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Marketing de Varejo e Negociação Professora conteudista: Cláudia Ferretto Palladino Sumário Marketing de Varejo e Negociação Unidade I 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................1 2 O QUE É VAREJO .................................................................................................................................................1 2.1 Tipos de varejistas ...................................................................................................................................8 2.2 Estrutura e níveis do canal ...............................................................................................................11 2.3 Sistemas de marketing e fluxos de varejo ................................................................................ 14 2.4 Classificação e formatos varejistas ............................................................................................... 16 2.5 Teorias de evolução no varejo ......................................................................................................... 49 2.6 Estratégias em varejo ........................................................................................................................ 53 Unidade II 3 PREÇO EM VAREJO ......................................................................................................................................... 77 3.1 Objetivos de preço ............................................................................................................................... 78 3.2 Política de preços ................................................................................................................................. 80 3.3 Táticas de preços no varejo .............................................................................................................. 87 3.4 Métodos de precificação e margens ........................................................................................... 89 3.5 Composição do mix de produtos .................................................................................................. 97 3.6 Decisões estratégicas ......................................................................................................................... 99 3.7 Fatores de influência no mix de produto .................................................................................108 3.8 Decisões táticas em varejo ............................................................................................................. 112 Unidade III 4 COMPRAS, ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE MERCADORIAS ........................................... 115 4.1 Previsão de vendas ............................................................................................................................ 115 4.2 Métodos de definição de estoque .............................................................................................. 118 4.3 Fatores de influência do nível adequado dos estoques ......................................................122 4.4 Planejamento de compras ..............................................................................................................123 4.5 Distribuição e reposição rápida de mercadorias ....................................................................132 5 COMUNICAÇÃO DE MARKETING NO VAREJO ....................................................................................144 5.1 Objetivos dos esforços promocionais .........................................................................................146 5.2 As ferramentas de comunicação de marketing .....................................................................149 5.2.1 Propaganda ............................................................................................................................................ 149 5.2.2 Promoção de vendas e merchandising ....................................................................................... 155 5.2.3 Vendas pessoais .................................................................................................................................... 167 5.2.4 Marketing direto ................................................................................................................................. 174 5.2.5 Relações públicas ............................................................................................................................... 177 6 APRESENTAÇÃO E EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E LAYOUT DE LOJA .........................................180 6.1 Atmosfera ..............................................................................................................................................180 6.2 Apresentação externa e interna da loja ...................................................................................188 6.3 Layout de loja ......................................................................................................................................196 7 VAREJO ELETRÔNICO ...................................................................................................................................199 7.1 Atratividade e retenção de clientes em lojas virtuais .........................................................205 7.2 Riscos percebidos em compras virtuais .....................................................................................207 Unidade IV 8 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO ....................................................................................................................212 8.1 Definição e conceituação ................................................................................................................212 8.2 Habilidades para a negociação ....................................................................................................214 8.3 Planejamento da negociação ........................................................................................................217 8.4 Estratégias de negociação .............................................................................................................220 8.5 Negociação e ética .............................................................................................................................223 8.6 Conflito ...................................................................................................................................................224 8.7 Estilos de negociação .......................................................................................................................227 8.8 Negociação internacional ...............................................................................................................236 8.9 Casos práticos de negociação e solução de conflitos ........................................................249 1 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Unidade I 5 10 15 20 25 30 35 1 INTRODUÇÃO A atividade de varejo vem assumindo, de forma contínua e crescente, um papel de relevante importância no cenário empresarial brasileiro e mundial. Esse crescimento é validado não só pelos números referentes a volumes de vendas (superior a R$ 100 bilhões que representam mais de 10% do PIB), como também pela adoção de avançadas técnicas de gestão somadas ao que há de mais moderno em soluções e ferramentas de tecnologia da informação. Na década de 90 o setor varejista construiu um intenso processo de transformação que atingiu seu ápice nos anos 2000 e fez com que diversas empresas varejistas passassem a fazer parte do grupo das maiores empresas do Brasil. Nesta apostila vamos estudar a atividade varejista e as técnicas de marketing voltadas para esse segmento, discorrendo sobre as suas características e estratégias com o intuito de entendera dinâmica deste setor da economia. Para complementar o seu estudo, a quarta unidade trará a você a possibilidade de desenvolver técnicas e habilidades de negociação, uma importante e necessária ferramenta, inerente às atividades comerciais. 2 O QUE É VAREJO Diversos autores desenvolveram definições para o termo varejo. Las Casas (2006) explica, por exemplo, que o termo “varejo” é utilizado para identificar os setores do comércio que vendem diretamente para os consumidores finais. 2 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Quando uma organização, seja ela fabricante, atacadista ou varejista faz uma venda diretamente para o consumidor final, está exercendo uma atividade varejista. A atividade de varejo pode ser realizada por diversos meios (pessoalmente, por telefone, pela internet, por máquinas de vendas) e em diferentes lugares (lojas, ruas, em domicílio). Os varejistas, então, são organizações que fazem a intermediação da venda de bens entre a indústria e os consumidores ou entre atacadistas e consumidores. O varejista é um prestador de serviços que, além de vender, tem a função de selecionar mercadorias que sejam de interesse dos seus consumidores, providenciar meios de pagamento, embalagem, serviços de entrega entre outros. Seguindo esse raciocínio, vamos analisar a proposição de varejo feita por Kotler (2000): O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou uma loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha principalmente da venda de pequenos lotes no varejo. O gerenciamento do varejo é, portanto, uma ação que leva o varejista a determinar as necessidades de seus mercados-alvo, bem como a satisfação de suas necessidades de forma mais eficaz e eficiente que seus concorrentes. Parente (2000) explica que o varejo “consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade do consumidor final”; e ainda que “o varejista é qualquer instituição cuja atividade principal consiste no varejo, isto é, na venda de produtos e serviços para o consumidor final”. Veja que a definição de varejo, muitas vezes, inclui a atividade de serviços, conforme Daud e Rabello (2007): “A atividade de 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 varejo consiste em vender produtos e serviços diretamente aos consumidores finais. Trata-se de uma atividade híbrida, pois são raros os que vendem apenas produtos, assim como aqueles que comercializam apenas serviços”. Mesmo quando um atacadista ou o próprio fabricante vende diretamente para o consumidor final, trata-se de uma atividade de varejo, embora essas organizações não sejam consideradas varejistas, por não ser o varejo a sua atividade principal. A diferença entre o varejista e o atacadista se estabelece no processo de venda. O atacadista faz vendas institucionais, ou seja, vende para outras organizações que compram os produtos para serem revendidos. O varejista então é um intermediário, que faz parte de todo o processo de distribuição de um produto. Os varejistas podem comprar dos fabricantes ou dos atacadistas. O varejista compra, estoca e entrega produtos para os consumidores finais, agindo como um facilitador na distribuição dos produtos para os consumidores finais. As atividades do comércio varejista têm especial importância ao lado de outros segmentos da economia pela sua significativa parcela de responsabilidade na geração de empregos e movimentação da economia no país. Varejo no Brasil se torna foco do mercado mundial Pesquisa da Ipsos mostra mudanças nos hábitos da indústria e dos consumidores As mudanças climáticas e comportamentais estão refletindo em ações de marketing no varejo. Desde os anos 1950, a variação de foco da indústria varejista mirou nas vendas, no produto, na propaganda, no marketing promocional junto ao ponto de venda até que, no ano 2000, o varejo resolveu, enfim, apostar O termo consumidor é utilizado genericamente para referir-se às pessoas físicas ou jurídicas que compram produtos e serviços das organizações. Já o termo consumidor final é uma referencia às pessoas físicas que adquirem pequenas quantidades para o uso e consumo próprios. (DAUD e RABELLO, 2007) 4 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 no consumidor e, mais recentemente, no shopper, ou comprador. Isto é o que mostra uma pesquisa da Ipsos sobre a realidade do consumo varejista no Brasil. Estas mudanças são provenientes das transformações ocorridas no mercado ao longo de 60 anos. Se antes havia uma baixa oferta de produtos e um pequeno número de empresas no setor, a industrialização do varejo e o amadurecimento do consumidor trouxeram a concorrência. Em seguida, já nos anos 1990, a internet apresenta lojas virtuais e o consumidor passa a ser o objeto de desejo das empresas, que, por sua vez, investem em programas de fidelidade por necessidade. No mercado atual, o poder está totalmente concentrado em quem compra e não mais em quem vende. As empresas já começaram um processo de produção para consumo rápido, saturação de mensagens e o controle para que elas não se tornem evasivas. São muitas mudanças, de fato. A bola da vez é a aplicação e não mais o discurso apenas, sobre os efeitos do consumo no meio ambiente. Brasil no centro do varejo mundial A segmentação está em voga. Se antes a indústria varejista baseava-se em seu conhecimento de mercado, hoje não há espaço para uma empresa que não analisa e nem valoriza o comportamento, os hábitos e as preferências de seus consumidores. “A realidade hoje é outra. Antes a marca criava o produto e o vendia. Agora o varejista analisa o comportamento do consumidor para elaborar um produto”, diz Valéria Rodrigues, diretora de varejo da Ipsos. 5 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Durante a reunião do Comitê de Promoção, Trade e Varejo da ABA Rio, realizada na ESPM-RJ, Valéria apresentou as tendências discutidas durante a NRF 2010, evento mundial sobre as novidades e expectativas do varejo. Os planos para os próximos anos animam até o mais pessimista empresário brasileiro. A expectativa é de que o país cresça 5,5% no PIB, que o investimento estrangeiro aumente 46% e que a produção industrial cresça 8,41% em 2010 em relação a 2009. Em outras palavras, o Brasil é a bola da vez no varejo mundial. Com cerca de 66 milhões de internautas (dados da Ipsos em 2008), 61% deles estão enxergando o e-commerce como comodidade para não ter que sair de casa para efetuar uma compra. De acordo com a pesquisa feita há dois anos, o preço (51%), a facilidade (44%), a rapidez (34%) e a segurança (28%) são os principais diferenciais das lojas virtuais. Internet X sustentabilidade O e-commerce apresenta grande aceitação no Brasil, indiferente da classe social do internauta. Basta ver os dados de outra pesquisa da Ipsos no ano passado, que mostram uma pequena variação entre a intenção de compra de e-consumidores das classes A, B, C e D. Falar de internet e consumidor hoje é sinônimo de redes sociais. “Nelas, 34% dos internautas brasileiros já postaram algum texto sobre marcas e empresas”, aponta Valéria. A afirmativa é baseada em uma pesquisa da McCann em 2008. No Brasil, essa atividade é mais comum que no resto do mundo. O mesmo estudo constatou que o português é o 6 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 terceiro idioma mais popular do Twitter, ou seja, 9% dos posts em todo o planeta são feitos na nossa língua. A outra tendência do varejo é a sustentabilidade. Sejá não bastasse salientar a importância disso diariamente e tornar, às vezes, este assunto em algo repetitivo, a verdade é que o tema deixa de ser discurso para ser estratégia. Veja o Walmart Brasil, entre suas metas para os próximos anos, há um planejamento sustentável para produtos, clima e energia, e resíduos dos pontos de venda. Indústria e consumidor engajados “A empresa já fala em sustentabilidade há três ou quatro anos, com metas agressivas que englobam a companhia de ponta a ponta. Sem falar que uma em cada três pessoas busca informações sobre sustentabilidade nas empresas”, afirma a diretora de varejo da Ipsos com base em um estudo feito pelos institutos Akatu e Ethos entre 2006 e 2007. A tendência da sustentabilidade no varejo brasileiro não é só por parte da indústria. O consumidor também está engajado na causa. Prova disso é que o Brasil tem o mesmo índice de consumidores que mudaram seus hábitos de compra para ajudar o meio ambiente do que média da América Latina. Em compensação, na Europa este índice é de meros 8%, seguido de 11% dos americanos. Porém, os números apresentados pelos consumidores do velho continente e os da terra do Tio Sam não significam despreocupação com a causa verde. “Na Europa, por exemplo, fala-se menos em mudança 7 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 de hábitos em prol do meio ambiente porque lá os consumidores mudaram seu comportamento de compra há muito tempo”, conta Simone Terra, diretora da Simone Terra Soluções de Mercado e Conselheira do Comitê de Promoção, Trade e Varejo da ABA. Marcas próprias ganham mercado Outra tendência do varejo são as marcas próprias. Hoje, esses produtos já fazem parte da lista de compras de muitos brasileiros e mais ainda dos consumidores europeus e americanos. A Ipsos constatou que sete entre cada 10 shoppers avaliam as marcas próprias como produtos de qualidade tanto quanto os itens mais caros das gôndolas. Dentre os fatores que contribuíram para o crescimento e a aceitação desses produtos na indústria e nos lares esta a confiança na rede varejista em primeiro lugar. Além de serem vistos com qualidade igual a dos produtos líderes de mercado, o menor preço destes utensílios de marca própria é visto como resultado de um esforço comercial para atender as necessidades dos consumidores. A pesquisa apontou para 43% de americanos e 41% de europeus que compram estes produtos com frequência. No Brasil e na América Latina, são 32% e 37% respectivamente. Segundo dados da Nielsen, no ano passado os itens de marca própria aumentaram 23% em relação a 2008. “Em breve, as marcas próprias se equipararão às líderes de mercado”, prevê Valéria. Fonte: Portal Administradores.com.br, de 15 de março de 2010 - (Terra, 2010) 8 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 2.1 Tipos de varejistas Quando você precisa comprar alguma coisa, geralmente você tem várias opções de estabelecimentos comerciais para escolher. Para comprar uma blusa, por exemplo, você pode optar por uma loja especializada, que pode pertencer a uma rede como a C&A, ou preferir uma loja menor independente. Você pode até encontrar opções em hipermercados ou comprar pela internet ou por catálogo. Existem no mercado diversas modalidades de varejo – variações no tamanho da loja, no mix de produtos, no tipo de atendimento – que podem ser negócios com e sem estabelecimentos físicos (lojas) e organizações de varejo. Veja a seguir, modalidades existentes de varejo, tanto no Brasil, como em outros países: Lojas de especialidade: Oferecem uma linha restrita de produtos com uma grande variedade. Podem ser lojas de vestuário, artigos esportivos, móveis, entre outras. Alguns exemplos são O Boticário e a World Tennis. Lojas de departamentos: Apresentam várias linhas de produtos, como roupas, eletrodomésticos, utensílios domésticos, perfumaria etc. As Lojas Americanas e as Pernambucanas são exemplos de loja de departamentos. Supermercados: São estabelecimentos de operação de autosserviço, com baixo custo, margens baixas e alto volume. Pão de Açúcar, Zona Sul, Bom Preço e Imperatriz são estabelecimentos tradicionais nesta operação. 9 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Loja de conveniências: São lojas pequenas, localizadas próximas de áreas residenciais, que funcionam em horário prolongado, oferecendo linha limitada de produtos, itens de alta rotatividade e preços ligeiramente mais altos, como a Seven-Eleven e a AmPm. Lojas de descontos: Estas lojas vedem mercadorias-padrão a preços mais baixos, com margens menores. As lojas de descontos migraram para o modelo de especialidade, oferecendo artigos esportivos, calçados, roupas de cama, mesa e banho etc. Este modelo é bastante comum nos Estados Unidos; no Brasil estes empreendimentos normalmente pertencem a fabricantes ou lojistas que escoam seus excessos de produção e estoque por meio desta modalidade de negócio. Varejistas off-prices (de liquidação): Vendem normalmente as sobras de mercadorias que são adquiridas pelo varejista a preços inferiores aos praticados regularmente pelo atacado e vendidas a preços também menores que os praticados no varejo. A rede Galinha Morta, de São Paulo, começou como um modelo de varejista off- price. Normalmente as grandes cidades apresentam algum tipo de varejista off-price, principalmente nos ramos de roupas e calçados. Os varejistas off-price ainda podem ser divididos em: • lojas de fábrica: estas lojas pertencem ao fabricante, que também operam o negócio. Vendem a preços baixos sobras de estoque, itens com pequenos defeitos ou que saíram de linha; • lojas independentes de descontos: podem pertencer a grandes empreendedores ou a grandes organizações de varejo. 10 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Clube de atacadistas: Apresentam uma seleção limitada e específica de produtos que são vendidos com descontos especiais para seus sócios (para participar da compra, o cliente, normalmente se associa ao clube, pagando uma taxa que pode ser única ou anual). São exemplos: Makro, Sam’s Club. Superloja: São lojas que ocupam grandes espaços (3.500 m² em média) e vendem muitas e diferentes linhas de produtos, que podem ser alimentícios ou não, e também agregam diversos serviços como lavanderia, conserto de roupas etc. Showroom de vendas por catálogos: Apresentam ampla variedade de produtos de alto preço alto e rotatividade que são vendidos com descontos. O cliente procura e seleciona a mercadoria em catálogos e retira o produto na própria loja, em área específica. Novos modelos de varejo são criados continuamente para atender as variações ambientais, como as necessidades dos consumidores e os avanços da tecnologia. Na esteira das mudanças ambientais surgiu na virada do milênio o varejo eletrônico. As variações ambientais também influenciam ainda os ciclos de vida do varejo. Os diversos tipos de varejo também apresentam um ciclo formado pelos estágios de introdução, crescimento e declínio, assim como os produtos e serviços. O ciclo de vida do varejo será abordado por esta disciplina pouco mais adiante. Atualmente esse ciclo tem sido mais rápido, já os formatos mais antigos, como as lojas de departamentos, levavam muito 11 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 mais tempo para crescer e amadurecer. Novos modelos de varejo surgem, entre outras razões, para elevar suas receitas e diminuir seus custos operacionais, o que desencadeia o surgimento de outros modelos que oferecem preços mais baixos, porém sem o oferecimento de serviços. Novos modelos são criados, surgem também para atender necessidadesdos consumidores, fazendo com que os varejistas se posicionem para oferecer níveis diferentes de serviços, tais como: • autosserviço: este modelo é a base para as operações de desconto. O cliente, neste caso, no intuito de gastar menos, precisa estar disposto a procurar, comparar e selecionar os produtos; • seleção: neste caso, os clientes também procuram, comparam e selecionam os produtos, mas podem contar com a ajuda de um vendedor a quem pagam pelo item adquirido; • serviço limitado: normalmente muitos itens estão expostos, mas os compradores precisam de mais ajuda dos vendedores para encontrar e selecionar os produtos. Nestes casos, os clientes contam também com mais serviços como crédito e processos mais simples de devolução; • serviço completo: neste modelo os vendedores estão preparados para atender o cliente em todas as fases do processo de compra (procurar, comparar e selecionar os produtos). Este modelo perfaz um varejo de alto custo devido ao alto custo de pessoal, maior quantidade de produtos especializados e de mercadorias com baixa movimentação. 2.2 Estrutura e níveis do canal Para que o produto chegue até o consumidor, vários canais de marketing podem ser utilizados, assim como o varejista, 12 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 que também é um intermediário e, portanto, participa de todo o processo de distribuição de um produto, comprando de fabricantes ou atacadistas e estocando e entregando os produtos para os consumidores finais. O papel do varejista é facilitar o acesso dos consumidores aos produtos, bem como viabilizar a distribuição dos produtos fabricados pelas indústrias. A proximidade do varejista com os consumidores finais estabelece para o varejo um papel importante de identificador das necessidades dos consumidores finais e na definição do que deverá ser produzido. Veja na figura 1 os diferentes níveis de canais de marketing para a distribuição de bens de consumo, que podem ser utilizados para que o produto chegue até o consumidor final. Note que por estarmos estudando a distribuição no varejo - que é o atendimento do consumidor final - a figura 1 refere-se exclusamente ao fluxo de entre indústria e pessoas físicas. Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Fabricante Fabricante Fabricante Atacadista Agente Atacadista Varejista Varejista Varejista Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor Fabricante Figura 1: Canais de marketing de bens de consumo Fonte: DAUD, M.; RABELLO, W. Marketing de varejo: como incrementar resultados com a prestação de serviço. São Paulo: Bookman, 2007. Canais de marketing também podem ser chamados de canais de distribuição, cadeia de fornecimento, cadeia de suprimento, supply chain, cadeia de abastecimento ou canal de comercial. 13 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 A figura mostra o fluxo dos produtos entre o fabricante e consumidor final. A estrutura de nível 0 não apresenta intermediários. É o caso do fluxo de produtos de empresas como a Avon e a Natura, que vendem diretamente aos consumidores finais por meio de uma força de vendas. Um único tipo de intermediário é ilustrado pela estrutura de nível 1, cujo exemplo é dado quando a Nestlé vende seus produtos para os supermercados (que são varejistas) e estes os vendem para o consumidor final. A estrutura de nível 2 contempla a participação de dois intermediários, o atacadista e o varejista; nesse caso, o fabricante vende seus produtos para os atacadista (para o Makro, por exemplo), que revende para os varejistas (os supermercados), que por sua vez revendem aos consumidores finais. Se entre o fabricante e o atacadista tiver mais um intermediário, que pode ser um importador, ou uma organização especializada no atacado de alimentos, a estrutura será de nível 3. Os intermediários não só têm o papel de distribuir os produtos, mas também assumem funções que colaboram com a gestão da cadeia, ora viabilizando os próprios negócios dos fabricantes, ora assumindo funções-chave. Com a utilização de intermediários, os fabricantes podem repassar aos distribuidores os investimentos na infraestrutura necessária para o atendimento do consumidor, como é o caso da venda de carros. Neste caso, as montadoras repassam para as revendas as atividades de atendimento, promoção, assistência técnica e outros serviços. Além disso, podem ainda viabilizar a distribuição de produtos de baixo valor em áreas distantes do ponto de fabricação, como é o caso da distribuição de guloseimas. E ainda imprimir mais foco no negócio de fabricação, o que pode ter um retorno mais significativo que investir em distribuição. Com relação às funções assumidas pelos intermediários na distribuição dos produtos, podemos destacar: 14 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 • reunir informações sobre os clientes regulares e potenciais, bem como sobre os concorrentes e demais participantes do ambiente. A proximidade entre o intermediário e esses membros facilita a obtenção dessas informações, que podem ser sobre preferências dos consumidores, preços praticados no mercado, mudanças no ambiente etc.; • desenvolver programa de comunicação para a disseminação de mensagens mais apropriadas ao mercado de atuação; • estabelecer acordos de preço e de formas de pagamento mais condizentes com o fluxo de mercadorias em determinado mercado; • obtenção de recursos para o financiamento de estoques em diferentes níveis do canal de marketing; • investir e gerenciar estruturas de abastecimento e estoques; • assumir os riscos inerentes à operação. 2.3 Sistemas de marketing e fluxos de varejo Segundo Parente (2000), “sistemas de marketing são conjuntos integrados de instituição com o objetivo de satisfazer eficaz e eficientemente às necessidades dos consumidores”. Essas instituições de marketing podem ser classificadas em: • Instituições de marketing primárias: são as organizações que compram e vendem os produtos, desempenhando a distribuição dos mesmos entre o fabricante e o consumidor. Estão incluídos os fabricantes, atacadistas, varejistas e consumidores. 15 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 • Instituições de marketing secundárias: são as organizações que facilitam o processo de distribuição, operando em atividades paralelas necessárias ao processo, como transporte, armazenagem, seguros, financiamento, promoção, pesquisa de marketing etc. Parente (2000) afirma que “os varejistas são parte de um sistema de marketing complexo – são componentes importantes, mas não são únicos, portanto, dependem da participação e da integração dos outros participantes do canal”. Portanto, o comportamento de cada um dos membros que participa do canal terá reflexo nos demais e por isso a necessidade do estabelecimento de uma parceria e da realização de um trabalho em equipe. O surgimento de técnicas, como a aplicação de EDI, da Reposição Contínua e do Gerenciamento de Categorias traz a exigência da interação dos membros do canal, para que se alcance o desenvolvimento das funções relacionadas à transação e distribuição, de forma cada vez mais efetiva e eficiente. Os varejistas, que são membros dos sistemas de distribuição, devem manter essa interligação diretamente com seus consumidores e seus fornecedores em face dos cinco seguintes fluxos: • Fluxo de produtos e serviços: refere-se ao movimento físico do produto, desde o momento da saída do fabricante até a chegada no consumidor final, passando pelos atacadistas e, conforme for o caso, pelo varejista. Este fluxo pode incluir as empresas transportadoras. • Fluxo de propriedade: refere-se à direção do fluxo do produto no que diz respeito à sua posse. A propriedade do produto passado fabricante para o varejista e depois para o consumidor final. 16 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 • Fluxo de informação: todos os participantes do processo de distribuição trocam informações importantes. Este fluxo pode ser tanto no sentido em direção ao consumidor, como no sentido do fabricante. Este fluxo pode ultrapassar o varejista e chegar diretamente ao fabricante, graças a possibilidade da integração eletrônica dos participantes da cadeia de distribuição. • Fluxo de pagamento: este fluxo acontece do consumidor em direção ao fabricante, ou seja, o consumidor paga o varejista que, por sua vez paga o seu fornecedor. • Fluxo de promoção: este fluxo se refere aos esforços de comunicação para divulgação do produto (propaganda, venda pessoal, promoção de vendas e Publicidade/RP). O sentido deste fluxo é de cima para baixo, ou seja, do fornecedor para o varejista e deste para o consumidor. 2.4 Classificação e formatos varejistas O varejo pode ser classificado por tipo de organização, mix de produtos oferecidos, abrangência física e por vários outros aspectos. Las Casas (2000) agrupa os varejistas em quatro grandes grupos, levando em consideração: • o esforço de escolha por parte do consumidor: lojas de conveniência, lojas de compras por escolha e lojas especializadas; • a situação de propriedade, por parte do varejista: lojas independentes, lojas em cadeia (rede) e associação de independentes (cadeias cooperativas, cadeias voluntárias e licenças); • a linha de produto, que são as mercadorias em geral, linhas limitadas e lojas especializadas; 17 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 • classificação segundo as funções exercidas, que são os lojistas (lojas de departamento, lojas de descontos, supermercados e superlojas) e não lojistas (reembolso postal, porta em porta, venda por telefone e máquinas de vender). Portanto, diferentes critérios podem ser usados para classificar as organizações varejistas. A figura 2 abaixo apresenta o critério de classificação por propriedade e por sistema de varejo, conforme: Instituições varejistas Instituições com lojas Classificação de acordo com a propriedade Instituições sem lojas Independentes Redes Franquias Departamentos alugados Sistemas verticais de marketing Alimentícias Não alimentícias Serviços Marketing direto Vendas diretas Máquinas de vndas Varejo virtual Figura 2: Classificação das organizações varejistas Fonte: adaptado de BERMAN, EVANS, 1998 (apud PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estratégia. São Paulo: Atlas, 2000) Organizações de varejo por tipo de propriedade De acordo com tipo de propriedade, as organizações de varejo podem ser classificadas como organizações independentes, cadeias, franquias, alugadas ou de propriedade de um fabricante ou atacadista. Organizações independentes: O varejista independente possui normalmente um negócio pequeno, que possui apenas uma loja, que fica sob administração 18 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 familiar e apresenta baixo uso de recursos tecnológicos. O foco em uma única unidade faz com que a gestão do negócio seja mais concentrada, com maior controle e maior integração entre as atividades de compra e venda, que é ajustada de acordo com as necessidades do consumidor e com as oscilações do mercado. Constituem a maioria dos negócios de venda a varejo. Redes: As organizações varejistas podem possuir mais de uma loja, administradas sob uma mesma direção. É o caso de empresas como Carrefour e C&A. O número de unidades favorece o poder de barganha junto aos fornecedores que resulta em melhores condições de compra, bem como a administração de todas as outras atividades inerentes ao negócio, como investimentos em tecnologia, esforços de comunicação de marketing, logística, entre outras. Entretanto, apesar da economia em escala, as redes enfrentam desafios no controle das operações e pouca flexibilidade na adequação dos negócios a dinâmica do mercado. Franquias: Parente 2000: “consiste em um sistema contínuo e de integração de relacionamento entre franqueador e franqueado, que permite ao franqueado conduzir certo negócio de acordo com um padrão de procedimentos e marca definida pelo franqueador”. O varejo tem no sistema de franquia uma opção de expansão com a possibilidade de se fazer parte de uma grande cadeia. As principais características do sistema de franquia são: • pagamento de royalties pelo franqueado ao franqueador pelo licenciamento de uma marca registrada; • para fazer parte do sistema, o franqueado arca com os custos de montagem da unidade e uma taxa mensal sobre as vendas; As franquias ganharam força no Brasil na década 80, como as redes O Boticário, Água de Cheiro e com a rede de lanchonetes McDonald´s. Parente 2000 19 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 • o franqueador proporciona ao franqueado o sistema operacional e de marketing para desempenhar as atividades e uma exclusividade para operar em certa região. Existem ainda dois tipos de acordos de franquia que se referem aos produtos ou serviços prestados e ao formato do negócio: • Franquia de produto ou serviços: neste modelo de negócios, o franqueado passa a usar a identidade de seus fornecedores (franqueadores) e comercializa os produtos e serviços em nome desse fornecedor. Existe certa dose de autonomia na gestão do negócio, porém o franqueado precisa seguir regras operacionais, como a política de recursos humanos e modelo de infraestrutura estabelecidos pelo franqueador. • Formato de negócios: o franqueador investe em lojas modelo, padroniza as linhas de produtos e serviços e desenvolve uma comunicação cooperativa. O franqueado, além de obter o direto de comercializar os produtos e serviços, é orientado pelo fornecedor (franqueador) na seleção do local para instalação do negócio, nos processos de controle de qualidade, na gestão do sistema contábil, na gestão de recursos humanos e em todos os procedimentos operacionais. Sistema de franquias invade supermercados Atentos à demanda, os supermercados abrem portas para os sistemas de franquia Os espaços disponíveis para locação nos supermercados se consolidam a cada dia como excelentes oportunidades de negócio, tanto para os 20 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 empresários do ramo de franquias, quanto para as grandes redes do varejo. Não é de hoje que as grandes redes do varejo resolveram investir em parcerias com franquias em diferentes ramos. Valorizando a praticidade, o consumidor procura sempre oportunidades para resolver o máximo de questões em um lugar só. Se é assim, porque não aproveitar a hora das compras para revelar fotos, deixar a roupa na lavanderia ou até fazer um lanche com a família? Atentos a essa demanda é que os supermercados abrem portas para os sistemas de franquia. Nessa linha, os quiosques de alimentação tornam-se um dos modelos mais viáveis, por ocuparem pouco espaço, oferecendo, no entanto, produtos de grandes marcas. Também atenta a essa tendência, a Empada Brasil oferece um modelo de quiosque (a partir de R$ 45 mil) ideal para instalação em supermercados, shoppings, aeroportos ou centros comerciais. Quem aderiu ao negócio não se arrepende. A secretária Thaís Negrão Vieira, 32 anos, por exemplo, investiu na instalação de um quiosque da Empada Brasil no supermercado Walmart, em Tamboré, e está comemorando o sucesso do negócio. “A maioria das pessoas que vem ao supermercado acaba passando pela loja e consumindo, no mínimo, uma empada.” conta. “Há muitos casos também em que os consumidores já vêm ao supermercado com a finalidade de almoçarem nosso estabelecimento e aproveitam para comprar algo que precisam para a casa. O giro de produtos acaba sendo muito rápido. Assim, meu objetivo é abrir novos pontos nos próximos meses.” 21 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Todo mundo sai ganhando! Na visão dos franqueados, o modelo de negócio é vantajoso porque o lojista pode aproveitar o movimento natural do supermercado, tendo maior facilidade de venda. A estrutura do local também conta a favor, pois o negócio estará em uma área que conta com estacionamento, segurança, banheiros etc. Outro fator é que os aluguéis cobrados são mais baixos e valor do investimento no quiosque é mais acessível. Quanto ao público, o perfil é bastante variado, o que contribui para o franqueado ampliar sua clientela. Por outro lado, para o supermercado, ofertar outros tipos de serviços, principalmente no setor de alimentação, agrega valor ao estabelecimento, atrai novos clientes e aumenta o tempo de permanência dos consumidores no local. Além disso, o supermercado ainda pode contar com uma alternativa extra de rendimento com o aluguel de espaços. Fonte: Revista INCorporativa, 24/09/2010 – Disponível em: <http://www. incorporativa.com.br/mostranews.php?id=4751>, visto em 09/10/2010 Departamentos alugados: São espaços alugados dentro de uma loja de varejo; esta modalidade é indicada quando o a venda de determinado produto exige alto grau de especialização, como peixaria, padaria, floricultura, por exemplo. Dessa forma, a loja oferece a variedade de produtos esperada pelo consumidor, sem arriscar gerir um negócio em que não tem experiência ou conhecimento suficiente. O varejista que aluga o espaço paga um aluguel calculado com base na receita esperada e fica responsável por toda a operação (estoque, administração, recursos humanos etc.). 22 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Sistema de marketing vertical (SMV): Modalidade recente que reúne todos os membros do canal em um sistema integrado com o objetivo de eliminar desperdícios e retrabalho e otimizar os resultados. Neste sistema é necessário ter a figura de um líder que alinha as atividades e estimula a cooperação entre os membros. O sistema de marketing vertical caracteriza-se por três tipos de formação: • SMV Corporativo: uma organização passa a ser proprietária de outras empresas do canal e dessa forma, passa atuar diretamente tanto na produção como na distribuição. • SMV Administrado: Um determinado membro do canal, em função de seu tamanho competência, lidera e coordena as etapas de produção e distribuição. Para isso, utiliza metodologias de gerenciamento interorganizacional e ferramentas, como do Efficcient Customer Response (ECR), EDI, Reposição contínua e Gerenciamento de categorias. • SMV Contratual: integração de atividades de empresas independentes por meio de contratos. A estruturação pode ser feita pode meio de: — Cadeias voluntárias patrocinadas por atacadistas: organização de uma cadeia de varejistas independentes por um atacadista que oferece melhores condições de abastecimento e apoio tecnológico. — Cooperativas patrocinadas por varejistas: organizações voltadas para o atacado, formadas e pertencentes a grupos varejistas, que têm o objetivo de obter melhores condições de abastecimento por meio do aumento do poder de barganha, conseguido com o aumento do volume de compra conjunta. Resposta Eficiente aos Consumidores (ECR ou Efficient Consumer Response): iniciativas de integração de fabricantes e consumidores finais, que melhoram o fluxo de informações, processos e eficiência de toda a cadeia. EDI: sigla para Electronic Data Interchange, ferramenta para ordenar e armazenar informações eletronicamente e que permite a troca de documentos entre parceiros de negócios, como emissão e recebimento de pedidos, através de redes públicas ou privadas. 23 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 — Franquia: conforme explicado anteriormente, trata-se da concessão de licença de comercialização de produtos ou serviços. Varejo Alimentício com Lojas A tendência mundial é que o varejo ofereça uma grande variedade de modelos e formatos de lojas. O varejo alimentar no Brasil se apresenta em diversos modelos, como você pode ver a seguir: Bares: Grande importância na distribuição de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Mercearias São lojas pequenas (20 a 50 m2 de área de venda). Oferecem produtos da Linha básica, como frios, laticínios e bazar. Localizam-se principalmente em locais de baixo potencial de mercado, onde não e justifica a instalação de supermercados compactos. Padarias Apesar de boa parte de sua receita vir da fabricação de pães, estes estabelecimentos vêm passando por modernizações e oferecendo maior linha de produtos e lanches, autosserviços e eliminação de consumo de bebidas alcoólicas. As padarias atendem as necessidades de conveniência dos consumidores. Minimercados Tipo de varejo com forte expressão em áreas de classes mais baixas, normalmente localizados nas periferias das cidades. Oferecem produtos alimentícios, de limpeza e higiene pessoal e operam no modelo de autosserviço, com apenas um check-out. 24 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Lojas de conveniência Normalmente localizadas em postos de gasolina, oferecem limitada variedade de produtos e sofrem forte concorrência dos supermercados que funcionam 24 horas e das padarias que oferecem um serviço de atendimento mais personalizado. O modelo foi trazido dos Estados Unidos nos anos 80 e vem crescendo no Brasil pouco a pouco, porém com funções e características diferentes. As lojas de conveniência aqui, devido à conformação urbana, estão próximas a supermercados convencionais e acabam tendo uma utilidade diferente, como a abertura 24 horas, e estão se transformando em ponto de encontro de jovens, além de suprirem os consumidores em suas emergências de consumo. Supermercados convencionais Nestes estabelecimentos são encontradas uma ampla variedade de produtos, na sua grande parte de alimentícios. Operam com sistema de autosserviço e muitos check-outs. Boa parte das redes de supermercados opera com um grande número de lojas, como por exemplo o Pão de Açúcar (São Paulo), o G.Brabosa (Aracaju) e Zona Sul (Rio de Janeiro). Supermercados compactos Oferecem uma linha completa, porém compacta, de produtos. Operam com serviço de autoatendimento, assim como os supermercados, porém com número menor de check-outs (de 2 a 6). Hipermercados Localizados em cidades grandes, oferecem enorme variedade de itens (por volta de 50 mil), a preços competitivos, dispostos em lojas de aproximadamente 10.000m². Difere das superlojas Check-out é como é chamado o caixa disposto em um balcão, localizado na entrada da loja, para conferência e pagamento das mercadorias compradas. 25 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 na diversidade da oferta de produtos não alimentícios. São exemplos o Carrefour e o Walmart. Superlojas São modelos de supermercados como as lojas de aproximadamente 4.000 m² e 30 check-outs. Oferecem linhas completas de produtos, abrangendo alimentícios, não alimentícios, bazar, eletroeletrônicos e têxteis. Alguns exemplos são o Sendas, do Rio de Janeiro, Angeloni, de Santa Catarina e Zaffari, de Porto Alegre. Clubes atacadistas São varejistas de grande porte que vendem, tanto no varejo, atendendo o consumidor final na venda, principalmente, de produtos não alimentícios, como no atacado, realizando vendas institucionais, focadas em produtos alimentícios para varejistas, restaurantes, lanchonetes etc. São exemplos o Sam´sClub e o Makro. Como nasceram os supermercados Os estabelecimentos comerciais com autosserviço surgiram nos Estados Unidos na década de 30. O modelo foi impulsionado pelo desenvolvimento e uso do automóvel, que facilitava o transporte de compras em maior volume, e pela crise econômica que arrochou os salários e forçou os consumidores a procurarem por preços melhores. No Brasil, o autosserviço tem início com a abertura, na década de 50 no Rio de Janeiro das lojas Americanas, porém sem a característica original dos supermercados que era a venda de produtos alimentícios. A venda self-service de produtos alimentícios se deu logo em seguida, ainda nos anos 50 com a abertura do 26 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Supermercado Disco, também no Rio de Janeiro. De lá para cá, os supermercados sofreram grandes transformações, incorporando em seu mix de produtos os eletrodomésticos, artigos esportivos, utensílios domésticos, entre outros. Esse portfólio variado de produtos trouxe mais facilidade aos consumidores que já não precisavam se dirigir a estabelecimentos diferentes para comprar produtos específicos (Araújo, 2010). Varejo não alimentício com lojas No Brasil são encontrados dois modelos principais de varejo não alimentício: as lojas especializadas e a lojas de departamento. Parente (2000) explica que: “O varejo não alimentar no Brasil não apresenta o grau de desenvolvimento ou maturidade que se observa no varejo alimentar. Muitos modelos de lojas que atingem grande sucesso em outros países ainda não são encontrados no Brasil.” Lojas especializadas: Este modelo de varejo tem concentração em uma linha de produtos, como confecções, livros, brinquedos, entre outros. Tem direcionamento para determinado segmento e oferece grande sortimento em algumas linhas de produtos. O posicionamento de mercado é bem variado, sendo encontradas desde lojas sofisticadas direcionadas à classe A a lojas de roupas femininas focadas na classe D. Assim como o tipo de especialidade, varia também o tamanho das lojas. Estabelecimentos especializados em material de construção como a Telha Norte e a Leroy Merlin podem ter áreas de vendas de 5.000m² e contam com cerca de 100 empregados. Por outro lado, lojas especializadas em roupas ou perfumes podem operar em espaços de 20m² e dispor de 3 a 5 funcionários. As lojas especializadas podem ser 27 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 independentes ou pertencer a grandes rede varejistas como Zara e Fotóptica. Lojas de departamentos: Possuem uma estrutura departamental – caracterizam- se pela divisão de operações varejistas em departamentos separados por categoria de produtos – oferecem, além de grande variedade de produtos, uma extensa gama de serviços e ocupam grandes espaços (normalmente superiores a 4.000m²). Cada departamento é uma unidade de negócios, com metas e objetivos específicos. Seus gestores devem decidir pelas atividades de compras, promoções e vendas e, portanto, os resultados também são avaliados em nível de cada departamento. No passado esses modelos de varejo trabalhavam com as linhas chamadas hard (dura) que englobavam brinquedos, eletrodomésticos, móveis etc. e com as linhas chamadas soft (mole), que contemplavam calçados, confecções, cama, mesa e banho. No Brasil, exemplos deste modelo foram as lojas Mappin, Mesbla e Sears. Hoje, operam neste sistema no Brasil as lojas Riachuelo e Pernambucanas. Parente (2000): “Atualmente, existe uma tendência para o desenvolvimento de ‘lojas de departamento de linha limitada’, que concentram um número menor de departamentos, com predominância das linhas soft (principalmente confecções), como é o caso das lojas C&A e Riachuelo.” Como nasceram as lojas de departamentos Não se sabe ao certo como surgiram as lojas de departamento, mas o fato é que antigamente estabelecimentos que vendiam roupas para mulheres foram agregando outros produtos, como acessórios também femininos, além de artigos para homens e crianças. Alguns exemplos desses tipos de loja, que parecem reunir várias pequenas lojas em um único 28 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 lugar e sob uma mesma administração, são Casas Bahia, Lojas Renner, C&A etc., que ainda costumam ter diversas filiais (Araújo, 2010). Existem ainda no Brasil outros modelos e de lojas de varejo não alimentício que são as minilojas de departamentos, mais conhecidas, como magazines, as lojas de descontos e as lojas de fábricas. As minilojas de departamentos ou magazines são lojas de departamentos menores com forte atuação na linha hard, apresentam uma área de vendas pequena, não departamentalizada e com gestão única. A diferença entre a loja de departamento e o magazine é sutil e está basicamente na concentração da linha. Exemplos desse tipo de varejo são a Fast Shop, Ponto Frio e Casas Bahia. Outro modelo importado dos Estados Unidos, mas ainda com pouca atuação no Brasil, são as lojas de desconto, como a Rede Galinha Morta. Esse modelo apresenta uma estrutura mais simples de loja, dispondo os produtos com preços reduzidos em grandes espaços, sem muita preocupação com a sua apresentação. De propriedade dos fabricantes, as lojas de fábrica vendem exclusivamente produtos próprios, que podem ser itens descontinuados, lotes de pedidos cancelados pelo comprador institucional ou grandes sobras de produção. Walmart e as inovações no varejo norte- americano Antes de construir a Walmart, Sam Walton promoveu uma verdadeira revolução no varejo e exerceu um longo aprendizado de comerciante. Sam nasceu em Kingfischer, Oklahoma, em 1918, filho de Thomas 29 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Gibson Walton e descreve assim o pai em sua autobiografia: “um personagem que gostava de fazer trocas, de negociar com qualquer coisa: cavalos, mulas, gado, casas, fazendas, carros. Foi o melhor negociador que conheci. Exerceu todos os tipos de atividades: banqueiro, fazendeiro, avaliador de fazendas, corretor de seguros e de imóveis” (Walton, 1993, p. 3). Formou-se em Comércio, na Universidade de Missouri, em 1940 e, logo em seguida, aceitou emprego na J.C.Penney, cadeia de lojas de miudezas, em Iowa, onde começou sua carreira de comerciante, trabalhando durante 18 meses, até os EUA entrarem na guerra. Ao ingressar para o exército, Sam tinha certeza de duas coisas: sabia que se casaria com Helen e que trabalharia no varejo para ganhar a vida. Em 1945, após a guerra, decidiu ter seu próprio negócio. Helen concordou, mas impôs duas condições. Uma era a de que ele não deveria ter sócios e a segunda, que iria acompanhá-lo em qualquer lugar, desde que a cidade não tivesse mais que dez mil habitantes. Em 1º de setembro de 1945 inaugurou sua loja de franquia da cadeia Bem Franklin, especializada em miudezas, em Arkansas. Foi ali, conhecendo seus concorrentes e colocando em prática as compras diretas dos produtores e vendas por preços baixos que Sam exerceu seu aprendizado de comerciante. Após cinco anos, com o vencimento do aluguel, foi obrigado a vender o estabelecimento, mudando-se para Fayetteville, em 1952, onde comprou a Walton’s Five & Dime. Em seguida, associando-se com o pai e o irmão Bud, seus dois cunhados (Nick e Frank), abriu lojas em Little Rock, Springdale e Siloam Springs, no Arkansas, além de outras em Neodesha e Coffeyville. 30 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 “Num prazo de 15 anos passamos a ser a maior empresa independente de lojas de miudezas nos Estados Unidos. Em 1960 estávamos fazendo US$ 1,4 milhão em 15 lojas” (Walton, 1993, p. 38). O grupo crescia, mas o resultado líquido não era satisfatório. Porisso, Sam e seus executivos, buscando uma alternativa mais rentável e lucrativa, interessaram-se pelos supermercados. Na época, o autosserviço expandia- se nos EUA, o que levou os novos empreendedores a experimentarem esta forma de varejo. Em 2 de julho de 1962 inaugurou-se a primeira loja Walmart, em Rogers. Passados dois anos, foram abertas outras duas, em Springdale e em Harrison. “Em princípios da década de 1960 tínhamos 18 lojas de miudezas, sob os nomes de Bem Franklin e Walton e um punhado de Walmarts. As lojas de miudezas, aos poucos, foram substituídas por Walmarts” (Walton, 1993, p. 48). Em 1970 a empresa tinha 78 sócios, um total de 32 lojas, cada uma representando uma combinação diferente de capital entre diversos investidores. A família Walton era a maior acionista, mas Sam e Helen estavam muito endividados e por isso decidiram transformar a Walmart em sociedade anônima. O primeiro lote de 300.000 ações foi vendido em 1º de outubro de 1970, a US$ 16,50 cada, para cerca de 800 acionistas, arrecadando US$ 4,95 milhões. “A família Walton ficou com 61% da Walmart, mas pudemos pagar a todos os banqueiros e, a partir de então não tomamos um tostão emprestado, pessoalmente, para manter a empresa. A abertura do capital realmente liberou a empresa para crescer e tirou dos meus ombros um grande peso” (Walton, 1993, p. 89). 31 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 A estratégia para o crescimento acelerado, adotada daquele momento em diante, continuou seguindo a prática anterior. O foco de crescimento se manteve a partir das pequenas cidades. O centro administrativo ficava em Fayetteville, no Arkansas, de onde partiam para ocupar os espaços vizinhos. Cada loja devia ficar, no máximo, a um dia de um centro de distribuição. “Íamos o mais longe possível de um armazém e abríamos uma loja. A partir daí enchíamos o mapa daquele território, estado a estado, condado a condado, até que tivéssemos saturado aquela área de mercado” (Walton, 1993). Essa estratégia serviu para expandir a empresa para outros estados, mantendo Fayetteville como sede, até que, logo após a morte do fundador, a Walmart atingiu os 50 estados norte-americanos. Estando o foco de atuação voltado para as pequenas cidades, buscou-se adaptar o tamanho das lojas aos potenciais consumidores de cada local. Adotavam-se cinco tamanhos diferentes, variando entre 2.700 e 3.500 m2 e dificilmente deixavam de lado um mercado por ser pequeno demais. Como acontece frequentemente nas empresas familiares, de início Sam acompanhava pessoalmente todos os contratos para aquisição de terrenos e abertura de novas lojas, assim como as tarefas administrativas internas, desde a comercialização, passando pelas operações imobiliárias, estudo da concorrência, financiamentos, contabilidade. Uma das atividades que dava prazer a Sam era visitar as lojas e conversar com clientes, funcionários e gerentes. Quando a empresa cresceu, manteve este hábito, comprando aviões para facilitar seu deslocamento, 32 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 mas introduziu a prática de reunir todos os gerentes de lojas e os gerentes regionais nas manhãs de sábado. “É nas reuniões das manhãs de sábado que discutimos grande parte de nossa filosofia e de nossa estratégia administrativa: é o ponto focal de todos os nossos esforços de comunicação” (Walton, 1993, p. 148). Pelo fato de atuarem em pequenas cidades, longe dos grandes centros urbanos e serem uma pequena cadeia de lojas, eram ignorados pelos distribuidores e atacadistas. Para contornar este fato, tiveram que organizar seu próprio sistema de distribuição. Além disso, precisavam de produtos de grandes companhias, como a Procter & Gamble, sendo que estas podiam muito bem vender as próprias mercadorias sem contar com a Walmart. Buscando resolver seus problemas de fornecimento e a um custo cada vez mais baixo, a partir de 1987, começou uma mudança no relacionamento entre as empresas produtoras e os varejistas. A Walmart propôs uma reunião entre os dez principais dirigentes de sua empresa com os da Procter & Gamble em Bentonville para dois dias de reflexões. Dentro de três meses tinham criado uma equipe P&G-Walmart para estabelecer um novo relacionamento entre fabricante e varejista. Com a partilha de informações, a P&G podia monitorar os dados de vendas e estoques da Walmart e usar essas informações para preparar seus planos de produção e embarque de maneira muito mais eficiente. Se no início os fornecedores não tinham interesse em vender seus produtos à Walmart, quando a empresa cresceu esta realidade inverteu-se. Ao se tornar a maior distribuidora dos EUA, passou a pressionar os fornecedores para diminuírem constantemente seus 33 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 preços. Hoje diz-se que “nos EUA o poder de barganha da Walmart é temido por todos os fornecedores” (Diniz, 2004, p. 51). Talvez a característica mais marcante em Sam Walton tenha sido sua curiosidade e capacidade de analisar e conhecer as melhores práticas dos concorrentes e adaptá-las para seu negócio. “A Kmart sempre me interessou, desde a primeira loja em 1962. Eu ia constantemente às suas lojas porque eram um laboratório e eles eram melhores do que nós. Passei grande parte do meu tempo andando pelas suas lojas, conversando com seu pessoal e tentando descobrir como faziam as coisas” (Walton, 1993, p. 172). Esta atitude Sam manteve até o final da vida. No início da década de 1980, percorreu a Alemanha, França, Itália, África do Sul, Grã Bretanha, Austrália e América do Sul. Voltou impressionado “com as gigantescas lojas Carrefour no Brasil” (Walton, 1993, p. 180). A partir desta observação, decidiu lançar nos EUA os Hypermart, grandes lojas com mercearia e mercadorias em geral sob o mesmo teto. Entretanto, nos EUA os Hypermarts não se mostraram lucrativos o suficiente para se manterem funcionando. A partir desta experiência, a Walmart desenvolveu o conceito dos Supercenters, combinação de mercearia e comercialização em geral, com tamanhos menores que os Hypermart. Este novo modelo de loja foi a base da forte expansão da empresa a partir do início da década de 1990. No seu processo de crescimento, a Walmart sofria pressões para envolver-se em negócios que não tinham nada a ver com o comércio, como as atividades industriais e serviços financeiros. David Glass, um de 34 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 seus principais dirigentes, afirma que Walton e sua equipe estabeleceram a estratégia de investir apenas no comércio. “Desde cedo assumimos o compromisso de que nunca entraríamos em qualquer área que não fosse a de nosso negócio específico. Sabíamos fazer o que estávamos fazendo e juramos que continuaríamos a fazer a mesma coisa. Tudo estaria bem enquanto a Walmart se mantivesse focada em sua única capacidade essencial, lançando boas lojas uma após a outra” (Slater, 2003, p. 70). Sem abrir mão desta estratégia, a Walmart manteve-se aberta às novidades e necessidades no comércio. Atualmente trabalha com diversos formatos de lojas, desde os Sam’s Clubs, passando pelas lojas de desconto, supercenters e mercados de vizinhança. Se os Hypermarts foram abandonados, o mesmo não se pode dizer dos Sam’s Clubs. Trata-se de um conceito de loja do tipo armazém, destinado a proprietários de pequenos negócios e outros clientes que compram mercadorias por atacado. A primeira foi inaugurada em 1983 e, nove anos depois, já havia 217, com um faturamento de 10 bilhões de dólares. Apesar do grande território norte-americano e de disputar o maior mercado do mundo, a Walmart, em tempos de globalização, pensou em ser muito mais que uma empresa local.Sua internacionalização se impôs, na medida em que estava pronta para disputar o mercado mundial. Este foi o desafio que se apresentou na passagem da década de 1980 para a de 1990. O próprio fundador iniciou este processo, apesar de ter centrado suas atenções no mercado americano. No final de sua vida, afirmou “não sei se a Walmart pode manter realmente a nossa posição de liderança 35 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 ficando apenas nos EUA. Acho que teremos de nos transformar numa companhia mais internacional num futuro não muito distante” (Walton, 1993, p. 184). Em abril de 1992, mês da morte de Sam Walton, a Walmart, contava com 371.000 empregados, operava 1.714 lojas e 208 Sam’s Clubs, nos Estados Unidos, mas tinha apenas seis supercenters e suas unidades no exterior limitavam-se ao México (Dalla Costa, 2005). Varejo de serviços O mais comum, quando se pensa em varejo, é relacionar a atividade à venda de produtos tangíveis, como alimentos, livros ou perfumes. Porém, uma boa parte das atividades do setor se relaciona à prestação de serviços, como academias de ginástica, mecânica de automóveis, salões de beleza, lan houses, aluguel de carros etc. O mercado das atividades varejistas referente à prestação de serviços perfaz uma parcela importante da economia e por isso tem sido cada vez mais objeto de estudo dos especialistas em varejo. Vários são os tipos de varejos de serviços, que podem ser totalmente puros, como é o caso das clínicas de estéticas e podem ainda mesclar a venda de produtos com a prestação de serviços, como é o caso dos restaurantes. Produtos e serviços diferem bastante em suas características. A questão da posse é uma das características dos serviços que os difere radicalmente da venda produtos. Quando você vai à academia de ginástica, você paga pela utilização dos equipamentos e pela assessoria dos professores, já se você for a uma loja de equipamentos de ginástica, poderá comprar uma esteira para praticar o exercício em casa. No primeiro caso você paga para usufruir 36 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 de um benefício, já no segundo caso, você paga pela posse de um bem. Existem, então cinco diferenças básicas entre serviços e produtos: • Simultaneidade ou Inseparabilidade: A prestação do serviço e o seu consumo acontecem ao mesmo tempo. Além disso, os serviços não podem ser estocados, como acontece com os bens físicos. Você só percebe realmente como é a comida e o atendimento de um restaurante no momento em que pede a comida e a consome. • Intangibilidade: os serviços não podem ser vistos, cheirados, tocados antes de seu consumo. Podem ser experimentados antes, como uma pequena amostra. As academias de ginástica, por exemplo, convidam clientes potenciais para frequentarem o estabelecimento por curto período de tempo para conhecerem as instalações e os treinadores para demonstrar a qualidade do serviço e do atendimento oferecidos. O grau de intangibilidade depende: — Da forma da prestação do serviço: - Continuidade: alguns serviços precisam ser contínuos como é o caso da venda de seguros de automóveis que tem uma vigência por um determinado período de tempo, normalmente de um ano. O prestador do serviço precisa garantir a existência dos serviços e o atendimento durante o período de tempo contratado pelo cliente. - Necessidade de uma posse anterior: os serviços de entrega de encomendas requerem a existência e posse por parte do cliente de uma mercadoria. O site Submarino precisa de serviços de entrega de suas mercadorias a partir do momento em que o cliente faz uma compra. 37 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 - Componente simbólico: as passagens áreas (bilhetes) são os componentes simbólicos da viagem. A tangibilidade da compra pelo direito de viajar se estabelece com a emissão do bilhete ou de algum outro documento que oficialize a compra. — Da existência de um instrumento de entrega: quando você aluga um filme para assistir, você recebe um DVD ou faz um download em seu microcomputador para poder receber o material; A intangibilidade em serviços requer o gerenciamento de tarefas que agreguem evidências concretas aos serviços para tangibilizá-los e facilitar o entendimento por parte do cliente dos serviços, suas características, padrão de qualidade etc. A tangibilidade pode ser conseguida por meio da aparência das instalações, do treinamento dos funcionários, da qualidade dos equipamentos e do material de comunicação, das características da logomarca, da faixa de preço entre outros. • Perecibilidade: como já foi dito, não é possível estocar os serviços. A infraestrutura e a quantidade de pessoal deve ser planejada para atender a demanda. Porém, em caso de serviços de demanda instável, esse planejamento pode ser crítico, portanto, a instabilidade da demanda deve ser administrada. A administração de demanda instável pode ser feita por meio de precificação diferenciada para diferentes horários. É o que as companhias aéreas fazem com os horários de voos menos procurados. Normalmente, as companhias oferecem passagens a preços mais baixos nesses casos. Outra forma de administrar a demanda instável é verificar como otimizar períodos ociosos. Os hotéis voltados para executivos em negócios costumam oferecer serviços diferenciados combinados 38 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 a tarifas especiais para as diárias de finais de semana, na tentativa de alavancar consumo nesse período. Os arquivos digitais on-line possibilitam o uso repetido dos serviços. Ao contrário dos produtos e serviços off-line, podem ser consumidos repetidamente, sem se esgotarem, e ainda, podem ser repassados (através de cópias) e retidos simultaneamente. Exemplo desses serviços são os downloads de músicas, filmes e softwares. • Não propriedade: em serviços não há transferência de propriedade. Este conceito vale tanto para serviços on-line, como para serviços off-line. O cliente, ao contratar um serviço, recebe o direito de usufruir do mesmo. Quando você vai a uma clínica de estética, você paga pelo serviço e não pela posse do material ou das instalações. Significa ainda que mais de um consumidor pode acessar ou receber o mesmo serviço simultaneamente, sem que haja prejuízo ou interferência para ambos. • Variabilidade ou heterogeneidade: este talvez seja um dos fatores mais críticos ao se administrar a prestação de serviços de qualquer natureza. Os serviços são prestados por pessoas, que por sua vez têm características diferentes. Assim, manter a uniformidade na entrega dos serviços deve ser uma preocupação constante que deve ser gerenciada por meio do investimento em treinamento da equipe, padronização dos processos e acompanhamento da satisfação do cliente. É bastante comum o cliente dar preferência pelo atendimento de determinado funcionário. Isto é bastante comum em restaurantes, salões de beleza, mecânica de automóveis. Os serviços são ainda classificados pela sua categoria. Veja o quadro 1 a seguir. 39 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Quadro 1: Categorias dos mix de serviços e tipos de serviços oferecidos Categoria dos mix de serviços Tipos de serviços Bem tangível associado a serviços Computadores + montagem + assistência técnica + SAC Oferta híbrida Produto + serviços. Ex. restaurante Serviço principal associado a bens e serviços secundários Transporte aéreo = transporte + alimentos e bebidas + jornais e revistas Serviço puro A oferta é só de serviços. Ex. psicoterapia, baby sitter etc. Quadro criado pela autora Varejo sem loja Apesar da clara tendência percebidano crescimento do varejo sem loja, a maior parte dos bens comercializados ainda é feita em estabelecimentos físicos. Porém, o conselho de diversos analistas de varejo é que os varejistas tradicionais monitorem fortemente o crescimento desta modalidade. Tradicionais varejistas, controladores de grandes redes, já deram início, por exemplo, à operação virtual (como é o caso das Casas Bahia), que é um dos modelos de venda não baseada em loja física. O varejo sem loja aplica estratégias de marketing diferentes das utilizadas no varejo com loja. Apesar da maior parte do varejo ser praticado por meio de estabelecimentos, existem quatro modelos de varejo sem loja que são o marketing direto, as vendas diretas, as máquinas de venda (venda automática) e o varejo virtual. Vamos entender como é cada um destes modelos. Marketing direto O marketing direto é uma forma de relacionamento interativo entre vendedor e cliente. No marketing direto, a organização utiliza um ou mais meios de comunicação para entrar em contato com o 40 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 cliente e efetivar o pedido de compra. O varejista se comunica com o cliente por meio de catálogos enviados por mala direta, ou comunica suas ofertas por meio da mídia impressa (jornais, revistas) e mídia eletrônica (TV, rádio, Internet). Os clientes entram em contato com o varejista por meio de telefone, correio, e-mail, site. Esta modalidade é interessante para atender clientes que tenham dificuldade de encontrar o que desejam nas suas regiões, e ainda atendem aqueles que procuram conveniência, economia de tempo ou ainda que não desejam se locomover para realizar compras. O marketing direto demorou a se consolidar no Brasil por causa do longo período inflacionário que dificultava a produção de uma tabela de preços coerente com a realidade econômica do momento da compra. Além da estabilidade econômica, os avanços tecnológicos contribuíram fortemente para o crescimento desta modalidade, como o advento da World Wide Web – a rede mundial de computadores. Vendas diretas A modalidade de varejo chamada venda direta tem como características principais o contato pessoal entre vendedor e cliente e a realização deste contato, geralmente, na casa do cliente. Algumas organizações são muito conhecidas por este tipo de operação, como a Avon e Amway. Se por um lado a conveniência do não deslocamento por parte do cliente é um forte atributo para este modelo, por outro lado, as mulheres, as maiores clientes deste segmento estão a cada dia mais se dedicando ao trabalho fora de casa, impossibilitando o crescimento deste tipo de operação. Porém, a venda direta é bastante vantajosa uma vez que o processo de decisão pela compra é facilitado pela interação pessoal e pela menor oferta de marcas se comparado com as vendas em lojas. Máquinas automáticas de vendas Com essas máquinas, também chamadas de vending machines, a venda acontece sem interação nenhuma entre vendedor e cliente 41 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 e diversos tipos de produtos podem ser comercializados. Os produtos mais comuns neste tipo de venda são bebidas, como refrigerantes, sucos e cafés, além de salgadinhos. O pagamento é feito em dinheiro, cartão de débito e crédito ou com fichas compradas antecipadamente. O setor de serviços e, em especial, os estacionamentos, já estão se utilizando deste tipo operação. A maior vantagem desta operação é a oferta 24 horas do produto ou serviço. Mas o gerenciamento de reposição de produtos, manutenção das máquinas e coleta de valores (dinheiro ou fichas) deve ser cuidadosamente planejado e executado. Varejo virtual O varejo virtual é a modalidade de venda de produtos e serviços por meio da World Wide Web e é também conhecido como comércio eletrônico. O termo comércio eletrônico (também chamado de e-commerce) é, segundo Seybold (2000), usado amplamente e designa qualquer tipo de aplicação de negócios com o uso da tecnologia da internet. Assim como no mundo físico, o comércio é apenas um das modalidades dos os aspectos dos negócios eletrônicos. A utilização da internet para aplicações empresariais deu início às operações de vendas. Para Porto (2000), “A comercialização de produtos e serviços via internet faz parte da evolução tecnológica do marketing direto, que, por sua vez, é uma das modalidades do varejo sem loja”, conforme figura 3. Fabricante Atacadista Varejista Consumidor final Sem loja Com loja Ca na l d e M ar ke tin g Marketing Direto Vending Machines Vendas diretas Catálogo, revista, jornal,mala direta TV e rádio Telefone Varejo eletrônico (internet/computador) Figura 3 – Canais de Marketing Fonte: Porto, Roseli Morena, Internet e Varejo Virtual. In: Varejo no Brasil: Gestão Estratégica. Atlas, São Paulo, 2000. 42 Unidade I Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 É importante lembrar que comércio eletrônico não é a mesma coisa que E-business ou negócio eletrônico. Breternitz (2005) explica essa diferença da seguinte forma: A expressão comércio eletrônico é muitas vezes usada como sinônimo de e-business, porém, na realidade, é apenas a compra e venda de produtos e serviços pela internet, podendo ser classificado como do tipo business to business (B2B, negócios entre empresas), Business to Consumer (B2C, compra pelo consumidor final) e outros. Sob esse título pode ser enquadrado também o e-procurement, que trata dos processos completos de aquisição de bens e serviços por meios eletrônicos. Existem diferentes modelos de comércio eletrônico. O mais comum é o Storefront Model, o modelo das lojas eletrônicas como o da Livraria Cultura e das Lojas Americanas. Este modelo é o de formatação mais básica para a interação entre varejista e consumidor. A operação consiste em combinar processamento de transação, segurança, pagamento on-line e informação. O gerenciamento deste modelo abrange a organização de um catálogo on-line, o recebimento do pedido por meio do próprio web site, formas seguras de pagamento, processo de envio de comunicação para o consumidor e gerenciamento das informações sobre os consumidores. Para suportar essas operações, o web site precisa ter sistemas que permitam ao consumidor efetuar o pedido de um produto e voltar ao catálogo para que o consumidor possa efetuar novos pedidos, acumulando os itens selecionados em uma única conta ou cesta. Para esse processo utiliza-se o shopping-cart technology ou “carrinho de compras virtual” em que o consumidor vai depositando os produtos escolhidos e simultaneamente sua conta vai sendo calculada, incluindo o cálculo do frete, descontos e outros benefícios, como se ele já estivesse passando pelo caixa, ou se estivesse sendo acompanhado por um vendedor que vai relacionando os itens selecionados. 43 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Re vi sã o: L ea nd ro - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 12 /1 0 Vamos ver a seguir outros modelos de lojas virtuais: On-line Shopping Malls Centros de compras que reúnem várias lojas independentes que dividem o um mesmo shopping-cart e resultam em uma única conta final para o consumidor. A diferença é que o consumidor encontra em um mesmo lugar diferentes categorias de produtos e serviços sem ter que visitar diferentes web sites. Auction Model ou e-Auction É a exposição de um produto por um determinado período de tempo que recebe lances dos consumidores interessados, conforme regras predefinidas para a participação. Ao final, o produto é vendido pelo maior lance oferecido. O Mercado Livre e os sites de leiloeiros oficiais são alguns exemplos. Nesse caso, surge um segundo modelo de negócio – o peer-to-peer – que pode ser realizado entre empresas e consumidores ou entre consumidores. O vendedor assume todo o processo
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