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SCA I - Genética Médica Módulo 1 - Aula 4 Cecilia Antonieta 82 A 1 PROGRAMA NACIONAL DE TRIAGEM NEONATAL TRIAGEM NEONATAL (TN) Ação preventiva de saúde pública que identifica preco- cemente distúrbios em RNs que, se não tratados, podem levar a sérias sequelas. Internacionalmente reconhecida como um procedimen- to essencial à saúde. HISTÓRICO Década de 1960: Robert Guthrie (EUA) desenvolveu um teste de triagem para fenilcetonúria (PKU), além de um sistema de coleta em papel filtro, tornando possível a realização da TN em larga escala. Em 1965 foram triados 400 mil RN e 39 foram rastreados para fenilcetonúria. BRASIL inicia-se em 1976 com Benjamin Schmidt, na Apae-SP, com traigem para fecilcetonúria– Teste do Pezinho. 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente torna obrigatória a realização de exames para o diagnóstico e terapêutica de Erros Inatos do Metabolismo (EIM). 1992 MS torna obrigatória a inclusão do programa para diagnóstico de PKU e hipotireoidismo congênito. 1999 4th Meeting of the International Society for Neonatal Screening – presença de 30 brasileiros. Reunião com quase todos os serviços de TN do país fundou a Sociedade Brasileira de Traigem Neonatal. 2001 o MS registra ações isoladas de TN no SUS. MS cria o PNTN, com serviços de Referência em Triagem Neonatal nos Estados. PNTN ESTRUTURAÇÃO Programa de saúde pública de rastreio populacional. EQUIDADE acesso universal ao diagnóstico e ao trata- mento das doenças identificadas. OBJETIVO mudar o curso natural da doença identifica- da, em pré-sintomáticos. ETAPAS COLETA sangue seco em papel filtro. Na maioria dos casos é feita nos postos de saúde. Entre o 3-5º dia de vida. AVALIAÇÃO LABORATORIAL realização dos exames para as doenças detectadas. O laboratório de referência deve entregar os resultados num prazo ideal de até 4 dias para todos os RNs da área pela qual é responsável. BUSCA ATIVA o SRTN (Sistema de Referência de Tria- gem Neonatal) deve localizar rapidamente aqueles que apresentam o exame alterado e convocar para confir- mação diagnóstica. Os testes variam de acordo com a doença. O tratamento e o acompanhamento das doenças confir- madas é de responsabilidade do SRTN (equipe multidis- ciplinar de acordo com as necessidades de cada patolo- gia). AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO avaliação periódica de todas as etapas. Cobertura populacional. Identifica- ção dos possíveis obstáculos. Meta principal – diagnósti- co e tratamento precoces. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DE DOENÇAS NA TRAIGEM NEONATAL Prevalência da doença; Forma de detecção; Disponibilidade de tratamento; Resultados obtidos com a intervenção precoce; Eficácia do tratamento; Custo total do processo (relação custo-benefício). IMPLANTAÇÃO DO PNTN EM FASES – JUSTIFICATIVA Diferentes níveis de organização das redes assistenciais existentes nos estados brasileiros; Variação do percentual de cobertura dos nascidos vivos da triagem no país; Diversidade das características populacionais existentes no Brasil. FASES I fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito. II + doenças falciformes e outras hemoglobinopatias. SCA I - Genética Médica Módulo 1 - Aula 4 Cecilia Antonieta 82 A 2 II + fibrose cística. IV + hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. ERROS INATOS DO METABOLISMO (EIM) Grupo heterogêneo de defeitos genéticos que afetam a síntese, degradação, processamento e transporte de moléculas no organismo. FENILCETONÚRIA PADRÃO DE HERANÇA AR (autossômica recessiva). Deficiência da enzima hepática fenilalanina-hidroxilase: converte fenilalanina em tirosina. BRASIL 1:12000 a 1:20000 dos nascidos vivos. Caso não tratada, os afetados evoluem com deficiência intelectual (DI) e distúrbios do comportamento. TRATAMENTO dieta restrita em fenilalanina (nutricio- nista e/ou nutrólogo). HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Principal causa de DI prevenível no Brasil. A maioria dos casos é esporádica. 1:3000 a 1:4000 nascidos vivos. SINTOMAS NOS PRIMEIROS DIAS DE VIDA hipoto- nia, choro rouco, pele marmorácea, língua protrusa e anemia. Caso não tratado, os afetados evoluem para mixedema, anemia grave, retardo do desenvolvimento neuropsico- motor (RDNPM) e do crescimento, e DI. Em alguns casos, insuficiência cardíaca e óbito. TRATAMENTO levotiroxina sódica (10/12 mcg/Kg/dia) – endocrinologista. CASOS TRANSITÓRIOS protocolo recomenda a suspen- são do tratamento aos 2 anos de idade por 20-90 dias para confirmação do diagnóstico, observando se haverá descompensação dos exames. ANEMIA FALCIFORME E OUTRAS HEMOGLOBI - NOPATIAS PADRÃO DE HERANÇA AR. Teste do pezinho detecta: anemia falciforme (SS) e outras doenças falciformes (SC e SD), hemoglobinopatia CC e fornecer evidências para as hemoglobinopatias de síntese (betatalassemia). BRASIL 1:1000 nascidos vivos/1:650 COMPLICAÇÕES AGUDAS crises álgicas (tratadas com hidratação e analgesia), infecções (em especial respira- tórias), crise de sequestro esplênico (potencialmente letal) e AVE (Doppler transcraniano a partir dos 2 anos). Pacientes se beneficiam do diagnóstico pré-sintomático devido às ações que visam a redução da morbi-mortali- dade. Identificação de heterozigotos “Traço” – não desenvolvem sintomas, mas necessitam de orientações e aconselhamento genético. FIBROSE CÍSTICA PADRÃO DE HERANÇA AR. Aumento da viscosidade das secreções devido à altera- ção da permeabilidade das células epiteliais aos íons de sódio e cloro. MANIFESTAÇÕES MULTISISTÊMICAS pâncreas, pulmões, intestino, fígado, glândulas sudoríparas e trato genital masculino. EVOLUÇÃO DA DOENÇA desnutrição, atraso no crescimento e infecções pulmonares crônicas. Mais frequente em caucasianos (1:3500 NV). BRASIL 1:10000 NV. TRIAGEM dosagem de Tripsina imunorreativa (IRT). CONFIRMAÇÃO teste do suor (pelo menos dois testes positivos). TRATAMENTO vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), enzimas pancreáticas, broncodilatadores, fisioterapia respiratório e prevenção de infecções respiratórias. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE Incapacidade de reciclagem da biotina fornecida pelos alimentos. PADRÃO DE HERANÇA AR. Distúrbio que afeta a reciclagem da biotina. 1:61067 NV. QUADRO CLÍNICO DI, convulsões, ataxia, dermatite, alopecia, e predisposição a infecções. TRATAMENTO biotina 10 mg/dia por toda a vida. SCA I - Genética Médica Módulo 1 - Aula 4 Cecilia Antonieta 82 A 3 HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA PADRÃO DE HERANÇA AR. EIM dos esteróides adrenais – deficiência enzimática na esteroidogene. DDS (Distúrbio da Diferenciação do Sexo). Gene CYP2IA2 – 21-hidroxilase (21OH). FORMAS CLÁSSICA incidência 1:13000-1:15000 NVs. Perda massiva da função da 21OH (< 2% da funcionalida- de), apresentação clínica difere de acordo com o sexo cromossômico. Causa mais comum de genitália ambígua (DDS 46,XX). Perdedora de sal 75% dos casos clássicos. Atividade en- zimática residual < 1%. Comprometimento da produção de cortisol e aldosterona – vômitos, desidratação, letar- gia e ganho ponderal insuficiente entre a 1-4ª semana de vida – emergência pediátrica. Virilizante simples atividade residual da 21OH (cerca de 1-2% da funcionalidade), não há comprometimento da produção de aldosterona. 46, XX genitália ambígua. 46, XY puberdade precoce. NÃO CLÁSSICA prevalência 1:200-1:100. Atividade moderada da 21OH (> 10% da funcionalida- de), quadros clínicos mais brandos e de apresentação mais tardia. Adrenarca (início da produção dos andrógenos pela adrenal) precoce, aceleração da idade óssea com baixa estatura final e infertilidade. DIAGNÓSTICO aumento da 17OHP. TRATAMENTO reposição de glicocorticoides/mineralo- corticoides e seguimento por equipe multidisciplinar.
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