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Generalidades sobre o glicogênio A glicose é armazenada polimerizada e esta polimerização se dá na forma de glicogênio (vertebrados e bactérias) ou de amido (plantas). O glicogênio corresponde a 10% do peso do fígado e a 1- 2% do peso do músculo esquelético, mas o armazenamento maior se dá no músculo por termos quantitativos, pois o músculo ocupa mais espaço físico. Além disso, o fígado utiliza pouco do glicogênio armazenado para ele mesmo e muito para os demais tecidos para manter a glicemia do corpo. O contrário acontece no músculo, que utiliza seu glicogênio para seu próprio tecido. A importância da polimerização do glicogênio se dá para que se evitem alterações osmóticas celulares. Afinal, a glicose de um hepatócito dissolvida possui 0,4M de quantidade de substância, enquanto a mesma massa de glicose polimerizada possui 0,01 µM. A diferença entre amido e glicogênio são as ramificações presentes neles. Porém, sua estrutura geral é a mesma: resíduos de glicose ligadas entre si por ligações glicosídicas do tipo (α1→4), na cadeia principal, ou (α1→6), no início da ramificação. O armazenamento do glicogênio se dá por meio de rosetas alfa, que é subdividida em partículas básicas beta, que é constituída de resíduos de glicose (partículas de glicose constituídas do glicogênio). A partícula básica do glicogênio, a partícula b consiste em 55.000 resíduos de glicose. De 20 a 40 dessas partículas se agrupam para formar as rosetas alfa, facilmente visíveis ao microscópio em amostras de tecidos de animais bem alimentados, mas que desaparecem apos um jejum de 24 horas. Uma partícula beta é considerada um glicogênio. Grânulos (rosetas) visíveis em microscopia A utilização do glicogênio, como já dito anteriormente, é feita por meio muscular ou hepático. Nos músculos, o glicogênio é exaurido em 1h de atividade intensa. Já no meio hepático, ele é exaurido entre 12-24h. Glicogenólise Glicogenólise é a quebra do glicogênio para a liberação de glicose. Essa lise sofre a ação de 3 enzimas: 1. Glicogênio-fosforilase Ela age nas extremidades não-redutoras das ramificações. Ela catalisa a reação na qual uma ligação glicosídica (a1→4) entre dois resíduos de glicose em uma extremidade é atacada por um fosfato inorgânico (Pi) e uma partícula de glicose é liberada de maneira fosforilada. Em outras palavras, ela retira a glicose da cadeia principal, adiciona um fosfato na sua estrutura e a glicose é liberada na forma de glicose-1-fosfato. 2. Enzima de desramificação do glicogênio Após a ação da glicogênio-fosforilase, as partículas restantes das ramificações (ligadas por α 1→4) são colocadas na “cadeia principal” e, em seguida, a ligação α 1→6 é quebrada e a glicose restante é liberada para o meio externo na sua forma livre. Desenho esquemático da ação da glicogênio-fosfatase e da enzima de desramificação. 3. Fosfoglicomutase Esta enzima, para finalizar, age nas glicose-1-fosfato presentes após a sua desconexão com o glicogênio. Ela, primeiramente, adiciona um fosfato (advindo da própria enzima) no açúcar, gerando a glicose-1,6-bifosfato. Em seguida, ela retira o fosfato no carbono 1, esse fosfato é retornado pra enzima e é formada a glicose-6-fosfato. Ação da fosfoglicomutase na conversão de glicose-1- fosfato em glicose-6-fostato. Esse açúcar tem destinos diferentes dependendo do tipo celular. Na célula muscular esquelética, a última reação não ocorre e o músculo utiliza a glicose-1,6-bifosfato direto na reação de glicólise. Já na célula hepática, a glicose-6-fosfato sobre a ação da glicose-6-fosfatase, convertendo em glicose e esta é liberada na corrente sanguínea para a manutenção da glicemia. Glicogênese Importante: Nucleotídeos não servem só pra formar ácidos nucleicos. A glicogênese pode ocorrer em vários tecidos. O substrato inicial é a glicose-6-fosfato, sendo advindo da dieta ou da gliconeogênese. Primeiramente, há a conversão da glicose-6-fosfato em glicose-1-fosfato pela ação da enzima fosfoglicomutase e após isso, o substrato sofre a ação de 3 enzimas: 1. Pirofosforilase Nas reações catalisadas pela pirofosforilase, a glicose-1- fosfato une-se a uma molécula de UTP (semelhante ao ATP só que com a alteração da base nitrogenada), gerando a UDP- glicose + pirofosfato (dois fosfatos livres). Essas reações estão expressas no esquema abaixo. Esquematização da ação da pirofosfatase 2. Glicogênio-sintase Essa enzima promove a separação do UDP e da glicose e a ligação dela em um glicogênio pré-existente. E se não houver um glicogênio pré-existente? Há a ação da proteína Glicogenina que atua como iniciadora e “produz” glicogênio a partir de 8 moléculas de glicose. Após a formação inicial, a glicogênio-sintase pode funcionar sobre esse novo glicogênio normalmente. Esquematização da ação da glicogênio-sintase 3. Enzima de ramificação do glicogênio Essa enzima é responsável por formar as ramificações. Diferentemente da enzima anterior, esta é capaz de formar as ligações (a1→6), características de ramificações. Importância da ramificação Ela torna a molécula mais solúvel e aumenta os sítios de ligação para a glicogênio-fosforilase e glicogênio-sintase. Regulação da glicogenólise Esquematização dos mecanismos de regulação da glicogenólise. Há a existência de dois tipos de fosforilase: A fosforilase beta (forma menos ativa) e a fosforilase alfa (forma ativa). O organismo utiliza conversão dessas duas formas para regular o nível da glicogenólise. Quando o nível de glicose no sangue diminui, há a liberação de glucagon e isso estimula a conversão da fosforilase beta para a alfa, afinal, a alfa permite maior lise do glicogênio para ceder glicose para o organismo. Quando a pessoa tem fome, o seu nível de stress aumenta – resultante da liberação de adrenalina – e isto aumenta a conversão de beta→alfa. Obs: há gasto de energia na conversão beta→alfa Regulação da glicogênese Esquematização dos mecanismos de regulação da glicogênese. Igualmente à fosforilase, a glicogênio-sintase possui uma forma inativa (beta) e forma ativa (alfa). O aumento da insulina promove a conversão beta→alfa. Além disso, o aumento da glicose-6-fosfato promove a formação de glicogênio, logo, promove a conversão beta→alfa.