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Fome e Saciedade

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INTRODUÇÃO 
O trato alimentar abastece o corpo com 
suprimento contínuo de água, eletrólitos, 
vitaminas e nutrientes. Isso requer: 
 Movimentação do alimento pelo trato 
alimentar; 
 Secreção de soluções digestivas e 
digestão dos alimentos; 
 Absorção de água, eletrólitos, 
vitaminas e produtos da digestão; 
 Circulação de sangue pelos órgãos 
gastrointestinais para transporte de 
substâncias absorvidas; 
 Controle de todas essas funções pelo 
sistema nervoso e hormonal local. 
 
Cada parte do trato alimentar está adaptada 
às suas funções específicas: algumas para a 
simples passagem do alimento como o 
esôfago; outras para armazenamento 
temporário do alimento como o estômago; e 
outras para a digestão e absorção, como o 
intestino delgado. 
ANATOMIA FISIOLÓGICA DA PAREDE 
GASTROINTESTINAL 
 
 
Em um corte transversal, a parede intestinal 
mostra as seguintes camadas de fora para 
dentro: 
 A serosa 
 Camada muscular lisa longitudinal 
 Camada muscular lisa circular 
 A Submucosa 
 A Mucosa 
Além disso, encontram-se feixes esparsos de 
fibras de músculos lisos, a muscular da 
mucosa, nas camadas mais profundas da 
mucosa. As funções motoras do intestino são 
realizadas pelas diferentes camadas de 
músculos lisos. 
MÚSCULO LISO GASTROINTESTINAL 
As fibras musculares lisas individuais, no trato 
gastrointestinal, medem de 200 a 500 
micrômetros de comprimento e de 2 a 10 
micrômetros de diâmetro; dispõem-se em 
feixes de até 1.000 fibras paralelas. Na 
camada muscular longitudinal, os feixes se 
estendem longitudinalmente no trato 
intestinal; na camada muscular circular, se 
dispõem em torno do intestino. 
No interior de cada feixe, as fibras musculares 
se conectam eletricamente por meio de 
grande quantidade de junções comunicantes, 
com baixa resistência à movimentação dos 
íons da célula muscular para a seguinte. 
Dessa forma, os sinais elétricos, que 
desencadeiam as contrações musculares, 
podem passar prontamente de uma fibra para 
a seguinte em cada feixe, porém mais rápido 
ao longo do comprimento do feixe do que 
radialmente. 
Cada feixe de fibras musculares lisas está 
parcialmente separado do seguinte, por tecido 
conjuntivo frouxo, mas os feixes musculares 
se fundem uns aos outros em diversos pontos, 
de maneira que, na verdade, cada camada 
muscular represente uma rede de feixes de 
músculo liso. Assim, cada camada muscular 
funciona como um sincício; isto é, quando um 
potencial de ação é disparado em qualquer 
ponto na massa muscular, ele, em geral, se 
propaga em todas as direções no músculo. A 
distância que deve percorrer depende da 
excitabilidade do músculo; às vezes, ele é 
interrompido depois de apenas alguns poucos 
milímetros e, outras vezes, percorre muitos 
centímetros ou, até mesmo, toda a extensão 
do trato intestinal. 
Existem também algumas conexões entre as 
camadas musculares longitudinal e circular, 
de maneira que a excitação de uma dessas 
camadas, em geral, excita também a outra. 
CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO 
GASTROINTESTINAL 
O Sistema Gastrointestinal tem um sistema 
nervoso próprio, denominado Sistema 
Nervoso Entérico (SNE), localizado 
inteiramente na parede intestinal, começando 
no esôfago e se estendendo até o ânus. O 
número de neurônios nesse sistema entérico 
é de aproximadamente 100 milhões, quase a 
mesma quantidade existente em toda a 
medula espinal. Esse sistema nervoso 
entérico, bastante desenvolvido, é 
especialmente importante no controle dos 
movimentos e da secreção gastrointestinal. 
O SNE é basicamente composto por dois 
plexos: 
 Plexo externo, disposto entre as 
camadas musculares longitudinal e 
circular, denominado plexo mioentérico 
ou plexo de Auerbach; 
 Plexo interno, denominado plexo 
submucoso ou plexo de Meissner, 
localizado na submucosa. 
O plexo mioentérico controla quase todos os 
movimentos gastrointestinais, e o plexo 
submucoso controla basicamente a secreção 
gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. 
As fibras extrínsecas simpáticas e 
parassimpáticas se conectam com o plexo 
mioentérico e com o submucoso. Embora o 
SNE possa funcionar independentemente 
desses nervos extrínsecos, a estimulação 
pelos sistemas parassimpático e simpático 
pode intensificar muito ou inibir as funções 
gastrointestinais. 
As terminações nervosas sensoriais que se 
originam no epitélio gastrointestinal ou na 
parede intestinal e enviam fibras aferentes 
para os dois plexos do sistema entérico, bem 
como para: 
 Gânglios pré-vertebrais do sistema 
nervoso simpático; 
 A medula espinal; 
 O tronco cerebral pelos nervos vagos; 
Esses nervos sensoriais podem provocar 
reflexos locais na própria parede intestinal e, 
ainda, outros reflexos que são transmitidos ao 
intestino pelos gânglios pré-vertebrais e das 
regiões basais do cérebro.
 
DIFERENÇAS ENTRE OS PLEXOS 
MIOENTÉRICO E SUBMUCOSO 
O plexo mioentérico consiste, em sua maior 
parte, na cadeia linear de muitos neurônios 
interconectados que se estende por todo o 
comprimento do trato gastrointestinal. 
Como o plexo mioentérico se estende por toda 
a parede intestinal localizada entre as 
camadas longitudinal e circular do músculo 
liso intestinal, ele participa, sobretudo, no 
controle da atividade muscular por todo o 
intestino. Quando esse plexo é estimulado, 
seus principais efeitos são: 
 Aumento da contração tônica ou 
“tônus” da parede intestinal; 
 Aumento da intensidade das 
contrações rítmicas; 
 Ligeiro aumento no ritmo do coração; 
 Aumento na velocidade de condução 
das ondas excitatórias, ao longo da 
parede do intestino, causando o 
movimento mais rápido das ondas 
peristálticas intestinais. 
O plexo mioentérico não deve ser considerado 
inteiramente excitatório, porque alguns de 
seus neurônios são inibitórios; nestes, os 
terminais de suas fibras secretam transmissor 
inibitório, possivelmente o polipeptídeo 
intestinal vasoativo ou algum outro 
peptídeo inibitório. Os sinais inibitórios 
resultantes são especialmente úteis para a 
inibição dos músculos de alguns dos 
esfíncteres intestinais, que impedem a 
movimentação do alimento pelos segmentos 
sucessivos do trato gastrointestinal, como o 
esfíncter pilórico, que controla o esvaziamento 
do estômago para o duodeno, e o esfíncter da 
valva ileocecal, que controla o esvaziamento 
do intestino delgado para o ceco. 
Em contraste com o plexo mioentérico, o plexo 
submucoso está basicamente envolvido com 
a função de controle na parede interna de 
cada diminuto segmento do intestino. Por 
exemplo, muitos sinais sensoriais se originam 
do epitélio gastrointestinal e são integrados no 
plexo submucoso, para ajudar a controlar a 
secreção intestinal local, a absorção local e a 
contração local do músculo submucoso, que 
causa graus variados de dobramento da 
mucosa gastrointestinal. 
NEUROTRANSMISSORES SECRETADOS POR 
NEURÔNIOS ENTÉRICOS 
Na tentativa de melhor entender as múltiplas 
funções do sistema nervoso entérico 
gastrointestinal, pesquisadores identificaram 
uma dúzia ou mais de diferentes substâncias 
neurotransmissoras que são liberadas pelos 
terminais nervosos de diferentes tipos de 
neurônios entéricos, entre eles: 
 Acetilcolina 
 Norepinefrina 
 Trifosfato de adenosina 
 Serotonina 
 Dopamina 
 Colecistocinina (CCK) 
 Substancia P 
 Polipeptídeo intestinal vasoativo 
 Somatostatina 
 Leuencefalina 
 Metencefalina 
 Bombestina 
A acetilcolina, na maioria das vezes, excita a 
atividade gastrointestinal. A norepinefrina 
quase sempre inibe a atividade 
gastrointestinal, o que também é verdadeiro 
para a epinefrina, que chega ao trato 
gastrointestinal principalmente pelo sangue, 
depois de ser secretada na circulação pela 
medula adrenal. As outras substâncias 
neurotransmissoras, mencionadas antes, são 
mistura de agentes excitatórios e inibitórios. 
CONTROLEAUTÔNOMO DO TRATO 
GASTROINTESTINAL 
 A estimulação parassimpática aumenta 
a atividade do SNE. A inervação 
parassimpática do intestino divide-se 
em divisões cranianas e sacrais. 
Exceto por poucas fibras parassimpáticas 
para as regiões bucal e faringianas do trato 
alimentar, as fibras nervosas parassimpáticas 
cranianas estão quase todas nos nervos 
vagos. Essas fibras formam a extensa 
inervação do esôfago, estômago e pâncreas e 
menos extensas na inervação dos intestinos, 
até a primeira metade do intestino grosso. 
O parassimpático sacral se origina no 
segundo, no terceiro e no quarto segmentos 
sacrais da medula espinal e passa pelos 
nervos pélvicos para a metade distal do 
intestino grosso e, daí, até o ânus. As regiões 
sigmoides, retal e anal são consideravelmente 
mais bem supridas de fibras parassimpáticas 
do que as outras regiões intestinais. Essas 
fibras funcionam em especial, para executar 
os reflexos da defecação. 
Os neurônios pós-ganglionares do sistema 
parassimpático gastrointestinal estão 
localizados, em sua maior parte, nos plexos 
mioentérico e submucoso. A estimulação 
desses nervos parassimpáticos causa o 
aumento geral da atividade de todo o sistema 
nervoso entérico, o que, por sua vez, 
intensifica a atividade da maioria das funções 
gastrointestinais. 
 A estimulação simpática, em geral, 
inibe a atividade do trato 
gastrointestinal. 
As fibras simpáticas do trato gastrointestinal 
se originam da medula espinal entre os 
segmentos T-5 e L-2. Grande parte das fibras 
pré-ganglionares que inervam o intestino, 
depois de sair da medula, entra nas cadeias 
simpáticas, dispostas lateralmente à coluna 
vertebral, e muitas dessas fibras, então, 
passam por essas cadeias até os gânglios 
mais distantes, tais como o gânglio celíaco e 
diversos gânglios mesentéricos. A maior parte 
dos corpos dos neurônios simpáticos pós-
ganglionares está nesses gânglios, e as fibras 
pós-ganglionares se distribuem pelos nervos 
simpáticos pós-ganglionares para todas as 
partes do intestino. O simpático inerva 
igualmente todo o trato gastrointestinal, sem 
as maiores extensões na proximidade da 
cavidade oral e do ânus, como ocorre com o 
parassimpático. Os terminais dos nervos 
simpáticos secretam principalmente 
norepinefrina. 
Em termos gerais, a estimulação do sistema 
nervoso simpático inibe a atividade do trato 
gastrointestinal, ocasionando muitos efeitos 
opostos aos do sistema parassimpático. O 
simpático exerce seus efeitos por dois modos: 
 Um pequeno grau, por efeito direto da 
norepinefrina secretada, inibindo a 
musculatura lisa do trato intestinal 
(exceto o músculo mucoso, que é 
excitado); 
 Em grau maior, por efeito inibidor da 
norepinefrina sobre os neurônios de 
todo o sistema nervoso entérico. 
A intensa estimulação do sistema nervoso 
simpático pode inibir os movimentos motores 
do intestino, de tal forma que pode, 
literalmente, bloquear a movimentação do 
alimento pelo trato gastrointestinal. 
FIBRAS NERVOSAS SENSORIAIS AFERENTES 
DO INTESTINO 
Muitas fibras nervosas sensoriais aferentes se 
originam no intestino. Algumas delas têm seus 
corpos celulares no sistema nervoso entérico 
e algumas nos gânglios da raiz dorsal da 
medula espinal. Esses nervos sensoriais 
podem ser estimulados por: 
 Irritação da mucosa intestinal 
 Distensão excessiva do intestino 
 Presença de substancias químicas 
específicas no intestino 
Os sinais transmitidos por essas fibras podem, 
então, causar excitação ou, sob outras 
condições, inibição dos movimentos ou da 
secreção intestinal. 
Também, outros sinais sensoriais do intestino 
vão para múltiplas áreas da medula espinal e, 
até mesmo, do tronco cerebral. Por exemplo, 
80% das fibras nervosas nos nervos vagos 
são aferentes, em vez de eferentes. Essas 
fibras aferentes transmitem sinais sensoriais 
do trato gastrointestinal para o bulbo cerebral 
que, por sua vez, desencadeia sinais vagais 
reflexos que retornam ao trato gastrointestinal 
para controlar muitas de suas funções. 
CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE 
GASTROINTESTINAL 
Os hormônios gastrointestinais são liberados 
na circulação porta e exercem as ações 
fisiológicas em células-alvo, com receptores 
específicos para o hormônio. Os efeitos dos 
hormônios persistem mesmo depois de todas 
as conexões nervosas entre o local de 
liberação e o local de ação terem sido 
interrompidas. Diversos hormônios atuam no 
controle da secreção gastrointestinal. Muitos 
desses hormônios também afetam a 
motilidade em algumas partes do trato 
gastrointestinal. 
A gastrina é secretada pelas células “G” do 
antro do estômago em resposta aos 
estímulos associados à ingestão de refeição, 
tais como a distensão do estômago, os 
produtos da digestão das proteínas e o 
peptídeo liberador de gastrina, que é liberado 
pelos nervos da mucosa gástrica, durante a 
estimulação vagal. As ações primárias da 
gastrina são (1) estimulação da secreção 
gástrica de ácido; e (2) estimulação do 
crescimento da mucosa gástrica. 
A colecistocinina (CCK) é secretada pelas 
células “I” da mucosa do duodeno e do 
jejuno, em especial em resposta aos produtos 
da digestão de gordura, ácidos graxos e 
monoglicerídeos nos conteúdos intestinais. 
Esse hormônio contrai, fortemente, a vesícula 
biliar, expelindo bile para o intestino delgado, 
onde a bile tem funções importantes, na 
emulsificação de substâncias lipídicas, 
permitindo sua digestão e absorção. A CCK 
também inibe, ainda que moderadamente, a 
contração do estômago. Assim, ao mesmo 
tempo em que esse hormônio causa o 
esvaziamento da vesícula biliar, retarda a 
saída do alimento no estômago, assegurando 
tempo adequado para a digestão de gorduras 
no trato intestinal superior. A CCK também 
inibe o apetite para evitar excessos durante as 
refeições, estimulando as fibras nervosas 
sensoriais aferentes no duodeno; essas 
fibras, por sua vez, mandam sinais por meio 
do nervo vago para inibir os centros de 
alimentação no cérebro. 
A secretina, o primeiro hormônio 
gastrointestinal descoberto, é secretada pelas 
células “S” da mucosa do duodeno, em 
resposta ao conteúdo gástrico ácido que é 
transferido do estômago ao duodeno pelo 
piloro. A secretina tem pequeno efeito na 
motilidade do trato gastrointestinal e promove 
a secreção pancreática de bicarbonato que, 
por sua vez, contribui para a neutralização do 
ácido no intestino delgado. 
O peptídeo insulinotrópico dependente da 
glicose (também chamado peptídeo inibidor 
gástrico [GIP]) é secretado pela mucosa do 
intestino delgado superior, principalmente, 
em resposta a ácidos graxos e aminoácidos, 
mas, em menor extensão, em resposta aos 
carboidratos. Exerce efeito moderado na 
diminuição da atividade motora do estômago 
e, assim, retarda o esvaziamento do conteúdo 
gástrico no duodeno, quando o intestino 
delgado superior já está sobrecarregado com 
produtos alimentares. O peptídeo 
insulinotrópico dependente da glicose, em 
níveis sanguíneos até inferiores aos 
necessários para inibir a motilidade gástrica, 
também estimula a secreção de insulina. 
A motilina é secretada pelo estômago e pelo 
duodeno superior durante o jejum, e sua 
única função conhecida é a de aumentar a 
motilidade gastrointestinal. A motilina é 
liberada, ciclicamente, e estimula as ondas da 
motilidade gastrointestinal denominadas 
complexos mioelétricos interdigestivos 
que se propagam pelo estômago e pelo 
intestino delgado a cada 90 minutos na 
pessoa em jejum. A secreção de motilina é 
inibida, após a digestão, por mecanismos que 
ainda não estão totalmente esclarecidos.
 
TIPOS FUNCIONAIS DE MOVIMENTOS NO 
TRATO GASTROINTESTINAL 
No trato gastrointestinal ocorrem dois tipos de 
movimentos: 
(1) movimentos propulsivos, que fazem com 
que o alimento percorra o trato com 
velocidade apropriada para que ocorram a 
digestãoe a absorção; 
(2) movimentos de mistura, que mantêm os 
conteúdos intestinais bem misturados todo o 
tempo. 
MOVIMENTOS PROPULSIVOS 
O movimento propulsivo básico do TGI é o 
peristaltismo. Um anel contrátil, ao redor do 
intestino, surge em um ponto e se move para 
adiante; segundo um mecanismo análogo a se 
colocar os dedos ao redor de um tubo fino 
distendido, apertar o tubo e escorregar os 
dedos para diante. Qualquer material à frente 
do anel contrátil é movido para diante. 
O peristaltismo é propriedade inerente a 
muitos tubos de músculo liso sincicial; a 
estimulação em qualquer ponto do intestino 
pode fazer com que um anel contrátil surja na 
musculatura circular, e esse anel então 
percorre o intestino. (Peristaltismo também 
ocorre nos ductos biliares, nos ductos 
glandulares, nos ureteres e em muitos tubos 
de músculos lisos do corpo.) 
O estímulo usual do peristaltismo intestinal é 
a distensão do trato gastrointestinal. Isto é, se 
grande quantidade de alimento se acumula 
em qualquer ponto do intestino, a distensão da 
parede estimula o sistema nervoso entérico a 
provocar a contração da parede 2 a 3 
centímetros atrás desse ponto, o que faz 
surgir um anel contrátil que inicia o movimento 
peristáltico. Outros estímulos que podem 
deflagrar o peristaltismo incluem a irritação 
química ou física do revestimento epitelial do 
intestino. Além disso, intensos sinais nervosos 
parassimpáticos para o intestino provocarão 
forte peristaltismo. 
 
FUNÇÃO DO PLEXO MIOENTÉRICO NO 
PERISTALTISMO 
O peristaltismo é apenas fraco ou não ocorre 
nas regiões do trato gastrointestinal em que 
exista ausência congênita do plexo 
mioentérico. Também fica bastante deprimido 
ou completamente bloqueado em todo o 
intestino, quando a pessoa é tratada com 
atropina para bloquear a ação dos terminais 
nervosos colinérgicos do plexo mioentérico. 
Portanto, o peristaltismo efetivo requer o plexo 
mioentérico ativo. 
As Ondas Peristálticas Movem-se na Direção 
do Ânus com o Relaxamento Receptivo a 
Jusante: “Lei do Intestino”. Teoricamente, o 
peristaltismo pode ocorrer em ambas as 
direções a partir do ponto estimulado, mas 
normalmente cessa com rapidez (na direção 
da boca) e mantém-se por distância 
considerável na direção do ânus. A causa 
exata dessa transmissão direcional do 
peristaltismo não é conhecida, embora seja 
provável que resulte, essencialmente, do fato 
de que o próprio plexo mioentérico seja 
“polarizado” na direção anal, o que pode ser 
explicado pelo que se segue. 
Quando um segmento do trato intestinal é 
excitado pela distensão e, assim, inicia o 
peristaltismo, o anel contrátil que causa o 
peristaltismo normalmente começa no lado 
oral do segmento distendido e move-se para 
diante, para o segmento distendido, 
empurrando o conteúdo intestinal na direção 
anal por 5 a 10 centímetros antes de cessar. 
Ao mesmo tempo, o intestino às vezes relaxa 
vários centímetros adiante, na direção do 
ânus, o que é chamado “relaxamento 
receptivo”, permitindo que o alimento seja 
impulsionado mais facilmente na direção anal 
do que na direção oral. 
Esse padrão complexo não ocorre na 
ausência do plexo mioentérico. Portanto, o 
padrão é denominado reflexo mioentérico ou 
reflexo peristáltico. O reflexo peristáltico e a 
direção anal do movimento do peristaltismo 
constituem a chamada “lei do intestino”. 
MOVIMENTOS DE MISTURA 
Os movimentos de mistura diferem nas várias 
partes do trato alimentar. Em algumas áreas, 
as próprias contrações peristálticas causam a 
maior parte da mistura, o que é especialmente 
verdadeiro quando a progressão dos 
conteúdos intestinais é bloqueada por 
esfíncter, de maneira que a onda peristáltica 
possa, então, apenas agitar os conteúdos 
intestinais, em vez de impulsioná-los para 
frente. Em outros momentos, contrações 
constritivas intermitentes locais ocorrem em 
regiões separadas por poucos centímetros da 
parede intestinal. Essas constrições 
geralmente duram apenas de 5 a 30 
segundos; então, novas constrições ocorrem 
em outros pontos no intestino, “triturando” e 
“separando” os conteúdos aqui e ali. Os 
movimentos peristálticos e constritivos são 
modificados em diferentes partes do trato 
gastrointestinal para propulsão e mistura 
adequadas. 
ESTÁGIO ESOFÁGICO DE DEGLUTIÇÃO 
A função primária do esôfago é a de conduzir 
rapidamente o alimento da faringe para o 
estômago, e seus movimentos são 
organizados de modo específico para essa 
função. O esôfago normalmente apresenta 
dois tipos de movimentos peristálticos: 
peristaltismo primário e peristaltismo 
secundário. O peristaltismo primário é, 
simplesmente, a continuação da onda 
peristáltica que começa na faringe e se 
prolonga para o esôfago, durante o estágio 
faríngeo da deglutição. Essa onda faz o 
percurso desde a faringe até o estômago em 
cerca de 8 a 10 segundos. O alimento 
engolido por pessoa na posição ereta 
normalmente é levado para a porção inferior 
do esôfago até mais rápido do que a própria 
onda peristáltica, em cerca de 5 a 8 segundos, 
devido ao efeito adicional da gravidade que 
força o alimento para baixo. 
Se a onda peristáltica primária não consegue 
mover para o estômago todo o alimento que 
entrou no esôfago, ondas peristálticas 
secundárias resultam da distensão do próprio 
esôfago pelo alimento retido; essas ondas 
continuam até o completo esvaziamento do 
esôfago. As ondas peristálticas secundárias 
são deflagradas, em parte, por circuitos 
neurais intrínsecos do sistema nervoso 
mioentérico e, em parte, por reflexos iniciados 
na faringe e transmitidos por fibras vagais 
aferentes para o bulbo retornando ao esôfago 
por fibras nervosas eferentes vagais e 
glossofaríngeas. 
A musculatura da parede faríngea e do terço 
superior do esôfago é composta por músculo 
estriado. Portanto, as ondas peristálticas 
nessas regiões são controladas por impulsos 
em fibras nervosas motoras de músculos 
esqueléticos dos nervos glossofaríngeo e 
vago. Nos dois terços inferiores do esôfago, a 
musculatura é composta por músculo liso e 
essa porção do esôfago é controlada pelos 
nervos vagos, que atuam por meio de 
conexões com o sistema nervoso mioentérico 
esofágico. Quando os ramos do nervo vago 
para o esôfago são cortados, o plexo nervoso 
mioentérico do esôfago fica excitável o 
suficiente para causar, após vários dias, 
ondas peristálticas secundárias fortes, mesmo 
sem o suporte dos reflexos vagais. Portanto, 
inclusive após a paralisia do reflexo da 
deglutição no tronco encefálico, alimento 
introduzido por sonda no esôfago, ainda 
passa rapidamente para o estômago. 
MOVIMENTOS DO INTESTINO DELGADO 
Contrações de mistura ou de segmentação. 
Quando a porção do intestino delgado é 
distendida pelo quimo, o estiramento da 
parede intestinal provoca contrações 
concêntricas localizadas, espaçadas ao longo 
do intestino e com duração de fração de 
minuto. As contrações causam 
“segmentação” do intestino delgado. Isto é, 
elas dividem o intestino em segmentos, o que 
lhe dá aparência de um grupo de salsichas. 
Quando uma série de contrações de 
segmentação se relaxa, outra se inicia, mas 
as contrações ocorrem em outros pontos entre 
os anteriores contraídos. Assim, as 
contrações de segmentação “dividem” o 
quimo duas a três vezes por minuto, 
promovendo por esse meio a mistura do 
alimento com as secreções do intestino 
delgado. 
A frequência máxima das contrações de 
segmentação no intestino delgado é 
determinada pela frequência das ondas 
elétricas lentas na parede intestinal, que é o 
ritmo elétrico básico. Como a frequência 
dessas ondas não ultrapassa 12 por minuto no 
duodeno e no jejuno proximal, a frequência 
máxima das contrações de segmentação 
nessas áreas é também de cerca de 12 por 
minuto; entretanto, essa frequência máxima 
ocorre apenas sob condições extremas de 
estimulação.No íleo terminal, a frequência 
máxima normalmente é de 8 a 9 contrações 
por minuto. 
As contrações de segmentação ficam 
extremamente fracas, quando a atividade 
excitatória do sistema nervoso entérico é 
bloqueada pelo fármaco atropina. Assim, 
muito embora sejam as ondas lentas, no 
próprio músculo liso, que causam as 
contrações de segmentação, essas 
contrações não são efetivas sem a excitação 
de fundo do plexo nervoso mioentérico. 
CENTROS NEURAIS QUE REGULAM A 
INGESTÃO DE ALIMENTOS 
A sensação de fome está associada ao desejo 
por comida, assim como diversos outros 
efeitos fisiológicos, tais como contrações 
rítmicas do estômago e inquietude, que fazem 
com que o indivíduo procure por adequado 
suprimento alimentar. O apetite da pessoa é 
desejo por alimento, frequentemente de tipo 
particular, sendo útil em ajudar a escolher a 
qualidade a ser ingerida. Se a busca por 
alimento for bem-sucedida, sobrevém 
sentimento de saciedade. Cada um desses 
sentimentos é influenciado por fatores 
ambientais e culturais, bem como por 
controles fisiológicos que influenciam centros 
específicos do cérebro, especialmente o 
hipotálamo. 
CENTROS DA FOME E DA SACIEDADE 
Diversos centros neuronais do hipotálamo 
participam do controle da ingestão de 
alimentos. Os núcleos laterais do hipotálamo 
funcionam como o centro da fome, e a 
estimulação dessa área faz com que o animal 
coma de modo voraz (hiperfagia). 
Inversamente, a destruição do hipotálamo 
lateral provoca a ausência do desejo por 
comida e inanição progressiva, condição 
caracterizada por acentuada perda de peso, 
fraqueza muscular e metabolismo reduzido. O 
centro hipotalâmico lateral da fome funciona 
pela excitação dos impulsos motores para a 
busca por comida. 
Os núcleos ventromediais do hipotálamo 
funcionam como um importante centro da 
saciedade. Acredita-se que esse centro 
promova sensação de satisfação nutricional 
que inibe o centro da fome. A estimulação 
elétrica dessa região pode provocar 
saciedade completa e, mesmo na presença de 
comida muito apetitosa, o animal se recusa a 
comer (afagia). Inversamente, a destruição 
dos núcleos ventromediais faz com que o 
animal coma de modo voraz e contínuo, até 
que se chegue à extrema obesidade, 
eventualmente, pesando até quatro vezes o 
normal. 
Os núcleos paraventricular, dorsomedial e 
arqueado do hipotálamo também 
desempenham papel importante na regulação 
da ingestão de alimentos. Por exemplo, lesões 
dos núcleos paraventriculares provocam 
excesso de ingestão, enquanto as lesões dos 
núcleos dorsomediais geralmente deprimem o 
comportamento alimentar. Como discutido 
antes, os núcleos arqueados são os locais do 
hipotálamo onde múltiplos hormônios, 
liberados pelo trato gastrointestinal e pelo 
tecido adiposo, convergem para regular a 
ingestão de alimentos, bem como o gasto 
energético. 
Existe intensa e mútua comunicação química 
entre neurônios do hipotálamo e, em conjunto, 
esses centros coordenam os processos que 
controlam o comportamento alimentar e a 
percepção da saciedade. Esses núcleos 
hipotalâmicos também influenciam a secreção 
de diversos hormônios importantes para a 
regulação do equilíbrio energético e 
metabólico, incluindo os hormônios das 
glândulas tireoide e adrenal, bem como os das 
células das ilhotas pancreáticas. 
 O hipotálamo recebe: 
(1) sinais neurais do trato gastrointestinal que 
fornecem informação sensorial sobre o 
enchimento gástrico; 
(2) sinais químicos dos nutrientes no sangue 
(glicose, aminoácidos, ácidos graxos), que 
significam saciedade; 
(3) sinais dos hormônios gastrointestinais; 
(4) sinais dos hormônios liberados pelo tecido 
adiposo; 
(5) sinais do córtex cerebral (visão, olfato e 
paladar), que influenciam o comportamento 
alimentar. 
Os centros hipotalâmicos da fome e da 
saciedade contêm elevada densidade de 
receptores para neurotransmissores e 
hormônios que influenciam o comportamento 
alimentar. Algumas das muitas substâncias 
que se demonstrou alterar o apetite e o 
comportamento alimentar, em estudos 
experimentais são, em geral, categorizadas 
em: 
(1) substâncias orexígenas, que estimulam a 
alimentação; 
(2) substâncias anorexígenas, que inibem a 
alimentação.
NEURÔNIOS E NEUROTRANSMISSORES NO 
HIPOTÁLAMO QUE ESTIMULAM OU INIBEM 
A ALIMENTAÇÃO 
Existem dois tipos distintos de neurônios nos 
núcleos arqueados do hipotálamo 
especialmente importantes, tanto como 
controladores do apetite como do gasto 
energético: 
(1) neurônios pró-opiomelanocortina (POMC) 
que secretam o hormônio a-melanócito 
estimulante (a-MSH), juntamente com o 
transcrito relacionado à cocaína e à 
anfetamina (CART); 
(2) neurônios que produzem as substâncias 
orexígenas neuropeptídeo Y (NPY) e a 
proteína relacionada ao agouti (AGRP). 
A ativação dos neurônios POMC reduz a 
ingestão de alimentos e aumenta o gasto 
energético, enquanto a ativação dos 
neurônios NPY-AGRP tem efeitos opostos, 
ao elevar a ingestão e reduzir o gasto 
energético. Há uma troca de informações 
significativa entre esses neurônios e, como 
discutido adiante, os neurônios POMC/CART 
e AGRP/NPY parecem ser os principais alvos 
para as ações de diversos hormônios que 
regulam o apetite, incluindo a leptina, a 
insulina, a colecistocinina (CCK) e a grelina. 
Na verdade, os neurônios dos núcleos 
arqueados parecem ser o local de 
convergência de muitos dos sinais nervosos e 
periféricos que regulam os estoques 
energéticos. 
 
Os neurônios POMC liberam a-MSH, que 
então atua sobre os receptores da 
melanocortina, encontrados de modo 
especial nos neurônios dos núcleos 
paraventriculares. Conquanto existam pelo 
menos cinco subtipos de receptores de 
melanocortina (MCR), o MCR-3 e o MCR-4 
são em particular importantes na 
regulação da ingestão alimentar e do 
equilíbrio energético. A ativação desses 
receptores reduz o consumo de alimentos, 
enquanto aumentam o gasto energético. 
Inversamente, a inibição do MCR-3 e do MCR-
4 eleva bastante o gasto energético. O efeito 
da ativação do MCR de aumentar o gasto 
energético parece ser mediado, ao menos em 
parte, pela ativação de vias neuronais que se 
projetam dos núcleos paraventriculares para o 
núcleo do trato solitário (NTS), estimulando a 
atividade do sistema nervoso simpático. No 
entanto, os neurônios POMC e MCR-4 são 
encontrados também nos neurônios do tronco 
cerebral, incluindo o NTS, onde eles também 
têm sido sugeridos como reguladores da 
ingestão de alimentos e do gasto energético. 
O sistema da melanocortina hipotalâmica 
desempenha potente papel na regulação dos 
estoques energéticos do corpo, e defeitos da 
sinalização desta via estão associados à 
obesidade extrema. De fato, mutações do 
MCR-4 representam a causa conhecida mais 
comum de obesidade humana monogênica 
(gene único) e alguns estudos sugerem que 
as mutações MCR-4 possam responder por 
algo em torno de 5% a 6% da obesidade grave 
de início precoce em crianças. Em contraste, 
a ativação excessiva do sistema da 
melanocortina reduz o apetite. Alguns estudos 
sugerem que essa ativação possa 
desempenhar papel na gênese da anorexia 
associada às infecções graves aos tumores 
cancerosos ou à uremia. 
O AGRP liberado pelos neurônios orexígenos 
do hipotálamo é antagonista natural do MCR-
3 e do MCR-4 e, provavelmente, aumenta a 
ingestão de alimentos pela inibição dos efeitos 
do a-MSH na estimulação dos receptores da 
melanocortina. Embora o papel do AGRP no 
controle fisiológico normal da ingestão 
alimentar não esteja claro, a formação 
excessiva de AGRP em ratos e em seres 
humanos, ocasionada por mutações 
genéticas, está associada à ingestão 
aumentada de alimentos e à obesidade. 
O NPY também é liberado pelos neurônios 
orexígenos dos núcleos arqueados. Quando 
os estoques energéticos do corpo estão 
baixos, os neurônios orexígenos sãoativados 
para liberar NPY que estimula o apetite. 
Ao mesmo tempo, a atividade dos neurônios 
POMC é reduzida, diminuindo, assim, a 
atividade da via da melanocortina e 
estimulando adicionalmente o apetite. 
FATORES QUE REGULAM A QUANTIDADE DE 
INGESTÃO DE ALIMENTOS 
A regulação da quantidade ingerida de 
alimento pode ser dividida em regulação a 
curto prazo, que diz respeito, em grande 
parte à prevenção da superalimentação a 
cada refeição, e a regulação a longo prazo, 
que se refere também em grande parte, à 
manutenção de quantidades normais dos 
estoques energéticos no corpo. 
REGULAÇÃO A CURTO PRAZO DA INGESTA 
DE ALIMENTOS 
Quando o trato gastrointestinal é distendido, 
em especial o estômago e o duodeno, sinais 
inibitórios de estiramento são transmitidos, 
principalmente por via vagal, para suprimir o 
centro da fome, reduzindo assim o desejo de 
comida. 
A CCK, que é liberada principalmente em 
resposta à entrada de gordura e de proteínas 
no duodeno, entra no sangue e atua como 
hormônio para influenciar série de funções 
gastrointestinais, tais como contração da 
vesícula biliar, esvaziamento gástrico, 
motilidade intestinal e secreção de ácido 
gástrico. Porém, a CCK também ativa 
receptores em nervos sensoriais locais no 
duodeno, enviando mensagens para o 
cérebro via nervo vago, contribuindo para 
a saciedade e cessação da refeição. O 
efeito da CCK tem curta duração e a 
administração crônica apenas de CCK não 
apresenta efeito relevante na perda de peso. 
Assim, a CCK funciona principalmente para 
impedir o comer demasiado durante as 
refeições, mas não desempenha papel 
significativo na frequência das refeições ou no 
total de energia consumida. 
O peptídeo YY (PYY) é secretado em todo o 
trato gastrointestinal, mas em sua maior parte 
pelo íleo e pelo cólon. A ingestão de alimentos 
estimula a liberação de PYY, com as 
concentrações máximas sanguíneas sendo 
atingidas em 1 a 2 horas após a ingestão da 
refeição. Esses picos sanguíneos de PYY são 
influenciados pela quantidade e pela 
composição do alimento, com os níveis mais 
elevados de PYY sendo observados após 
refeições com alto conteúdo de gorduras. A 
importância desse hormônio gastrointestinal 
na regulação do apetite humano ainda não 
está clara. 
Por motivos que não estão completamente 
compreendidos, a presença de alimento nos 
intestinos os estimula a secretar o peptídeo 
semelhante ao glucagon (GLP) que, por sua 
vez, acentua a produção e a secreção pelo 
pâncreas de insulina dependente da 
concentração da glicose. Tanto GLP como a 
insulina tendem a suprimir o apetite. 
A GRELINA AUMENTA A ALIMENTAÇÃO 
Os níveis sanguíneos de grelina se elevam 
durante o jejum, têm seu pico imediatamente 
antes da alimentação e então, caem com 
rapidez após a refeição, sugerindo possível 
papel na estimulação da ingestão 
alimentar. De igual modo, a administração de 
grelina aumenta a ingestão de alimento em 
estudos com animais, sustentando 
adicionalmente a possibilidade de que possa 
ser hormônio orexígeno. Contudo, seu papel 
fisiológico em seres humanos ainda é incerto. 
RECEPTORES ORAIS MEDEM A INGESTÃO 
DOS ALIMENTOS 
Mastigação, salivação, deglutição e paladar, 
“medem” a comida à medida que ela passa 
pela boca e, depois que certa quantidade tiver 
passado, o centro hipotalâmico da fome fica 
inibido. Porém, a inibição provocada por esse 
mecanismo de medição é consideravelmente 
menos intensa e de duração mais curta do que 
é a inibição provocada pelo enchimento 
gastrointestinal, durando normalmente 
apenas 20 a 40 minutos. 
REGULAÇÃO INTERMEDIÁRIA E A LONGO 
PRAZO DA ALIMENTAÇÃO 
Animal que tenha sido privado de alimento por 
longo período e que então tenha sido 
colocado em presença de alimento em 
quantidade ilimitada ingere quantidade muito 
maior do que o animal que tivesse sido 
mantido em dieta regular. Inversamente, o 
animal que tenha sido forçado a comer por 
muitas semanas come muito menos, quando 
lhe é permitido comer de acordo com seu 
próprio desejo. Portanto, o mecanismo de 
controle da alimentação corporal é 
dependente do estado nutricional do 
organismo. 
HIPÓTESES SOBRE REGULAÇÃO DA 
ALIMENTAÇÃO 
Há muito tempo se sabe que redução da 
concentração sanguínea de glicose provoca 
fome, o que levou então à denominada teoria 
glicostática da regulação da fome e da 
alimentação. Estudos semelhantes 
demonstraram o mesmo efeito para as 
concentrações sanguíneas de aminoácidos e 
dos produtos de degradação dos lipídios, tais 
como os cetoácidos e alguns ácidos graxos, 
gerando as teorias regulatórias aminostástica 
e lipostática. Isto é, quando a disponibilidade 
de quaisquer dos três principais tipos de 
alimentos fica reduzida, o desejo por comida é 
aumentado, devolvendo eventualmente as 
concentrações dos metabólitos sanguíneos 
ao normal. 
(1) aumento do nível da glicose sanguínea 
aumenta a frequência de disparo dos 
neurônios glicorreceptores no centro da 
saciedade, nos núcleos ventromedial e 
paraventricular do hipotálamo; 
(2) o mesmo aumento do nível sanguíneo de 
glicose, simultaneamente, diminui os disparos 
dos neurônios glicossensitivos no centro da 
fome do hipotálamo lateral. 
Além disso, alguns aminoácidos e 
substâncias lipídicas afetam a frequência de 
disparo desses mesmos neurônios ou de 
outros intimamente associados. 
TEMPERATURA E INGESTA DE ALIMENTOS 
Quando o animal é exposto ao frio, ele tende 
a aumentar sua ingestão; quando exposto ao 
calor, tende a diminuir sua ingestão de 
calorias. Esse fenômeno é provocado pela 
interação no interior do hipotálamo entre o 
sistema de regulação da temperatura e o 
sistema de regulação da ingestão alimentar. 
Isso é importante, porque a ingestão alimentar 
aumentada em animal com frio 
(1) aumenta seu metabolismo; 
(2) fornece gordura para isolamento, ambos 
tendendo a corrigir o estado de frio. 
TECIDO ADIPOSO 
A maior parte da energia armazenada no 
corpo consiste em gordura, podendo sua 
quantidade variar consideravelmente em 
diferentes indivíduos. 
Estudos em humanos e em animais 
experimentais indicam que o hipotálamo pode 
avaliar o estoque de energia por meio das 
ações da leptina, hormônio peptídico liberado 
pelos adipócitos. Quando a quantidade de 
tecido adiposo aumenta (sinalizando excesso 
de armazenamento energético), os adipócitos 
produzem quantidades aumentadas de 
leptina, que é liberada para o sangue. A 
leptina então circula para o cérebro, onde 
atravessa a barreira hematoencefálica por 
difusão facilitada, ocupando os receptores da 
leptina em múltiplos locais no hipotálamo, 
especialmente os neurônios POMC e 
AGRP/NPY dos núcleos arqueados e os 
neurônios dos núcleos paraventriculares. 
A estimulação dos receptores leptínicos 
nesses núcleos hipotalâmicos inicia múltiplas 
ações que reduzem o armazenamento das 
gorduras, incluindo: 
 (1) redução da produção hipotalâmica de 
estimuladores do apetite, como NPY e AGRP; 
(2) ativação dos neurônios POMC, 
provocando liberação do a-MSH e ativação 
dos receptores da melanocortina; 
(3) aumento da produção hipotalâmica de 
substâncias tais como o hormônio liberador de 
corticotropina, que diminui a ingestão 
alimentar; 
(4) atividade nervosa simpática aumentada 
(pelas projeções neurais do hipotálamo para 
os centros vasomotores), o que aumenta o 
metabolismo e o gasto energético; 
(5) diminuição da secreção de insulina pelas 
células beta pancreáticas, o que reduz o 
armazenamento energético. Desse modo, a 
leptina pode ser em parte importante por 
intermédio do qual o tecido adiposo sinaliza o 
cérebro que energia suficiente foi armazenada 
e que a ingestão de alimentos não é mais 
necessária. 
Portanto, alguns fisiologistas acreditam que a 
obesidade possa estar associada à 
resistência à leptina; isto é, os receptores da 
leptina ou as vias sinalizantes pós-receptor,normalmente ativadas pela leptina, podem ser 
resistentes à ativação pela leptina entre os 
obesos, que continuam a comer a despeito 
dos níveis muito altos de leptina. 
RESUMO DA REGULAÇÃO A LONGO PRAZO 
Quando os estoques energéticos corporais 
caem abaixo do normal, os centros 
hipotalâmicos da fome e outras áreas do 
cérebro ficam muito ativos, e a pessoa 
apresenta aumento da fome, assim como 
comportamento de busca por alimento. 
Inversamente, quando os estoques 
energéticos (principalmente os gordurosos) já 
são abundantes, a pessoa em geral perde a 
sensação de fome, desenvolvendo estado de 
saciedade. Embora os sistemas precisos de 
feedback que regulam a ingestão de alimentos 
e o gasto de energia não estejam 
completamente compreendidos, nos últimos 
anos produziram-se avanços rápidos nesse 
campo de investigação, com o descobrimento 
de numerosos fatores orexígenos e 
anorexígenos. 
IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS 
REGULADORES DA ALIMENTAÇÃO 
O sistema regulatório de ingestão de 
alimentos a longo prazo que inclui todos os 
mecanismos nutricionais de feedback 
energético ajuda a manter os estoques 
constantes de nutrientes nos tecidos, 
impedindo que fiquem excessivamente altos 
ou baixos. Os estímulos regulatórios a curto 
prazo servem a dois outros propósitos. Em 
primeiro lugar, eles tendem a fazer com que a 
pessoa coma quantidades menores, cada vez 
que for se alimentar, permitindo, assim, que o 
alimento passe pelo trato gastrointestinal em 
ritmo mais uniforme, de modo que seus 
mecanismos digestivos e absortivos possam 
trabalhar em níveis ideais, em vez de ficarem 
periodicamente sobrecarregados. Em 
segundo lugar, eles auxiliam a prevenir que a 
pessoa ingira, a cada refeição, quantidades 
que poderiam ser demasiadas para os 
sistemas metabólicos de armazenamento, 
uma vez que toda a comida tenha sido 
absorvida.

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