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Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 1 É a capacidade de reparar os danos cau- sados por danos tóxicos e inflamação O processo de reparo se inicia durante a resposta inflamatória e é fundamental para sobrevivência de um organismo Ocorre por dois processos: Regeneração e Cicatrização REGENERAÇÃO o Processo pelo qual alguns tecidos são capazes de substituir os componentes lesados e retornar ao estado normal de funcionalidade o Ocorre por meio da proliferação das células que sobrevivem à lesão e que mantêm a capacidade proliferativa o Exemplos: epitélio que se divide rapi- damente, na pele e nos intestinos, e em alguns órgãos parenquimais, prin- cipalmente o fígado o Em outros casos, células-tronco podem contribuir para a restauração dos teci- dos lesados CICATRIZAÇÃO o Ocorre se os tecidos lesados são inca- pazes de regeneração completa ou se as estruturas de suporte do tecido são gravemente lesadas o O reparo se dá pela deposição de teci- do conjuntivo (fibrose), resultando na formação de cicatriz o A cicatriz proporciona estabilidade es- trutural para o retorno do funciona- mento do tecido lesado Ambos os processos envolvem a prolifera- ção de várias células e estreitas interações entre células e MEC Fatores que influenciam na reparação o Capacidade regenerativa das células – células lábeis, estáveis ou permanen- tes o Grau de destruição – quanto maior a histólise, menor a possibilidade de re- generação e maior a de cicatrização o Tipo de inflamação – quanto maior a duração do processo inflamatório me- nor a possibilidade de regeneração; a presença de infecção e/ou de corpo estranho diminui as chances de rege- neração o Fatores locais – irrigação; tamanho e localização da lesão; posição e imobili- zação Classificação das células quanto à ca- pacidade replicativa o Células lábeis – regeneração com faci- lidade e rapidez; são constantemente perdidas e continuamente substituídas por novas células (ex.: epitélio de su- perfície, tecido hematopoiético, muco- sas e ductos) o Células estáveis – células que normal- mente estão no estágio G₀ do ciclo ce- lular e não se proliferam, mas são ca- pazes de se dividir em resposta a lesão ou a perda de massa tecidual (ex.: he- patócitos, células endoteliais, fibroblas- tos) o Células permanentes – células não proliferativas terminalmente diferenci- adas; a lesão é irreversível e resulta em cicatriz (ex.: neurônios e células musculares cardíacas) Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 2 Envolve proliferação celular dirigida por fatores de crescimento e dependente da integridade da MEC e do desenvolvimento de células maduras a partir de células- tronco Vários tipos celulares proliferam durante o reparo, entre eles: o Células remanescentes do tecido lesa- do – tentam restaurar a estrutura normal o Células endoteliais vasculares – criam novos vasos que fornecem os nutrien- tes necessários para o processo de re- paro o Fibroblastos – fonte de tecido fibroso que forma a cicatriz que preenche os defeitos que não são corrigidos por re- generação A proliferação celular é impulsionada por sinais fornecidos por fatores de crescimen- to e a partir da MEC Fatores de crescimento o Alguns deles atuam em vários tipos de células, e outros são específicos para um tipo celular o Geralmente produzidos por células próximas ao local da lesão o As fontes mais importantes: macrófa- gos ativados pela lesão tecidual, mas células epiteliais e estromais também produzem alguns desses fatores o Vários se ligam às proteínas da MEC e são exibidos no local da lesão tecidual em altas concentrações o Todos ativam vias de sinalização in- duzem alterações na expressão gênica que impulsionam as células através do ciclo celular e suportam a biossíntese de moléculas e organelas que são ne- cessárias para a divisão A regeneração hepática é um clássico exemplo de reparo por regeneração o Ela é desencadeada por citocinas e fa- tores de crescimento em resposta à perda de massa hepática e inflamação o Em diferentes situações, pode ocorrer pela proliferação e sobrevivência dos hepatócitos ou repovoamento a partir de células progenitoras Processo no qual um tecido lesado é subs- tituído por um tecido conjuntivo vasculari- zado, levando à formação de uma cicatriz, Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 3 ou por uma combinação de regeneração de algumas células residuais e formação de cicatriz Cicatrizes teciduais podem acontecer se a lesão for grave ou crônica e resultar em danos às células parenquimais e epiteliais, bem como a estrutura do tecido conjunti- vo, ou se as células sem capacidade proli- ferativa forem lesadas A formação de cicatriz é uma resposta que “remenda” em vez de restaurar o tecido Alguns minutos após a lesão tampão hemostático composto por plaquetas é formado interrupção do sangramento 1º PASSO – REAÇÃO INFLAMATÓRIA o Típicas respostas inflamatórias aguda ou crônica o Liberação de substâncias vasoconstri- toras, principalmente tromboxana A2 e prostaglandinas, pelas membranas ce- lulares o Exsudato de células fagocitárias reab- sorve o sangue extravasado e os pro- dutos da destruição tecidual o Células inflamatórias eliminam agentes agressores o Macrófagos M1 – removem microrga- nismos e tecido necrótico e promovem a inflamação em uma retroalimentação positiva o Macrófagos M2 – produzem fatores de crescimento que estimulam a prolifera- ção de muitos tipos celulares na pró- xima etapa do reparo 2º PASSO – PROLIFERAÇÃO CELULAR o Leva até 10 dias para iniciar o Há proliferação fibroblástica e endote- lial que migram para fechar a ferida, agora limpa e formam o tecido conjun- tivo cicatricial o Células epiteliais respondem a fato- res de crescimento produzidos local- mente e migram sobre a ferida para cobri-la o Células endoteliais e outras celulas vasculares proliferam para formar novos vasos sanguíneos (angiogênese) o Fibroblastos proliferam e migram para o local da lesão e repousam sobre as fibras colágenas que formam a cica- triz A combinação de fibroblastos em prolifera- ção, tecido conjuntivo frouxo, novos vasos sanguíneos e células inflamatórias crônicas espalhadas forma um tipo de tecido ímpar para cicatrização das feridas (tecido de granulação) 3º PASSO – REMODELAÇÃO o Tecido cicatricial sofre remodelação, que resulta em diminuição de volume da cicatriz, podendo haver até seu de- saparecimento o A característica mais importante desta fase é a deposição de colágeno de maneira organizada, por isso é a mais importante clinicamente o Inicia-se 2 a 3 semanas após a injúria e pode continuar por meses ou anos Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 4 É mais rápida e forma cicatriz menor, visto que a fenda da ferida é mais estreita e a destruição tecidual nas suas bordas é me- nor Exemplo clássico é o de feridas cirúrgicas, em que o sangue extravasado pelo corte forma um coágulo que ocupa o espaço en- tre as margens da ferida Os leucócitos fagocitam o coágulo, inician- do-se a produção do tecido conjuntivo ci- catricial e a regeneração do epitélio Essa fase também depende de citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento Os ceratinócitos da borda da ferida ex- põem os receptores para IL-8 – os cerati- nócitos proliferados deslocam-se e pren- dem-se à matriz provisória de fibrina e, em seguida, sintetizam membrana basal, res- tabelecendo relação normal com a MEC Ferida mais ampla, com bordas afastadas ou que tenha sido infectada; cicatrizam por meio da combinação de regeneração e ci- catrização Forma-se um grande coágulo Se ocorrer infecção, surge reação inflama- tória exuberante Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 5 A regeneração da epiderme é mais lenta e demora mais tempo para se completar As células da epiderme proliferam nas margens, onde ocorre certo grau de hiper- plasia devido à grande quantidade de fato- res de crescimento liberados a partir de células exsudadas Brotamento de novos vasos a partir dos vasos preexistentes Em lesões isquêmicas do SNC, neurônios necróticos são reabsorvidos por macrófa- gos vindos da circulação e pela micróglia Macrófagos e micróglia endocitam e dige- rem os restos do tecido necrótico, toman- do um aspecto espumoso, devido à grande quantidade de lipídeos endocitados Seguido de intensa proliferação glial, em especial de astrócitos, que envolvem rapi- damente os vasos sanguíneos e restabele- cem a barreira hematoencefálica O tecido morto é substituído por um foco de gliose, no qual predominam astró- citos e micróglia A recuperação funcional das deficiências que se seguem à necrose deve-se em par- te à hipertrofia de neurônios vizinhos, que aumentam seus prolongamentos e fazem novas conexões. Em humanos, ainda não há evidências de regeneração de neurônios nesse processo Infecção – prolonga a inflamação e au- menta potencialmente a lesão tecidual lo- cal Diabetes – causa sistêmica Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 6 Estado nutricional – desnutrição proteica e deficiência vitamina C, por exemplo, ini- bem a síntese de colágeno e retardam a cura Glicocorticoides – apresentam efeitos anti- inflamatórios já bem documentados, e sua administração pode resultar em cicatriza- ção deficiente porque inibem a produção de TGF-β e diminuem a fibrose Fatores mecânicos – aumento da pressão local ou torção Má perfusão – devido à aterosclerose e ao diabetes, ou obstrução da drenagem veno- sa Corpos estranhos Tipo, extensão e localização da lesão A cicatrização é influenciada por fatores locais e sistêmicos que podem reduzir, re- tardar ou impedir o processo Úlceras venosas das pernas o Mais frequente em pessoas idosas; o Resultado de hipertensão venosa crô- nica, que pode ser causada por varizes graves ou insuficiência cardíaca con- gestiva; o Não cicatrizam devido ao mau forne- cimento de oxigênio para o local da úl- cera Úlceras arteriais o Desenvolvem-se em indivíduos com aterosclerose das artérias periféricas, especialmente associadas ao diabetes; o A isquemia resulta em atrofia e então necrose da pele e dos tecidos subja- centes Úlceras de pressão o Ulceração da pele e necrose dos teci- dos causada por compressão prolon- gada dos tecidos contra um osso sub- jacente o Pressão mecânica e isquemia local Úlceras diabéticas o Afetam as extremidades inferiores, particularmente o pé; o Necrose tecidual e cicatrização defici- ente são o resultado de doença dos pequenos vasos, que causam isque- mia, neuropatia, anormalidades meta- bólicas sistêmicas e infecções secundá- rias o Caracterizadas por ulceração epitelial e extenso tecido de granulação na der- me subjacente O acúmulo de quantidades excessivas de colágeno pode resultar em uma cicatriz Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 7 elevada conhecida como cicatriz hipertrófi- ca As cicatrizes hipertróficas geralmente se desenvolvem após uma lesão térmica ou traumática que envolve as camadas pro- fundas da derme Se o tecido cicatricial cresce além dos limi- tes da ferida original e não regride, é chamado queloide Granulação exuberante é caracterizada pela formação de quantidades excessivas de tecido de granulação, que se projeta acima do nível da pele circundante e blo- queia a reepitelização (esse processo é chamado popularmente carne esponjosa) Fibromatoses agressivas ou desmoides são neoplasias que permeiam a zona limítrofe entre tumores benignos e malignos de bai- xo grau A contração da ferida é importante no pro- cesso da cicatrização normal. O exagero nesse processo origina a contração e resul- ta em deformidades da ferida e dos tecidos circundantes Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças I - Patologia 8 REFERÊNCIAS BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo, patologia. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins, bases patológicas das doenças. 10 ed. Rio de Janei- ro: Elsevier, 2018.
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