Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aplicação da Pena, Fixação da Pena ou Dosimetria da Pena Se refere ao momento em que o juiz entendendo que aquela determinada situação em que foi submetido a jurisdição, condiz com a realidade do fato, e assim, há a aplicação de uma pena Quando ocorre a prática de um delito, essa ação chega ao conhecimento das autoridades, assim, se inicia a investigação preliminar, isto é, persecução penal (caminho necessário para a aplicação da pena), que é composta por duas fases distintas: 1. Investigação preliminar: fase submetida a autoridade policial (civil ou federal), onde, busca-se provas e fatos, após concluído, é encaminhado para o órgão público competente, MP forma uma opinião sobre o fato e formula a acusação, pedindo assim a tutela jurisdicional e a condenação 2. Fase processual ou de conhecimento: é a fase em que há instrução penal, aqui busca-se a aplicação da lei penal (formalização da acusação/ação penal, juízo de admissibilidade, citação, resposta a acusação, audiência de instrução e julgamento, defesa memorial ou oral, sentença) Critério Trifásico (art. 68) Crime Simples ou Qualificado Está relacionado às três fases em que o juiz deverá observar na aplicação da pena. Esse caminho serve para que o juiz chegue a um total de pena que vai determinar qual será o regime de pena, bem como, para saber se caberá algum outro instituto penal (ex: verificar se é crime simples ou qualificado e diante disso, observar o mínimo e máximo previsto no tipo, sempre o respeitando) Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento 1. Fixação da Pena Base É feita uma análise das circunstâncias judiciais, ou seja, das características do crime - Juiz analisa o art. 59 CP e após, fixará a pena base, devendo respeitar o mínimo e o máximo previsto no preceito secundário (pena) do tipo penal - Tipo penal é composto de um preceito primário (trás conduta proibida) e um preceito secundário (se comina a pena) Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime Culpabilidade é o grau de reprovação da conduta em face das características do agente do crime Antecedentes diz respeito às boas e más condutas praticadas pelo agente durante sua vida (é diferente de reincidência) Conduta social é a forma pela qual o sujeito vive no meio social, isto é, como ele se porta em sociedade Personalidade do agente é as características pessoais do agente (sujeito ativo do crime) Motivos do crime são os fatores que levaram o agente a praticar o delito (no bis in idem) Circunstâncias do crime se refere a aquela situação em que há menor ou maior gravidade do delito em razão do modus operandi do sujeito (a forma em que o crime foi cometido) Consequências do crime diz em relação a intensidade da lesão produzida Comportamento da vítima, o juiz analisa se a vítima teve alguma contribuição para a prática do delito 2. Fixação da Pena Intermediária Ocorre a análise das circunstâncias legais, ou seja, agravantes (art. 61 e 62) e atenuantes (art. 65 e 66) Assim como na pena base, o juiz deverá se ater ao non bis in idem, isto é, não punir o sujeito pelo mesmo fato ou circunstâncias Em outras palavras, se determinada situação constitui ou qualifica o crime, ela não pode ser novamente considerada para fins de aumento de pena (ex: homicídio cometido por motivo fútil ou torpe, ele é qualificado, no entanto, existe uma agravante) OBS: a legislação não especifica o quanto deverá ser aumentado ou diminuído da pena, no entanto, a doutrina entende que não deverá passar de ⅙ da pena aplicada Agravantes - existe um aumento da pena (rol taxativo art. 61 e 61) - Reincidência é quando o sujeito tem uma sentença condenatória transitado em julgado e tem uma nova condenação (art. 61, I, art. 63 e art. 64). É quando o indivíduo comete um novo crime no período depurador, ou seja, dentro de 5 anos do cumprimento da pena do crime anterior - Motivo fútil é um motivo de pouca importância - Motivo torpe é aquele que se considera repugnante (ex: o indivíduo mata por preconceito) - Concurso de agente é quando existe mais de um sujeito que se reúne para a realização de um crime - Emprego de coação ou violência para que outra pessoa cometa o crime OBS: demais circunstâncias previstas no inciso II do art. 61 e art. 62 do CP Atenuantes - há uma diminuição da pena (rol exemplificativo art. 65 e 66) - Menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos da data da sentença - Desconhecimento da lei - Cometido crime por relevante valor social ou moral - Procurado por espontânea vontade logo após o crime ou reparado o dano antes da sentença/julgamento - Cometido o crime sob coação a qual poderia resistir ou cumprida por uma ordem superior ou cometido o crime por emoção/provocação - Confissão perante o juiz (judicial) e não a confissão perante o policial 3. Fixação da Pena Definitiva Nesse momento é analisado as causas de aumento (majorante) e diminuição da pena (minorante), assim, chegará ao total de pena que deverá ser cumprida pelo indivíduo (sentença condenatória ou absolutória) - Essas causas majorantes ou minorantes estão previstas ao longo de todo o Código Penal - Nessa fase o juiz poderá aumentar além do máximo ou diminuir além do mínimo, não há limite - Causa especial de aumento ou diminuição de pena sempre virá em percentual Classificação das Penas Ao fixar o regime inicial da pena, o magistrado deverá observar e respeitar o que dispõe a legislação Modalidades de sanção penal: - Pena, aplicável ao sujeito imputável (goza de suas capacidades mentais) - Medida de segurança, aplicável ao sujeito inimputável (não goza plenamente de suas capacidades mentais) - Medida socioeducativa, aplicável ao menor infrator Espécies de Pena (art. 32): 1. Privativas de Liberdade (art. 33) É a modalidade de pena em que há a restrição de liberdade de locomoção do sujeito (ir, vir ou estar), assim, pode ser uma pena de reclusão ou detenção Reclusão: aplicado para crimes mais graves, que trazem uma pena mais rigorosa - Regime fechado, regime semiaberto ou regime aberto Detenção: aplicado em crimes de médio ou baixa gravidade, que trazem uma pena menos rigorosa - Regime semiaberto ou regime aberto Regimes de cumprimento: Regime fechado: o sujeito fica durante todo o tempo encarcerado - Detidos em estabelecimento prisional de segurança máxima ou média (PEP I, PEP II, PCE e a Penitenciária feminina) - Não se confundem com os destinados aos presos provisórios Regime semiaberto: embora privado de liberdade, o sujeito tem momentos de liberdade, assim, não fica todo tempo dentro das celas - Detidos em estabelecimentos prisionais chamados de colônias penais agrícolas (em Curitiba é a CPA) e colônias penais industriais - Eles ficam detidos, no entanto, eles trabalham durante o dia no estabelecimento prisional Regime aberto: o sujeito não fica encarcerado, ele cumpre a pena, porém, fora do cárcere - A execução da pena se dá na casa do albergado, no Paraná não temos isso Critério de definição do regime inicial de cumprimento da pena (§2°): - Pena superior a 8 anos deverá iniciar em regime fechado - Pena superior a 4 anos e que não exceda 8 anos (condenado não reincidente), poderá iniciar em regime semiaberto - Pena igual ou inferior a 4 anos (condenado não reincidente), poderá iniciar em regime aberto OBS: crimes contra a administração pública, a progressão de regime dependerá da reparação do dano que o sujeito causou ou a devolução do objetoque foi retirado da administração pública Progressão (art. 33 §2° CP e art. 112 LEP): possibilidade de transferência de um condenado de um regime mais rigoroso para um menos rigoroso - Requisito objetivo está relacionado com o lapso temporal, isto é, o tempo de cumprimento da pena - Requisito subjetivo é relacionado ao mérito do condenado, isto é, como ele se comporta (boa conduta carcerária) - Lapso temporal está previsto no art. 112 da Lei de Execuções Penais - Não é possível no nosso sistema a progressão de regime per saltum (progressão de um regime para outro, pulando a forma escalonada) Regressão (Art. 118 LEP): transferência de um regime menos rigoroso para um mais rigoroso I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; (art. 50 LEP) II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). § 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. - A regressão per saltum é possível, ou seja, a transferência do apenado de um regime mais benéfico para um mais rigoroso, sem a forma escalonada Remissão (art. 126 LEP): é a possibilidade de diminuir parte da pena, ou seja, parte do tempo da condenação - Somente para o regime fechado e semiaberto, isso não está previsto na LEP, é uma recomendação do CNJ (n° 44) - Trabalho: 1 dia da pena a cada 3 dias de trabalho - Estudo: 1 dia da pena para cada 12h de estudo - Leitura: 4 dias da pena para cada leitura e resenha de um livro (dentro de 30 dias e com o limite de 12 obras por ano) Detração (art. 42 CP): é o abatimento da pena, em razão do tempo em que o condenado esteve preso antes da sentença condenatória definitiva (prisão preventiva, temporária, etc) Autorização de saída: é a possibilidade do sujeito sair, ou seja, deixar o estabelecimento prisional por um determinado período - Permissão de saída (art. 120 LEP): falecimento, doença grave familiar ou tratamento médico - Saída temporária (art. 122 LEP): visita a família, frequência curso ou participar de atividade que contribuem para o retorno social - A saída temporária é decretada pelo juiz, e somente para o regime semiaberto - Visita a família tem o limite de até 05 vezes ao ano, com no máximo de 7 dias seguidos 2. Pena Restritiva de Direitos (art. 43) É uma espécie de pena que é aplicada em substituição da pena privativa de liberdade, assim, ela consiste na supressão de um ou mais direito do apenado (uma pena alternativa ou substitutiva) Assim, o juiz após fixar a pena/quantum de pena que será aplicado, ele verificará se naquela determinada situação é cabível a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos - Possui a mesma duração da pena privativa de liberdade, porém, de forma substituída (art. 55°) Requisito objetivo: - Cabível se a pena não for superior a 4 anos, isso para pena de reclusão e detenção (crime de natureza culposa independentemente do quantum da pena aplicada) - Crimes sem violência ou grave ameaça Requisito subjetivo: - Réu/acusado não reincidente em crime doloso Características: - Autônomas, ou seja, não podem ser cumuladas com penas privativas de liberdade - Substitutividade, ou seja, a pena restritiva de direitos substitui a pena privativa de liberdade Espécies de pena restritiva (art. 43°) Prestação pecuniária: - Consiste no pagamento que deve ser feito em dinheiro pelo condenado a vítima, a seus dependentes, ou a entidade públicas/privadas - Não pode ser inferior a uma salário mínimo, e nem superior a 300 salários mínimos 22 Perda de bens e valores: - O sujeito perde bens e valores dele em favor do fundo penitenciário (deverá existir uma coerência) Limitação de fim de semana (art. 48): - Consiste na obrigação do apenado permanecer nos finais de semana, para prestar atividades necessárias para o seu restabelecimento, determinada pelo juiz - Por 5h diárias Prestação de serviço a comunidade/entidades públicas: - É uma espécie muito utilizada - É o dever que o apenado tem de prestar determinada quantidade de horas de trabalho não remunerado, com uma finalidade útil para a comunidade - Necessário que exista uma correspondência entre a atividade exercida e as aptidões pessoais - Importante que essa atividade não seja introduzida no horário de trabalho do indivíduo - Poderá cumprir em um tempo menor, mas nunca inferior a metade da pena privativa de liberdade fixada Interdição temporária de direitos (art. 47): - Aplicada a determinados crimes, com um alcance; finalidade preventivo OBS: essas espécies de pena podem ser cumulativas (art. 44 §2°) - Pena igual ou inferior a um ano, o juiz substitui a privativa de liberdade por uma de multa ou restritiva de direitos - Pena superior a um ano, o juiz substitui a privativa de liberdade por uma de multa e uma restritiva de direitos ou duas restritivas de direito Conversão (art. 44 §4°): § 4 o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão Exceções: - Lei de Drogas (art 28° da Lei n° 11.343/06) - Código de Defesa do Consumidor (art. 78° da Lei n° 8.078/1990) 3. Pena de Multa (art. 49) É a obrigação do apenado em pagar uma determinada quantia de dinheiro ao fundo penitenciário. Sendo calculado na forma de dias-multa e é intransferível, assim como as outras espécies Espécies de pena de multa Como pena cominado no tipo penal (originária): - Deve haver cominação expressa no tipo penal (art. 58°) - Está prevista no preceito secundário de certos tipos penais, de maneira isolada, alternada ou cumulada Substitutiva: - Independe de previsão expressa (art. 60 §2°) - É aplicada quando preenchidos os requisitos legais e as condições indicadores da suficiência da substituição Critérios de Fixação (art. 49) - O número de dias multa será determinado entre o mínimo de 10 e o máximo de 360 dias de multa, atentando-se ao critério de maior ou menor gravidade do crime - A fixação de valor não pode ser inferior um trigésimo do salário mínimo e nem superior a cinco vezes o salário mínimo vigente para cada dia de multa (o salário mínimo é aquele da data do fato) Pagamento (art. 50) - Dentro de 10 dias após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória - Será executada nos termos da execução fiscal (Lei n° 6.830/80) - Poderá ser paga de forma parcelada - Em caso de não pagamento, a dívida será executada pelo Estado em forma de execução fiscal, logo, não é possível a conversão da pena de multa em pena privativa Suspensão (art. 52) - Sobrevindo uma doença mental, será suspensa pelo tempo necessário para a estabilização da saúde mental OBS: a pena de multa não se confunde com a prestação pecuniária Suspensão Condicional da Pena (sursis da pena/sursis penal) Consiste na suspensão da execução da pena imposta na sentença, quando preenchido determinados requisitos e desde que, se cumpra determinadas condições - Art. 77° CP e art. 156° LEP - Não se confunde com o sursis processual - Pena é declarada extinta - Possui a finalidade de reeducar o apenado e evitar que esses sujeitos sejam submetidos ao cárcere - É uma medida política criminal, que visa estimular o sujeito a não cometer mais crimes - A suspensão condicional da pena pressupõe uma condenação Natureza jurídica: - A doutrina se divide em dois entendimentos - Um direito público subjetivo do condenado, ou seja, preenchido os requisitos, o apenado tem o direito de ter concedido a suspensão condicional da pena (evita arbitrariedades dojuiz) - Um benefício da execução, ou seja, seria facultativo, podendo o juiz aplicar ou não Requisitos (objetivos e subjetivos): 1. Objetivos - Deverá se tratar de uma pena privativa de liberdade - A pena privativa de liberdade não pode ser superior a 02 anos (art. 77, caput) - Exceção em caso de sursis etário (maior de 70 anos) e humanitário (condenado possui graves problemas de saúde) - Reparação de dano em casos de sursis especial, salvo se não tiver a possibilidade de fazer (art. 78 §2°) 2. Subjetivos - O réu não pode ser reincidente em crime doloso (art. 77°, I) - O sujeito deve ter as condições previstas no art. 59 - Não ser cabível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos ou pena de multa Espécies de Sursis 1. Sursis simples - Mais simples porque não há uma especificidade mais rigorosa - É aplicável para casos em que o sujeito preenche os requisitos acima (não precisa ter reparação de dano) - A pena será suspensa, sendo assim, no primeiro ano de cumprimento deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter-se a limitações de fim de semana (art. 78 §1°) 2. Sursis especial - Imprescindível que haja a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 78 §2°) - Não é necessário que se preste serviços a comunidade ou as limitações de fim de semana 3. Sursis etário - Aplicável ao condenado maior de 70 anos (art. 77 §2°) - A pena privativa de liberdade não deve ser superior a 04 anos 4. Sursis humanitário - Aplicável ao condenado que possui graves problemas de saúde (art. 77 §2°) - A pena privativa de liberdade não deve ser superior a 04 anos - Sursis etário e humanitário são exceções ao requisito objetivo Condições (art. 78 §2° e art. 79° do CP) - Proibição de freqüentar determinados lugares - Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz - Comparecimento pessoal/obrigatório a juízo, de forma mensalmente, para informar e justificar suas atividades OBS: o juiz poderá especificar outras condições que se entende adequada a situação do apenado Fiscalização (art. 158 §3° LEP) § 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas supletivas. - A fiscalização ocorre pelo serviço social penitenciário, patronato, conselho da comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços - Esses órgãos são inspecionados pelo Conselho Penitenciário e pelo MP Revogação da Suspensão Condicional da Pena Obrigatória (art. 81 do CP): - Condenação irrecorrível por crime doloso - Frustra, quando solvente, a pena de multa ou quando não repara, sem justificativa o dano causado - Descumpre o art. 78 §1° do CP Facultativa (art. 81 §1° do CP): - Significa dizer que o juiz pode, mas não é obrigado, ou seja, é facultativo - Suspensão pode ser revogada se o condenado descumprir qualquer condição imposta - Suspensão pode ser revogado se o indivíduo for condenado de modo definitivo (trânsito em julgado) por crime culposo ou por contravenção penal, a uma pena privativa de liberdade ou restritiva de direito Cumprimento das condições (art. 82° do CP) Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Livramento Condicional (art. 83 do CP e art. 131 da LEP) O livramento condicional é aplicado após o início do cumprimento da pena e assim, consiste em uma antecipação provisória da liberdade de um condenado, que se dá quando satisfeito determinados requisitos e mediante cumprimento de determinadas condições - Livramento condicional (condenação) é diferente de liberdade provisória (prisão provisória) - Na liberdade provisória o sujeito ainda não foi condenado, e ela é possível da fase de investigação (preliminar) até a recursal (processual) - Depois que transita em julgado a sentença, não há mais o que se falar em liberdade provisória Natureza jurídica: - A doutrina se divide em dois entendimentos - Um direito público subjetivo do condenado, ou seja, preenchido os requisitos, o apenado tem o direito de ter concedido a suspensão condicional da pena (evita arbitrariedades do juiz) - Um benefício da execução, ou seja, seria facultativo, podendo o juiz aplicar ou não Sursis da pena x livramento condicional - O sursis suspende a execução da pena - O período de prova do sursis não corresponde ao restante da pena, o juiz pode suspender o tanto que achar necessário - O livramento condicional pressupõe a execução da pena, ou seja, é necessário iniciar a pena - O período de prova do livramento condicional corresponde ao restante da pena, ou seja, esse tanto que será cumprido em liberdade Requisitos (objetivos e subjetivos) 1. Objetivos - Deve se tratar de pena privativa de liberdade - Pena igual ou superior a dois anos - Reparação do dano - Cumprimento de parte da pena (⅓ da pena se não for reincidente em crime doloso e com bons antecedentes; mais da metade se reincidente em crime doloso; mais de ⅔ em casos de crime hediondo; se for reincidente em crime hediondo não poderá ter a suspensão) 2. Subjetivos - Bom comportamento carcerário durante a execução - Não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses - Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído - Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto - Crimes com violência ou grave ameaça a pessoa (demonstração de condições pessoais que façam presumir que o apenado não voltará a delinquir) - Não ser reincidente específico em crimes hediondos e afins Procedimentos do Livramento Condicional 1. Requerimento (art. 712 CPP) - Pode ser feito por qualquer pessoa - Pode ser feito pelo apenado, cônjuge do apenado ou sua família, estabelecimento prisional ou pela iniciativa do conselho penitenciário 2. Relatório minucioso do diretor do estabelecimento prisional (art. 714 CPP) 3. Manifestação do MP e do defensor (art. 112 §2° LEP) Condições Obrigatórias (art. 132 §1° LEP): - Comparecimento mensal e obrigatório ao juízo da execução para comunicação da ocupação - Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz - Obter ocupação lícita dentro de prazo razoável Facultativas (art. 132 §2° LEP): - Não mudar de endereço sem comunicar o juízo - Recolhimento na residência após determinado horário - Proibição de frequentar determinados lugares Judiciais (art. 85 CP): - Outras condições estabelecidas pelo juízo Revogação do livramento (art. 86 e 87 CP) Obrigatória: - Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado antes do benefício - Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade praticado durante o benefício Facultativa: - Condenação irrecorrível (crime/contravenção) a pena não privativa de liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa) - Descumprimento das demais condições impostas (juiz pode trazer uma advertência, revogar ou trazer novas condições) OBS: condenação irrecorrível é aquela que já teve o trânsito em julgado, isto é, não cabe mais recurso Efeitos da revogação do livramento (art. 88 CP) - Crime praticado durante o benefício: não será descontado o período em que esteve solto, ou seja, terá que cumprir a pena inteira - Crime praticado antes do benefício: é descontado o período que esteve solto, devendo cumprir apenas o tempo restante - Descumprimento das condições impostas: não se desconta o período que esteve solto OBS: em relação ao crime revogado, não poderá ter um novo livramento em relação a essa penaExtinção da pena (art. 89 e 90 CP) Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Livramento Condicional antes do trânsito em julgado Não existe previsão na legislação para isso, no entanto, a jurisprudência entende que sim, desde que cumprido mais de ⅔ da pena e preenchido os outros requisitos Livramento Condicional Humanitário Entende-se que é possível, ou seja, o indivíduo terá o livramento condicional quando não cumprido a questão do tempo, desde que os demais requisitos sejam cumpridos (moléstia grave ou incurável) Substitutivos Penais da Lei n° 9.099/95 - São institutos que têm incidência dentro do direito processual penal - Esses substitutos fazem o processamento e julgamento das contravenções penais e de crimes de menor potencial ofensivo (aplicado o rito ou procedimento sumaríssimo) - Essas modalidades de infrações penais não possuem pena máxima superior a dois anos - Esses institutos trás a possibilidade dos sujeitos que praticaram contravenções penais, não serem condenados e não terem uma pena imposta - Falar em despenalizadores significa dizer que não existe uma sentença, ou seja, não há aplicação de pena - Utilizados antes do início da fase pré processual ou durante a fase processual, logo, antes de ser proferido uma sentença Suspensão Condicional do Processo - art. 89 (sursis do processo/processual) Requisitos (art. 77 e art. 89, caput do CP): - Pena máxima cominada igual ou inferior a um ano - Acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime - Requisitos do art. 77 Condições (art. 89 §1°): - Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo - Proibição de frequentar determinados lugares - Proibição de se ausentar da comarca onde reside, sem autorização judicial - Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, para informar e justificar suas atividades (mensalmente) - Outras condições art. 89 §2° Revogação da suspensão condicional do processo (art. 89 §3 e 4°) No curso do prazo que ficou estabelecido a suspensão condicional do processo, se tiver alguma situação que venha ensejar revogação, o processo volta a curso. Todavia, se o processo estiver suspenso e não tiver nenhuma situação que enseja a revogação, o processo será extinto Obrigatória: - Vier a ser processado por novo crime - Não reparar o dano sem motivo justificado Facultativa: - Vier a ser processado por uma contravenção pena - Descumprir qualquer outra condição imposta Cumprimento das condições (art. 89 §5°) Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. Transação Penal (art. 72 e 76) Evita a instauração de um processo penal, ou seja, evita o oferecimento da ação penal. Assim, é um acordo feito antes da formalização da acusação, que irá impor ao sujeito algumas condições que ele terá que cumprir para que então não seja processado - É também um instituto despenalizador que visa evitar a instauração de um processo penal - Procura desburocratizar a justiça criminal - Antecede a ação penal - Necessário estar acompanhado de um advogado - Deve ser esclarecido as vantagens e desvantagens - O sujeito não poderá disfrutar de uma nova transação penal dentro do prazo de 5 anos Quando não caberá a transação penal: - Quando o autor/suposto autor tiver sido condenado por uma prática de crime (sentença definitiva) - Quando as circunstâncias do art. 59 são desfavoráveis - Crimes militares, ou seja, os de competência militar - Crimes praticados com violência ou grave ameaça a mulher (art. 41° da Lei n° 11.340/16) Diferenças essenciais entre a Suspensão Condicional do Processo e a Transação Penal - Na suspensão já existe um processo, e na transação penal ainda não existe um processo, ou seja, ocorre antes - Na suspensão a pena é mais ampla (abrange todos os crimes em que a pena mínima não seja superior a 01 ano) e a transação penal somente é aplicada aos delitos que a pena máxima não é superior a dois anos OBS: O acordo de não persecução penal é uma transação penal ampliada, assim, é aplicável a crimes com pena superior. No entanto, é necessário que haja a confissão do fato
Compartilhar