aguda Leucopenia, neutropenia, desvio à esquerda arregenerativo, linfopenia Pericardite Leucocitose (16.000 a 30.000), netrofilia, eosinopenia Em casos crônicos a proteína plasmática total aumenta; pode ser feito análise do fluido peritoneal, geralmente com presenta de leucócitos totais, neutrófilos, proteínas. Também análise do líquido pericárdico por paracentese, coletar entre o 4° e o 5° espaço intercostal. Alguns profissionais usam detector de metais porém não confirma diagnóstico e é inconsistente. O tratamento da peritonite traumática é feita com AINES (flunixim meglumine) e antibióticos por 2 a 4 semanas (trimetoprim, penicilinas, ceftiofur), correção do equilíbrio hidroeletrolítico, drenagem peritoneal, repouso, controlar alimentação. O tratamento para pericardite traumática é basicamenteo mesmo porém os resultados são quase sempre insatisfatórios, o que pode ser feito é a drenagem do saco pericárdico, rumenotomia e remoção do corpo estranho, toracotomia e pericardiotomia.
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