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( Sarah Michalsky 3º Período, 101 )Bulhas Acessórias - É na diástole que acontece as duas bulhas acessórias, a B3 e B4. - Recordando sobre a diástole: momento após a segunda bulha, entre B2 e B1. Ela começa com o fechamento das valvas aórtica e pulmonar, o qual não há passagem de sangue entre os ventrículos e as artérias. Com o ventrículo vazio, começa a fase de enchimento e o final é caracterizado com ele plenamente cheio através da passagem de sangue pela valva mitral e tricúspide, que se fecham logo após o enchimento ventricular (primeira bulha/B1). Fases da diástole: - Primeira: relaxamento isovolumétrico (RI). Caracterizada pelo ventrículo vazio, todas as valvas estão fechadas e o átrio está se enchendo de sangue. A pressão intraventricular se encontra muito alta e a pressão intra-atrial é menor do que a ventricular, consequentemente, as valvas mitral e tricúspide não conseguem ser abertas pela diferença de pressão. - Segunda: enchimento rápido (fase mais volumétrica, ER). Caracterizada porque a partir do pleno enchimento atrial, sua pressão é maior que a pressão ventricular e as valvas se abrem, por isso, uma parte do volume atrial desce para o ventrículo e essa fase corresponde a 70% do enchimento ventricular. Essa fase é dependente de volume, ou seja, quanto mais volume, maior será o enchimento rápido. Não existe nenhum efeito sonoro gerado no coração nesse momento. - Terceira: enchimento lento (EL). Caracterizada pela pequena passagem de sangue do átrio em direção ao ventrículo, cerca de 1% do volume atrial. - Quarta: contração atrial (CA). Caracterizada pelo detalhe da pressão ventricular ser maior que a atrial, por meio de uma descarga elétrica do coração (onda P do eletrocardiograma) o átrio contrai para ejetar o restante de sangue que lhe restara, sendo cerca de 30%. Ao final dessa contração, as valvas se fecham e ocorre a primeira bulha cardíaca. - As fases mais importantes para ocorrerem as bulhas acessórias são ER e CA. A primeira está relacionada a B1/B3 e a segunda a B2/B4. - As bulhas acessórias são encontradas no foco mitral e foco tricúspide. QUARTA BULHA (B4) - É o som que ocorre na quarta fase da diástole, a contração atrial (CA), formado pela vibração da parede atrial contraindo e pela vibração das cordas tendíneas, folhetos valvares e parede livre do ventrículo, secundário a entrada de volume no ventrículo no momento da contração atrial. Se apenas um dos eventos existir não haverá quarta bulha. - Ela é colada na primeira bulha, logo antes dela (pulso carotídeo). A ausculta: - B4 é um evento de baixa frequência melhor audível portando-se a campânula do estetoscópio (parte pequena). - Não encostar a mão na cabeça do estetoscópio, nem pressionar a campânula. - Paciente em decúbito lateral esquerdo favorece a ausculta de B4 de VE. - B4 tem como foco de base o mitral para B4 de VE e tricúspide para B4 de VD. - Som que desdobra B1 (ao invés de TUM-TA, será TRUM-TA), muito localizado, não se ausculta em outro foco. - Quando audível é sempre patológico. - B4 é a bulha característica do ventrículo HIPERTROFIADO por sobrecarga PRESSÓRICA: não há espaço intraventricular suficiente para o sangue do enchimento rápido, por isso, a contração atrial terá que ser vigorosa para que o sangue restante melhor se acomode no ventrículo patológico. Patologias em que há hipertrofia ventricular: - Hipertensão arterial (a que mais gera B4, aumenta-se a resistência vascular e o ventrículo precisa aumentar sua contratilidade) e pulmonar (VD). - Estenose aórtica e pulmonar. - Miocardiopatia hipertrófica. Patologias que diminuem o relaxamento ventricular: - Hipertensão arterial sistêmica. - Doença coronariana (segunda que mais gera B4. Ela causa dificuldade de relaxamento e abertura ventricular na diástole – por conta da isquemia, baixa oferta de oxigênio – e por isso o enchimento rápido será menor). - Envelhecimento cardíaco (substituição por tecido fibroso). - Endomiocardiofibrose (infiltração por gordura no ventrículo, dificultando sua ação contrátil). Lembrar: - NÃO EXISTE quarta bulha na presença de fibrilação atrial por falta de contração atrial. - NÃO EXISTE quarta bulha na presença de estenose mitral e tricúspide em função de não existir um grande volume entrando no ventrículo para vibrar suas estruturas que geram o efeito sonoro. TERCEIRA BULHA (B3) - Som que ocorre na segunda fase da diástole, o enchimento rápido (ER), formado pelas vibrações das cordas tendíneas, folhetos valvares e parede do ventrículo, secundário ao hipervolume que entra no ventrículo ou ao choque do volume que entra com o estava acumulado dentro do ventrículo. A ausculta: - B3 é um evento de baixa frequência melhor audível portando-se a campânula do estetoscópio (parte pequena) método igual à ausculta de B4. - B3 tem como foco de base o mitral para B3 de VE e o tricúspide para B3 de VD. - O som de B3 desdobra B2, muito localizado, não se ausculta em outro foco. - Quando audível pode ser fisiológico até os 30 anos, a história clínica ajudará definir jovens possuem hiperdinamismo (tônus adrenérgico maior), mobilizando mais volume sanguíneo. Para diferenciar, pede-se para o paciente ficar em posição ortostática para diminuir o retorno venoso, nisso a B3 reduz ou desaparece caso seja fisiológica. - A B3 fisiológica tende a desaparecer ao ficar em posição ortostática (em pé) porque o retorno venoso diminui. - A B3 é a bulha característica do ventrículo DILATADO por sobrecarga VOLUMÉTRICA: paciente terá história com dispneia, alteração do pulso venoso, ictus desviado além da linha hemiclavicular. Patologias que geram da terceira bulha: - Por excesso de volume circulante fisiologicamente: exercícios físicos, ansiedade. - Secundária a estados hiperdinâmicos: febre, anemia (aumento do ritmo cardíaco para mobilizar mais sangue e superar a hipoxemia), gravidez, beri-beri e hipertireoidismo. - Casos de excesso de volume enchendo o VE patologicamente insuficiência aórtica e pulmonar (retorno do sangue da aorta para o ventrículo durante a diástole, assim, o sangue proveniente do enchimento rápido gera uma onda de reverberação ao se encontrar com a frente de onda parada, vibrando as estruturas), insuficiência mitral e tricúspide (incompetência da valva que causa o fluxo de sangue do ventrículo para o átrio durante a sístole ventricular, então, haverá mais sangue no átrio para ser ejetado durante a diástole), comunicação interatrial (VD, a não formação do septo interatrial faz o sangue do átrio esquerdo – maior pressão – passar ao átrio direito, consequentemente o volume durante o enchimento rápido na diástole do átrio direito será maior) e comunicação interventricular (VE, a não formação do septo interventricular faz o sangue do ventrículo esquerdo – maior pressão – passar ao ventrículo direito, que ejetará maior volume a artéria pulmonar, consequentemente o átrio esquerdo receberá também mais sangue, aumentando o volume durante o enchimento rápido na diástole). - Em caso de disfunção do miocárdio: todas são etiologias de insuficiência cardíaca sistólica pós-infarto, secundária a HAS, secundária a Chagas e miocardites. DESCRIÇÕES DE UMA AUSCULTA COM BULHA ACESSÓRIA - Ritmo cardíaco regular em 3T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de B4 de VE. - Ritmo cardíaco regular em 3T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de B3 de VD. - Ritmo cardíaco regular em 3T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de galope por conta de B3 de VE (o galope ocorre quando se tem bulha acessória e FC > ou = a 100 bpm). - Ritmo cardíaco regular em 4T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de B3 e B4 de VE.
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