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Autor: Profa. Ms Cláudia Ferretto Palladino Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Profa. Lérida Gherardini Malagueta Prof. Livaldo dos Santos Marketing de Varejo e Negociação Professora conteudista: Cláudia Ferretto Palladino Mestra em Administração de Empresas, com ênfase em marketing, pela PUC‑SP (2008), MBA em e‑business pela FGV‑Management (2001) e bacharel em Comunicação Social com habilitação em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing/SP (1986). É professora da Universidade Paulista (UNIP) desde 2003, atuando nos cursos superiores de tecnologia, de ensino a distância e de pós‑graduação. É também autora de livros‑textos das áreas de marketing e comunicação. Acumula, ainda, mais de vinte e cinco anos de experiência profissional, tendo atuado nas áreas de marketing e comunicação corporativa em empresas de segmentos diversos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P154m Palladino, Cláudia Ferretto Marketing de Varejo e Negociação / Cláudia Ferretto Palladino. – São Paulo: Editora Sol, 2013. 192 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑019/13, ISSN 1517‑9230 1. Marketing. 2. Varejo. 3. Negociação. I.Título. CDU 658.87 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Andréia Andrade Carla Moro Lucas Ricardi Sumário Marketing de Varejo e Negociação APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 MARKETING DE VAREJO ..................................................................................................................................9 1.1 Tipos de varejistas ................................................................................................................................ 11 1.2 Estrutura e níveis do canal ............................................................................................................... 14 1.3 Sistemas de marketing e fluxos de varejo .................................................................................. 16 1.4 Classificação e formatos varejistas ............................................................................................... 18 1.5 Teorias de evolução no varejo ......................................................................................................... 32 2 ESTRATÉGIAS EM VAREJO ............................................................................................................................ 35 2.1 Estratégias aplicadas ao varejo ....................................................................................................... 35 2.2 Táticas em varejo .................................................................................................................................. 42 Unidade II 3 PREÇO EM VAREJO ......................................................................................................................................... 48 3.1 Objetivos de preço ............................................................................................................................... 49 3.2 Política de preços ................................................................................................................................. 50 3.3 Táticas de preços no varejo .............................................................................................................. 54 3.4 Métodos de precificação e margens ............................................................................................. 56 3.5 Composição do mix de produtos ................................................................................................... 62 3.6 Decisões estratégicas ......................................................................................................................... 63 3.7 Fatores de influência no mix de produto ................................................................................... 67 3.8 Decisões táticas em varejo ............................................................................................................... 69 4 COMPRAS, ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE MERCADORIAS ............................................. 71 4.1 Previsão de vendas .............................................................................................................................. 71 4.2 Métodos de definição de estoque ................................................................................................. 73 4.3 Fatores de influência do nível adequado dos estoques ........................................................ 76 4.4 Planejamento de compras ................................................................................................................ 77 4.5 Distribuição e reposição rápida de mercadorias ...................................................................... 81 Unidade III 5 COMUNICAÇÃO DE MARKETING NO VAREJO ...................................................................................... 94 5.1 Objetivos dos esforços promocionais ........................................................................................... 96 5.2 As ferramentas de comunicação de marketing ....................................................................... 97 5.2.1 Propaganda ............................................................................................................................................... 97 5.2.2 Promoção de vendas e merchandising ........................................................................................101 5.2.3 Vendas pessoais .....................................................................................................................................108 5.2.4 Marketing direto ...................................................................................................................................112 5.2.5 Relações públicas ..................................................................................................................................114 6 APRESENTAÇÃO E EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E LAYOUT DE LOJA ...........................................117 6.1 Atmosfera ..............................................................................................................................................117 6.2 Apresentação externa e interna da loja ....................................................................................121 6.3 Layout de loja ......................................................................................................................................127Unidade IV 7 VAREJO ELETRÔNICO ...................................................................................................................................135 7.1 Atratividade e retenção de clientes em lojas virtuais .........................................................138 7.2 Riscos percebidos em compras virtuais .....................................................................................139 8 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO ......................................................................................................................140 8.1 Definição e conceituação ................................................................................................................140 8.2 Habilidades para a negociação .....................................................................................................142 8.3 Planejamento da negociação ........................................................................................................143 8.4 Estratégias de negociação ..............................................................................................................145 8.5 Negociação e ética .............................................................................................................................147 8.6 Conflito ...................................................................................................................................................148 8.7 Estilos de negociação .......................................................................................................................150 8.8 Negociação internacional ...............................................................................................................156 8.9 Casos práticos de negociação e solução de conflitos .........................................................164 7 APRESENTAÇÃO A disciplina Marketing de Varejo e Negociação visa à apresentar os conceitos de varejo e suas classificações para que você, aluno, possa entender as necessidades desse segmento e as principais decisões mercadológicas, tendo como base o estudo do composto de marketing. Além disso, a disciplina tem também o intuito de desenvolver habilidades e competências para a condução de negociações, prática inerente a um gestor de atividades varejistas. Este livto‑texto, portanto, foi desenvolvido de forma a desmistificar as teorias do varejo e sua aplicabilidade no mercado atual, apresentando estratégias mercadológicas específicas, com base em um cenário de negociação para a manutenção da competitividade do negócio. Ao longo do seu estudo, você tomará conhecimento das formas existentes de varejo e suas vantagens e aprenderá como administrar esse tipo de estabelecimento, entendendo as funções necessárias na administração varejista, como compras e abastecimento, precificação, distribuição e comunicação. Com relação ao assunto negociação, este livro‑texto aborda os principais perfis de negociadores e as estratégias que podem ser aplicadas a cada caso. Vale lembrar que diversos textos complementares são apontados para aprofundamento de seu conhecimento. Bons estudos! INTRODUÇÃO A atividade de varejo vem assumindo, de forma contínua e crescente, um papel de relevante importância no cenário empresarial brasileiro e mundial. Esse crescimento é validado não só pelos números referentes a volumes de vendas (superiores a R$ 100 bilhões, que representam mais de 10% do PIB), como também pela adoção de avançadas técnicas de gestão somadas ao que há de mais moderno em soluções e ferramentas de tecnologia da informação. Na década de 1990, o setor varejista construiu um intenso processo de transformação que atingiu seu ápice na primeira década de 2000, fazendo com que diversas empresas varejistas passassem a fazer parte do grupo das maiores empresas do Brasil. O segmento do varejo é dinâmico e requer observação constante. Em função das mudanças das necessidades sociais (empresas e pessoas), novos formatos surgem para que a distribuição de produtos e serviços responda com eficácia tanto aos objetivos de negócios como às aspirações dos consumidores. Por esses motivos, faz‑se necessário entender as diferentes modelagens e sua evolução tanto para a administração dos negócios existentes como para a rápida resposta às necessidades de mudanças. 9 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Unidade I 1 MARKETING DE VAREJO Introdução Diversos autores desenvolveram definições para o termo varejo. Las Casas (2006) explica, por exemplo, que ele é utilizado para identificar os setores do comércio que vendem diretamente para os consumidores finais. Quando uma organização, seja ela fabricante, atacadista ou varejista, faz uma venda diretamente para o consumidor final, está exercendo uma atividade varejista. A atividade de varejo pode ser realizada por diversos meios (pessoalmente, por telefone, pela internet, por máquinas de vendas) e em diferentes lugares (lojas, ruas, em domicílio). Lembrete Os varejistas, então, são organizações que fazem a intermediação da venda de bens entre a indústria e os consumidores ou entre atacadistas e consumidores. O varejista é um prestador de serviços que, além de vender, tem a função de selecionar mercadorias que sejam do interesse dos seus consumidores e providenciar meios de pagamento, embalagem, serviços de entrega, entre outros. Seguindo esse raciocínio, vamos analisar a proposição de varejo feita por Kotler (2000, p. 540): O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou uma loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha principalmente da venda de pequenos lotes no varejo. Observação O gerenciamento do varejo é, portanto, uma ação que leva o varejista a determinar as necessidades de seus mercados‑alvo, bem como a satisfação de suas necessidades de forma mais eficaz e eficiente que seus concorrentes. 10 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 Parente (2011, p. 22) explica que o varejo “[...] consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade do consumidor final”; e ainda que “o varejista é qualquer instituição cuja atividade principal consiste no varejo, isto é, na venda de produtos e serviços para o consumidor final”. Veja que a definição de varejo, muitas vezes, inclui a atividade de serviços, conforme Daud e Rabello (2007, p. 23): “A atividade de varejo consiste em vender produtos e serviços diretamente aos consumidores finais. Trata‑se de uma atividade híbrida, pois são raros os que vendem apenas produtos, assim como aqueles que comercializam apenas serviços”. Mesmo quando um atacadista ou o próprio fabricante vende diretamente para o consumidor final, trata‑se de uma atividade de varejo, embora essas organizações não sejam consideradas varejistas, por não ser o varejo a sua atividade principal. A diferença entre o varejista e o atacadista se estabelece no processo de venda. O atacadista faz vendas institucionais, ou seja, vende para outras organizações que compram os produtos para serem revendidos. O varejista, então, é um intermediário que faz parte de todo o processo de distribuição de um produto, podendo comprar dos fabricantes ou dos atacadistas. Ele compra, estoca e entregaprodutos para os consumidores finais, agindo como um facilitador na distribuição dos produtos para os consumidores finais. Lembrete O termo consumidor é utilizado genericamente para referir‑se às pessoas físicas ou jurídicas que compram produtos e serviços das organizações. Já o termo consumidor final é uma referência às pessoas físicas que adquirem pequenas quantidades para uso e consumo próprios (DAUD e RABELLO, 2007). Figura 1 11 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO As atividades do comércio varejista têm especial importância ao lado de outros segmentos, pela sua significativa parcela de responsabilidade na geração de empregos e na movimentação da economia do país. Saiba mais Veja como o varejo do Brasil se tornou foco do mercado mundial. Acesse: <http: / /www.mundodomarket ing .com.br/ imprimirmater ia . php?id=13339>. 1.1 Tipos de varejistas Quando você precisa comprar alguma coisa, geralmente tem várias opções de estabelecimentos comerciais para escolher. Para comprar uma blusa, por exemplo, você pode optar por uma loja especializada, que pode pertencer a uma rede como a C&A, ou por uma loja menor independente. Você pode até encontrar opções em hipermercados ou ainda comprar pela internet ou por catálogos. Existem, no mercado, diversas modalidades de varejo – variações no tamanho da loja, no mix de produtos, no tipo de atendimento –, que podem ser negócios com e sem estabelecimentos físicos (lojas) e organizações de varejo. Veja, a seguir, modalidades existentes de varejo, tanto no Brasil como em outros países: Lojas de especialidade Oferecem uma linha restrita de produtos com grande variedade. Podem ser lojas de vestuário, artigos esportivos, móveis, entre outras, como O Boticário e World Tennis. Lojas de departamentos Apresentam várias linhas de produtos, como roupas, eletrodomésticos, utensílios domésticos, perfumaria etc. As lojas Americanas e Pernambucanas são exemplos de lojas de departamentos. Supermercados São estabelecimentos de operação de autosserviço, com baixo custo, margens baixas e alto volume. Pão de Açúcar, Zona Sul, Bom Preço e Imperatriz são estabelecimentos tradicionais nessa operação. 12 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 Figura 2 – Supermercado São lojas pequenas, localizadas próximas de áreas residenciais, que funcionam em horário prolongado, oferecendo linha limitada de produtos, itens de alta rotatividade e preços ligeiramente mais altos, como a Seven‑Eleven e a AmPm. Lojas de descontos Essas lojas vendem mercadorias‑padrão a preços mais baixos, com margens menores. As lojas de descontos migraram para o modelo de especialidade, oferecendo artigos esportivos, calçados, roupas de cama, mesa e banho etc. Esse modelo é bastante comum nos Estados Unidos; no Brasil, esses empreendimentos normalmente pertencem a fabricantes ou lojistas que escoam seus excessos de produção e estoque por meio dessa modalidade de negócio. Varejistas off-prices (de liquidação) Vendem normalmente as sobras de mercadorias que são adquiridas pelo varejista a preços inferiores aos praticados regularmente pelo atacado. A rede Galinha Morta, de São Paulo, começou como um modelo de varejista off‑price. Normalmente, as grandes cidades apresentam algum tipo de varejista off‑price, principalmente nos ramos de roupas e calçados. Os varejistas off‑price ainda podem ser divididos em: • lojas de fábrica: pertencem ao fabricante, que também opera o negócio. Vendem a preços baixos sobras de estoque, itens com pequenos defeitos ou que saíram de linha; • lojas independentes de descontos: podem pertencer a grandes empreendedores ou a grandes organizações de varejo. 13 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Clube de atacadistas Apresentam uma seleção limitada e específica de produtos que são vendidos com descontos especiais para seus sócios (para participar da compra, o cliente, normalmente, associa‑se ao clube, pagando uma taxa que pode ser única ou anual). São exemplos: Makro e Sam’s Club. Superloja São lojas que ocupam grandes espaços (3.500 m² em média) e vendem muitas e diferentes linhas de produtos, que podem ser alimentícios ou não, e também agregam diversos serviços, como lavanderia, conserto de roupas etc. Showroom de vendas por catálogos Apresentam ampla variedade de produtos de alto preço e rotatividade que são vendidos com descontos. O cliente procura e seleciona a mercadoria em catálogos e retira o produto na própria loja, em área específica. Figura 3 – Showroom de instrumentos musicais Novos modelos de varejo são criados continuamente para atender às variações ambientais, como as necessidades dos consumidores e os avanços da tecnologia. Na esteira das mudanças ambientais, surgiu, na virada do milênio, o varejo eletrônico. As variações ambientais também influenciam os ciclos de vida do varejo. Os diversos tipos de varejo apresentam um ciclo formado pelos estágios de introdução, crescimento e declínio, assim como os produtos e serviços. O ciclo de vida do varejo será abordado por esta disciplina pouco mais adiante. Atualmente esse ciclo tem sido mais rápido; já os formatos mais antigos, como as lojas de departamentos, levavam muito mais tempo para crescer e amadurecer. Os novos modelos de varejo surgem, entre outras razões, para elevar suas receitas e diminuir seus custos operacionais, o que desencadeia o surgimento de outros formatos que oferecem preços mais baixos, porém sem o oferecimento de 14 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 serviços. As necessidades dos consumidores também provocam a criação de novos formatos, fazendo com que os varejistas se posicionem para oferecer níveis diferentes de serviços, tais como: • autosserviço: esse modelo é a base para as operações de desconto. O cliente, nesse caso, no intuito de gastar menos, precisa estar disposto a procurar, comparar e selecionar os produtos; • seleção: nesse caso, os clientes também procuram, comparam e selecionam os produtos, mas podem contar com a ajuda de um vendedor, a quem pagam pelo item adquirido; • serviço limitado: normalmente muitos itens estão expostos, mas os compradores precisam de mais ajuda dos vendedores para encontrar e selecionar os produtos. Nesses casos, os clientes contam também com mais serviços, como crédito e processos mais simples de devolução; • serviço completo: nesse modelo, os vendedores estão preparados para atender o cliente em todas as fases do processo de compra (procurar, comparar e selecionar os produtos). Esse modelo perfaz um varejo de alto custo devido às grandes despesas com pessoal, maior quantidade de produtos especializados e mercadorias com baixa movimentação. 1.2 Estrutura e níveis do canal Figura 4 – Mercado Para que o produto chegue até o consumidor, vários canais de marketing podem ser utilizados, assim como o varejista, que também é um intermediário e, portanto, participade todo o processo de distribuição de um produto, comprando de fabricantes ou atacadistas e estocando e entregando os produtos aos consumidores finais. 15 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Lembrete Canais de marketing também podem ser chamados de canais de distribuição, cadeia de fornecimento, cadeia de suprimento, supply chain, cadeia de abastecimento ou canal de comercial. O papel do varejista é facilitar o acesso dos consumidores aos produtos, bem como viabilizar a distribuição dos produtos fabricados pelas indústrias. A proximidade do varejista com os consumidores finais estabelece para o varejo um papel importante de identificador das necessidades dos consumidores finais e na definição do que deverá ser produzido. Veja, na figura a seguir, os diferentes níveis de canais de marketing que podem ser utilizados para a distribuição de bens de consumo, a fim de que o produto chegue até o cliente final. Note que, por estarmos estudando a distribuição no varejo, é o atendimento do consumidor final. Assim, a figura refere‑se exclusivamente ao fluxo entre indústria e pessoas que compram para uso sem fins comerciais. Fabricante Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor Fabricante Fabricante Fabricante Atacadista Agente Atacadista VarejistaVarejistaVarejista Figura 5 – Canais de marketing de bens de consumo A figura mostra o fluxo dos produtos entre o fabricante e consumidor final. A estrutura de nível 0 não apresenta intermediários. É o caso do fluxo de produtos de empresas como a Avon e a Natura, que vendem diretamente aos consumidores finais, por meio de uma força de vendas. Um único tipo de intermediário é ilustrado pela estrutura de nível 1, cujo exemplo é dado quando a Nestlé vende seus produtos para os supermercados (que são varejistas) e estes os vendem para o consumidor final. A estrutura de nível 2 contempla a participação de dois intermediários – o atacadista e o varejista; nesse caso, o fabricante vende seus produtos para o atacadista (Makro, por exemplo), que os revende para os varejistas (os supermercados), que por sua vez os revendem aos consumidores finais. Se entre o 16 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 fabricante e o atacadista tiver mais um intermediário, que pode ser um importador ou uma organização especializada no atacado de alimentos, a estrutura será de nível 3. Lembrete Os intermediários não só têm o papel de distribuir os produtos, mas também assumem funções que colaboram com a gestão da cadeia, ora viabilizando os próprios negócios dos fabricantes, ora assumindo funções‑chave. Com a utilização de intermediários, os fabricantes podem repassar aos distribuidores os investimentos na infraestrutura necessária para o atendimento do consumidor, como é o caso da venda de carros. Nesse caso, as montadoras repassam para as revendas as atividades de atendimento, promoção, assistência técnica e outros serviços. Além disso, podem ainda viabilizar a distribuição de produtos de baixo valor em áreas distantes do ponto de fabricação, como é o caso da distribuição de guloseimas, e ainda imprimir mais foco no negócio de fabricação, o que pode ter um retorno mais significativo que investir em distribuição. Com relação às funções assumidas pelos intermediários na distribuição dos produtos, podemos destacar: • reunir informações sobre os clientes regulares e potenciais, bem como sobre os concorrentes e demais participantes do ambiente. A proximidade entre o intermediário e esses membros facilita a obtenção dessas informações, que podem ser sobre preferências dos consumidores, preços praticados no mercado, mudanças no ambiente etc.; • desenvolver programa de comunicação para a disseminação de mensagens mais apropriadas ao mercado de atuação; • estabelecer acordos de preço e de formas de pagamento mais condizentes com o fluxo de mercadorias em determinado mercado; • obter recursos para o financiamento de estoques em diferentes níveis do canal de marketing; • investir e gerenciar estruturas de abastecimento e estoques; • assumir os riscos inerentes à operação. 1.3 Sistemas de marketing e fluxos de varejo Segundo Parente (2011, p. 23), “sistemas de marketing são conjuntos integrados de instituição com o objetivo de satisfazer eficaz e eficientemente às necessidades dos consumidores”. 17 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Essas instituições de marketing podem ser classificadas em: • instituições de marketing primárias: são as organizações que compram e vendem os produtos, desempenhando sua distribuição entre o fabricante e o consumidor. Estão incluídos fabricantes, atacadistas, varejistas e consumidores; • instituições de marketing secundárias: são as organizações que facilitam o processo de distribuição, operando em atividades paralelas necessárias ao processo, como transporte, armazenagem, seguros, financiamento, promoção, pesquisa de marketing etc. Parente (2011, p. 23) afirma que “os varejistas são parte de um sistema de marketing complexo – são componentes importantes, mas não são únicos, portanto, dependem da participação e da integração dos outros participantes do canal”. Observação O comportamento de cada um dos membros que participam do canal terá reflexo nos demais, por isso a necessidade do estabelecimento de uma parceria e da realização de um trabalho em equipe. O surgimento de técnicas, como a aplicação de EDI, da reposição contínua e do gerenciamento de categorias, traz a exigência da interação dos membros do canal, para que se alcance o desenvolvimento das funções relacionadas à transação e distribuição, de forma cada vez mais efetiva e eficiente. Os varejistas, que são membros dos sistemas de distribuição, devem manter essa interligação diretamente com seus consumidores e seus fornecedores, em face dos cinco seguintes fluxos: • fluxo de produtos e serviços: refere‑se ao movimento físico do produto, desde o momento da saída do fabricante até a chegada no consumidor final, passando pelos atacadistas e, conforme for o caso, pelo varejista. Esse fluxo pode incluir as empresas transportadoras; • fluxo de propriedade: refere‑se à direção do fluxo do produto no que diz respeito à sua posse. A propriedade do produto passa do fabricante para o varejista e depois para o consumidor final; • fluxo de informação: todos os participantes do processo de distribuição trocam informações importantes. Esse fluxo pode ser tanto no sentido em direção ao consumidor como no sentido do fabricante, e também ultrapassar o varejista e chegar diretamente ao fabricante, graças à possibilidade da integração eletrônica dos participantes da cadeia de distribuição; • fluxo de pagamento: esse fluxo ocorre do consumidor em direção ao fabricante, ou seja, o consumidor paga o varejista, que, por sua vez, paga seu fornecedor; 18 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 • fluxo de promoção: esse fluxose refere aos esforços de comunicação para divulgação do produto (propaganda, venda pessoal, promoção de vendas e publicidade/RP). O sentido desse fluxo é de cima para baixo, ou seja, do fornecedor para o varejista e deste para o consumidor. 1.4 Classificação e formatos varejistas O varejo pode ser classificado por tipo de organização, mix de produtos oferecidos, abrangência física e por vários outros aspectos. Las Casas (2008) agrupa os varejistas em quatro grandes grupos, levando em consideração: • o esforço de escolha por parte do consumidor: lojas de conveniência, lojas de compras por escolha e lojas especializadas; • a situação de propriedade por parte do varejista: lojas independentes, lojas em cadeia (rede) e associação de independentes (cadeias cooperativas, cadeias voluntárias e licenças); • a linha de produto, que são as mercadorias em geral, linhas limitadas e lojas especializadas; • a classificação segundo as funções exercidas, que são os lojistas (lojas de departamento, lojas de descontos, supermercados e superlojas) e não lojistas (reembolso postal, porta em porta, venda por telefone e máquinas de vender). Portanto, diferentes critérios podem ser usados para classificar as organizações varejistas. A figura a seguir apresenta o critério de classificação por propriedade e por sistema de varejo: Instituições varejistas Instituições com lojas Instituições sem lojas Classificação de acordo com a propriedade Independentes Redes Franquias Departamentos alugados Sistemas verticais de marketing Alimentícias Não alimentícias Serviços Marketing direto Vendas diretas Máquinas de vendas Varejo virtual Figura 6 – Classificação das organizações varejistas 19 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Organizações de varejo por tipo de propriedade De acordo com o tipo de propriedade, as organizações de varejo podem ser classificadas como organizações independentes, cadeias, franquias, alugadas ou de propriedade de um fabricante ou atacadista. Organizações independentes O varejista independente possui, normalmente, um negócio pequeno, com apenas uma loja, que fica sob administração familiar e apresenta baixo uso de recursos tecnológicos. O foco em uma única unidade faz com que a gestão do negócio seja mais concentrada, com maior controle e maior integração entre as atividades de compra e venda, que é ajustada de acordo com as necessidades do consumidor e com as oscilações do mercado. Constituem a maioria dos negócios de venda a varejo. Redes As organizações varejistas podem possuir mais de uma loja, que são administradas pela mesma direção. É o caso de empresas como Carrefour e C&A. O número de unidades favorece o poder de barganha junto aos fornecedores, que resulta em melhores condições de compra, bem como colabora com a administração de todas as outras atividades inerentes ao negócio, como investimentos em tecnologia, esforços de comunicação de marketing e logística. Entretanto, apesar da economia em escala, as redes enfrentam desafios no controle das operações e pouca flexibilidade na adequação dos negócios à dinâmica do mercado. Franquias Segundo Parente (2011, p. 16): “[...] consiste em um sistema contínuo e de integração de relacionamento entre franqueador e franqueado, que permite ao franqueado conduzir certo negócio de acordo com um padrão de procedimentos e marca definida pelo franqueador”. O varejo tem no sistema de franquia uma opção de expansão com a possibilidade de fazer parte de uma grande cadeia. As principais características do sistema de franquia são: • pagamento de royalties pelo franqueado ao franqueador pelo licenciamento de uma marca registrada; • para fazer parte do sistema, o franqueado arca com os custos de montagem da unidade e com uma taxa mensal sobre as vendas; • o franqueador proporciona ao franqueado o sistema operacional e de marketing para desempenhar as atividades e uma exclusividade para operar em certa região. Existem ainda dois tipos de acordo de franquia que se referem aos produtos ou serviços prestados e ao formato do negócio: 20 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 • franquia de produto ou serviços: nesse modelo de negócios, o franqueado passa a usar a identidade de seus fornecedores (franqueadores) e comercializa os produtos e serviços em nome desse fornecedor. Existe certa dose de autonomia na gestão do negócio, porém o franqueado precisa seguir regras operacionais, como a política de recursos humanos e o modelo de infraestrutura estabelecidos pelo franqueador; • formato de negócios: o franqueador investe em lojas‑modelo, padroniza as linhas de produtos e serviços e desenvolve uma comunicação cooperativa. O franqueado, além de obter o direto de comercializar os produtos e serviços, é orientado pelo fornecedor (franqueador) na seleção do local para instalação do negócio, nos processos de controle de qualidade, na gestão do sistema contábil, na gestão de recursos humanos e em todos os procedimentos operacionais. Lembrete As franquias ganharam força no Brasil na década 80, com as redes O Boticário, Água de Cheiro e com a rede de lanchonetes McDonald´s (PARENTE, 2011). Saiba mais Leia este interessante artigo sobre o sistema de franquias: Sistema de franquias invade supermercados. Disponível em: <http://www.incorporativa. com.br/mostranews.php?id=4751>. Departamentos alugados São espaços alugados dentro de uma loja de varejo; essa modalidade é indicada quando a venda de determinado produto exige alto grau de especialização, como peixarias, padarias e floriculturas, por exemplo. Dessa forma, a loja oferece a variedade de produtos esperada pelo consumidor, sem correr o risco de gerir um negócio em que a organização não tem experiência ou conhecimento suficiente. O varejista que aluga o espaço paga um aluguel calculado com base na receita esperada e fica responsável por toda a operação (estoque, administração, recursos humanos etc.). Sistema de marketing vertical (SMV) É chamado de sistema de marketing vertical a modalidade ainda recente que reúne todos os membros do canal em um sistema integrado, com o objetivo de eliminar desperdícios e retrabalho e otimizar os resultados. Nesse sistema, é necessário ter a figura de um líder que alinha as atividades e estimula a cooperação entre os membros. Caracteriza‑se por três tipos de formação: 21 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • SMV corporativo: uma organização passa a ser proprietária de outras empresas do canal e, dessa forma, passa atuar diretamente tanto na produção como na distribuição. • SMV administrado: um determinado membro do canal, em função de seu tamanho e competência, lidera e coordena as etapas de produção e distribuição. Para isso, utiliza metodologias de gerenciamento interorganizacional e ferramentas, como efficcient customer response (ECR), EDI, reposição contínua e gerenciamento de categorias. Lembrete Resposta eficiente aos consumidores (ECR ou efficient consumer response): iniciativas de integração de fabricantes e consumidores finais que melhoram o fluxo de informações, os processose a eficiência de toda a cadeia. EDI: sigla para electronic data interchange, ferramenta para ordenar e armazenar informações eletronicamente que permite a troca de documentos entre parceiros de negócios, como emissão e recebimento de pedidos, por meio de redes públicas ou privadas. • SMV contratual: integração de atividades de empresas independentes por meio de contratos. A estruturação pode ser feita pode meio de: – cadeias voluntárias patrocinadas por atacadistas: organização de uma cadeia de varejistas independentes por um atacadista que oferece melhores condições de abastecimento e apoio tecnológico. – cooperativas patrocinadas por varejistas: organizações voltadas para o atacado, formadas e pertencentes a grupos varejistas, que têm o objetivo de obter melhores condições de abastecimento por meio do aumento do poder de barganha, conseguido com o aumento do volume de compra conjunta. – franquia: conforme explicado anteriormente, trata‑se da concessão de licença de comercialização de produtos ou serviços. Varejo alimentício com lojas A tendência mundial percebida é que o varejo ofereça uma grande variedade de modelos e formatos de lojas. Na esteira dessa tendência, podemos citar o varejo alimentar no Brasil, que apresenta diversos modelos, como você pode ver a seguir: 22 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 • Bares Esse tipo de estabelecimento exerce grande importância na distribuição de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. • Mercearias São negócios estabelecidos em lojas pequenas (com 20 a 50 m2 de área de venda). Oferecem produtos da linha básica, como frios, laticínios e bazar, e se localizam principalmente em áreas de baixo potencial de mercado, onde não se justifica a instalação de supermercados compactos. • Padarias Apesar de boa parte de sua receita vir da fabricação e venda de pães, esses estabelecimentos vêm passando por modernizações e oferecendo uma linha maior de produtos e serviços, como lanches, pratos prontos e autosserviço, e têm gradativamente eliminado a possibilidade de consumo de bebidas alcoólicas no local. As padarias atendem às necessidades de conveniência dos consumidores. • Minimercados Tipo de varejo com forte expressão em áreas de classes mais baixas, normalmente localizados nas periferias das cidades. Oferecem produtos alimentícios, de limpeza e higiene pessoal e operam no modelo de autosserviço, com apenas um check‑out. Aqui se percebe uma nova tendência: as grandes redes de supermercado e hipermercados estão oferecendo, nos grandes centros, lojas menores, com raio de atuação limitada ao bairro e produtos básicos das categorias alimentação, higiene e limpeza. • Lojas de conveniência Normalmente localizadas em postos de gasolina, oferecem limitada variedade de produtos e sofrem forte concorrência dos supermercados que funcionam 24 horas e das padarias que oferecem um serviço de atendimento mais personalizado. O modelo foi trazido dos Estados Unidos nos anos 80 e vem crescendo no Brasil pouco a pouco, porém com funções e características diferentes. As lojas de conveniência aqui, devido à conformação urbana, estão próximas a supermercados convencionais e acabam tendo uma utilidade diferente, como a abertura 24 horas, e estão se transformando em ponto de encontro de jovens, além de suprirem os consumidores em suas emergências de consumo. • Supermercados convencionais Nesses estabelecimentos, são encontradas uma ampla variedade de produtos, na sua grande parte de alimentícios. Operam com sistema de autosserviço e muitos check‑outs. Boa parte das redes de supermercados opera com um grande número de lojas, como, por exemplo, Pão de Açúcar (São Paulo), GBarbosa (Aracaju) e Zona Sul (Rio de Janeiro). 23 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Observação Check‑out é como é chamado o caixa disposto em um balcão, localizado na entrada da loja, para conferência e pagamento das mercadorias compradas. • Supermercados compactos Oferecem uma linha completa, porém compacta, de produtos. Operam com serviço de autoatendimento, assim como os supermercados, porém com número menor de check‑outs (de 2 a 6). • Hipermercados Localizados em cidades grandes, oferecem enorme variedade de itens (por volta de 50 mil), a preços competitivos, dispostos em lojas de aproximadamente 10.000 m². Diferem das superlojas na diversidade da oferta de produtos não alimentícios. São exemplos: Carrefour e Walmart. • Superlojas São modelos de supermercados, com lojas de aproximadamente 4.000 m² e 30 check‑outs. Oferecem linhas completas de produtos, abrangendo alimentícios, não alimentícios, bazar, eletroeletrônicos e têxteis. Alguns exemplos são o Sendas, do Rio de Janeiro, o Angeloni, de Santa Catarina, e o Zaffari, de Porto Alegre. • Clubes atacadistas São varejistas de grande porte que vendem tanto no varejo, atendendo o consumidor final na venda, principalmente, de produtos não alimentícios, como no atacado, realizando vendas institucionais, focadas em produtos alimentícios para varejistas, restaurantes, lanchonetes etc. São exemplos o Sam´s Club e o Makro. Como nasceram os supermercados Os estabelecimentos comerciais com autosserviço surgiram nos Estados Unidos, na década de 30. O modelo foi impulsionado pelo desenvolvimento e uso do automóvel, que facilitava o transporte de compras em maior volume, e pela crise econômica que arrochou os salários e forçou os consumidores a procurarem por preços melhores. No Brasil, o autosserviço tem início com a abertura, na década de 50 no Rio de Janeiro, das Lojas Americanas; porém, sem a característica original dos supermercados, que era a venda de produtos alimentícios. A venda self‑service de produtos alimentícios se deu logo em seguida, ainda nos anos 50 com a abertura do Supermercado Disco, também no Rio de Janeiro. 24 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 De lá para cá, os supermercados sofreram grandes transformações, incorporando em seu mix de produtos os eletrodomésticos, artigos esportivos, utensílios domésticos, entre outros. Esse portfólio variado de produtos trouxe mais facilidade aos consumidores, que já não precisavam se dirigir a estabelecimentos diferentes para comprar produtos específicos (ARAÚJO, 2010). Varejo não alimentício com lojas No Brasil, são encontrados dois modelos principais de varejo não alimentício: as lojas especializadas e as lojas de departamento. Parente (2011, p. 33) explica que: “O varejo não alimentar no Brasil não apresenta o grau de desenvolvimento ou maturidade que se observa no varejo alimentar. Muitos modelos de lojas que atingem grande sucesso em outros países ainda não são encontrados no Brasil.” Lojas especializadas Esse modelo de varejo tem concentração em uma linha de produtos, como confecções, livros e brinquedos, entre outros. Tem direcionamento para determinado segmento e oferece grande sortimento em algumas linhas de produtos. O posicionamento de mercado é bem variado, sendo encontradas desde lojas sofisticadas, direcionadas à classe A, a lojas de roupas femininas focadas na classe D. Assim como o tipo de especialidade, varia também o tamanho das lojas. Estabelecimentosespecializados em material de construção como a Telha Norte e a Leroy Merlin podem ter áreas de vendas de 5.000 m² e contam com cerca de 100 empregados. Por outro lado, lojas especializadas em roupas ou perfumes podem operar em espaços de 20 m² e dispor de 3 a 5 funcionários. As lojas especializadas podem ser independentes ou pertencer a grandes rede varejistas, como Zara e Fotóptica. Lojas de departamentos Possuem uma estrutura departamental – caracterizam‑se pela divisão de operações varejistas em departamentos separados por categoria de produtos –, oferecem, além de grande variedade de produtos, uma extensa gama de serviços e ocupam grandes espaços (normalmente superiores a 4.000 m²). Cada departamento é uma unidade de negócios, com metas e objetivos específicos. Seus gestores devem decidir pelas atividades de compras, promoções e vendas e, portanto, os resultados também são avaliados em nível de cada departamento. No passado, esses modelos de varejo trabalhavam com as linhas chamadas hard (dura), que englobavam brinquedos, eletrodomésticos, móveis etc., e soft (mole), que contemplavam calçados, confecções, cama, mesa e banho. No Brasil, exemplos desse modelo foram as lojas Mappin, Mesbla e Sears. Hoje, operam nesse sistema, no Brasil, as lojas Riachuelo e Pernambucanas. De acordo com Parente (2011, p. 34): “Atualmente, existe uma tendência para o desenvolvimento de ‘lojas de departamento de linha limitada’, que concentram um número menor de departamentos, com predominância das linhas soft (principalmente confecções), como é o caso das lojas C&A e Riachuelo.” Existem, ainda, no Brasil outros modelos de lojas de varejo não alimentício, que são as minilojas de departamentos, mais conhecidas como magazines, as lojas de descontos e as lojas de fábrica. 25 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO As minilojas de departamentos ou magazines são lojas menores, com forte atuação na linha hard, que apresentam uma área de vendas pequena, não departamentalizada e com gestão única. Observação A diferença entre a loja de departamento e o magazine é sutil e está basicamente na concentração da linha. Exemplos desse tipo de varejo são Fast Shop, Ponto Frio e Casas Bahia. Outro modelo importado dos Estados Unidos, mas ainda com pouca atuação no Brasil, são as lojas de desconto, como a Rede Galinha Morta. Esse modelo apresenta uma estrutura mais simples de loja, dispondo os produtos com preços reduzidos em grandes espaços, sem muita preocupação com sua apresentação. De propriedade dos fabricantes, as lojas de fábrica vendem exclusivamente produtos próprios, que podem ser itens descontinuados, lotes de pedidos cancelados pelo comprador institucional ou grandes sobras de produção. Varejo de serviços O mais comum, quando se pensa em varejo, é relacionar a atividade à venda de produtos tangíveis, como alimentos, livros ou perfumes. Porém, boa parte das atividades do setor se relaciona à prestação de serviços, como academias de ginástica, mecânicas de automóveis, salões de beleza, lan houses, aluguel de carros etc. O mercado das atividades varejistas referente à prestação de serviços perfaz uma parcela importante da economia, por isso tem sido cada vez mais objeto de estudo dos especialistas em varejo. Vários são os tipos de varejos de serviços, que podem ser totalmente puros, como é o caso das clínicas de estéticas, e podem ainda mesclar a venda de produtos com a prestação de serviços, como é o caso dos restaurantes. Produtos e serviços diferem bastante em suas características. Observação A questão da posse é uma das características dos serviços que os difere radicalmente da venda de produtos. Quando você vai à academia de ginástica, paga pela utilização dos equipamentos e pela assessoria dos professores; já se você for a uma loja de equipamentos de ginástica, poderá comprar uma esteira para praticar o exercício em casa. No primeiro caso, você paga para usufruir de um benefício, já no segundo, paga pela posse de um bem. Existem, então, quatro diferenças básicas entre serviços e produtos: 26 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 • Simultaneidade ou inseparabilidade: a prestação do serviço e seu consumo ocorrem ao mesmo tempo. Além disso, os serviços não podem ser estocados, como ocorre com os bens físicos. Você só percebe realmente como é a comida e o atendimento de um restaurante no momento em que pede a comida e a consome. • Intangibilidade: os serviços não podem ser vistos, cheirados ou tocados antes de seu consumo. Podem ser experimentados antes, como uma pequena amostra. As academias de ginástica, por exemplo, convidam clientes potenciais para frequentar o estabelecimento, por curto período de tempo, a fim de conhecerem as instalações e os treinadores para demonstrar a qualidade do serviço e do atendimento oferecidos. O grau de intangibilidade depende: – da forma da prestação do serviço: – continuidade: alguns serviços precisam ser contínuos, como é o caso da venda de seguros de automóveis, que têm vigência por determinado período de tempo, normalmente um ano. O prestador do serviço precisa garantir a existência dos serviços e o atendimento durante o período de tempo contratado pelo cliente. – necessidade de uma posse anterior: os serviços de entrega de encomendas requerem a existência e posse por parte do cliente de uma mercadoria. O site Submarino precisa de serviços de entrega de suas mercadorias a partir do momento em que o cliente faz uma compra. – componente simbólico: as passagens aéreas (bilhetes) são os componentes simbólicos da viagem. A tangibilidade da compra pelo direito de viajar se estabelece com a emissão do bilhete ou de algum outro documento que oficialize a compra. – da existência de um instrumento de entrega: quando você aluga um filme para assistir, recebe um DVD ou faz um download em seu microcomputador para poder receber o material. A intangibilidade em serviços requer o gerenciamento de tarefas que agreguem evidências concretas aos serviços para tangibilizá‑los e facilitar o entendimento por parte do cliente dos serviços, suas características, padrão de qualidade etc. A tangibilidade pode ser conseguida por meio da aparência das instalações, do treinamento dos funcionários, da qualidade dos equipamentos e do material de comunicação, das características da logomarca, da faixa de preço, entre outros. • Perecibilidade: como já foi dito, não é possível estocar os serviços. A infraestrutura e a quantidade de pessoal deve ser planejada para atender à demanda, portanto. Porém, em caso de serviços de demanda instável, esse planejamento pode ser crítico, portanto, a instabilidade da demanda deve ser administrada. A administração de demanda instável pode ser feita por meio de precificação diferenciada para diferentes horários. É o que as companhias aéreas fazem com os horários de voos menos procurados. Normalmente, nesses casos, elas oferecem passagens a preços mais baixos. Outra forma de administrar a demanda instável é verificar como otimizar períodos ociosos. Os hotéis voltados para executivos em negócios costumam oferecer serviços 27 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETINGDE VAREJO E NEGOCIAÇÃO diferenciados combinados a tarifas especiais para as diárias de finais de semana, na tentativa de alavancar o consumo nesse período. Os arquivos digitais on‑line possibilitam o uso repetido dos serviços. Ao contrário dos produtos e serviços off‑line, podem ser consumidos repetidamente, sem se esgotarem, e ainda podem ser repassados (por meio de cópias) e retidos simultaneamente. Exemplo desses serviços são os downloads de músicas, filmes e softwares. • Não propriedade: em serviços, não há transferência de propriedade. Esse conceito vale tanto para serviços on‑line como para serviços off‑line. O cliente, ao contratar um serviço, recebe o direito de usufruir dele. Quando você vai a uma clínica de estética, paga pelo serviço, e não pela posse do material ou das instalações. Significa ainda que mais de um consumidor pode acessar ou receber o mesmo serviço simultaneamente, sem que haja prejuízo ou interferência para ambos. • Variabilidade ou heterogeneidade: este talvez seja um dos fatores mais críticos ao se administrar a prestação de serviços de qualquer natureza. Os serviços são prestados por pessoas, que por sua vez têm características diferentes. Assim, manter a uniformidade na entrega dos serviços deve ser uma preocupação constante que deve ser gerenciada por meio do investimento em treinamento da equipe, padronização dos processos e acompanhamento da satisfação do cliente. É bastante comum o cliente dar preferência ao atendimento de determinado funcionário em restaurantes, salões de beleza e mecânica de automóveis, por exemplo. Os serviços são ainda classificados pela sua categoria. Veja o quadro a seguir. Quadro 1 – Categorias dos mix de serviços e tipos de serviços oferecidos Categoria dos mix de serviços Tipos de serviços Bem tangível associado a serviços Computadores + montagem + assistência técnica + SAC Oferta híbrida Produto + serviços. Exemplo: restaurante Serviço principal associado a bens e serviços secundários Transporte aéreo = transporte + alimentos e bebidas + jornais e revistas Serviço puro A oferta é só de serviços. Exemplos: psicoterapia, baby‑sitter etc. Varejo sem loja Apesar da clara tendência percebida no crescimento do varejo sem loja, a maior parte dos bens comercializados ainda é feita em estabelecimentos físicos. Porém, o conselho de diversos analistas de varejo é que os varejistas tradicionais monitorem fortemente o crescimento dessa modalidade. Tradicionais varejistas, controladores de grandes redes, já deram início, por exemplo, à operação virtual (como é o caso das Casas Bahia), que é um dos modelos de venda não baseada em loja física. O varejo sem loja aplica estratégias de marketing diferentes das utilizadas no varejo com loja. Apesar de a maior parte do varejo ser praticado por meio de estabelecimentos, existem quatro modelos sem 28 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 loja, que são o marketing direto, as vendas diretas, as máquinas de venda (venda automática) e o varejo virtual. Vamos entender como é cada um desses modelos. Marketing direto O marketing direto é uma forma de relacionamento interativo entre vendedor e cliente. Nele, a organização utiliza um ou mais meios de comunicação para entrar em contato com o cliente e efetivar o pedido de compra. O varejista comunica‑se com o cliente por meio de catálogos enviados por mala direta, ou comunica suas ofertas por meio da mídia impressa (jornais, revistas) e mídia eletrônica (TV, rádio, internet). Os clientes entram em contato com o varejista por meio de telefone, correio, e‑mail e site. Essa modalidade é interessante para atender clientes que tenham dificuldade de encontrar o que desejam nas suas regiões, e ainda atende aqueles que procuram conveniência, economia de tempo ou ainda que não desejam se locomover para realizar compras. O marketing direto demorou a se consolidar no Brasil, por causa do longo período inflacionário que dificultava a produção de uma tabela de preços coerente com a realidade econômica do momento da compra. Além da estabilidade econômica, os avanços tecnológicos contribuíram fortemente para o crescimento dessa modalidade, como o advento da World Wide Web – a rede mundial de computadores. Venda direta A modalidade de varejo chamada venda direta tem como características principais o contato pessoal entre vendedor e cliente, e a realização desse contato, geralmente, é feita na casa do cliente. Algumas organizações são muito conhecidas por esse tipo de operação, como Avon e Amway. Se, por um lado, a conveniência do não deslocamento por parte do cliente é um forte atributo para esse modelo, por outro lado, as mulheres, as maiores clientes, estão cada dia mais se dedicando ao trabalho fora de casa, impossibilitando o crescimento desse tipo de operação. Porém, a venda direta é bastante vantajosa, uma vez que o processo de decisão pela compra é facilitado pela interação pessoal e pela menor oferta de marcas se comparado com as vendas em lojas. Máquinas automáticas de vendas Com essas máquinas, também chamadas de vending machines, a venda acontece sem interação nenhuma entre vendedor e cliente e diversos tipos de produtos podem ser comercializados. Os produtos mais comuns são bebidas, como refrigerantes, sucos e cafés, além de salgadinhos. O pagamento é feito em dinheiro, cartão de débito e crédito ou com fichas compradas antecipadamente. O setor de serviços, em especial os estacionamentos, já está se utilizando desse tipo operação. A maior vantagem é a oferta 24 horas do produto ou serviço. Entretanto o gerenciamento de reposição de produtos, a manutenção das máquinas e a coleta de valores (dinheiro ou fichas) deve ser cuidadosamente planejado e executado. Varejo virtual O varejo virtual é a modalidade de venda de produtos e serviços por meio da World Wide Web, também conhecido como comércio eletrônico. Esse termo (chamado de e‑commerce) é, segundo Seybold 29 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO (2000), usado amplamente, e designa qualquer tipo de aplicação de negócios com o uso da tecnologia da internet. Assim como no mundo físico, o comércio é apenas uma das modalidades dos aspectos dos negócios eletrônicos. A utilização da internet para aplicações empresariais deu início às operações de vendas. Porto (2000) lembra que a venda de produtos e serviços por meio da internet é o antigo modelo de marketing direto que absorveu a evolução tecnológica. Observe a figura a seguir. Fabricante Atacadista Varejista Vendas diretasSem loja Com loja Vending machines Marketing direto TV e rádio Telefone Varejo eletrônico (internet/computador) Catálogo, revista, jornal, mala direta Consumidor final Ca na l d e m ar ke tin g Figura 7 – Canais de marketing É importante lembrar que comércio eletrônico não é a mesma coisa que e‑business ou negócio eletrônico. Breternitz (2005) explica que há diferença entre esses dois termos. O termo comércio eletrônico tem sido usado erroneamente para desginar negócios eletrônicos ou e‑buisness; na verdade, comércio eletrônico é apenas a compra e venda de produtos e serviços por meio da internet, tanto entre empresas (B2B, negócios entre empresas) como entre empresas e consumidores (B2C). O e‑procurement, que se refere a processos completos de tomada de preços e compra pelas empresas, também faz parte do comércio eletrônico.Existem diferentes modelos de comércio eletrônico. O mais comum é o Storefront Model, o modelo das lojas eletrônicas, como o da Livraria Cultura e das Lojas Americanas. Esse modelo é o de formatação mais básica para a interação entre varejista e consumidor. A operação consiste em combinar processamento de transação, segurança, pagamento on‑line e informação. O gerenciamento desse modelo abrange a organização de um catálogo on‑line, o recebimento do pedido por meio do próprio website, formas seguras de pagamento, processo de envio de comunicação para o consumidor e gerenciamento das informações sobre os consumidores. Para suportar essas operações, o website precisa ter sistemas que permitam ao consumidor efetuar o pedido de um produto e voltar ao catálogo para que o consumidor possa efetuar novos pedidos, acumulando os itens selecionados em uma única conta ou cesta. Para esse processo, utiliza‑se o shopping‑cart technology ou “carrinho de compras virtual”, em que o consumidor vai depositando os produtos escolhidos e simultaneamente sua conta vai sendo calculada, incluindo o cálculo do 30 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 frete, descontos e outros benefícios, como se ele já estivesse passando pelo caixa, ou se estivesse sendo acompanhado por um vendedor que vai relacionando os itens selecionados. A seguir, veremos outros modelos de lojas virtuais. • On-line shopping malls Centros de compras com várias lojas independentes que dividem um mesmo shopping‑cart e resultam em uma única conta final para o consumidor. A diferença é que o consumidor encontra em um mesmo lugar diferentes categorias de produtos e serviços sem ter que visitar diferentes web sites. • Auction Model ou e-Auction É a exposição de um produto, por determinado período de tempo, que recebe lances dos consumidores interessados, conforme regras predefinidas para a participação. Ao final, o produto é vendido pelo maior lance oferecido. O Mercado Livre e os sites de leiloeiros oficiais são alguns exemplos. Nesse caso, surge um segundo modelo de negócio – o peer‑to‑peer –, que pode ser realizado entre empresas e consumidores ou entre consumidores. O vendedor assume todo o processo de comercialização, da exposição do produto, do recebimento do pagamento e da entrega. • Dynamic-Pricing Models Também chamado de Modelo de Precificação Dinâmica. Nesses sites, o preço dos produtos expostos é ajustado de acordo com o valor percebido pelo consumidor ou pelo volume da demanda. • Name-Your-Price Model Para esse caso, é necessária a formação de alianças com diversos fornecedores, e o web site atua como um intermediário entre consumidor e fornecedor. Caso o fornecedor não aceite o preço sugerido, o consumidor poderá fazer uma nova proposta. Ao ser aceita, o consumidor é obrigado a realizar a compra. O preço é ajustado pelo volume da demanda à medida que mais compradores adquirem determinado produto e, assim, maior é o desconto praticado. Esse modelo é interessante para compras em conjunto, quando um grupo de compradores se une para adquirir determinado lote de produto. O grande volume de venda de um produto em uma única operação gera economia de custos por transação e, por isso, é possível praticar um preço menor por unidade vendida dentro do lote. • Rebates É a loja de descontos no mundo virtual, assim como no mundo físico existem varejistas que trabalham apenas com produtos com descontos (lojas de desconto ou outlets). Esse modelo pode ainda estar inserido como prática regular em alguns web sites que utilizam a oferta de descontos em alguns produtos como chamariz para tráfego na loja e fidelização. O objetivo é fazer o consumidor entrar na loja e adquirir também outros produtos que estão sendo vendidos a preços regulares. Quando o web site é uma loja de descontos de terceiros, sua remuneração vem de parte dos descontos oferecidos. 31 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • Clube de descontos Uma das modalidades de varejo que mais cresceram nos EUA em 2009 e que teve início no Brasil em 2010. Clubes de compra são lojas eletrônicas ou físicas que oferecem produtos a preços muito mais baixos do que os praticados regularmente no mercado. Os preços dos produtos vendidos são oferecidos com descontos que podem chegar 90%, e as ofertas ficam disponíveis por tempo limitado. Uma das estratégias desse modelo de negócios é criar novidades com frequência, semanalmente, por exemplo. Os clientes precisam ser cadastrados e muitas vezes indicados por outros clientes. No Brasil, o Brandsclub, direcionado para a venda de roupas, foi um dos pioneiros. Outros exemplos são o Privalia, o Coquelux e o Superexclusivo. Saiba mais O jornalista Renato Cruz, do jornal O Estado de S. Paulo, escreveu a interessante matéria “Clubes de compra descobrem a web”. Acesse: <http://www.estadao. com.br/noticias/impresso,clubes‑de‑compra‑descobrem‑a‑web,397971,0. htm>. A prestação de serviços em varejo também encontra espaço na internet. Empresas como o Google e o Yahoo são modelos de sites comerciais que oferecem serviços gratuitos ao internauta, como conteúdo e downloads. A receita desse tipo de negócio vem das empresas que pagam para estar em posição de destaque nos resultados de busca, que muitas vezes também pagam pelas visitas recebidas (clicks de internautas). Outra fonte de receita é a venda de informações sobre segmentação de clientes (por perfil, hábitos de compra etc.). O comportamento dos clientes é registrado por meio de cookies, que são identificadores disponibilizados pelos servidores onde estão hospedados os conteúdos web. Você sabe os que são cookies? Cookies são pequenos textos, geralmente de 1kb, colocados no disco rígido do computador do internauta pelos sites visitados e contêm informações que o próprio internauta forneceu, como nome, e‑mail, preferência, o que comprou, entre outros dados, e permitem o rastreamento do comportamento do internauta, possibilitando à empresa ajustar a sua oferta às preferências dos internautas e personalizar seu atendimento. O cookie armazenado pelo browser é ativado toda vez que a página que o gerou é acessada e serve para informar aos servidores web quantas vezes uma mesma página é acessada pelo mesmo browser e ainda ativam páginas customizadas para um determinado usuário. Por exemplo, um usuário, ao comprar um livro em uma livraria virtual, fornece seu nome, endereço e mais alguns dados pessoais para que a transação possa ser efetuada, e pode usar um cartão de crédito para pagar pela compra. Na sua próxima visita a essa mesma livraria virtual, o site vai reconhecê‑lo, por meio de cookies, e uma mensagem personalizada, com o seu o nome, vai aparecer na tela. Nesse momento, é possível oferecer algum título 32 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 relacionado à última compra. Porém, existe uma enorme polêmica sobre a utilização de cookies, considerada por alguns como invasão de privacidade (OZAKI, 2009). Observe que todo o mix de marketing proposto por McCarthy – a inter‑relação entre as quatro variáveis controláveis (produto, preço, praça e promoção) – é aplicado no desenvolvimento da comercialização de bens nas lojasvirtuais. 1.5 Teorias de evolução no varejo Você deve estar percebendo que o varejo apresenta uma enorme diversidade de modelos de negócios e se perguntando como ocorre a criação de novos formatos. Ocorre que são várias influências que determinam o surgimento, o crescimento e a própria evolução dos diferentes tipos de varejo. A seguir, vamos estudar cinco teorias que abrangem essas transformações: o ciclo de vida do varejo, o círculo do varejo, o acordeom do varejo, o processo dialético e o comportamento adaptativo e a seleção natural. Ciclo de vida do varejo Lembrete O conceito de ciclo de vida aplicado a produtos e serviços também é usado para a análise do desenvolvimento de negócios no setor de varejo. Assim como o ciclo de vida de produto, o ciclo de vida do varejo também apresenta os estágios de introdução, crescimento, maturidade e declínio. Observe a figura a seguir: Introdução Crescimento Maturidade Declínio Vendas Tempo Figura 8 – Representação dos estágios do ciclo de vida do varejo • Estágio de introdução O estágio de introdução apresenta um lento crescimento de vendas e ausência de lucros. É quando o novo modelo é introduzido no mercado. Pode haver poucos ou nenhum concorrente direto. Os lucros 33 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO são baixos ou até inexistentes, em função dos investimentos e custos decorrentes do desenvolvimento do negócio e da execução de ajustes que se mostram necessários. Nesse período, os gestores devem se dedicar a verificar e ajustar questões técnicas, o mix de produtos, a comunicação e ainda a quebra de paradigmas que possam existir com relação ao novo negócio. O mercado de produtos orgânicos mostra bem essa necessidade. As pessoas, de forma geral, ainda conhecem pouco os benefícios dos produtos cultivados sem agroquímicos e muitas vezes são sensíveis a seus preços, um pouco mais altos que os produtos oriundos da agricultura convencional. Esse estágio ainda requer orçamento alto, programas de marketing e cuidadosa administração de custos. • Estágio de crescimento É nesse estágio que as vendas devem começar a crescer, significando que o mercado está aceitando o novo formato proposto de varejo. Os lucros começam a aparecer e crescer, uma vez que o volume de vendas aumentou, mas o mercado ainda não está saturado. O foco do gestor, nesse caso, está na melhoria da qualidade oferecida pelo produto, podendo acrescentar mais itens ao mix de produtos e novos serviços. • Estágio de maturidade Nesse período, as vendas estão estabilizadas, o que significa que o mercado aceitou o novo modelo. Caracterizam ainda esse estágio a forte concorrência e a diminuição progressiva dos lucros, que devem encontrar um ponto de estabilidade. • Estágio de declínio É nesse momento que as vendas e os lucros começam a sofrer e novos modelos de negócio passam a ocupar o espaço até então ocupado. O gestor deve observar as razões para o declínio a fim de orientar as suas decisões, que poderão ser, entre várias opções, remodelar o negócio ou até mesmo abandonar o modelo. Círculo do varejo A teoria do círculo do varejo nos ajuda a entender as razões de cada estágio do ciclo de vida do varejo. Essa teoria foi desenvolvida por Malcom McNair e afirma que o sucesso obtido por uma organização varejista com um novo formato de varejo é o que leva à abertura de novos concorrentes, que gradualmente vão implementando inovações ao modelo até que o conceito original se perca ‑ e, dessa forma, abre‑se a oportunidade para um novo modelo. Esse novo modelo, por sua vez, enfrentará o mesmo processo, sofrendo cópias que serão então reformuladas, perpetuando‑se então um ciclo. Essa teoria é importante para explicar o surgimento e o declínio de muitas organizações varejistas de sucesso. Acordeom do varejo Essa teoria explica que as mudanças nos modelos dos negócios ocorrem pelos movimentos cíclicos de expansão e contração do formato das lojas, assim como se dá o funcionamento de um acordeom. 34 Unidade I Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 O acordeom é um instrumento musical que emite som pelo movimento contínuo de expansão do ar e posterior retração de suas palhetas. O modelo de loja de departamentos de linha completa foi substituído pelas lojas especializadas, que pareciam estar mais de acordo com as preferências dos consumidores. Assim, muitas organizações passaram a se dedicar ao oferecimento de grandes lojas focadas em especialidades, como roupas femininas ou artigos de cama, mesa e banho, duas categorias largamente encontradas nas lojas de departamento. Processo dialético Essa teoria aborda a questão do surgimento de novos formatos de varejo em decorrência da confrontação de determinada organização com um modelo oposto. A ideia implícita nessa teoria é que a organização, ao se deparar com vantagens competitivas do concorrente em modelo oposto, vai desenvolver competências que neutralizem o seu opositor. O resultado é o surgimento de um modelo híbrido que contempla algumas características da loja original, com os atributos do concorrente que são valorizados pelos consumidores. Analise a proposição desenvolvida por Parente (2000), apresentada na figura a seguir: Tese: supermercado convencional Área de vendas: média Variedade grande: alimentos Variedade pequena: não alimentos Preços: médios Serviços: muitos Localização: áreas residenciais Síntese: superloja de alimentos Área de vendas: muito grande Variedade grande: alimentos Variedade grande: não alimentos Preços: baixos Serviços: médios Localização: vias principais Antítese: hipermercado Área de vendas: muito grande Variedade grande: alimentos Variedade grande: não alimentos Preços: baixos Serviços: poucos Localização: vias expressas Figura 9 – O processo dialético no varejo O comportamento adaptativo e a seleção natural Em um mercado comprador e com a presença de organizações voltadas para o marketing, é natural que a formatação do varejo, tanto na sua criação como nos seus processos de ajustes e remodelagem, ocorra em decorrência da observação das preferências dos consumidores. A criação e o crescimento das lojas de alimentos dietéticos vêm na esteira do aumento da consciência das pessoas acometidas pelo diabetes e outras doenças decorrentes de uma alimentação inadequada. Assim, a teoria do comportamento adaptativo e a seleção natural defendem que o surgimento e declínio dos formatos do varejo estão diretamente relacionados às necessidades e preferências das 35 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 3 – Co rr eç ão : L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 01 /1 3 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO pessoas no que diz respeito à realização de compras. Com base nessas teorias, os gestores devem, então, estar atentos às inovações tecnológicas, bem como ao composto mercadológico, de forma a atender plenamente seus consumidores. Como exemplo, podemos lembrar do grande número de pet shops encontrados em diversos bairros das grandes cidades, bem como da sua presença em hipermercados. Tal fenômeno pode ser explicado pela grande população de animais domésticos encontrados em determinados bairros e pela praticidade de encontrar um estabelecimento desse tipo no mesmo lugar em
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