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Natalie Celezinsky Clazer Artrite Reumatoide Definição: É uma doença inflamatória auto imune e sistêmica. Atinge a membrana sinovial, podendo evoluir com erosão e deformidades articulares. Epidemiologia: Atinge principalmente mulheres de meia idade. Proporção de mulheres 3:1 homem, geralmente entre 25 e 55 anos. FR: Tabagismo, exposição à sílica, asbesto e à madeira. Etiologia: •Genética: Presença do HLA DRB1 que possui uma região de epítopo compartilhado e essa, por sua vez, apresenta peptídeos citrulinados (artritogênicos) para linfócitos T, os quais se tornam auto reativos. Esses linfócitos T migram para o espaço sinovial e ativam macrófagos que produzem citocinas, principalmente TNF-alfa. Esses linfócitos T também geram a transformação de linf B em plasmócito, os quais secretam autoanticorpos, principalmente o fator reumatóide (IgM contra IgG). Essa inflamação das membrana sinoviais é chamada de sinovite e esse tecido inflamatório em proliferação é chamado Pannus. Manifestações clínicas: •Articulares: Poliartrite crônica: erosiva, acomete principalmente mãos (metacarpo falangiana e interfalangiana proximal, poupando interfalangiana distal), simétrica e aditiva. Causa dor articular e aumento do volume articular. Pode também acometer grandes articulações. Nas mãos apresenta frouxidão dos tecidos moles e desvio ulnar dos dedos, além de subluxações e proeminências ósseas. Sinais: Pescoço de cisne e Boutonniere (casa de botão). Os punhos tendem a ser acometidos simetricamente formando ‘punhos em dorso de camelo’. A hipertrofia sinovial pode causar a compressão do nervo mediano e geral a síndrome do túnel do carpo que leva à parestesia do polegar, 2º e 3º dedo e metade radial do 4º dedo. Para avaliar deve ser feita a manobra de Tinel e a de Palen. Os joelhos, quando acometidos, possuem o sinal da tecla que é a compressão da patela. Pode apresentar sinais que simulam uma TVP e nesse caso deve investigar cisto de Baker. A coluna não costuma ser acometida, com exceção de C1 e C2 que apresentam AR grave . •Extra-articulares: Pacientes com essas manifestações possuem altos títulos de fator reumatóide e anti- CCP. - Cutâneas: Apresentam nódulos subcutâneos causados pela vasculite de pequenas veias. - Oftalmológicas: Episclerite e Esclerite. - Pulmonares: Derrame pleural com líquido de baixo pH, baixo nível de glicose e queda do complemento. Pode também apresentar nódulos reumatóides no parênquima pulmonar e também fibrose intersticial difusa. Nos casos mais graves e de mau prognóstico pode ter Bronquiolite Obliterante com Organização Pneumônica (BOOP). -Cardíacas: Pericardite. Derrame pericárdico. Nódulos no miocárdio ou nas válvulas. Síndrome Felty: AR + Esplenomegalia + Neutropenia. Natalie Celezinsky Clazer Diagnóstico: Os critérios de 1 a 4 precisam estar presentes há pelo menos 6 semanas. Para diagnóstico é necessário pontuação maior que 6. Podemos fazer diagnóstico com razoável grau de certeza quando há: sinovite em 3 ou mais articulações, FR ou ACPA positivo, aumento de VHS e/ou proteína C reativa e exclusão de outros diagnósticos. Exames laboratoriais: •Fator reumatóide: é um autoanticorpo que ataca as igG. Sensibilidade de 70% e tem baixa especificidade. Geralmente tem altos títulos quando há manifestações extra articulares. Não é útil para monitoramento da doença. •Anti- CCP: Sensibilidade de 70% e alta especificidade (>90%). Aparece precocemente e não é útil para monitoramento. •PCR e VHS: apresentam-se altos na doença ativa e por isso pode ser útil como marcador da atividade da doença. Trombocitose e leucocitose também são achados. Artrocentese: Análise do líquido sinovial. Apresenta aspecto turvo, viscosidade reduzida, aumento de proteínas e concentração normal ou baixa de glicose. Há leucometria com predomínio de polimorfonucleares. FR e anti CCP costumam ser positivos. Radiografia: •Precoce: osteopenia peri-articular e aumento das partes moles. •Tardio: redução do espaço articular simétrica, erosões óssea justa articulares, desvio ulnar e subluxações. Diagnóstico Diferencial: Síndromes virais, LES, artrite psoriásica, artrite reativa, gota tofosa crônica. Tratamento: O Objetivo é colocar a doença em remissão, ou seja: ≤1 articulação dolorosa e edemaciada; PCR ≤ 1mg/dL; autoavaliação ≤ 1 ou índice simplificado da doença ≤ 3,3. •Medidas Gerais: O paciente precisa de um acompanhamento multidisciplinar, com psicologia, reumatologia, fisioterapeutas e demais profissionais. O risco cardiovascular deve ser reduzido com MEV, principalmente deixando o tabagismo. Devem ser vacinados contra influenza(anualmente) e penumococos(a cada 5 anos). •Medicamentos: - DARMS: São drogas antirreumáticas modificadores da doença. O principal é o Metotrexate (MTX). Tem efeito anti- inflamatórios e analgésico. Eles reduzem e retardam a progressão da doença. Metotrexato: inibe a enzima diidrofolato redutase. Pode usar suplementação com ácido fólico para reduzir sua toxicidade. Leflunomida: inibidor da síntese de pirimidinas. Cloroquina e hidroxicloroquina: antimaláricos. Menor toxicidade. Sulfassalazina: usada em combinação com outros DARMS. - DARMS biológicas: São usadas quando o tto inicial não obteve bons resultados. Ex: anti-TNF-alfa. - AINEs: São usados para sintomas, promovem analgesia e desinflamação. O uso prolongado deve ser evitado. - Glicocorticoides: Úteis no início até os DARMS fazerem efeito. Controlam surtos agudos e seu uso prolongado deve ser evitado. Deve usar a menor dose possível.