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1 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA ANATOMIA DA PRÓSTATA A próstata é uma glândula que faz parte do aparelho reprodutor e urinário masculino. Glândula com formato aproximado de uma pirâmide com a base voltada para cima e o ápice voltado para a parte caudal, para baixo. Grosseiramente, é uma glândula em formato de morango pequeno. Localização: Logo abaixo da bexiga, entre o colo vesical e a parte mais proximal da uretra peniana. A próstata em um homem jovem pesa aproximadamente de 20-30g sendo que a partir dos 40 anos ocorrem algumas mudanças hormonais que fazem com que ela aumente seu tamanho. Esse aumento pode trazer uma série de repercussões na micção do homem. ZONAS PROSTÁTICAS (MCNEAL) Zona de Transição (AZUL): menor porção (5% do tecido prostático). Circunda a uretra. PRINCIPAL, é onde se desenvolve o tecido benigno, responsável pelos sintomas obstrutivos de HPB. Zona Central (LARANJA): Não glandular – preenchido por tecido estromal, também relacionada com a HPB. Zona Periférica (VERDE): maior porção (80%). Maior incidência de Câncer de Próstata. INTRODUÇÃO Definição: processo histopatológico onde há proliferação das células estromais e epiteliais prostáticas. Ocorre em homens geralmente a partir dos 40 anos, com as mudanças hormonais, que podem fazer um aumento acentuado da próstata que geram os sintomas urinários obstrutivos baixos (podem passar a ter dificuldade para iniciar a micção, ou seja, a hesitação miccional, diminuição do jato urinário, aumento do esforço miccional, gotejamento terminal). O paciente se queixa de que o final do jato pinga bastante e pode chegar a ser difícil controlar o final da micção. Ele passa a ter um certo grau de incontinência, molhando um pouco a roupa com essas gotinhas (isso incomoda sobremaneira o paciente). Ele pode ter dificuldade de esvaziar completamente a bexiga, sensação de esvaziamento incompleto, passando a ter aumento da frequência urinária, polaciúria. Quando essa polaciúria acontece a noite se chama noctúria. Todos esses sintomas podem prejudicar de forma muito importante a qualidade de vida do homem. A bexiga passa a ter um espessamento da parece vesical, ou seja, a parte muscular da bexiga aumenta sua espessura e não consegue relaxar direito, não consegue armazenar os volumes urinários maiores, o paciente pode passar a apresentar urgência miccional e até incontinência urinária por conta desse espessamento causado pelo aumento da próstata e consequente obstrução da uretra. EPIDEMIOLOGIA Doença urológica mais prevalente em idosos; ↑ Idade ↔ ↑ Prevalência. Volume prostático ↔ Sintomas obstrutivos do trato urinário inferior. O volume prostático não necessariamente tem relação com o grau de sintomas que o paciente apresenta. Ou seja, às vezes um paciente tem uma próstata um pouco aumentada (40-60g), em uso de uma sonda vesical, porque teve uma retenção urinária aguda, já não consegue mais urinar espontaneamente; enquanto que pode ter um paciente com próstata de 150-200g, mas que consegue urinar de forma relativamente boa e sem sintomas... Então, o tamanho da próstata que é encontrado com o toque retal ou ultrassonografia não necessariamente vai estar relacionado com o grau de sintomas que o paciente vai apresentar. Volume prostático não é indicação de tratamento!!! Cerca de 50% dos têm sintomas aos 75 anos. Até 25% apresentam sintomas aos 55 anos. O diagnóstico da HPB é clínico! 2 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia QUADRO CLÍNICO Diminuição do jato urinário; * Jato Urinário interrompido; * Dificuldade em iniciar a micção (hesitação); * Gotejamento terminal; Sensação de esvaziamento incompleto; * Aumento da frequência urinária (polaciúria); * Aumento da frequência urinária noturna (noctúria) Aumento do esforço miccional; * Dificuldade em conter a micção; * * IPSS – Índice de avaliação e um questionário que dá um grau de sintomas, ou seja, ele dá um score de sintomas urinários obstrutivos que ajuda a quantificar e comparar diferentes pacientes (muito utilizado em trabalhos científicos). EXAME FÍSICO Exame digital prostático: o médico usa uma luva, lubrifica o dedo indicador e o introduz no ânus com o objetivo de palpar a próstata tentando identificar o seu tamanho, consistência, presença de áreas endurecidas (podem estar correlacionada com alguma neoplasia prostática maligna). A próstata normalmente tem a consistência da ponta do nariz. Esse exame é muito importante para o rastreamento do câncer de próstata juntamente com o exame de sangue, o PSA. EXAMES COMPLEMENTARES Colher a história → fazer o exame físico → solicitar de ultrassonografia de próstata e aparelho urinário. ➢ Toque retal para avaliar tamanho (25-35g). ➢ Ultrassom pode ser feito por duas vias: Transabdominal e Transretal. Ambas conseguem quantificar de forma relativamente precisa o tamanho da próstata, sendo que a via transretal é mais utilizada quando se deseja colher amostras do tecido prostático para avaliar câncer. Imagem 3: paciente com transdutor de ultrassonografia introduzido através do ânus e através desse aparelho utiliza-se uma agulha para fazer coleta de material prostático. ➢ Uretrocistoscopia (avaliar uretra, colo vesical e bexiga): exame endoscópico, em que o médico introduz o aparelho através do meato uretral e prossegue com esse aparelho através da uretra peniana, bulbar e prostática e depois entra na bexiga, com isso ele vai avaliar o calibre uretral, a presença do aumento dos lobos prostáticos (que ficam comprimindo a uretra prostática, diminuindo seu calibre) e avaliação da mucosa vesical, verificar a presença de tumor, de cálculo, algum corpo estranho... ➢ Urofluxometria (avaliar jato urinário): teste em que o paciente deve ingerir uma certa quantidade de água e quando sente vontade de urina, é conduzido à um aparelho que mede o fluxo urinário. Avalia o jato urinário, a força do jato, o tempo de micção e permite avaliar os pacientes com queixar urinárias obstrutivas baixas. ➢ Estudo Urodinâmico (diagnosticar patologias de esvaziamento): uso de uma sonda através da uretra, que vai promover o enchimento vesical. Esse cateter tem uma outra via que ajuda a medir a pressão dentro da bexiga. Insere-se também um balão através do reto e com isso consegue-se diagnosticar patologias de esvaziamento vesical. 3 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia TRATAMENTO • Medidas comportamentais (ingesta hídrica, exercício físico, esvaziamento programado). Fazer ingesta hídrica e exercícios físicos durante o dia, evitar durante a noite. É importante fazer um esvaziamento programado da bexiga, que é sempre que for entrar em uma situação que o impedirá ou dificultará a ida ao banheiro, ele o faça antes. • Farmacológico (até piora dos sintomas de esvaziamento ou armazenamento). • Fitoterapia (sem fundamentação científica): feitos a base de plantas. Não é recomendado pelos profissionais pela falta de fundamentação científica. • Cirúrgico (endoscópico ou cirúrgico). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ALFA-BLOQUEADORES (DOXAZOSINA/ TANSULOSINA) ❖ Aumentam contração detrusora: fazem com que o músculo detrusor tenha mais potência (mais força de contração). ❖ Relaxam o tônus da musculatura do colo vesical e estroma prostático → melhoram fluxo urinário (↓sintomas de esvaziamento). Muitas vezes esses pacientes estão em uso de sonda vesical de Foley, uma sonda de demora e com o uso desses medicamentos ele passa a ter micção espontânea. INIBIDORES DE 5-ALFA-REDUTASE (FINASTERIDA / DUTASTERIDA) ❖ Bloqueiam a conversão de Testosterona em di- hidrotestosterona. ❖ Inibemo crescimento prostático. ❖ Usados em próstatas > 40cm3 (g). ❖ Podem prevenir progressão. Sua principal função é evitar que continue havendo o crescimento prostático e isso consequentemente tende a fazer com que haja melhora dos sintomas urinários obstrutivos que o paciente apresenta. São medicamentos que tendem a ter efeitos mais retardados. ❖ A Dutasterida, começa a ter algum efeito no volume prostático depois e 6 a 12 meses. ❖ A finasterida é mais antiga e menos potente. ANTICOLINÉRGICOS (OXIBUTININA, SOLIFENACINA, DARIFENACINA E TOLTERODINA). ❖ Bloqueiam a ligação colinérgica vesical. ❖ Melhoram sintomas de armazenamento (urgência e urge-incontinência). ❖ Esses medicamentos fazem com que a bexiga fique menos reativa, que ela relaxe melhor para receber a urina. Os pacientes passam a ter menor instabilidade do músculo detrusor, tendo contrações menos frequentes durante a fase de armazenamento, então o paciente consegue segurar mais a urina. ❖ Contra indicados para pacientes com problema de pressão alta no olho, glaucoma de ângulo fechado. INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE (TADALAFILA) ❖ ↑ óxido nítrico na bexiga, próstata e pênis causando relaxamento da musculatura lisa → ↑ fluxo urinário. ❖ Bom para pacientes com disfunção erétil, queixa relativamente frequente da faixa etária mais avançada. AGONISTA Β-3-ADRENÉRGICO (MIRABEGRONA) ❖ Causa relaxamento detrusor → melhora a capacidade vesical sem prejudicar a micção (urgência e urge- incontinência). Medicamento com ação muito semelhante à dos anticolinérgicos. ❖ Vantagem: podem ser utilizadas em pacientes que têm problema de pressão alta no olho, glaucoma de ângulo fechado, neles é contraindicado o uso de anticolinérgicos. TERAPIA COMBINADA: Finasterida + Doxazosina – com ou sem Tadalafila. Dutasterida + Tansulosina – com ou sem Tadalafila. O objetivo dessas combinações é prevenir a progressão da doença (finasterida ou dutasterida) e melhorar os sintomas urinários obstrutivos de esvaziamento (doxazosina ou tansulosina). Tadalafina ajuda nos sintomas de obstrução. TRATAMENTO CIRÚRGICO Motivos: - Falha da terapia medicamentosa. - Retenção urinária recorrente ou refratária: passa-se a usar uma sonda vesical de demora ou de Foley e mesmo com o uso do medicamento o paciente não consegue urinar, esse é o caso da retenção refratária. - Dilatação do trato urinário superior por HPB. Pode ser vista na última imagem abaixo, uma dilatação do ureter ou hidronefrose... - ITU de repetição: isso acontece devido ao amento do resíduo pós-miccional, favorecendo um crescimento bacteriano na urina que vem a causar infecções urinárias. - Hematúria macroscópica por HPB. - Litíase Vesical: sais urinários podem se cristalizar devido à estase de urina. A segunda e terceira imagem mostram isso, os cálculos pequenos redondinhos (bonitinhos) dentro da bexiga em uma endoscopia e a outra mostra uma radiografia simples de abdome que mostra uma grande calcificação preenchendo praticamente toda a luz vesical. 4 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia - Divertículos vesicais: primeira imagem que mostra a falência da musculatura detrusora que acaba formando saculações na parede da bexiga que acumulam uma certa quantidade de urina não esvaziando completamente. Toda vez que a bexiga se contrai para fazer o esvaziamento, a urina escapa para dentro dessas saculações não sendo eliminada. Técnicas RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA PRÓSTATA MONOPOLAR OU BIPOLAR Via endoscópica. Introduz-se um endoscópio através da uretra, sob anestesia raqui ou geral, e faz-se a remoção de pequenos fragmentos da próstata. Padrão ouro para próstatas de 30 a 80g. FOTOABLAÇÃO PROSTÁTICA A LASER (GREENLIGHT) Técnica mais moderna. Cirurgia em que se faz a vaporização do tecido prostático usando como fonte de energia o rio laser verde. Pode tratar próstatas bastante volumosas, existem muitas variações dessa técnica, que permite o tratamento de próstatas de até 200g. PROSTAECTOMIA A CÉU ABERTO Indicada para próstatas > 80g. Barato, fácil, rápido, bastante seguro e amplamente disponível. Geralmente é a utilizada em pacientes do SUS. Efeito muito bom no sentido de remover a parte da próstata que está atrapalhando a passagem da urina, ou seja, o parênquima prostático, deixando a cápsula prostática praticamente vazia e fazendo com que o paciente volte a urinar com bastante eficiência e melhora dos sintomas urinários obstrutivos. AVANÇOS TERAPÊUTICOS Áqua-ablação: em que se usa um jato de água para fazer a enucleação do parênquima da próstata. Enucleação a laser. Vaporização. Embolização: em que se faz a obstrução de algumas artérias prostáticas ou das artérias prostáticas por micro êmbolos usando técnicas de radiologia invasiva/intervencionistas. Urolift: paciente que estão impedidos de fazer outras intervenções cirúrgicas. É uma técnica pouco invasiva que tende a aumentar ao diâmetro da uretra prostática, ou seja, desobstruir a uretra prostática, fazendo com que o paciente, durante algum tempo, tenha melhora dos sintomas urinários obstrutivos. Pode haver piora dos sintomas com o tempo, sendo necessária a repetição da cirurgia. FLUXOGRAMA BÁSICO 5 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia CÂNCER DE PRÓSTATA INTRODUÇÃO - Tumor sólido mais frequente em homens. - Segundo tumor mais frequente (1° lugar: câncer de pele). Segundo tumor mais letal (1° lugar: câncer de pulmão). - 68,220 casos novos (2018), 14.484 mortes (Brasil, 2015). ANO 2010: 8.000 mortes. - 1 em cada 6 homens são acometidos – Incidência aumentando. - No passado: diagnóstico tardio (doença avançada – palpável ao exame retal). - Quadro Clínico: Sintomas miccionais/ metástases / TR alterado. - 1980: advento do uso do PSA (Aprovado pelo FDA em 1994). - ↑ Incidência; ↑diagnóstico precoce (tumores iniciais e de baixo risco). - Sobretratamento de tumores baixo risco (overtreatment): Se indicando a prostatectomia radical para tumores de baixo risco/fase inicial. - Graças ao diagnóstico precoce também houve ↓ morte câncer específica; - A prostatectomia radical ↑ morbidade decorrente dos tratamentos: incontinência urinária e impotência sexual. - Discussão sobre a validade do rastreamento (2012 E.U.A.) Overdiagnosis + overtreatment X Late diagnosis. RECOMENDAÇÕES DE RASTREAMENTO • ♂ > 45 anos: Negros, História Familiar positiva para Ca Próstata → PSA + Toque Retal anualmente. • ♂ 50 a 75 anos: PSA + Toque Retal anualmente. •♂ > 75 anos: PSA + Toque Retal anualmente se expectativa de vida > 10 anos. FATORES DE RISCO Idade: quanto mais velho é o paciente maior o risco de desenvolver um Ca de próstata. Hereditariedade: homens que têm 1 ou mais caso na família têm risco aumentado para o desenvolvimento do câncer, principalmente se o familiar desenvolveu antes dos 60 anos de idade. Raça: homens de raça negra têm risco aumentado. Estilo de vida: tabagismo, arsênio (indústria de tinta), aminas aromáticas (indústria de tinta), obesidade [CA-P avançado]. QUADRO CLÍNICO ASSINTOMÁTICO: em fases iniciais, de modo geral. Disfunção miccional: mais comum em HPB, mas pode estar presente também em paciente com Ca de próstata principalmente quando os portadores de Ca chegam em suas fases mais avançadas. Invasão de órgãos adjacentes: coluna lombar, bacia e o fêmur. Todas as áreas hipercaptantes são áreas comprometidas pela Ca metastático. Hemospermia: presença de sangue no esperma. Fraturas patológicas: que às vezes ocorrem mesmo em mínimos traumas. Metastáses: ossos, linfonodos... DIAGNÓSTICO (Biópsia) Bx. Prostática guiada por US com ou sem fusão de imagens de RMN, indicado quando: - PSA > 2,5 e/ou TR alterado;- Velocidade PSA > 0,75/ano. PATOLOGIA • Adenocarcinoma acinar da próstata. • 70% Zona Periférica – palpável ao toque retal. • Tumor sólido, endurecido, branco amarelado. • Escala de Gleason (6-10). • Papel da Testosterona: os tumores prostáticos geralmente são dependentes de testosterona, quando a testosterona, normal no organismo do homem, faz o tumor crescer. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Baixo risco Intermediário Alto risco PSA <10 10-20 >20 Gleason <6 7 >8 Toque retal <50% Restrito à próstata Invade outras est. 6 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia TRATAMENTO VISANDO A CURA Cirurgia (Prostatectomia Radical). Radioterapia. Braquiterapia. VISANDO O CONTROLE Hormonioterapia. Quimioterapia. ESTRATÉGIAS DE ACOMPANHAMENTO • Vigilância ativa (baixo risco): identificação de tumores em pacientes hígidos, pacientes com boa expectativa de vida e tumores considerados baixo risco. Esses pacientes vão fazer exames periódicos: repetir PSA de 3/3 meses, RMN da próstata de 6/6 meses intercalando com a biópsia prostática a cada ano para avaliar se houve progressão da doença, se continua restrito à próstata ou tomou caráter mais agressivo. Geralmente indicados para Gleason 6 com PSA baixo ou paciente com boa saúde ou com poucas comorbidades. • Observação (>80 anos): extremo oposto. Indica-se a observação apenas quando se descobre um tumor em paciente com idade mais avançada, ou seja, mais de 80 anos. Nesse o tumor pode ter um avanço mais lento e o paciente com tantas comorbidade ou mesmo pela idade não aguentar um tratamento radical. Deve-se optar por uma observação mais conservadora na intenção de só intervir se houver uma progressão mais agressiva e evitar a piora na qualidade de vida. CIRURGIA PROSTATECTOMIA RADICAL Retirada da próstata junto com as vesículas Seminais, ductos deferentes e gânglios linfáticos. Em casos de tumores de alto risco pode ser feita também a linfadenectomia estendida que vai até à bifurcação das cadeias ilíacas. A cirurgia pode ser feita: aberta, por videolaparoscopia ou robô. CIRURGIA ROBÓTICA Uso de um equipamento bastante avançado em que o cirurgião consegue ter uma visão tridimensional utilizando o robô e que ele tem recursos bastante avançados de cirurgia que permitem algumas situações de dissecção mais detalhada e com uma visão mais elaborada do que o acontece na cirurgia aberta. RADIOTERAPIA ❖ O paciente entra em um protocolo de tratamento e são feitas em torno de 30 sessões de exposição diária de mais ou menos 1 hora. ❖ Objetivo: finalidade curativa eliminar todas as células malignas presentes na próstata. ❖ Resultados muito semelhantes à cirurgia radical de próstata. Tem complicações um pouco diferentes: irritação do reto e da bexiga, sangramento urinário e retal, dor pélvica. ❖ Pode ser indicada para pacientes que tenham outra comorbidades e que a cirurgia seja arriscada. HORMOTERAPIA - DOENÇA AVANÇADA Objetivo: baixar os níveis de testosterona no organismo. Castração (Retirada da Testosterona). Química: fita através de medicamentos. Geralmente o paciente atinge os níveis hormonais de castração com meses de uso dos medicamentos e pode fazer com que o tumor fique sobre controle durante muito tempo. Cirúrgica: retirada dos testículos, faz a retirada completa da testosterona no organismo. Tumor regride rapidamente. QUIMIOTERAPIA Casos refratários ao tratamento hormonoterapico Metástases. IMUNOTERAPIA: tratamento de doenças avançadas. PREVENÇÃO Não existem ainda medicamentos que previnam o Ca de próstata de forma eficiente. - Estilo de vida/Dieta? Evitar tabagismo, praticar atividade física... - Vitamina D/E? Não mostraram nenhum benefício na prevenção... - Licopeno (tomate)? Combate radicais livre, ou seja, um antioxidante. PODERIA ter algum benefício... - Selênio? Presente na castanha, alguns estudos dizem que sim outros que não previne... - Quimioprevenção. 7 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia INFECÇÃO URINÁRIA EPIDEMIOLOGIA Segunda infecção mais comum do corpo humano. 7 milhões de paciente /ano (usa). 1 milhão de atendimentos ambulatoriais. 1 milhão de atendimentos em emergência. 100.000 internamentos. Mais comum em mulheres (1 em cada 5), por conta da uretra. 15% precisa de antibioticoterapia com internamento hospitalar → 1.6 bilhões de dólares anual A infecção nos homens está mais relacionada ao esvaziamento incompleto da bexiga, deixando um meio apropriado para a proliferação microbiana. Hospitalar: 40% associada a cateter urinário 25% dos pacientes em uso de cateter por maior/igual 7 dias desenvolvem infecção. Risco de infecção aumenta em 5% por dia de internamento. Infecção nasocomial aumentam os custos em 500 a 1000 US$/Episódio (344-688 euros). DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A infecção urinária é dividida em duas definições Colonização microbiana (quantidade suficiente para dar positivo) + invasão tissular (sintomas). Muitos pacientes acamados, idosos, possuem patógenos resistentes, porém sem sintomatologia (Pessoas colonizadas sem sintomatologia). Segundo diretrizes americanas e europeias, não tratamos os pacientes assintomáticos (colonizadas), fazemos medidas protetivas para que a colonização não afete o microbioma. Bactérias, fungos, vírus ou parasitas (peixe da Amazônia). Via de transmissão é ascendente (TGI) ou hematogênica. Há uma via linfática, porém não há publicações cientificas suficiente. 80%gram negativas (E. coli 90% INTESTINAL, ou seja, ASCENDENTE e Protheus). SINAIS E SINTOMAS SINTOMAS GERAIS ➢ Disúria. ➢ Urgência miccional e polaciúria. ➢ Sensação de repleção vesical ou desconforto em abdome inferior. ➢ Desconforto / Hipersensibilidade suprapúbica. ➢ Dor em flanco ou reatividade em ângulo costovertebral. ➢ Micro-/Hematúria. ➢ Febre, calafrio, mal-estar, sepse. ARESC 2006 – ANTIMICROBIAL RESISTANC E EPIDEMOLOGICAL SURVEY ON CYSTITIS - 4264 mulheres, 18 a 65 anos com cistite aguda não complicada. 76,7% ESCHERICHIA COLI! RESISTÊNCIA 48,3% → Ampicilin. 29,4% → Co-trimoxazol. 18,6%--> Fluoroquinolone. ANTIBIÓTICO EFETIVO Fosfomycin → 98,1%. Mecillinam → 95,8% (Aústria e Escandinávia). Nitrofurantoin → 95,2%. Ciprofloxacin → 91,7%. Amoxicilin → 82,5%. Cefuroxim → 82,4%. Muitas vezes os genéricos não possuem a dose efetiva para o tratamento. PATÓGENOS - O patógeno depende da flora local (Upa, Hospital, etc.). Em casa, tanto em homens e mulheres, encontramos mais Escherichia coli e Protheus Mirabillis. Escherichia coli (80-90%) Protheus Mirabillis (Principalmente em homens) Pseudomonas Enterecoccus Staphilococcus Os 4 últimos: atentar para anomalias obstrutivas ou litíase. FATORES DE RISCO Refluxo vesico-uretral. Disfunção vesical. Bexiga neurogênica. Constipação intestinal. Duplicação uretral. Cateterismo de demora. Válvula de uretra posterior. Instrumentação. Estenose de JUP. Ureterocele. Cálculo. Início precoce de atividade sexual na adolescência. INFORMAÇÕES DADAS EM SALA O critério para se investigar ITU é a partir da 3 infecção urinária no ano. 8 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia O cranberry não serve pra nada na infecção urinária. A única coisa que ele faz é estimular o aumento de ingesta de água. Acidificar o meio também não ajuda na infecção urinária. Deixar o meio mais alcalinizado ajuda a prevenção da infecção. Repetir o exame após o tratamento. Se o paciente chegar com queixa de ITU, primeiro você trata empiricamente para a bactéria maiscomum (E.coli) e pedimos o exame. O paciente deve fazer o exame antes do uso de medicamento. QUADRO CLÍNICO ADULTO Variável, desde bacteriúria assintomática até um quadro de pielonefrite e sepse, incluindo febre, calafrio, urgência, disúria, dor em flanco, vômito. CRIANÇAS <2 Febre, dor abdominal, perda de peso, irritabilidade, vômitos, diarreia, disúria, jato interrompido, retenção urinária. PRÉ-ESCOLARES Disúria, urgência miccional, polaciúria, mal cheiro, dor supra púbica (principalmente nas mulheres). DIAGNÓSTICO CLÍNICO - Em crianças com febre sem foco definido. LABORATORIAL Sumário de urina – Ver se tratamento foi eficaz. Urocultura - Não deve ser usado para ver a eficácia do tratamento. USG VU - Se suspeita de pielonefrite. Cateterismo vesical. Punção vesical. PRÉ-ESCOLARES - Jato médio após assepsia genial, bolsa coletora em lactantes. SUMÁRIO - Leucócitos acima do normal, nitrito, uratos amorfos. PIÚRIA SEM ITU - Desidratação grave, tuberculose genital, processos inflamatórios próximos as vias urinárias, irritação química, glomerulonefrite. CINTILOGRAFIA RENAL - Avaliar cicatrizes renais por infecção recorrente (pielonefrite). UROGRAFIA EXCRETORA E/OU URETROCISTOGRAFIA - Avaliar morfologia das vias urinárias. TRATAMENTO Aumento da ingesta hídrica. Mudanças comportamentais - Asseio genial, balanopostites, corrimentos vaginais. Correção de hábitos miccionais e intestinais. - Avaliar cicatrizes renais por infecções recorrentes Antibioticoterapia empírica e baseada em cultura. - Avaliar morfologia das vias urinárias. ANTIBIOTICOTERAPIA Fosmicina (dose única em mulher, 2 doses em homem) Beta-lactâmicos (amoxicilina= ácido clavulânico, cefaclor) - 5-7 dias. Nitrofuratoína - 5-7 dias. Pielonefrite- ciprofloxaxino, levofloxacino, ceftriaxona (hospitalização) Bacteriuria assintomática - não tratar (exceção: gestantes e imunossuprimidos, pré-operatório cirurgia urológica). Gestante- amoxicilina, Nitrofuratonina, cefaclor, ceftriaxona. Atenção a proteção/ renovação da flora intestinal. 9 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – VERDADEIRA PANDEMIA 200 milhões de casos novos/ano. Clamídia- 131 milhões. Gonorreia – 78 milhões. Sífilis – 5,6 milhões. CASO 1 – NEISSERIAE GONORREAE M.A.S, sexo , 22 anos. Refere ter feito sexo oral e vaginal com uma amiga há 3 dias. Relata que a camisinha rompeu durante a relação. Informa que sempre usa preservativos que guarda no porta-luvas do carro. Há 5 dias cursa com prurido uretral, dor uretral espontânea e disúria intensa. Há 2 dias passou a apresentar corrimento uretral espesso, abundante, semelhante a leite condensado (SIC), mais forte pela manhã. Nega DST prévias comorbidades e alergias. EXAME FÍSICO CONDUTA: O QUE FAZER? Opção 1: Diagnóstico etiológico (identificação do agente causador) → Tratamento antibiótico específico. Opção 2: Iniciar tratamento antibiótico na primeira consulta baseada numa série de sinais e sintomas (Síndrome) → Abordagem sindrômica. Objetivos da abordagem sindrômica: Quebra da cadeia de transmissão. Identificação da(s) parceira(s) → Tratamento concomitante, vacinação da Hepatite B e HPV, pesquisar outras DST (VDRL, Anti-HIV, AgHBs e Anti- HCV) → Aconselhamento! DIAGNÓSTICO Síndrome do Corrimento Uretral. Agentes etiológicos mais frequentes: Clamydia trachomattis e Neisseriae gonorreae. TRATAMENTO Ceftriaxone – 500mg, IM, dose única + Azitromicina – 1g, VO, dose única OU Doxiciclina (vibramicina) -100mg, VO, 12/12h, O7 dias. Projeto SEMGONO: Ciprofloxacina** 1 escolha até 2015. 2ª escolha: AZITROMICINA – 2g, VO, dose única. (alérgicos a cefalosporinas) EXAMES LABORATORIAIS Bacterioscopia c/ Gram (1° Jato); Gonococos, Candida e Tricomonas NAAT (Teste de amplificação de ácido nucléico) Swab Uretral p/ Clamídia (ELISA, IFD e PCR); Uroculturas do 1° Jato e Jato Médio: Clamídia, Micoplasma, Ureaplasma e E. coli (direcionada); SOROLOGIAS PARA AS DEMAIS DST (NÃO ESQUECER!!!) CASO 2 – CLAMYDIA TRACHOMATTIS PACIENTE J.J.S., sexo , 51 anos. 14/03/19 Refere disúria intensa e corrimento uretral mucoso escasso há 07 dias. Relata coito vaginal desprotegido com a esposa há cerca de 14 dias. 28/03/19: Refere melhora das queixas infecciosas após o ATB. Relata recidiva do corrimento com disúria após retomar sua vida sexual. Traz os EXAMES DA ESPOSA: ELISA + para Clamídia; US transvaginal: Presença de líquido em fundo de saco de Douglas (DIP?) 25/04/19: Refere melhora das queixas infecciosas após o ATB. Informa que sua esposa fez o tratamento concomitantemente. Urocultura: Clamídia sensível a Doxiciclina e resistente a Azitromicina. EXAME FÍSICO DIAGNÓSTICO Síndrome do Corrimento Uretral. Agentes etiológicos mais frequentes: Neisseriae gonorrea e Clamydia trachomattis . TRATAMENTO Ceftriaxone – 500mg, IM, dose única + Azitromicina – 1g, VO, dose única. ORIENTO AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA ESPOSA E SOLICITO AS DEMAIS SOROLOGIAS. 10 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia CONDUTA – APÓS RETORNO Diagnóstico etiológico (identificação do agente causador e sensibilidade a ATB) + Tratamento empírico da Clamídia com DOXICICLINA (Vibramicina) – 100mg, VO, 12/12h, 07 dias; EXAMES LABORATORIAIS Bacterioscopia c/ Gram (1 ° Jato): Gonococo, Candida e Trichomonas. Swab Uretral p/ Clamídia (ELISA, IFD e PCR); NAAT (Teste de amplificação de ácido nucléico) – Gonococos + Clamydia. Uroculturas do 1° Jato e Jato Médio: Clamídia, Micoplasma, Ureaplasma e E. coli (com antibiograma). URETRITES – PATÓGENOS MENOS FREQUENTES MYCOPLASMA HOMINIS E URE APLASMA UREALYTICUM • Azitromicina – 2g, VO, em dose única; • Doxiciclina - 100mg, VO, de 12/12 h, por 14 dias; • Tetraciclina - 500mg, VO, DE 6/6 h, por 10 dias TRICHOMONAS VAGINALIS • Secnidazol – 2g, VO, dose única; • Metronidazol – 2g, VO, dose única; CANDIDA ALBICANS • Fluconazol 150mg, VO, dose única. ESCHERICHIA COLI • Ciprofloxacina 500mg, VO, 12/12h por 07 dias; COMPLICAÇÕES DAS URETRITES SÍNDROME DA ÚLCERA GENITAL AGENTES ETIOLÓGICOS: HERPES GENITAL – Herpesvirus hominis tipo 2 SÍFILIS – Treponema pallidum Cancro mole – Haemophilus ducreye DONOVANOSE – Calymmatobacterium granulomatis Linfogranuloma venéreo – Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2, L3) CASO 3 - HERPES M.A.S, sexo , 19 anos. Refere astenia, mialgia, febre e queda do estado geral há 5 dias. Surgiram vesículas no prepúcio e ínguas muito dolorosas nas regiões inguinais. As vesículas se romperam espontaneamente formando úlceras dolorosas e confluentes. Informa que um amigo fez sexo oral desprotegido (no paciente) há 7 dias. Nega DST prévias comorbidades e alergias. EXAME FÍSICO DIAGNÓSTICO Síndrome da úlcera genital precedida de vesículas (primo-infecção). Agente etiológico: Herpes Simplex 1 ou 2. O que diferencia ela das outra são as úlceras precedidas de vesículas. 11 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia TRATAMENTO Aciclovir (Zovirax) – 200mg, VO, 5x/dia, por 7 a 10 dias. Aciclovir (Zovirax) – 400mg, VO, 8/8h, por 7 a 10 dias. Valaciclovir (Valtrex,Herpstal) – 500mg, VO, 12/12h, por 7 a 10 dias. Famciclovir (Penvir, Famvir) – 250mg, VO, 08/08h, por 5 dias. TRATAMENTO EM CASO DE RECIDIVA Aciclovir (Zovirax) – 200mg, VO, 5x/dia, por 05 dias. Aciclovir (Zovirax) – 400mg, VO, 8/8h, por 05 dias. Valaciclovir (Valtrex,Herpstal) – 500mg, VO, 12/12h, por 05 dias. Fanciclovir (Penvir, Famvir) – 125mg, VO, 12/12h, por 05 dias. CASO4 - SÍFILIS A.S.M., sexo , 23anos. Refere surgimento de úlcera genital indolor, cerca de 20 dias após a última relação sexual. Informa que usa camisinha apenas no momento da ejaculação para evitar gravidez. Notou a presença de gânglios aumentados não dolorosos nas regiões inguinais. Nega DST prévias, comorbidades e alergias. EXAME FÍSICO DIAGNÓSTICO Síndrome da Úlcera Genital (<4 semanas) Agente Etiológico: Treponema pallidum – cancro duro, Haemophilus ducreye – cancro mole. TRATAMENTO Úlcera < ou = 4 semanas: Penicilina G benzatina + Azitromicina. EXAMES COMPLEMENTARES • Microscopia com campo escuro. • Imunofluorescência direta. • Bacterioscopia da secreção da lesão (estreptobacilos Gram (-) em paliçada ou cardume ou trilho de trem) – H. ducreyi. EXAMES COMPLEMENTARES (CONTROLE) FTA-ABS (IgM e IgG) ,ELISA (IgM e IgG), HTPA (PERENE) • Testes treponêmicos(muito específicos) • Positivam-se na 3ª semana de infecção • Têm positividade perene - IgG (não servem para controle de cura) • São qualitativos (+ ou -) VDRL • Testes não treponêmicos (menos específicos) • Positivam-se na 4ª ou 5ª semana • Servem inicialmente pouco para diagnóstico e mais controle de cura. CLASSIFICAÇÃO DA SÍFILIS PRIMÁRIA - Cancro duro: surge entre 10 e 90 dias após a contaminação (média de 21 dias); - Adenopatia regional não supurativa. - Cancro duro desaparece espontaneamente após 2 meses. - Sífilis decapitada (transfusão sanguínea) - São possíveis inoculações em outras áreas (raras) Cancro misto de rollet (coinfecção T.Pa;;idum + H. Ducreyi) → Imagem ao lado. SECUNDÁRIA - Lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas. - Aparecem 6 a 8 semanas após o contágio. - Micropoliadenopatia generalizada, artralgias, febrícula, cefaléia e adinamia. - Alopécia. - Condilomas planos. 12 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia TERCIÁRIA - Lesões cutâneo-mucosas indolores (tubérculos ou gomas). - Lesões neurológicas (tabes dossalis ou demência). - Lesões cardiovasculares (aneurisma aórtico). - Lesões articulares (artropatia de Charcot). - Aparecem 6 a 8 semanas após o contágio. TRATAMENTO DA SÍFILIS SECUNDÁRIA • Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 ampola, IM profundo em cada nádega, 1x/semana, por 02 semanas. (Total: 04 ampolas) TERCIÁRIA • Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 ampola, IM profundo em cada nádega, 1x/semana, por 03 semanas. (Total: 06 ampolas) CASO 5 – CANCRO MOLE A.S.S., sexo , 23 anos. Refere surgimento de úlcera genital dolorosa, cerca de 5 dias após a última relação sexual desprotegida. Comenta que a lesão é recoberta de secreção amarelo-acinzentada, que está aumentando de tamanho e que surgiram outras lesões menores próximas à inicial. Nega queixas sistêmicas e ínguas. Nega DST prévias comorbidades e alergias. DIAGNÓSTICO Síndrome da Úlcera Genital (< 4 semanas) Agente etiológico: Treponema Pallidum – cancro duro; Heamophilus ducreye – cancro mole. TRATAMENTO Úlcera < ou = 4 semanas: Penicilina G benzatina + Azitromicina. EXAMES COMPLEMENTARES • Microscopia com campo escuro • Imunofluorescência direta; • Bacterioscopia da secreção da lesão (estreptobacilos Gram (-) em paliçada ou cardume ou trilho de trem) – H. ducreyi. CASO 6 - DONOVANOSE J.B.M. , sexo , 42 anos. Agricultor, morador de região rural próxima a L.E.M. Refere urgimento de nódulo subcutâneo único, indolor, em haste peniana, há cerca de 2 meses. O nódulo erosou espontaneamente, formando úlcera de crescimento lento, de fácil sangramento. Usou várias pomadas e tomou uma Benzetacil (auto-medicação) sem melhora. Mostra-se muito constrangido com o odor desgradável e aspecto da lesão. Tem medo de “perder ” seu membro. Relata coito anal desprotegido com um vaqueiro de sua região cerca de 2 meses antes do surgimento da lesão. Nega outras parcerias. Não tem mais contato com seu parceiro desde então. EXAME FÍSICO 13 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia DIAGNÓSTICO Síndrome da Úlcera Genital precedida de bulbos (>4 semanas). Agente etiológico: Calymmatobacterium granulomatis - donovanose. EXAMES COMPLEMENTARES • Bacterioscopia de raspado da lesão: Histiócitos contendo C. granulomatis (bastonetes agrupados em cachos em forma de halteres) → Corpúsculos de Donovan. • PCR. • Cultura→ difícil cultivo. • Biópsia: Corpúsculos de Donovan. TRATAMENTO • Doxiciclina 100mg, VO, 12/12 h por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura clínica OU • Sulfametoxazol + TMP (800+160mg) – VO, 12/12h por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura clínica OU • Tianfenicol granulado – 2,5g, VO, D.U. no 1° dia de tratamento. A partir do 2° dia: 500mg, VO, 12/12 h até a cura clínica. OU • Eritromicina (estearato) 500mg, VO, de 6/6h por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura clínica. CASO 7 - LINFOGRANULOMA VENÉREO L.E.M., sexo , 34 anos. Refere surgimento de pequena úlcera peniana indolor que surgiu 2 semanas após uma relação desprotegida. A ferida cicatrizou espontaneamente após tomar uma “garrafada de babosa com romã. Evoluiu com cefaléia, náuseas, febre , calafrios e prostração. Apresentou “íngua” em região inguinal esquerda que foi aumentando de volume com áreas de necrose da pele e vários pontos de flutuação e eliminação de material purulento espesso com aspecto de “bico de regador¨. EXAME FÍSICA Ùlceras e folículos piloso DIAGNÓSTICO Linfogranuloma venéreo. Agente etiológico: Chlamydia trachomathis sorotipos L1, L2 e L3. EXAMES COMPLEMENTARES - Bacterioscopia → Corpúsculos de Gamma-Miyagawa. - Imunofluorescência: método sensível e específico. - Cultura. TRATAMENTO • Doxiciclina 100mg, VO, 12/12 h, por 3 semanas OU • Azitromicina 1g – VO, por semana, por 3 semanas OU • Tianfenicol granulado – 500mg, VO, 8/8 h por 3 semanas. OU • Tetraciclina 500mg, VO, de 6/6h por 2 a 4semanas CONDILOMAS ACUMINADOS - São causados pelos virus HPV (DNA-virus); - Há mais de 140 tipos de HPV – mais de 30 tipos infectam os genitais. - A maior parte dos portadores são assintomáticos; - Contágio: contato pele-a-pele (secreções?); - Atenção: evitar auto-inoculação; - Cronologia indefinida. - Quadro clínico variável (cronologia, nº e local das lesões, recorrência). - Duração média da infecção: 8 meses – 9% infecção duração > 2 anos. - Verrugas genitais: HPV 6 e 11. - Câncer de colo uterino e ânus: 16 , 18, 31, 33, 35, 39, 45 e 51 (>84%). - Infecção: reação sorológica fraca e transitória. - Diagnóstico clínico (OMS não indica captura híbrida em ) - Biópsia: suspeita de câncer de pênis. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Glândulas de Tyson TRATAMENTO Prevenção e vacinação. Podofilotoxina e ATA. Imiquimod. LASER, ECT, nitrogênio líquido. 14 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia NEOPLASIAS UROGENITAIS TUMORES RENAIS EPIDEMIOL OGIA 2-3% de todas as neoplasias: É uma neoplasia não tão frequente diante das outras patologias e, até mesmo, dentro da urologia. ♂/♀ : 1,5/1 Incidência: pico entre 60-70 anos. Raro antes dos 20 anos de idade 2018: 6270 novos casos no Brasil (INCA) ETIOLOG IA • Exposição a: Nitrosaminas, Cádmio, Chumbo e Bromato (gasolina e tabaco). O Câncer de rim pode ser uma consequência de onde você passou a sua vida trabalhando. • Hereditariedade (Doença de Von Hippel-Lindau). É um percentual pequeno, mas a chance de desenvolver o câncer de rim é elevada. • Obesidade (Relacionada a um processo inflamatório crônico, que pode levar a uma transformação em qualquer célula) • Desequilíbrio hormonal • Irradiação (Relevante não só no câncer de rim). O paciente temque ser acompanhado por um período de 10 anos, sendo que até 20 anos tem influência. PATOL OGIA • Carcinoma de Células Claras – 70% ➢ 95% - Esporádico ➢ 5% - Hereditário (S. Von Hippel- Lindau, esclerose tuberosa) • Carcinoma papilífero – 10% • Carcinoma cromófobo – 5% • C. Cístico-sólido – 1 a 4% • C. de Ductos Coletores de Bellini – 1% • C. Medular – 1% A partir do papillífero, todos aqueles que não são de células claras tem um componente mais agressivo, exceto o cístico-sólido. QU ADRO CL ÍNICO Massa renal palpável* Dor Lombar* Hematúria macro ou microscópica (60% dos casos)* Causado pela invasão da pelve/ cálice renal. Manifestações paraneoplásicas(anemia, febre, HAS) – principalmente nos tipos mais incomuns de CA de rim. * Tríade clássica(10% dos casos) Antigamente, tinha-se a arteriografia, que dava uma imagem de subtração. Atualmente, é possível detectar imagens de câncer de rim antes que o quadro clínico aconteça, com a USG. DIAGNÓSTICO Pode ser observado a característica heterogeneidade das lesões, onde existem várias cores na mesma lesão. A parte mais escura pode ser representando uma necrose. O crescimento desordenado da massa tumoral é devido a angiogênese e invasão do sistema coletor. É o causador damicro ou macrohematúria. Com o passar do tempo, o diagnóstico foi se tornando cada vez mais surpreendente. Ex: Ultrassonografia de rim mostrando uma massa renal. LAB ORATÓRIO Hematúria(60%); anemia(30%) ULTRASSONOG RAFIA Ótima para o rastreamento. A partir do momento que você tem uma suspeita diagnóstica ou diagnóstico de tumor renal, pela USG, ela não é suficiente para determinar algumas coisas importantes no que diz respeito a programação cirurgia do paciente. Invasão da parte branca do rim, que corresponde a parte coletora. Característica heterogênea da lesão. Seta amarela → Rim direito. Imagem de diferentes tipos de consistência (imagem com partes escuras – parte central do tumor – pode corresponder a necrose, partes claras). Necrose é uma característica interessante, que é causada por vascularização insuficiente. Crescimento desordenado da massa tumoral. Limites irregulares. Índice de vascularização diferente. Invasão do sisstema coletor (uma das características que podem gerar uma micro ou marohematúria). Ultrassonografia para rastreamento é o melhor exame! Não é necessário nem RNM nem TC. 15 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia TC É um exame que vai dar mais detalhes da lesão para a programação cirurgia. Você tem que ver se o tumor invade o cálice ou pelve renal, qual a localização dele, e talvez AVALIAR SE ELE TEM ALGUM COMPONENTE EXOFíTICO. A partir do momento que você tem uma suspeita diagnóstica de tumor pela ultrassonografia, ela não é capaz de nos mostrar o que fazer numa programação cirúrgica. A tomografia é feita para anlálise dos limites da lesão e programação terapêutica. Dá um diagnóstico mais preciso. Avaliar se o tumor é intraparenquimatoso (dentro do rim) ou exofítico (ultrapassa o limite ranal). Se for fazer uma cirurgia laparoscópica e ele não tiver nenhum componente exofítico, você não vai saber exatamente onde a massa vai estar, tendo de lançar mão de uma ultrassonografia intraoperatória. Imagem 1 - Setas vermelhas: Nódulo esbranquiçado. Provavelmente uma seção T2 de tomografia. Nodulação intra... Imagem 2 – Lesão intraparenquimatosa, sem expansão para fora. Numa cirurgia laparoscópica ou robótica, é difícil a identificação. Mostra o componente exofítico a esquerda do polo superior. RNM Então você tem às vezes, um trombo entrando a veia renal e ainda na veia cava. Geralmente os pacientes que são submetidos a uma cirurgia com um trombo desse tem uma morbidade de 50%. Avalia com muita precisão (às vezes até mais do que a TC) o envolvimento vascular do tumor renal. O tumor de células claras renal tem um tropismo muito grande pela veia renal. Imagem da esquerda: trombo entrando na veia renal e saindo da veia cava. O trombo geralmente vai para cima (e não para baixo). O trombo, por incrível que pareça, permanece bem coeso/fixo). É de fácil remoção! O câncer renal metastásico é considerado incurável. Se for de testículo ou intestino, pode haver cura. RESUMINDO: USG → Principal rastreamento. Tomografia → Diagnóstico principal da localização do tumor. RNM/angioressonância → Melhor programação cirúrgica. Bom para localização e vascularização do tumor. Tomografia ou Ressonância → Importância na programação cirúrgica. ESTADIAMENTO (TNM) TUMOR TX O tumor primário não pode ser avaliado T0 Não há evidência de tumor primário T1a Tumor menor 7 cm limitado ao rim T2 Tumor maior que 7 cm limitado ao rim T3 Tumor estende-se para os grandes vasos ou invade a supra-renal ou os tecidos perinefréticos, mas não além da Gerota. T3a Tumor invade a supra-renal ou os tecidos perinefréticos, mas não além da Gerota T3b Tumor invade macroscopicamente a veia renal ou veia cava inferior T4 Tumor invade tecidos além da Gerota Não é pra decorar o estadiamento. T1a que é uma classificação de um tumor inicial, significa um tumor renal menor que 7 cm limitado ao rim. Na prática isso quer dizer que até tumores grandes você tem condições de fazer uma abordagem e salvar a parte do rim que não está acometida por esse tumor. Até em tumores grandes, a gente pode fazer uma abordagem e salvar a parte que não está atingida pelo tumor. Existe uma margem de segurança preconizada na cirurgia oncológica (0,5 cm). Se for um tumor exofítico mas ainda limitado a cápsula renal, de até 7 cm, se você respeitar a margem de segurança, você tem condições 16 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia de fazer uma nefrectomia parcial do paciente, salvando o resto do rim. LINFONODOS REG IONAIS NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados N0 Não há metástases para linfonodos regionais N1 Metástase em um único linfonodo de até 2 cm N2 Metástase em um único linfonodo, maior que 2 cm, menor que 5 cm, ou múltiplos nodos, nenhum maior que 5 cm Quando se faz uma nefrectomia total ou parcial é de praxe fazer a retirada das cadeias dos linfonodos regionais próximos ao hilo renal, para você saber se tem algum tipo de metástase linfonodal. Uma coisa muito importante é que a partir do momento que você faz um diagnóstico de CA de rim é mandatório vocês fazerem um estadiamento completo. Então não basta você fazer apenas a TC ou RMN do abdômen total e das vias urinárias, precisa-se fazer um scan do TÓRAX! NÃO ESQUECER DE VER O TÓRAX, de preferência com uma tomografia ou ressonância magnética. A radiografia, a princípio, não é o ideal. METÁSTASE À DISTÂNCIA MX Metástase não pode ser avaliada M0 Ausência de metástase M1 Metástase à distância Se caso houver algum tipo de metástase já se pode considerar uma doença metastática, aí ela entra no estadiamento. TRATAMENTO Nefrectomia Radical ou parcial são as duas opções de cura para o CA de rim. Ela pode ser robótica, aberta ou laparoscópica. A diferença é que na robótica você pode trabalhar com uma margem de segurança bem melhor por conta da visualização triplicada. E ainda tem alguns recursos que possibilitam identificar alguns vasos intraoperatórios diferentemente da laparoscópica e da aberta. No entanto, do ponto de vista oncológico você não tem uma melhor técnica, depende de como você faz. O único problema da aberta é que para você chegar ao retroperitôneo para abordar o rim, você tem que seccionar a região lombar do paciente e causará uma dor considerável no paciente no pós operatório. NEFRECTOMIA RADICAL Consiste na ligadura tanto da artéria quanto da veia renal e retirada completa do rim de preferência com afáscia de Gerota. Tratamento curativo. Robótica (condições de trabalhar com uma margem de segurança bem maior, por conta da visualização tridimensional. Recursos que favorecem a possibilidade de identificar vasos), aberta (pode causar dor importante no pós operatório) ou laparoscópica. Retirada do rim: Liga primeiro a artéria e depois a veia. Se você ligar a veia do paciente (drenagem do sangue), a artéria continua mandando, fazendo com que o rim comece a inchar e exploda com a força arterial. Nunca liguem a veia primeiro se você quer fazer a retirada completa no órgão. Imagem - Ligadura tanto da artéria quanto da veia renal. Retirada completa do rim. NEFRECTOMIA PARCIAL Pode retirar o lobo acometido ou retirar o tumor com uma margem de segurança. Tumor exofítico, excelente, pequeno, sem contato com o sistema pielo (não sei lá de quê). A parte preta é o sistema coletor rennal. Imagem: Tem uma margem perfeita para a retirada da tumoração sem abrir o sistema coletor. Quando se quer ter uma margem um pouco maior de sgurança, abre o sistema coletor e depois ajeita de volta. Imagem 2: O condicionamento do paciente na maca para a cirurgia laparoscópica, utiliza-se 4 trocanteres. TRATAMENTO PARA DOENÇA METÁSTICA Quase impossível a cura. Baseados na imunoterapia ou bloqueio da angiogênese (formação de vasos) vascular. As drogas usadas são as seguintes: IL-2, Sorafenib, Sunitinib, Nivolumab. É como se tivesse uma necrose do tumor com o uso de drogas (não é pra decorar) que tem uma afinidade por determinados receptores característicos do tumor renal, que vai promover uma necrose vascular. 17 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia Para tumores acima de 10 cm, existe a preconização de você iniciar o tratamento com imunoterapia ou bloqueio vascular, para redução do tumor renal, e em seguida, cirurgia. IMU NOTERAPIA ▪ IL-2 ▪ Sorafenib ▪ Sunitinib ▪ Nivolumab CÂNCER DE BEXIGA O tumor de bexiga, geralmente começa de uma forma superficial e pode ser tratado apenas com ressecção do tumor. EPIDEMIOL OGIA Segunda malignidade urológica 3.5 % das neoplasias em geral Relação ♂/♀ : 5:1. Bem diferente da do rim. Aumento da incidência com a idade 90% superficial. 70% dos superficiais são papilares. 5% acometendo TUS (Trato Urinário Superior). Importante: Acomete o urotélio. Pelve renal, cálice renal, ureter e bexiga tem urotélio. A avaliação pode ser feita com a TC ou urografia excretora. As estruturas que tem urotélio são predispostas a serem acometidas. FATORES DE RISCO • Tabagismo (importante na relação homem > mulher). • Ocupacional (aminas aromáticas, solventes, tintas, metais, hidrocarbonos, produtos de combustão e exaustão, poeira de couro). Fabricação de pneus. • Infecções crônicas (cistite intersticial e actínica – secundária a radioterapia). Relacionadas ao processo neoplásico. • Drogas (basicamente as drogas utilizadas que afetam a bexiga. Algumas medicações quimioterápicas que provocam uma inflamação crônica da bexiga) • Genética familiar (não se sabe exatamente qual é a relação). Genética familiar de 1º grau positivo aumenta a chance de desenvolvimento de câncer de bexiga em 1,5x mais do que a população em geral. HISTOPATOLOG IA • Carcinoma Urotelial (Cels Transicionais) - maioria • Variante escamoso (17-20%) • Variante Micropapilar (6%) • Variante Sarcomatóide (4%) • Variante Adenocarcinoma (1.4%) Os 3 últimos são muito agressivos. Essa imagem mostra o estadiamento das lesões possíveis. A coisa mais importante a ser observada são as camadas vesicais. Imagem 1: Analisar as camadas vesicais. A fina (de dentro) tem o urotélio. Logo abaixo do urotélio, tem a lâmina própria, que caracteriza o carcinoma in situ da bexiga (carcinoma que tende a ser agressivo e invasivo). Abaixo disso, vem a camada muscular (parte amarela – camada gordurosa e camada vermelha – camada externa, serosa). A partir do momento que esse tumor –(90% superficial) invade a lâmina própria ou a muscular (maior vascularização – relação com artéria e veia), o potencial de malignização desse tumor eleva significativamente. Se invade a camada muscular pode invadir a vascularização, podendo levar esse tumor a qualquer parte do corpo. A drenagem venosa do órgão é o que, na maioria das vezes, determina onde é que o tumor para. Se a drenagem vai basicamente para o fígado, tem- se a metástase hepático (Ex. tumor de intestino). Na maioria das vezes, as metástases são ósseas, pulmonares e hepáticas. Ex T2a → Ressecção do tumor. Fica um pedaço de tumor ainda. Se faz a raspagem e não tem a certeza absoluta (laudo histopatológico), daqui a 3 meses, o tecido volta a crescer e você só consegue visualizar a área que foi raspada. Quando se tem um carcinoma in situ, você é meio que obrigado a raspar novamente no local que ele foi achado anteriormente, pra ter certeza de que não ficou nenhuma célula lá que possa voltar a crescer de novo. No caso de tumor superficial., você não tem tanto essa preocupação. Faz a raspagem, manda para a patologia e se faz um controle cistoscópico do paciente depois de 3 meses e assim por diante, em momentos diferentes. 18 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia Imagem 2: tumores superficiais da bexiga. Todos eles estão no urotélio e, dificilmente, você vai ver uma invasão para a parte da lâmina própria. O tumor está representado pelas partes roxas. A parte branca fininha que está embaixo do urotélio é a lâmina própria e depois vem a muscular. Nenhum dos tumores da imagem chegam a lâmina própria ou a camada muscular. É mostrado tumores superficiais da bexiga, e se vocês olharem com cuidado, perceberão que eles estão no urotélio e, dificilmente você verá uma invasão para a parte da lâmina própria. Os tumores superficiais não chegam a camada muscular. É só você olhar que ele não passa das “linhas brancas” que é uma representação do urotélio, que divide o músculo da lâmina própria. Imagem 3: Ilhotas de células musculares. A tumoração tem células com núcleos bem maiores que invadem a musculatura. Enquanto as lesões tiverem delimitadas ao urotélio, podendo acometer até a lâmina própria, elas podem ser tratadas com a ressecção/ raspagem do tumor. A partir do momento que elas invadem a musculatura, a história muda completamente, podendo haver a necessidade de retirada da bexiga, pois representa alta chance de metástase. O que determina o tratamento agressivo do câncer de bexiga é a invasão muscular da parede vesical. Quando se tem um carcinoma in situ, não necessariamente se tem que fazer uma cistectomia no paciente. O câncer de bexiga afeta o urotélio, que está presente também na bexiga, ureter, cálice e pelve renal. Por esse motivo, sempre que o paciente tiver um câncer de bexiga deve-se avaliar essas outras estruturas. Dos tumores superficiais temos que prestar atenção se teve acometimento do TUS. Essa investigação pode ser feita através da TC com uma cistografia excretora baseada na TC. Se conseguir fazer a raspagem do tumor, depois de uns 3 meses há um comprometimento da lâmina própria (Carcinoma in situ) todo o epitélio da bexiga é recuperado. A gente não sabe a extensão do tumor depois que ele foi raspado pela primeira vez. Toda vez que você resseca um tumor de bexiga, mesmo que seja superficial, você tem que atingir até a camada muscular para o patologista poder dizer no laudo que não houve comprometimento. APRESENTAÇÃO Geralmente igual ao câncer de rim. No primeiro momento, se o paciente apresentar hematúria deve-se fazer a exclusão do CA de bexiga, pensando em problemas a nível renal ou Trato Urinário Superior (TSU). Após a exclusão de tais problemas, se você não tiver conseguindo achar a causa de hematúria, deve-se investigaro CA de bexiga, pelve ou cálice renal. Hematúria micro/macroscópica (80-90%) Outros sintomas urinários: ➢ Urgência, polaciúria, diminuição da capacidade vesical (acometimento mural da bexiga que limita o funcionamento da mesma. Ela se contrai pela presença do tumor), sintomas irritativos Dor ➢ Flancos – hidronefrose por compressão ureteral ➢ Supra-púbica – invasão vesical ou do púbis. Acontece quando o tumor ultrapassa a serosa da bexiga e tem-se uma infiltração óssea do tumor. ➢ Desconforto retal e dor perineal Sintomas obstrutivos → Não consegue urinar. Há uma oclusão do colo vesical por conta do tumor. Jato fraco. Esvaziamento incompleto da bexiga. Sintomas irritativos → Urgência, aumento da frequência urinária, dor pélvica, dor suprapúbica. Os sintomas irritativos e obstrutivas acontecem quando você tem massas tumorais grandes ou massas tumorais invasivas. OBS: como tem alguns pacientes que não tem nenhuma apresentação clínica, e fazem um quadro semi-oclusivo urinário ou apresentam dor. Aí quando você faz uma USG tem um tumor dentro da bexiga incluindo o colo vesical ou que está invadindo a cama da bexiga DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO ▪ Citologia urinária (3 amostras) Sensibilidade 49%, Especificidade 96%. Urina 3 vezes, em momentos diferentes, leva para o laboratório de anatomia patológica. A técnica feita é a mesma do Papanicolau. Identificar se existem células com alterações nucleares ou citoplasmáticas, características das células tumorais da bexiga. Pouco utilizada no Brasil. Forma não invasiva de corroboração do raciocínio e suspeita de câncer de bexiga. ▪ Cistoscopia (luz branca, Fluorescente, NBI – ver neovascularização) com biópsia; * Sensibilidade de quase 95%. É talvez o exame de escolha. Entra na 19 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia bexiga e vê o que está acontecendo. Análise das características da lesão (se é grande ou pequena...). Invasivo, porém com capacidade de diagnóstico na hora. Faz uma biópsia como se fosse uma resseção ▪ Marcadores tumorais: Sensibilidade <70%, Especificidade <80% baseado em proteína – NMP22,BTA baseado em célula – Urovysion, Immunocyt. Não invasivo. Tem maior chance de detectar, mas chance de falso positivo também é maior. ▪ TC com Urograma – fase de contraste que cora toda a parte dos cálices até o ureter, e uma imagem de subtração vai dizer onde e que tipo de lesão/ RNM / PET-TC (mais utilizada no estadiamento (principalmente linfonodal) do paciente em vez de no diagnóstico). Deve-se pensar em câncer de ureter ou câncer da pelve/cálice renal. Mostra a suspeita de uma lesão vegetante no trato urinário superior. As células cancerígenas tem um índice de metabolismo mais elevado, utilizando mais glicose do que as células normais, fazendo com que elas brilhem. Quando se faz uma PET, a gente vê áreas amareladas, brilhantes. Qualquer processo inflamatório causa aumento da luminescência dessa região, podendo alterar o resultado da PET-TC. Ex: pacientes com colite e doença de Crohn podem apresentar essa luminescência aumentada. • LEMBRAR: O padrão-ouro é a cistoscopia. O pulmão deve ser avaliada, pois pode haver metástases no diagnóstico inicial → Ressonância ou tomografia do tórax. TRATAMENTO SUPERFICIAL ( ATÉ T1) ▪ Ressecção transuretral da bexiga (bipolar/monopolar) – Tratamento padrão-ouro. ▪ Quimio/Imunoterapia intravesical (BCG, Mitomicina, Gencitabina). Se o tumor voltaria com 3 meses, demora mais pra voltar. Retarda o surgimento de um novo ou a recidiva do que já tinha. Câncer de bexiga tem grande chance de recidiva (quase 100%). O paciente vai viver eternamente no médico fazendo cistoscopia de controle (mandatória). A repetição da cistoscopia é para saber se naquele local houve um novo crescimento. O tumor de bexiga pode surgir em locais diferentes. Já sabendo da recidiva, deve-se retardar o máximo a volta desse tumor. Para tumores superficiais e Carcinoma in situ, pode-se usar tanto a BCG quanto a Mitomicina ou Gencitabina para estender as recidivas. Se o tumor vem de 3 em 3 meses, isso vai estender para que ele venha daqui a 5 meses. Esses medicamentos são muito utilizados para tratar o CA de bexiga (tratamento realizado pelo oncologista). MÚ SCUL O INVASIVO (A PARTIR DE T2) ▪ Cistectomia Radical: PADRÃO-OURO ▪ Radioterapia (quem não tem condição de ser submetido a uma cistectomia radical - Multimórbidos, idosos). Alta chance de recidiva. ▪ QT sistêmica neoadjuvante e adjuvante ▪ Terapia trimodal (RTU, RTX, QT) Raspagem do tumor + radioterapia + quimioterapia sistêmica = quando não tem condições de fazer a cistectomia radical. Menos chance de recidiva do tumor. Resultador semelhantes a cistectomia radical. Superficial SV (sobrevida) em 5 anos >80% Invasivo SV em 5 anos 25-50% Quanto mais agressivo você for no tratamento, melhor para o paciente. Captação inicial + Cistectomia = melhor! ▪ Cistectomia (Retirada da bexiga, Próstata (homens), Linfonodos da cadeia pélvica e derivação urinária). ▪ Há o corte da ligação da bexiga com o ureter. ▪ Os linfonodos devem ser retirados devido ao estadiamento. Aberta, Laparoscópica e Robótica DERIVAÇÕES URINÁRIAS CONTINENTE - TEM CONTINÊNCIA URINÁRIA Neobexiga: ela é a mais complexa das derivações, porque você vai pegar cerca de 40cm de seguimento intestinal, posicionar em forma de "W", abrir a parede anterior toda dele, e anastomosar as laterais e depois fechar, fazendo uma bola intestinal; onde vai ficar duas orelhinhas: na parte de cima onde serão encaixados os ureteres e na parte de baixo é encaixado a uretra do paciente. O problema dela é, você não ter sensibilidade de intestino cheio, e para esvaziar a bexiga é necessário fazer uma forca abdominal e forçar o esvaziamento de 6/6 ou 8/8 hs. 20 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia Indiana Pouch: Você pega um segmento do intestino ascendente com a válvula íleo cecal e o íleo terminal, de preferência com o apêndice, você abre essa parte anterior dos dois, costura as laterais e fecha como bola, com essas laterais remanescentes. Anastomosam os ureteres, pegam esse apêndice e jogam no umbigo do paciente. Formando um ângulozinho com o abdômen. A angulação do apêndice mais a descida da bola quando cheia comprime o apêndice para cima e não vaza urina. Mas para se esvaziar é de forma programada ... você pega uma sonda e coloca no apêndice, deixando a urina sair. Ureterosigmoidostomia: Você pega o ureter e liga no sigmoide. A indicação é quando o paciente tem um esfíncter anal potente. Se ele não tiver um esfíncter potente pode ter incontinência fecal. INCONTINENTE – NÃO TEM CONTINÊNCIA U RINÁRIA Essa técnica cirúrgica pega o ureter e aboca a pele do paciente de um lado e do outro, ou ligam os dois ureteres e abocam na pele como um só. Esses pacientes precisam de coletor de urina o resto da vida. Essa técnica é a derivação incontinente e chama-se ureterocutaneostomia. Outra técnica é a ureteroenteroanastomose. Ele pega 15cm de intestino delgado, introduz na pele e pega os dois ureteres e liga na parte inferior desse segmento. Vocês excluem o segmento pediculado de 15cm do intestino delgado, refazem o trânsito, pegam os dois ureteres e abocam embaixo. E aí, você vai usar uma bolsa coletora na região da saída do estoma para coletar urina. Diferença entre ureterocutaneostomia e ureteroenteroanastomose: A ureterocutaneostomia se fecha mais rápido (devido ao crescimento da pele) do que a anastomose se sedimentar. Então tem uma estenose dessa região que o ureter está abocado. Paciente que faz uma ureterocutaneostomia ele tem que viver o resto da vida usando o Duplo J até o rim (de 3 em 3 meses você tem que trocar ele) para quenão haja o fechamento dessa região que você abocou o ureter na pele. Quando se usa o segmento de intestino(ureteroenteroanastomose), a pele não consegue crescer mais rápido e estenosar, ela evita que você use o duplo J. Essa técnica é semelhante a colostomia, só que ao invés de fezes irá sair urina. A escolha do tipo de técnica depende do paciente. 21 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia Quando escolher qual o tipo de técnica? 1- A função renal do paciente: Nessas derivações incontinentes tem o esvaziamento contínuo de urina, não prejudicando o paciente em relação a função renal. Já as continentes, tem a possibilidade de fazer um resíduo de urina elevado, fazendo com que a sobrecarga para o esvaziamento da urina pelo rim seja elevada. Então paciente com IR (pode aumentar a volemia e levar a edema pulmonar) não pode fazer derivação continente. 2- Paciente com doença pulmonar obstrutiva crônica: Quando faz uma derivação continente você vai ter durante um bom período de tempo um acúmulo de urina no reservatório de intestino. Uma parte dessa urina é absorvida pelo intestino, aumentando a acidez corporal, sendo que o primeiro órgão que compensa a acidez metabólica é o pulmão. Haverá então um aumento da frequência respiratória para eliminar o CO2. Após, há a falência do equilíbrio pulmonar que você tem com o “pulfer" renal. Por isso é importante avaliar o quadro respiratório do paciente antes de decidir se a derivação será continente ou não. CÂNCER DE PÊNIS É até mais comum que o câncer de testículo aqui na nossa região. EPIDEMIOL OGIA Muito raro em países desenvolvidos Incidência: 0,3 a1/100.000 nos EUA; 4,2 a 4,4/100.000 Paraguai e Uganda; Brasil 1,3 a 2,7/100.000 Norte e NE do Brasil. Incidência relativamente baixa em países desenvolvidos, sendo triplicada ou até quadruplicada em países subdesenvolvidos. Incidência: pico entre 60-70 anos. Raro antes dos 20 anos de idade. Relacionada a lesões penianas mal tratadas, sujeira propriamente dita. FATORES PREDISPONENTES • Fimose • HPV • Inflamação crônica (balanopostite, líquen escleroso e atrófico, balanite xerótica) • Tabagismo • Radiação Ultravioleta PATOL OGIA TIPOS DE CARCINOMA ESCAMO CELULAR: É o principal! • Clássico • Verrucoso • Basalóide • Sarcomatóide • Adenoescamoso QU ADRO CL ÍNICO Lesão peniana crônica ulcerada ou vegetante com ou sem linfadenopatia inguinal. O diagnóstico pode surgir após o afastamento de todas as DSTS. As lesões tem características ulceradas, profundas, com bordas irregulares, às vezes necrose de centro. Mais endurecida que o HPV. Não infrequentemente envolvendo uma linfadenomegalia, linfadenopatia inguinal importante. Se assemelham às vezes com HPV. DIAGNÓSTICO BIÓPSIA INCISIONAL DA L ESÃO Fazer a retirada o mais profundamente possível da lesão. Avaliar a profundidade de acometimento. No entanto, se a lesão for pequena, nós fazemos a retirada total da mesma com um corte profundo de bisturi frio, para sabermos o que fazer depois. Na maioria das vezes, se faz uma incisão completa da lesão com um corte profundo com o bisturi para ter uma noção do que será feito em seguida. TRATAMENTO Excisão completa da lesão: Está indicado pra aquelas lesões superficiais. Pode-se fazer reconstrução com retalho, reconstrução de glande, prepúcio. AMPU TAÇÃO PARCIAL DO PÊNIS No entanto, quando há um comprometimento mais profundo, das camadas da glande ou do pênis em si, a ressecção torna-se obrigatória. Identificação da lesão (figura 1), isolamento da lesão (figura 2), dissecção do prepúcio com exposição do corpo cavernoso e uretra (figura3), secção da uretra distal 22 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia e do corpo cavernoso, rafia do corpo cavernoso, e neoinplantação da uretra. Quando se tem a indicação de ressecção parcial do pênis a linfoadenectomia inguinal e pélvica são necessárias. AMPU TAÇÃO TOTAL DO PÊNIS Quando é uma lesão bem infiltrava de corpo cavernoso e de uretra, com isolamento da base do corpo cavernoso, na sua inserção, secção, isolamento da uretra, com deixada do coto uretral. E feito uma ureterocutaneostomia. O orifício uretral fica localizado no períneo. LINFADENECTOMIA INGUINAL BIL ATERAL: ( RADICAL OU MODIFICADA) Uma vez achado linfadenomegalia deve-se fazer a linfoadenectomia de esvaziamento para ser feito o estadiamento. Segue a regra de classificação TNM (não é pra decorar, mas é pra saber). Segue o mesmo protocolo de estadiamento para o câncer de bexiga. B RAQUITERAPIA É radioterapia aplicada em pacientes com lesões pequenas. Serão inseridas aos níveis mais profundos da lesão. A tentativa é de provocar necrose tumoral completa. CONSIDERAÇÕES FINAIS * Câncer de pênis é um câncer extremamente agressivo. Se não tiver a chance de operar ele de uma forma precoce, a chance de sobrevida do paciente é muito baixa, pois ele é muito pouco responsivo as quimioterapias atuais. Metástase linfonodal leva a um óbito precoce. Lesão ulcerada, verrucosa ou vegetante que não trata como se fosse uma DST ou não tem as características da mesma, é imprescindivel se fazer a biópsia (de preferência biópsia excisional) da lesão, a fim de que se for superficial, resolver o problema do paciente de imediato. Com a análise histopatológica, você vai ver se tem acometimento mais profundo do tumor. Se houver, seguir com a resescção penectomia parcial. Além disso, fazer o estadiamento pré operatório com a tomografia ou a ressonância ou até o PET TC para avaliar a presença de linfadenomegalia, realizando a linfadenectomia concomittantemente com a penectomia parcial para ter um estadiamento adequado. TUMORES TESTICULARES Na Alemanha, é muito comum em jovens. Acha-se que tem relação com o tratamento da água. EPIDEMIOL OGIA É um tumor raro – 1 a 1,5% das neoplasias masculinas Apesar disso, é o tumor sólido mais comum em ♂ entre os 15 e 35 anos de idade Incidência: 2,2 casos/100.000 habitantes (Brasil) Mais frequente em brancos que em negros e amarelos Taxa de cura: >90% (mesmo em metasáticos) a partir dos anos 90 DICA IMPORTANTE: Quando você encontrar uma lesão testicular num paciente mais idoso, nunca pense 23 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia incialmente em câncer de testículo. Pense em linfoma com aparecimento testicular! FATORES DE RISCO • Criptorquidia (testículo que fica fora da região de temperatura adequada da bolsa testicular). Risco de 30% de se tornar um câncer de testículo. É preciso uma cirurgia de reposição em crianças. • Atrofia testicular: De qualquer etiologia. • Infertilidade: Processos inflamatórios. • Desequilíbrio hormonal (principalmente nos tumores menos frequentes. Ex. tumores das células de Leydgi ou células de Sertoli). • História Familiar fraca, porém, presente. • Síndrome de Klinefelter (sempre avaliada, principalmente pela presença de calcificações intratesticulares) • Presença de tumor contralateral TIPOS TUMORES G ERMINATIVOS (97%) Seminomas (40-45%) ➢ Clássico (mais comum) ➢ Anaplásico ➢ Espermatocítico (mais comum em idosos) Não seminomatosos (35-40%) ➢ Carcinoma embrionário (15-20%) ➢ Teratocarcinoma (20-25%) ➢ Coriocarcinoma (0-1%) ➢ Teratoma (8-10%) de difícil tratamento. * O tumor do saco vitelino, mais frequente em crianças, não será aqui discutido. TUMORES NÃO-GERMINATIVOS Muito mais infrequentes. Tumores de células de Leydig; tumor de células de Sertoli; Sarcomas; linfomas e metástases. Relacionados aos distúrbios hormonais e distúrbios espermatogênicos, pois as células de Sertoli e de Leydig são responsáveis pela produção da testosterona e a produção do espermatozoide. QU ADRO CL ÍNICO Aumento do volume testicular – 51 a 61% Dor local – 31 a 34%. O testículo tem cápsula, que quando distendida, dói. Nódulo Testicular palpável– 23 a 31 % Dor lombar e/ ou abdominal – 6%. Em casos de massas pélvicas ou retroperitoneais. Antecedente de trauma escrotal – 3 a 5% Hidrocele – 10%. Não tem nada a ver com causa, mas com consequência. Massa abdominal – 4% Gânglios Supraclaviculares e/ou inguinais - 2%. A drenagem dos testículo é para a região pélvica, através do cordão inguinal que passa pelo canal inguinal externo e vai para o retroperitôneo). Ginecomastia – 2% A drenagem dos testículos não é pra região inguinal, e sim para a região pélvica, através do cordão inguinal. O paciente chega, na maioria das vezes, com sintomas de aumento testicular, com uma dor local, um nódulo testicular palpável, dor lombar e ou abdominal (em casos de massas pélvicas ou retroperitoneai), e a principal incidência é linfonodal. DIAGNÓSTICO ULTRASSOM É diagnóstico. De preferência com doppler, a fim de avaliar vascularização. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NU CLEAR Utilizada principalmente nos casos em que há uma dúvida na ultrassonografia. Não é divisora de águas no diagnóstico. MARCADORES TU MORAIS Devem ser colhidos em caso de suspeita. Alfafetoproteína Beta-HCG: utilizado também como teste de gravidez. LDH 24 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Urologia A alfafetoproteína não está presente nos tumores seminomatosos. Se você tem uma suspeita de tumor de testículo, pede os marcadores tumorais e vê uma alfafetoproteína zerada, isso vai estar dando indício a um quadro de tumor seminomatoso. Se positivo, carcinoma embrionário ou de saco vitelino. O Beta-HCG e o LDH são complementares a isso. A partir da definição histopatológica do tipo de tumor, a gente vai passar para o tratamento específico. D IAGNÓ STICO – EX AME S COM PLEMENT ARE S DE E STAD IA MENTO • TC de Tórax sem contraste • TC de Abdome ou RMN de Abdome: análise do acometimento de linfonodos peritoneais. • TC de Crânio: Só é utilizada quando o tórax tem resultado positivo de linfonodo. • Cintilografia Óssea: mais utilizada ao paciente do SUS, porém substituída pelo PET-TC. • PET-TC (Avaliação de massas linfonodais residuais>3cm): preferência de acompanhamento após tratamento adequado. TRATAMENTO ORQUIECTOMOIA RADICAL Principal. O mais adequado. Envolve a incisão ipsilateral da região inguinal com exteriorização do testículo, e abertura do anel inguinal externo até o interno, onde passa a coroa inguinal . E lá , haverá o clampeamento do mesmo, e a secção de lá da base do anel inguinal interno. Se faz isso porque toda aquela região tem uma drenagem linfática e vascular muito importante e quanto mais para cima você retirar mais fácil será de você fazer o estadiamento cirúrgico do paciente durante a orquiectomia. LINFADENECTOMIA RETROPERITONEAL Como já foi dito, é importante realizar a TC/ RNM/ PET de abdômen, porque os tumores testiculares tem drenagens diferentes a depender da localização de cada um deles. As figuras representam possíveis áreas de acometimento linfonodal. • Figura A: Quando se tem acometimento bem agressivo envolvendo os dois lados. • Figura B: Quando tem um tumor no testículo direito, onde tem que fazer a linfadenectomia retroperitoneal nessa região da demarcada • Figura C: Quando você tem apenas linfonodo a esquerda só se faz o prolongamento da ressecção linfonodal da área demarcada. ▪ Orquiectomia Radical + R-X T/ LND Retroperitoneal / QT Índice de Cura ±95% em estádios iniciais *Índice de Cura ±95% em estádios iniciais Atentar para acervar os espermatozoides dos pacientes em idade fértil* O tratamento é extremamente complexo, que envolva muitas drogas quimioterápicas e que são resumidas da seguinte maneira: Prioritariamente, na suspeita de tumor testicular e após feito o estriamento por imagem a gente faz a orquietomia radical do paciente, indo até a região do canal inguinal interno. Isso vai demonstrar se há o acometimento de linfonodo, vaso e túnica. Havendo isso, na maioria das vezes você pode procurar linfonodos pelo abdômen, que ele provavelmente já se alastrou por essa região de drenagem linfonodal. Se for restrita ao testículo, na maioria das vezes, a retirada do testículo é suficiente para o tratamento. Existem, porém, sociedades que indicam que mesmo que o tumor seja localizado realiza-se o tratamento quimioterápico de ciclo único, para ser consolidado o tratamento definitivo do paciente. Caso haja um acometimento extenso de linfonodo retroperitoneais ou pélvicos, a depender do tipo histológico do tumor você vai partir para uma radioterapia, linfadenectomia retroperitoneal ou quimioterapia.
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