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( Sarah Michalsky 3º período, 101 )Cocos Gram-Positivos · STREPTOCOCCUS - Família Streptococacceae. - Cocos gram-positivos dispostos em pares ou cadeias. - Diplococo gram-positivo lanceolado: Streptococcus pneumoniae. - Catalase-negativo (maior diferenciador entre Streptococcus e Staphylococcus). - Catalase é uma enzima que degrada água oxigenada. Todas as nossas células possuem essa enzima. - A bactéria aeróbia sobrevive na presença de oxigênio porque formam radicais livres, sendo um deles a água oxigenada (H2O2/peróxido de hidrogênio). - Realiza-se um teste: uma gota de catalase em uma lâmina na presença da bactéria. Se borbulhar, indica que degradou a água oxigenada e formou água + oxigênio (catalase-positivo). - Se não borbulhou, é catalase-negativo. - Anaeróbios facultativos. - O arranjo de bactérias em uma amostra na placa não possui valor porque elas estão todas aglomeradas em forma de cachos. TRÊS MÉTODOS PARA DIFERENCIAR AS ESPÉCIES DO GÊNERO - Importante para antecipar as informações e direcionar o tratamento. 1) Padrões hemolíticos: - Observar se a bactéria produz enzima que faz hemólise total ou parcial (hemolisina) em uma placa com sangue (ágar-sangue), a qual bactérias são depositadas para visualizar o comportamento de suas colônias após 24h. - Gama-hemólise: não possuem a enzima, portanto não fazem hemólise. - Alfa-hemólise: possui a enzima e faz hemólise parcial, as colônias serão circundadas por cor esverdeada pela ação da água oxigenada (presença de oxigênio). Exemplos: pneumoniae e viridans. - Beta-hemólise: possui a enzima e faz hemólise total, formando halo claro de hemólise. Exemplos: pyogenes e agalactiae. 2) Propriedades sorológicas: - Classificação de Lancefield (1933): baseada no anticorpo com o antígeno de superfície (carboidrato antigênico) do Streptococcus. É uma reação de aglutinação antígeno-anticorpo. - Grupo A: Streptococcus pyogenes (mais comum), S. dysgalactiae e S. anginosus. - Grupo B: específico para Streptococcus agalactiae. 3) Propriedades bioquímico-fisiológicas: - Para saber a espécie na amostra: observar a catalase, padrão do GRAM, padrão da hemólise e o grupo sorológico de Lancefield. STREPTOCOCCUS PYOGENES - Grupo A na classificação de Lancefield. - Predileção por trato respiratório superior ou pele. - Disseminação pessoa-pessoa (perdigotos) ou através de abertura na pele. - Frequentemente colonizam orofaringe de crianças saudáveis. - Cepas produtoras de proteína-M colonizam a garganta e são diferentes de cepas da pele. - Dois tipos de doenças: processos supurativos (formação de pus) e processos não supurativos. - Sensibilidade a beta-lactâmicos, principalmente cefalosporinas. Principais fatores de virulência: - Da superfície celular: proteína-M e ácido lipoteicoico são os principais. Mas há também proteína-F (ligação à fibronectina e células do epitélio respiratório), C5a peptidase (inibição da quimiotaxia de neutrófilos), proteínas ligantes de Fc e IgA. - O último fator de virulência da superfície bacteriana é a cápsula composta por ácido hialurônico pouco imunogênico (função antifagocitária e aderência). - Excretados: estreptolisinas O e S, estreptoquinase, hialuronidase (quebra ácido hialurônico entre as células), desoxirribonuclease (degrada DNA) e exotoxinas pirogênicas. 1) Proteína-M: - Resistência à fagocitose e aderência a mucosa. - Presente na parede celular. - Cepas virulentas (nem todas as bactérias possuem proteína-M). - Possui mais de 80 tipos. - Classe I (endocardite) e classe II (febre reumática, é uma sequela de faringite estreptocócica e grande infecção não supurativa). 2) Estreptolisina O: - Hemolítica e citolítica (toxina parecida com a leucocidina do Staphylococcus). - Antiestreptolisina O (ASO/ASLO) – anticorpo antiestreptolisina O – indica infecção recente. Esse teste é feito para paciente que possui febre reumática e necessita de acompanhamento. Se ele possuir reinfecção recente por S. pyogenes, a estreptolisina O estará alta estimulando anticorpo ASO. 3) Estreptolisina S: - Também hemolítica e citolítica. - Não antigênica, mas inativada por substâncias no sangue. 4) Estreptoquinase (fibrolisina): - Transforma plasminogênio em plasmina – enzima que degrada coágulo. 5) Exotoxinas pirogênicas (toxina eritrogênica): - Antigenicamente distintas: A, B e C. - Síndrome do choque tóxico por estreptococos e febre escarlatina. SÍNDROMES CLÍNICAS SUPURATIVAS Faringite: - Prevalente em crianças entre 5 a 15 anos. - Disseminação via respiratória de pessoa-pessoa por secreção. - FARINGOAMIGDALITE VIRAL: possui clínica sugestiva de linfadenopatia cervical bilateral, ulcerações orais rasas, pequenas vesículas no palato mole, nódulos eritematosos e edema na faringe posterior. O primeiro critério importante é febre baixa (em torno de 38,5°C) e ausência de placas de pus. - FARINGOAMIGDALITE ESTREPTOCÓCICA: possui clínica sugestiva de linfadenopatia submandibular uni/bilateral dolorosa, presença de placas ou pontos purulentos nas tonsilas palatinas e febre alta. - A droga de escolha é benzetacil dose única (penicilina-G) para prevenir febre reumática. Como alternativa terapêutica, administrar amoxicilina. - Há uma faringoamigdalite viral que também possui placas de pus (não fecha diagnóstico), a mononucleose infecciosa. Causada pelo agente etiológico Epstein-Barr, possui clínica diferente: “sensação de engolir cacos de vidro” e esplenomegalia – seu rompimento leva à morte. É conhecida como “doença do beijo”. Tratamento feito com anti-inflamatórios (imunidade permanente). - Qual a principal causa de faringoamigdalite? Viral! Não precisa de medicamento porque é assintomático na maioria dos casos. Se for bacteriana (10% são), 90% desses casos são por S. pyogenes. - Quando o indivíduo é sexualmente ativo na vida adulta, não se pensa que o S. pyogenes é o agente etiológico. Febre escarlatina: - Complicação da faringoamigdalite estreptocóccica. - Cepas lisogênicas (bacteriófago lisogênico infectou e seu material genético foi incorporado à bactéria) produtoras de toxinas pirogênicas. - Rash cutâneo (exantema, erupção avermelhada) 1-2 dias após início da faringite. - Língua com aspecto de “morango” avermelhada e aumentada. Síndrome do choque tóxico estreptocócico, fasciite necrosante e septicemia: - Cepas produtoras de toxinas pirogênicas (exotoxina A estimula o sistema imune a agir contra si próprio e aumentar ainda mais o dano tecidual). - Disseminação hematogênica. Infecções de pele: - Erisipela (maior respeito/precisão aos limites anatômicos, lesões elevadas de borda avermelhada, acometimento agudo em horas, sinais e sintomas sistêmicos como febre alta e sepse). - Impetigo. - Celulite (limites imprecisos, lesões planas e difusas e curso indolente em dias). SÍNDROMES CLÍNICAS NÃO SUPURATIVAS Febre reumática: - Processo inflamatório que atinge o coração (gera insuficiência cardíaca e morte, danifica as valvas), articulações (nódulos subcutâneos dolorosos no joelho e cotovelos principalmente), vasos sanguíneos e tecidos subcutâneos. - 2 a 5 semanas após faringite estreptocóccica (sequela). - Somente algumas cepas causam febre reumática. - Provavelmente doença autoimune pela ação mal-direcionada gerada contra a proteína-M. Glomerulonefrite aguda: - 10 dias após faringite ou lesões de pele. - Anticorpo se deposita dentro do glomérulo. - Alguns sorotipos de proteína-M. Identificação laboratorial: - Importante: o diagnóstico é feito pela clínica do paciente. - Exame direto do espécime: por coloração GRAM, útil em infecções de pele. - Cultura em ágar sangue de carneiro: swab de orofaringe (raro) – valor diagnóstico em infecções por repetição mais de 4 vezes ao ano e secreção de lesões de pele. STREPTOCOCCUS AGALACTIAE - Grupo B específico na classificação de Lancefield. - Presente na microbiota do trato gastrointestinal e genital feminino (20% ou mais de mulheres sadias). Síndromes clínicas: - Pneumonia, septicemia pós-parto e meningite neonatal em caso de parto vaginal (10% a 20% de mortalidade em neonatos). - Faringite. - Infecções urináriasem grávidas (principal agente etiológico) e doenças invasivas em adultos. Fatores de virulência: - Cápsula polissacarídica (principal). Diagnóstico laboratorial: - Exame direto: swab de orofaringe, urinocultura, sangue e líquor. - Cultura triagem de grávidas. Swab vaginal e retal meio de transporte. - Identificação: teste de CAMP e grupamento sorológico. STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE - Grupo mitis/padrão hemolítico: alfa-hemolítico (hemólise parcial). - Presente colonizando nasofaringe e na microbiota oral (5 a 10% de adultos sadios e > 50% crianças). Síndromes clínicas: - Pneumonia comunitária (2/3 dos casos). - Sinusite e otite média aguda. - Meningite (>30% em adultos), é a principal causa. - Bacteremia (30% dos pacientes com pneumonia pneumocócica e em mais de 80% com meningite). - Alta taxa de mortalidade. - Vacinados: indivíduos adultos transplantados ou com doenças que precisam de defesas prévias e lactentes menores de 2 meses. Fatores de virulência: - Cápsula polissacarídica (mais de 100 sorotipos). Diagnóstico laboratorial: - Exame direto de escarro quando possível: coloração de GRAM diplococos gram-positivos lanceolados. - Teste de Quellung: antígeno capsular. - Detecção de Ag em urina (SpAu) – Legionella pneumophila e Streptococcus pneumoniae – pneumonia comunitária grave. - Cultura: sangue, escarro, líquor e outras secreções pulmonares. - Identificação (sensibilidade a optoquina). Tratamento, prevenção e controle: - Resistência à penicilina e outros antimicrobianos (macrolídeo + beta-lactâmico). - Na prática utiliza beta-lactâmicos. - Vacinas: antígeno capsular dos sorotipos mais prevalentes. · ENTEROCOCCUS - Antigamente era chamado de estreptococos isolados do intestino. - A diferença está na grande resistência aos antibióticos. - Encontrado dentro da microbiota intestinal (fezes), vagina e cavidade oral, pode causar infecção urinária em mulheres e idosos. - Espécies mais frequentes: E. faecium (maior resistência) e E. faecalis (mais comum – 85 a 90%). - Microrganismos oportunistas, de baixa virulência. Síndromes clínicas: - Predominante em hospitais: infecção urinária, bacteremia, endocardite, infecção de sítio cirúrgico (procedimentos invasivos como inserção de cateter) e sepse neonatal. - Fatores de risco: imunossupressão, uso de antimicrobianos de amplo-espectro e doenças de base como diabetes e câncer. Tratamento: - Resistência intrínseca a cefalosporinas, penicilinas (naturalmente) e monobactâmicos. Amoxicilina não é droga de escolha. - Sensível a ampicilina. - De maneira empírica, pode ser tratado com vancomicina. Porém, no Brasil, há uma espécie resistente (VRE). Diagnóstico laboratorial: - Na prática, não se pede. - Identificação por uma serie de testes bioquímicos após 48hrs ter começado o antibiótico para ver se há melhora clínica. - Diferenciação para os estreptococos: bile esculina (hidrolisa a bile) – positivo. Crescimento em 6,5% de NaCl. · STAPHYLOCOCCUS - Cocos gram-positivos em cachos, tétrades ou isolados. - Catalase-positivo que degrada H2O2 (micrococcus também possui a enzima, porém a única diferença está na sua sensibilidade à bacitracina). Características gerais: - 35 espécies. - Presente na microbiota da pele, boca, nariz e garganta (trato respiratório superior e orofaringe). - Algumas espécies são detectadas em alimentos (maionese). - É comum a colonização persistente ou por curto período de tempo na parte anterior das narinas (20-40% dos adultos). - Esses microrganismos são capazes de sobreviver em superfícies com baixa umidade e alta pressão osmótica por longos períodos de tempo. - A espécie mais importante é Staphylococcus aureus. Importância médica: - Participação em processos infecciosos. - Participação em toxi-infecções. - Resistência a antimicrobianos. - Infecção hospitalar. - Distribuição mundial. Diagnóstico laboratorial: - Teste de coagulase (formar coágulo de fibrina de forma que a bactéria fique protegida do sistema imune do hospedeiro): se for positivo é aureus, se for negativo é o restante (exemplos: epidermidis, saprophyticus). - A nomenclatura –ase não refere-se a quebra! STAPHYLOCOCCUS AUREUS - Pigmentos amarelados na colônia confere proteção contra efeitos solares. Síndromes clínicas: - Infecções cutâneas superficiais. - Foliculite (principal agente etiológico, caracterizada por espinha ou pelo encravado); FIGURA 1 - Carbúnculo (múltiplos abscessos intercomunicáveis circundados por tecido inflamado porque o organismo não consegue isolar o furúnculo, apresenta sintoma de doença generalizada como febre); FIGURA 2 - Impetigo não bolhoso (acomete criança entre 2 a 5 anos, dissemina por contato direto, são pústulas isoladas que se rompem e formam crostas de coloração clara, tende a curar sem tratamento e sem deixar cicatriz); FIGURA 3 - Furúnculo (abscesso subcutâneo único com pus, antibiótico não possui boa penetrância). FIGURA 4 - Infecções não superficiais: pneumonia, meningite, osteomielite (difícil tratar pela baixa penetrância de ATB nos ossos), abscessos profundos, bacteremia, sepse, endocardite, artrite bacteriana e enterocolite estafilocócica aguda. Toxi-infecções: - Síndrome da pele escaldada (doença de Ritter) – toxina esfoliatina (toxina B) separa as camadas da pele, acomete crianças de até 2 anos. O impetigo bolhoso é a forma localizada da síndrome, causado pela toxina A. - Síndrome do choque tóxico que causa febre alta, vômitos e até a morte (acomete mulheres que não retiraram absorvente interno em 8 horas, a conduta terapêutica é somente retirar o absorvente). - Intoxicação alimentar: enterotoxina estafilocócica, superantígeno que causa vômitos e náusea, a contaminação é feita pelas mãos humanas. O aquecimento pode matar a bactéria, mas não a toxina (exemplo: maionese). Fatores predisponentes ao aparecimento de infecção: - Antibioticoterapia prolongada (predomínio de bactérias mais resistentes). - Imunodepressão (medicamentosa ou infecciosa). - Alteração da integridade da superfície de mucosa e pele (são portas de entrada: folículo piloso por abertura natural da barreira cutânea, quebra da continuidade da pele e sistema respiratório). - Presença de corpos estranhos como próteses e lesões em válvula cardíaca. Fatores de virulência: - Da parede celular: cápsula e proteína-A (coagula o plasma). - Excretados: toxina (a leucocidina paralisa o sistema imunológico porque inativa os leucócitos, fazendo-os liberarem as próprias enzimas em seu citoplasma). Tratamento e controle: - Mupirocina é um antibiótico em creme para tratar na região do nariz e inguinal. - Vancomicina para tratar MRSA. STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS - Pouca importância virulenta, somente quando a barreira da pele é ferida ou removida por procedimentos médicos. - Principal doença: formação de biofilme (confere proteção contra ação desinfetante e ressecamento) em cateteres ou implantes em ambientes hospitalares. - Possui polissacarídeo capsular (cápsula). Tratamento e controle: - Baseado em antibiograma. - 99% são resistentes a meticilina/oxacilina, por isso, não usar beta-lactâmico. - A droga de escolha é vancomicina. COAGULASES-NEGATIVO STAPHYLOCOCCUS SAPROPHYTICUS - Infecção urinária principalmente em gestantes. STAPHYLOCOCCUS LUGDUNENSIS - Pode causar: endocardite e infecção do trato respiratório. - Patogênico igual ao aureus. STAPHYLOCOCCUS HAEMOLYTICUS Prevenção: - Lavagem das mãos.
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