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DOENÇAS RESULTANTES DA AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE (DRAMA) ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO MATO GROSSO DO SUL: • SINAM → concentração de acidentes na população de baixa escolaridade • Em 2015 → 2188 acidentes notificados → serpentes, escorpiões, abelhas, aranhas e lagartas SERPENTES → OFIDISMO: acidentes muito frequentes e de alta gravidade • Região Centro Oeste tem o maior coeficiente de incidência → em 1993 foram 32 acidentes/100 mil hab. • Letalidade dos acidentes no CO é de 0,63%, segunda maior do país e maior que a média nacional • É um risco ocupacional que poderia ser evitado com o uso de EPIs → acomete o grupo etário onde se concentra a força de trabalho no campo • Os gêneros das serpentes responsáveis são: Bothrops (80%) > Crotalus > Micrurus > Lachesis • Local da picada: pé e perna atingidos em 70% dos casos e em 13,4% na mão e antebraço Acidente botrópico: serpentes do gênero Bothrops → jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca • Responsável por 90% dos envenenamentos • Habitam zonas rurais e periferias de grandes cidades • Preferem ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja muitos roedores • Hábitos noturnos ou crepusculares • Espécies no MS: B. neuwiedi, B. jararacuçu, B. moojeni, B. alternatus → Ações do veneno: • Proteolítica: atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, liberação de mediadores inflamatórios, ação do pró-coagulante do veneno → lesões locais, com edema, bolhas e necrose • Coagulante: veneno ativa o fator X e protrombina e converte fibrinogênio em fibrina → distúrbios de coagulação → hemorragias generalizadas → sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina • Hemorrágica: ação das hemorraginas → lesões nos capilares + distúrbios de coagulação → hemorragia → Quadro clínico: • Manifestações locais: dor e edema, sangramentos no ponto da picada, enfartamento ganglionar e bolhas, necrose • Manifestações sistêmicas: sangramentos, náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e choque → em gravidas, pode acontecer hemorragias uterinas → Prognóstico: • Geralmente bom → letalidade baixa (0,3%) • Pode ocorrer sequelas locais anatômicas ou funcionais → Condutas: • Classificação por tipo, gravidade e soroterapia • Exames laboratoriais: coagulograma, hemograma, urina, provas de função renal, CPK e DHL • Tratamento específico: administrar precocemente o soro antibotrópico por via intravenosa → se teste de coagulograma se manter alterado após 24h, administrar dose adicional de antiveneno • Tratamento geral: manter elevado e estendido o membro picado, administração de analgésicos, hidratação por conta do aumento da diurese, antibioticoterapia se infecção • Tratamento do local: desbridamento de áreas necrosadas e drenagem de abscessos Acidente crotálico: serpentes do gênero Crotalus → cascavel • 7,7% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil → maior letalidade • Encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas • Não ocorrem em florestas e no pantanal • Bote veloz e alcance de um terço do seu comprimento • Cor de fundo castanho claro, de tonalidades diferentes, mas se destaca uma linha de manchas losangulares marrons, mais ou menos escuras, marginadas por branco ou amarelo no dorso • Veneno pode ser letal e tem ações neurotóxica, anticoagulante e miotóxica sistêmica → Ações do veneno: • Neurotóxica: neurotoxina de ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas → inibe liberação de acetilcolina → bloqueio neuromuscular → paralisias motoras • Miotóxica: lesão de fibras musculares esqueléticas • Coagulante: veneno converte fibrinogênio em fibrina → diminuição de fibrinogênio leva a incoagulabilidade sanguínea → manifestações hemorrágicas podem acontecer, porem são discretas → Quadro clínico: • Manifestações locais: sem dor, parestesia local ou regional, edema discreto • Manifestações sistêmicas: mal estar, sudorese, náuseas, dores musculares generalizadas (mialgias) • Complicações: insuficiência renal aguda com necrose tubular nas primeiras 48h → Prognóstico: • Bom nos acidentes leves e moderados → atendimento nas primeiras 6 horas • Mal nos acidentes graves → insuficiência renal aguda → Condutas: • Classificação por tipo, gravidade e soroterapia • Exames complementares: CK, DHL, ADT, hemograma, coagulograma, urina, provas de função renal • Tratamento específico: administração de soro anticrotálico (IV) • Tratamento geral: hidratação adequada para prevenir IRA Acidente elapídico: serpentes do gênero Micrurus → coral • 0,4% dos acidentes registrados no Brasil • Pode evoluir para insuficiência respiratória aguda → óbito • Medem em torno de 1 metros • Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos • No MS: Micrurus frontalis e lemniscatus • Falsas corais: mesmo padrão de coloração porem desprovidas de dentes inoculadores → Ações do veneno: neurotoxinas • Neurotoxinas de ação pós-sináptica: absorvidas rapidamente para a corrente sanguínea → difusão para os tecidos (efeito rápido) → competem com a acetilcolina pelos receptores colinérgicos da junção neuromuscular → fraqueza muscular progressiva (mialgia) • Neurotoxinas de ação pré-sináptica: bloqueiam a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular → interrompe a transmissão de impulsos nervosos → Quadro clínico: sintomas precoces em menos de 1 horas • Manifestações locais: dor local e parestesia • Manifestações sistêmicas: fraqueza muscular progressiva por conta das neurotoxinas → dificuldade em se manter ereto, em deglutir e na musculatura respiratória → ventilação comprometida que evolui para insuficiência respiratória aguda → Prognóstico: • Favorável mesmo nos casos graves → atendimento adequado quanto a soroterapia e assistência ventilatória → Condutas: • Classificação por tipo, gravidade e soroterapia → todos os acidentes com manifestações clínicas são classificados como potencialmente graves • Exames complementares: gasometria arterial, CK, DHL e AST • Tratamento específico: administração de 10 doses de soro antielapídico por VI • Tratamento geral: ventilação por causa da insuficiência respiratória Acidente laquético: serpente do gênero Lachesis → surucucu • classificados como moderados e graves → serpentes grandes que inoculam uma grande quantidade de veneno • Atinge até 3,5 metros de comprimento • Habitam áreas florestais como Amazônia e Mata Atlântica → por isso pouca incidência de acidentes no MS → Ações do veneno: • Proteolítica: atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, liberação de mediadores inflamatórios, ação do pró-coagulante do veneno → lesões locais, com edema, bolhas e necrose • Coagulante: veneno com atividade tipo trombina → converte fibrinogênio e fibrina • Hemorrágica: presença de hemorraginas → atividade hemorrágica intensa • Neurotóxica → Quadro clínico: • Manifestações locais: dor e edema, surgimento de bolhas • Manifestações sistêmicas: hipotensão arterial, tonturas, bradicardia, diarreia • Complicações: necrose, infecção secundária, abcesso e déficit funcional → Condutas: • Classificação por tipo, gravidade e soroterapia • Exames complementares: coagulograma, hemograma, urina I e provas de função renal • Tratamento específico: administração de soro antilaquético por via intravenosa • Tratamento geral: manter elevado e estendido o membro picado, administração de analgésicos, hidratação por conta do aumento da diurese, antibioticoterapia se infecção ESCORPIÃO → ESCORPIANISMO: acidentes frequentes e com potencial de gravidade • Agente de importância médica: Tityus serrulatus (maior gravidade) e Tityus bahiensis (marrom - MS) • Letalidade próxima a 0,6% → óbitos mais frequentes em crianças • Em 2015, em Mato Grosso do Sul, foram notificados 1100 acidentesenvolvendo escorpiões • Apresentam hábitos noturnos, alimentam-se de insetos → vivem em áreas urbanas em más condições • Difícil combate pois conseguem sobreviver sem alimento e água por muito tempo e se reproduzem por partenogênese → Ações do veneno: • Dor local • Efeitos nos canais de sódio → despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares → liberação de catecolaminas e acetilcolina → efeitos simpáticos ou parassimpáticos → Quadro clínico → gravidade depende da espécie, tamanho e quantidade de veneno inoculado, massa corporal • Gravidade leve: dor local, eritema, sudorese local • Gravidade moderada: alterações locais + sistêmicas → agitação, sonolência, sudorese, náuseas, vômicos, hipertensão, taquicardia, taquipneia • Gravidade grave: vômitos, agitação, tremores, bradicardia, bradipneia, choque → Conduta: • Classificar por tipo e gravidade • Exames complementares: eletrocardiograma → mostra taquicardia ou bradicardia; radiografia de tórax → aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo • Tratamento sintomático: alivio da dor com uso de analgésicos • Tratamento específico: administração de soro antiescorpiônico ou antiaracnídico em paciente moderados ou graves → neutralização do veneno circulante • Manutenção das funções vitais: regime de observação continuada em criança com casos moderados/graves ARANHAS → ARANEÍSMO: acidentes comuns porem não costumam apresentar repercussões clínicas • Animais carnívoros que se alimentam de insetos → hábitos domiciliares • Aranhas de importância clínica: Phoneutria (armadeira), Loxosceles (aranha-marrom), Latrodectus (viúva negra) → no MS são mais comuns acidentes por armadeiras Acidente por Loxosceles → aranha marrom: • Não é agressiva → pica quando comprimida contra o corpo • Edema, eritema, dor progressiva, bola, febre, mal estar • Tratamento geral: corticosteroide, analgésicos • Tratamento específico: soroterapia ??? Acidente por Phoneutria → armadeira: • Bastante agressiva → salta até 40cm • Dor imediata e intensa → raramente ocorre agitação, náuseas e diminuição da PA • Tratamento com analgésicos em casos leves • Em casos moderados e graves → administração de soroterapia antiaracnídeo endovenosa COMO PREVENIR ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS: • Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; • Examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; • Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; • Não acumular entulhos e materiais de construção; • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; • Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; • Manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros; Primeiros socorros em caso de acidentes com animais peçonhentos • Lavar o local da picada com água e sabão • Não fazer torniquete ou garrote • Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções • Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país • Retirar acessórios como anéis, pulseiras, tornozeleiras • Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado em tempo • Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; • Limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas. Proteção individual: • No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade. • Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente para a remoção. • Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, pano de chão e tapetes antes de usá-los. • Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários. Proteção da população: • Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações. • Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro. • Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes. • Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não se encostar a barrancos durante pescarias ou outras atividades. • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI). • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés. • Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos. • Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. • Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas). • Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações. Proteção do trabalhador: • Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades. • Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer. • Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice. • Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros.
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