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Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Neurologia de Grandes Animais Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso - Sistema Nervoso Central (SNC): • Encéfalo • Medula espinhal - Sistema Nervoso Periférico (SNP): • Nervos cranianos • Nervos espinhais. - Sistema Nervoso Periférico (SNP) • Nervos cranianos (12 pares) - Originam-se no encéfalo • Nervos espinhais - Originam-se na medula e emergem das vértebras - Funções do Sistema Nervoso • Motora: realizada pelos neurônios motores → paralisias ou paresias flácidas (lesão nos inferiores) ou espástica (superiores) • Proprioceptiva: noção espacial → ataxias • Nocioceptiva ou sensitiva: resposta à dor • Do sistema nervoso autônomo: atividade da musculatura lisa, cardíaca, glândulas - Exame Clínico do Sistema Nervoso • Identificação • Anamnese • Exame Físico (identificação dos sinais, interpretação das informações, localização das lesões); • Diagnósticos diferenciais • Exames Complementares • Diagnóstico • Prognóstico • Tratamento • Prevenção - Identificação: • Espécie • Raça • Sexo • Idade • Utilização • Valor • Local de origem. - Anamnese - Responsável por grande parte do diagnóstico. • Dados epidemiológicos: morbidade, mortalidade • História clínica: início dos sinais clínicos, evolução, tratamento realizado, doenças anteriores • Manejo: alimentação, vacinação, ambiente. - Exame Físico - Importância da realização do exame físico: • Localização e diagnóstico de inúmeras enfermidades • Diferenciar intensidade dos sintomas com mau prognóstico • Evitar novas transmissões e zoonoses • Evitar gastos desnecessários - Dificuldades da realização do exame físico: • Tamanho dos animais • Difícil e escasso acesso às estruturas neurológicas • Respostas apenas dos estímulos provocados nas estruturas. - Conceitos: • Ataxia: incoordenação • Paresia: diminuição do tônus muscular e incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários) • Propriocepção: capacidade de percepção do posicionamento dos membros - Sistema Nervoso Central (SNC) • Encéfalo Cérebro (telencéfalo + diencéfalo) Cerebelo Tronco cerebral (mesencéfalo, ponte e bulbo). Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Cérebro (telencéfalo + diencéfalo) - Telencéfalo: • Córtex cerebral: comportamento, nocicepção e propriocepção, visão, audição • Núcleos basais: tônus muscular, iniciação e controle da atividade motora (andar e correr) - Diencéfalo: • Hipotálamo: modula o SNA (apetite, sede, controle temperatura) • Tálamo: nocicepção, propriocepção, consciência • Subtálamo ou epitálamo: consciência. - Cerebelo • Coordenação de movimentos • Tônus muscular • Propriocepção • Equilíbrio. - Tronco Cerebral (mesencéfalo + ponte + bulbo) - Mesencéfalo • Consciência • Núcleo dos nervos cranianos III e IV - Ponte: • Núcleo do nervo craniano V • Centro vital de respiração e sono - Bulbo ou medula oblonga: • Núcleos dos nervos cranianos VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII - Medula espinhal: • Caudalmente ao bulbo • Regiões cervical (C1 a C5), cérvicotorácica (C6 a T2), tóracolombar (T3 a L3), lombosacra (L4 a S2), sacrococcígea (S3 ao último segmento medular) • Cauda equina: conjunto de nervos espinhais • Carreadora de informações motoras (encéfalo – SNP) ou sensoriais (SNP – encéfalo). - Exame físico • Avaliação da integridade encefálica: Estado mental (nível de consciência) – Apatia/depressão/sonolência, excitabilidade. • Avaliação da cabeça • Avaliação dos nervos cranianos • Avaliação da integridade visual • Simetria, reflexos, movimentação e tônus muscular. - Avaliação da cabeça: • Posição – rotação (vestibular) • Pressão contra objetos (cérebro) • Avaliação dos nervos cranianos (tronco): olfação, visão, movimentação de orelhas, pálpebras, lábios, simetria e tônus da musculatura facial, preensão e mastigação de alimentos, movimentação da língua e deglutição. - 12 pares de nervos cranianos: Podem ser rapidamente avaliados. Devemos lembrar apenas que no conjunto são responsáveis pela olfação, visão, movimentação de oreIhas, pálpebras, lábios, simetria e tônus da musculatura facial, preensão e mastigação de alimentos, movimentação de língua e deglutição. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Avaliação da integridade visual: cegueira central x cegueira periférica • reflexo de ameaça • reflexo palpebral • reflexo pupilar • reflexo de córnea - Localização anatômica x sinais clínicos - Cérebro: alterações na atitude ou estado mental: agressividade ou depressão, sonolência, andar compulsivo, pressão da cabeça, convulsões, cegueira central, mugidos, estrabismo, opistótono. - Cerebelo: ataxia, dismetria, tremores intencionais, quedas, andar em círculos, nistagmo, opistótono. - Tronco encefálico: depressão, paresia, paralisia, alterações de nervos cranianos. - Sistema vestibular (ouvido interno, nervo vestíbulo coclear, núcleos vestibulares): ataxia, torção da cabeça, nistagmo, estrabismo, andar em círculos. - Medula espinhal: alterações nocioceptivas, ataxia, paralisia espástica ou flácida. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Região Cervical (C1-C5): lesões severas nesta região da medula espinhal acometerão os quatro membros. As compressões medulares neste local provocam sinais mais severos em membros pélvicos devido ao posicionamento mais superficial dos tratos motores relacionados aos membros pélvicos quando comparados aos membros. Em compressões leves desta região apenas os membros pélvicos estarão acometidos. Em casos em que membros pélvicos apresentam grau de incoordenação acentuado, sem sinais de torácicos, a lesão deve ser caudal a T3. - Região Cérvico-torácica (C6-T2): Acometimento dos quatro membros sendo que lesões nesta região geralmente provocam sinais muito evidentes principalmente nos membros torácicos. - Região Toracolombar (T3-L3): Membros torácicos normais e membros pélvicos afetados, podendo a intensidade variar dependendo da severidade da lesão medular. - Região Lombosacra (L4-S2): Acometimento apenas dos membros pélvicos, com a extensão caudal da lesão pode ocorrer a síndrome da cauda equina. - Região Sacro-coccígea: Síndrome da cauda equina (diminuição ou ausência da movimentação da cauda, diminuição ou ausência de sensibilidade na região perineal, diminuição do tônus do esfíncter anal e incontinência urinária. - Exame físico - Avaliação do pescoço, membros torácicos, troncos e membros pélvicos • Avaliação do tônus muscular • Alterações de postura, assimetrias; - Sensibilidade cutânea • Posicionamento proprioceptivo dos membros • Reflexo interdigital • Reflexo dos tendões. - Avaliação do reto, bexiga, ânus e cauda: • Reflexo da cauda • Reflexo do ânus • Teste sensorial do períneo. - Avaliação da marcha e postura (tronco, cerebelo, medula): • Visualizar a caminhada em linha reta, por todos os ângulos • Puxar a cauda lateralmente com o paciente parado e caminhando em linha reta (comprimento do passo, trajetória e posição dos membros) • Observar o paciente andando em círculos • Testes de propriocepção. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Reações posturais: - Exames Complementares • Exame do Fluido Cérebro Espinhal (FCE) • Exame Histopatológico/Microbiológico • Exame radiográfico simples ou contrastado (mielografia) • Eletroencefalografia (EEG) • Tomografia computadorizada • Ressonância magnética. - Exame do fluido cerebroespinhal (líquor) - Locais de colheita • Cisterna magna • Cisternacerebelo-medular (região atlanto- occipital) • Espaço lombo-sacro (L6 – S1) - Encaminhamento da amostra ao laboratório: • Identificada • Refrigerada • Formulário de requisição (suspeita clínica ou diagnóstico anatômico). Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Referência: • Transparência e cor: incolor e claro • Teor de proteínas: 0,1 a 0,4 g/dL • Contagem de células: menor que 10 leucócitos/µL • Quadro celular: 60 a 80% de linfócitos e 20 a 40% de monócitos • Teor de glicose: 2,2 a 2,4 mmol/L - Exame histopatológico/microbiológico • Histopatológico: adequada fixação: formol 10%, 1 semana; • Bacteriológico e virológico: refrigeração. Botulismo - Etiologia: • Ingestão da toxina produzida pelo Clostridium botulinum – tipos C e D • Presente na água e alimentos contaminados, cama de frango. • Bastante sério em bovinos de corte em sistema intensivo (silagens), osteofagia. - Patogenia: • Ingestão da toxina TGI circulação nervos periféricos inibição da liberação de acetilcolina na JNM paralisia flácida. • A partir do momento que as toxinas são liberadas na corrente sanguínea, elas passam a se ligar aos receptores do sistema nervoso periférico. - Sintomatologia: • Flacidez da musculatura da locomoção, mastigação e deglutição. • Hipotonia ruminal • Anorexia • Diminuição do tônus da musculatura da língua e mandíbula • Disfagia • Paresias/paralisias flácidas dos membros • Decúbito esternal/lateral • Morte: dias a semanas (parada respiratória). - Diagnóstico: • Anamnese (surtos de rebanho, tipo de alimentação, presença de carcaças) • Sintomatologia • Inoculação em camundongos (bioensaios): - detecção da toxina botulínica/esporos no soro, conteúdos gastrointestinais e alimentos – soroneutralização ou FC • PCR. - Tratamento: • Ausência de drogas eficazes (antitoxina incapaz de neutralizar a toxina já fixada ou internalizada no axônio) • Antitoxina botulínica. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Prevenção: • Vacinação – duas doses, intervalo de 30 dias; - Destino adequado das carcaças • Suplementação mineral • Silagens e fenos preparados sem contaminação animal. Poliencefalomalácea (Necrose Cerebrocortical) - Animais em confinamento e em pastagens pobres em nutrientes. - Afeta ovinos, caprinos, bubalinos e bovinos. - Etiologia: • Consumo excessivo de enxofre: redução de sulfatos dos alimentos (subprodutos do milho, melaço, água rica em enxofre) a sulfetos no rúmen (tóxico) – incorporado à proteína microbiana e liberado como sulfeto de hidrogênio (tóxico) e absorvido no fígado. • Alteração do metabolismo da tiamina: a forma difosfato é um co-fator da transcetolase, que garante a velocidade da via da pentose fosfato nas células cerebrais (+ importante fonte de glicose). Sem a tiamina, a transcetolase diminuída acarreta a formação de corpos cetônicos – redução do transporte de água e Na+ – tumefação neuronal. • Alteração no metabolismo da tiamina (difosfato) – co-fator da transcetolase – velocidade da via da pentose fosfato – corpos cetônicos - ↓ transporte H20 e Na – tumefação. • Consumo excessivo de enxofre (sulfatos a sulfetos – rúmen – sulfeto de hidrogênio); - Intoxicação por sal; - Privação hídrica; - Intoxicação por chumbo. - Sintomatologia: • Isolamento, anorexia, ataxia, tremores musculares (fase inicial) • Cegueira central, compressão da cabeça, opistótono, nistagmo, estrabismo, mastigação repetitiva, sialorreia. • Decúbito Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria • Convulsões • Coma e morte. - Diagnóstico: • Anamnese e sintomatologia • Achados de necrópsia: tumefação, amolecimento, áreas de necrose cerebral, herniação do cerebelo. • Mensuração da tiaminase e sulfeto de hidrogênio ruminal (até 1000ppm); tiamina sanguínea. • Histopatológico (amolecimento ou necrose da subst. cinzenta). - Tratamento: • Tiamina (Vit.B1): 10 a 20 mg/kg IM ou SC, TID, até a melhora • Dexametasona: 1 a 2 mg/Kg, IM ou IV, dose única - Prognóstico: bom (terapia precoce). - Prevenção e controle: • Manejo adequado da dieta (respeitar períodos de adaptação, análise da água e alimentos ricos em enxofre – feno, melaço) • Suplementação com tiamina (3 a 10 mg/Kg de alimento) – sem eficácia comprovada. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Mieloencefalite Protozoária Equina - Principal causa de incoordenação motora em equinos no Brasil. - EQUINE PROTOZOAL MYELOENCEPHALITIS (EPM) - Bambeira. - Causada pelos protozoários Sarcocystis neurona, Neospora caninum e Neospora huguesi. - Os gambás (Didelphis virginiana; Didelphis albiventris) são os hospedeiros definitivos do S. neurona. - Os equinos são considerados hospedeiros erráticos por não serem capazes de transmitir a doença. - Diversos pequenos mamíferos podem atuar como hospedeiros intermediários para completar o ciclo de vida do parasita. - Equino: ingestão de água ou alimentos contendo esporocistos infectantes do S. neurona que o gambá infectado elimina em suas fezes. - A exposição do cavalo ao parasita não garante que este desenvolverá a doença. Quando a enfermidade ocorre, os sinais clínicos são variáveis, pois dependem da região e da extensão do SNC que foi afetada pelo protozoário. - Os esquizontes do S. neurona e os merozoítos são encontrados em neurônios, células mononucleares, células da glia e em outras células neurais. - Nestas células começam a se multiplicar. Essa multiplicação produz inflamação não-purulenta, caracterizada por acúmulo de linfócitos, neutrófilos, eosinófilos. - A associação da infecção à reação inflamatória provoca alteração na função neurológica normal, observando-se sinais de fraqueza, atrofia muscular e déficits proprioceptivos. - Sinais Clínicos: • Os sinais clínicos da doença vão variar em função da área do SNC parasitada. • Por exemplo, o envolvimento do cérebro pode causar depressão, alterações comportamentais e convulsões. • Lesões no tronco encefálico e na medula espinhal podem causar alterações locomotoras, incoordenação causada pelo envolvimento dos tratos ascendentes e descendentes, e uma variedade de sinais clínicos atribuídos ao dano causado nos núcleos dos nervos cranianos. • Os primeiros sinais da doença podem ser facilmente confundidos com uma claudicação de origem musculoesquelética. • Sinais clínicos variam de agudo a crônico e progressão gradual a exacerbação súbita, resultando em decúbito. • Diversos segmentos da medula espinhal e/ou do encéfalo podem estar envolvidos simultaneamente, tornando a localização das lesões um desafio. • Ataxia, incoordenação em dois ou todos os membros. • Atrofia muscular (comum nas regiões do quadríceps e glúteo nos membros posteriores) • Andar arrastado. • Fixação patelar superior. • Dores nas costas causadas pela fraqueza ou uso assimétrico dos grupos musculares. • Dificuldade de deglutição, disfagia. • Perda da sensação na córnea e interior das narinas. • Andar em círculos. • Decúbito. • Nistagmo, estrabismo. • Postura de base aberta. • Paralisia facial e da língua. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Diagnóstico: • História, sinais clínicos, localização anatômica da lesão, métodos de imunodiagnóstico, resposta a terapia, na evolução do caso clínico e exclusão de outras enfermidades. • O exame neurológico normalmente revela ataxia assimétrica, fraqueza e espasticidade envolvendo dois ou quatro membros, áreas de hiporreflexia, hipoalgesia ou completa perda sensorial. • Parâmetros vitais: geralmentenormais. • A análise físico-química do LCR é muito importante na diferenciação de doenças neurológicas infecciosas e não infecciosas. • “Western blot” LCR: falso-positivos contaminação do LCR com sangue. • Immunoblot: anticorpos específicos para S. neurona no soro ou no LCR. Especificidade e a sensibilidade de aproximadamente 89%. - Diagnósticos diferenciais: • Herpesvírus equino do tipo 1 • Trauma • Leucoencefalomalácea • Doença do neurônio motor • Síndrome da cauda equina - Tratamento: • Inibidores da didrofolato redutase, como a combinação de pirimetamina (1,0mg/kg, por via oral, uma vez ao dia) com sulfadiazina (20mg/Kg, por via oral, duas vezes ao dia) por um período de 120 dias a seis meses, ocorrendo com isso o bloqueio sequencial do metabolismo do ácido fólico nos protozoários. (S. neurona já tem mostrado resistência a Pirimetamina na ausência de sulfas). Reações adversas: diarreia, anemia e/ou leucopenia. Uma alternativa terapêutica para os equinos que não respondem bem ao tratamento. • Diclazuril (5,6mg/kg, por via oral, uma vez ao dia) ou toltrazuril (10mg/kg por via oral, uma vez ao dia, no mínimo 28 dias. (Coccidiostático que consegue eliminar os estágios primários do S. neurona, podendo ser útil na profilaxia da EPM. O toltrazuril também é um coccidiostático. • Anti-inflamatórios: fenilbutazona ou flunixin meglumina (1,1mg/Kg, por via intravenosa, duas vezes ao dia) por três a sete dias • DMSO 1g/kg em 10% de solução (por via intravenosa ou por via oral) • Corticoesteróides: pode agravar o quadro clínico. Podem ser administradas para ajudar a reduzir os efeitos da inflamação em casos em que há rápida progressão da sintomatologia clínica. - Tratamento complementar: • Fisioterapia • Acupuntura - O prognóstico para cavalos diagnosticados com EPM é reservado, vai depender da severidade das lesões, sequelas, tempo para diagnóstico e início do tratamento, e nem sempre a cura é definitiva, podendo a enfermidades voltar. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Tétano - Toxinas produzidas pela bactéria Clostridium tetani. - Bactéria anaeróbica. - Encontrado no ambiente (solo ou fezes) em todo o mundo. - Cosmopolita. - A infecção ocorre mais comumente por ferimentos, mas qualquer situação de anaerobiose contaminada pode levar ao desenvolvimento do tétano. - Caracterizada por rigidez muscular (tetania), podendo levar à morte por parada respiratória ou convulsões. - Bactéria é inoculada em ambiente anaeróbico, os esporos germinam em sua forma vegetativa, que produz 3 exotoxinas, consideradas os principais componentes patogênicos. - Tais toxinas são a tetanolisina, a tetanospasmina e a toxina não espasmogênica. - A tetanolisina aumenta localmente a necrose dos tecidos, intensificando assim a esporulação e a propagação da infecção. - A tetanospasmina é uma lipoproteína que se propaga por via hemática para o sistema nervoso central. - A toxina não espasmogênica causa estímulo excessivo do sistema nervoso simpático. - Sistema Neuromuscular. - Sistema respiratório em pneumonias aspirativas ou escaras de decúbito. - Sinais Clínicos: • Andar rígido. • Rigidez muscular generalizada: músculos de sustentação - postura típica de “cavalete”, cauda em bandeira. • Opistótomos. • Trismo (“mandíbula travada”). • Prolapso de terceira pálpebra. • Hiperestesia (sinais de espasmos musculares podem ser exacerbados por ruído, luz ou estímulo táctil súbito). • Febre e sudorese intensa. • Disfagia, sialorréia e pneumonias aspirativas. • Hipóxia por comprometimento dos músculos respiratórios, podendo evoluir para paradas respiratórias. - Fatores de Risco: • Ferimentos ou locais de aplicação de injeções. • Ambientes altamente contaminados por fezes. • Animais não vacinados. - Diagnóstico Diferencial: • Distúrbios metabólicos, tais como hipocalcemia (lactação ou transporte), hipomagnesemia e hipercalemia (HYPP). • Rabdomiólise. • Raiva. • Laminite. • Problemas músculo-esqueléticos Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Cuidados com os Animais Doentes: • Instalar o animal em baia escura e tranquila, com cama macia. • Tampar as orelhas com algodão. • Uso de apoio externo caso o paciente não permaneça em pé. • Evitar estímulos súbitos ao paciente. • Manter o animal hidratado. • Facilitar o acesso à comida e água. - Profilaxia: • Vacinação • Soro anti-tetânico • Água oxigenada • Debridamento da área • Éguas prenhas: 1ª dose 8 semanas antes do parto e a 2ª dose 4 semanas após a 1ª dose • Potros: 1ª dose às 6 semanas de idade (provenientes de éguas não vacinadas) ou aos 6 meses (provenientes de éguas vacinadas). • Cavalos adultos: 1ª dose • Em todos os casos deve-se aplicar a 2ª dose após 4 semanas e um reforço após 12 meses. • Bovinos: 2 doses com intervalo de 30 dias e reforço anual. Vacinação das vacas gestantes 2 a 6 semanas antes do parto. - Tratamento: • Penicilina G - 20.000 - 50.000 UI/kg potássio ou sódio penicilina G IV 3-4 vezes ao dia ou penicilina procaína IM, duas vezes ao dia. • Sedação para auxiliar no relaxamento muscular. • Antitoxina tetânica utilizada para se ligar à toxina antes dela atingir o SNC. Uso tópico no local da infecção ou administrada por via parenteral. As dosagens recomendadas variam bastante (100-1.000 UI/kg) • O toxóide tetânico pode ser administrado como “reforço” se o histórico mostrar falha de vacinações anteriores contra tétano. • Soro anti-tetânico intra tecal. - Prognóstico: • Depende da gravidade dos sinais clínicos e da velocidade da evolução da doença. • Rápido aparecimento e decúbito dorsal prolongado: prognóstico cauteloso • Taxas de mortalidade: 50 a 75%. Leucoencefalomalácia - Altamente fatal de cavalos, pôneis, asininos e muares. - É um processo degenerativo do sistema nervoso central causado por alterações metabólicas que produzem malácia (amolecimento e liquefação) da massa branca do encéfalo. - Fusarium moniliforme. - Micotoxina fumonisina B1 (FB1). - Milho infectado. - Coloração rósea a castanho-avermelhada. - O desenvolvimento da doença depende da concentração da fumonisina no alimento e a duração da exposição. - As lesões macroscópicas típicas: • Podem acontecer alterações degenerativas tronco cerebral, no cerebelo e na medula espinhal. • Podem variar de tamanho, e as regiões adjacentes à necrose são quase sempre edematosas e rarefeitas. • Áreas de necrose liquefativa caracterizadas por coloração amarelada e focos hemorrágicos. • Unilaterais. Menos comum: bilaterais. - Sinais clínicos: • Incoordenação • Caminhar sem rumo • Anorexia intermitente • Letargia • Depressão • Pressionar a cabeça contra superfícies • Ptose auricular, palpebral e labial • Dificuldade de apreensão • Cegueira uni ou bilateral • Hiperexcitabilidade Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria • Agitação extrema • Sudorese profusa • Delírio • Decúbito e convulsões clônico-tetânicas antes da morte. - Síndrome hepatotóxica: tumefação dos lábios e nariz, sonolência, icterícia e petéquias nas mucosas, respiração abdominal e cianose. - Os sinais aparecem frequentemente de forma aguda, e a morte pode ocorrer dentro de horas a dia. - Diagnóstico: • Exame neurológico • Presença do milho mofado na dieta • Alterações anatomo-patológicas do sistema nervoso • Diagnóstico definitivo: necrópsia do animal - Diagnóstico diferencial: • Raiva • Encefalomielite equina • Mieloencefalopatia por herpes-vírus equino • Botulismo • Hepatoencefalopatia • Trauma cefálico • Meningoencefalite bacteriana • Intoxicação por Senecio spp. - Tratamento:• Suporte • Não existe antídoto para FB1. • Sedar para minimizar traumatismos auto infligidos. • Manitol e DMSO: resolução do edema cerebral. • Carvão ativado e laxantes podem ajudar na eliminação da toxina. • Eutanásia. - É importante ter cuidados especiais com o armazenamento dos grãos e fornecer forrageiras de boa qualidade, sempre que possível. - Na utilização do milho como ingrediente das rações deve-se observar a eficiência da produção deste alimento. - Milho: porcentagens inferiores a 20%. - O mal armazenamento do milho e rações comerciais, associado a colheita em épocas úmidas, são os principais responsáveis pela intoxicação.
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