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Luíza Barreto – Medicina 2021.1 Hemorragia Digestiva Alta - Sangramentos acima do ângulo de Treitz (formado pela suspensão do ligamento de Treitz, que deu origem a flexura duodeno-jejunal). - Clinicamente, podem se manifestar por hematêmese e/ou melena quando a fonte do sangramento é proximal ao ângulo de Treitz (esôfago, estômago ou duodeno). Nesses casos, são denominadas hemorragias digestivas altas (HDA) e divididas em varicosas e não varicosas. - Na HDA, o quadro clínico vai ser basicamente hematêmese (sangue vivo através de vômitos), melena (sangue de cor escura, tipo borra de café, com cheiro característico de madeira podre e molhada) e sangue oculto. Em alguns casos pode ter enterorragia (em caso de ritmo intestinal acelerado, por exemplo), mas geralmente enterorragia é mais característico de hemorragia digestiva baixa. Pode também ter vômito em borra de café. A história clínica deve ser bem-feita, às vezes com a ajuda de familiares ou acompanhantes. Dependendo do grau da perda sanguínea, a hemorragia digestiva pode se manifestar de diversas formas e pode ser classificada em evidente (aguda), oculta (crônica) ou obscura. Na hemorragia digestiva evidente ou aguda, o sangramento é visível, podendo se apresentar na forma de hematêmese, vômitos em “borra de café”, melena ou hematoquezia. A hemorragia digestiva oculta ou crônica é o resultado de um sangramento microscópico que pode se manifestar inicialmente como uma pesquisa de sangue oculto nas fezes positivo e/ou anemia por deficiência de ferro, sem evidência visível de perda sanguínea pelo paciente ou médico. A hemorragia digestiva obscura refere-se ao sangramento recorrente cuja fonte não é identificada pela endoscopia digestiva alta e pela colonoscopia. Ela pode ser evidente (aguda) ou oculta (crônica). Na HDA, observar antecedentes que sugiram úlcera péptica, como dor epigástrica com ritmo e periodicidade, principalmente se a dor cessou com o sangramento e/ou se já tem diagnóstico estabelecido. A ingestão de álcool nos dias ou horas imediatos ao episódio hemorrágico acompanhada de vômitos acentuados faz pensar síndrome de Mallory-Weiss; o uso habitual de bebida alcoólica faz cogitar hepatopatia crônica com hipertensão portal. A ingestão de medicamentos à base de aspirina e anti- inflamatórios está frequentemente associada a sangramentos por lesões agudas da mucosa gastroduodenal (LAMGD) ou úlcera péptica. - Na HDA, as causas varicosas e não varicosas são as mais comuns. Sendo os sítios esôfago, estomago e duodeno. - A doença ulcerosa péptica é a etiologia mais frequente da hemorragia digestiva alta não varicosa (85% dos casos, sendo 55% por doença ulcerosa péptica). Entretanto, existem outras etiologias, como lesões agudas de mucosa gástrica, lesão de Mallory-Weiss, neoplasias, esofagites, úlceras de boca anastomótica, ectasias vasculares, lesões de Dieulafoy, entre outras. - Hemorragia digestiva alta varicosa (15% dos casos) é definida como um sangramento originário da ruptura de varizes esofágicas ou gástricas visualizado no momento da endoscopia ou a presença de varizes esofágicas calibrosas em paciente com sangue no estômago sem qualquer outra causa de hemorragia identificada. Evidências demonstram que apenas 50% dos pacientes com HDA varicosa param o sangramento espontaneamente quando comparados com 80 a 90% dos indivíduos com HDA não varicosa. Após a cessação do sangramento, existe risco elevado de recorrência, principalmente nas primeiras 48 a 72 horas, podendo ocorrer em até 70% dos casos nas primeiras seis semanas após o primeiro episódio hemorrágico → Na imensa maioria das vezes o sangramento digestivo alto é autolimitado. - Os principais fatores preditores de mortalidade no sangramento varicoso incluem idade superior a 60 anos, instabilidade hemodinâmica, presença de comorbidades, uso de anticoagulantes e anti-inflamatórios, sangramento volumoso ou persistente, recidiva precoce de HDA e necessidade de hemotransfusão. ATENDIMENTO INICIAL: - O atendimento de um paciente com hemorragia digestiva alta vai ser prioritário. Depois da triagem, antes de perguntarem a causa do sangramento e colher história, é preciso colocar o paciente na sala vermelha para realização do ABC, garantir acesso venoso, estabilizar, etc. Obs: A avaliação rápida e a ressuscitação devem preceder os procedimentos diagnósticos em pacientes instáveis com hemorragia aguda grave. - Primeiramente deve fazer a avaliação hemodinâmica, acesso venoso e reposição volêmica. Obs: Na hemorragia digestiva alta a proteção das vias aéreas é importante, pela possibilidade de aspiração do sangue vomitado ou regurgitado, o que está associado a significativas morbidade e mortalidade. A intubação endotraqueal está indicada em casos de vômitos acentuados ou paciente com estado mental alterado. A reposição líquida inicial pode ser de cristaloides enquanto é realizada a avaliação laboratorial (hemograma, avaliação metabólica e da coagulação, tipagem sanguínea). Uma vez alcançada a estabilidade hemodinâmica, inicia-se a história clínica do paciente. - Se houver dúvida se é HDA ou HDB, a passagem de uma sonda nasogástrica e retorno do líquido e a sua coloração leva a suspeitar se esse sangramento é de origem alta ou baixa, assim como o toque retal, pois a forma como sai o dedo de luva já indica se esse sangramento tem mais chance de ser oriundo de um local de alto ou baixo. A dieta desse Luíza Barreto – Medicina 2021.1 paciente tem que ser zerada, até porque, em algum momento, esse paciente será submetido a terapia endoscopia e precisa de dieta zero e por último, precisa avaliar os medicamentos em uso desse paciente. - Depois do ABC, do exame físico e da coleta de informações, deve fazer o diagnóstico ou suspeita clínica e avaliar a necessidade de endoscopia. A endoscopia tem que ser realizada dentro de 24 horas e em 80% dos casos da HDA é autolimitado. Se essa hemorragia for persistente e for um paciente de gravidade importante, o que só acontece apenas em 20% dos casos, considera uma EDA de urgência, ou seja, dentro de 12hrs. - É importante saber sobre história de hemorragia previa, a presença de doença gastrointestinal, doença hepática, uso de anti-inflamatórios de forma exacerbada, uso de alguma terapia de anticoagulante, dor epigástrica crônica, fezes escuras. CRITÉRIOS DE GRAVIDADE: - Maiores de 60 anos; fazer uso de AINEs, antiagregante ou anticoagulante; se for hapatopata, cardiopata ou nefropata; se na admissão ele trouxer os exames prévios, ou o resultado da sala de emergência, estiver com creatinina maior que 1,7; paciente que foi submetido a múltiplas hospitalizações; paciente com hematêmese e enterorragia de vulto (significa volumosa); paciente com melena persistente; paciente com hipertensão ortostática, ou seja, ele fica na posição sentada e a pressão cai ou ele precisa ficar na posição deitada; paciente que já se apresenta com uma sistólica menor do que 100; com a FC menor do que 100; pacientes que tenham precisado, nas primeiras 24hrs, de mais de 4 bolsas de hemoconcentrados ou então depois de um ressangramento tenham precisado de mais de 8 bolsas no total. Obs: A meta na hemotransfusão no quadro de hemorragia digestiva não é chegar com Hb 12 para mulheres e 14 para homens, a meta é tentar manter a Hb acima de 7, que é o mínimo seguro para um paciente que já está dentro de uma unidade hospitalar. Se o paciente tiver doença coronariana a meta sobe para Hb acima de 9. A intubação orotraqueal, para proteção de vias aéreas, deve ser realizada em casos de rebaixamento do nível de consciência, encefalopatia hepática, risco de broncoaspiração ou em caso de hematêmese volumosa. - O paciente que chega com hemorragia digestiva sem repercussões sistólicas e de FC, estima-seuma perda de até 1000mL; o paciente que chega com PAS entre 90 e 100 mmHg e com FC de 100, estima-se uma perda de 1000 a 1500mL; já se o paciente chegar com uma PA sistólica menor do que 90mmHg e uma FC acima de 120, certamente ele teve uma hemorragia maciça, com mais de 40% de perda da sua volemia, perdendo acima de 1500mL. Lembrando que temos uma volemia de 5 a 6L circulante de sangue pelo corpo. Depende da estrutura física. Classificação das varizes esofagogástricas: O rastreamento das varizes de esôfago com a endoscopia digestiva deve ser realizado em todo paciente cirrótico no momento do diagnóstico, independentemente do grau de disfunção hepática. A descrição detalhada do cordão varicoso no laudo da endoscopia é importante, pois fornece informações sobre risco de sangramento e prognóstico. A classificação de varizes de esôfago de Palmer e Brick, adotada pela Sociedade Brasileira de Hepatologia, utiliza os seguintes critérios: • Grau I: varizes de fino calibre, medindo até 3 mm de diâmetro). • Grau II: varizes de médio calibre, entre (3 e 5 mm). • Grau III: varizes de grosso calibre, medindo acima de 6 mm de diâmetro com tortuosidades. • Grau IV: varizes com mais de 6 mm de diâmetro tortuosas e com sinais da cor vermelha ou com presença de manchas hematocísticas na superfície. VARIZES ESOFÁGICAS E GÁSTRICAS: - A primeira causa mais comum de HDA são as varizes esofágicas. - A grande causa de hemorragia varicosa é a hipertensão portal, que basicamente pode dividir-se em causas pré- hepáticas, intra-hepáticas e pós-hepáticas: SUSPEITA DE HDA VARICOSA: - Faz o ABC, estabiliza o paciente, colhe história e exame físico e só depois faz a suspeita de hemorragia digestiva alta varicosa. - Só com a suspeita já pode iniciar o tratamento. Se tiver UTI disponível faz a transferência, se não inicia os vasoconstrictores esplênicos ainda na sala vermelha. Esses medicamentos fazem a vasoconstricção da circulação mesentérica, para diminuir o fluxo sanguíneo e consequentemente o sangramento. São eles Terlipressina, Octreotide e Somatostatina → devem ser introduzidas precocemente, antes mesmo da endoscopia, e mantidas por cinco dias. - Pode iniciar ATB profilático, pois se a suspeita for HDA varicosa, pode ter possibilidade de ser devido a cirrose, e o paciente cirrótico sangrando tem maior risco para infecções. Terapêutica endoscópica: A realização da endoscopia é fundamental para o diagnóstico e o tratamento adequados do sangramento varicoso, devendo ser realizada nas primeiras 12 horas do início do sangramento. Ligadura endoscópica e escleroterapia das varizes de esôfago são ambas utilizadas no tratamento da HDA por ruptura de varizes esofágicas. A terapêutica endoscópica deverá ser realizada caso as varizes esofagogástricas sejam identificadas como Luíza Barreto – Medicina 2021.1 fonte de sangramento, ou seja, na presença de sangramento ativo, coágulo ou fibrina localizada sobre as varizes ou sangue acumulado na cavidade gástrica, com a não identificação de um outro sítio potencial para sangrar. Chamou o endoscopista e ele fez o diagnóstico de varizes de esôfago, vamos promover o tratamento mais adequado que é a ligadura elástica endoscópica. Se houver o controle do sangramento, persiste com a profilaxia para a PBE (peritonite bacteriana espontânea), fazendo norfloxacino via sonda nasogastrica e depois que esse paciente tiver alta, programar a profilaxia secundaria. Se não fizer a ligadura e não houver controle do sangramento, temos que manter a prescrição das medicações iniciais, geralmente até 5-7 dias no máximo e vai repetir a endoscopia para fazer a reavaliação desse sangramento para fazer novas ligaduras elásticas ou fazer uma combinação de ligaduras elásticas com esclerose. Se mesmo assim não houver controle do sangramento, vamos lançar mão de medidas “desesperadoras”, que são a utilização do balão esofágico, a avaliação de uma cirurgia ou o TIPS (derivação intra-hepática portossistêmica transjugular), se houver disponibilidade no serviço. Obs: O balão hemostático nunca vai ser a primeira medida que vamos tomar em um paciente que se apresenta com hemorragia digestiva alta varicosa. O primeiro tratamento é endoscópio. Se ele não conseguir controlar o sangramento com esse tratamento, o balão hemostático torna-se uma opção e oferece uma hemostasia mecânica. O balão é uma medida desesperadora de tentar conter o sangramento quando o tratamento primordial não deu certo, que é o tratamento endoscópico. Em 60 a 90% dos casos de sangramento por varizes de esôfago consegue ter sucesso. É considerado uma ponte até o tratamento específico, que será ou TIPS ou uma cirurgia. É necessário retirar depois de 24horas porque tudo o que oferece uma pressão sobre a mucosa de forma muito prolongada pode complicar com úlcera de mucosa. Obs: A ligadura elástica é o tratamento de escolha para o controle da hemorragia por ruptura de varizes esofágicas e para a profilaxia de sangramentos. TIPS (DERIVAÇÃO PORTOSSISTÊMICA TRANSJUGULAR INTRAHEPÁTICA): Pacientes com falha na terapia endoscópica e farmacológica, ou seja, sangramento maciço que impede a visualização do vaso, hemostasia sem sucesso em um vaso com sangramento ativo ou sangramento recorrente após duas tentativas de terapêutica endoscópicas devem ter o TIPS considerado precocemente. O Tips precoce, dentro de 72 horas (de preferência menos de 24 horas), revestido com PTFE (politetrafluoroetileno), deve ser considerado em pacientes de sangramento de varizes esofágicas, gástricas GOV1 e GOV2 com alto risco de falha do tratamento (p. ex., Child-Pugh classe C < 14 pontos ou Child-Pugh classe B com sangramento ativo) depois do tratamento farmacológico inicial e endoscópica. O TIPS é uma comunicação intra-hepática entre um ramo da veia porta com um ramo da veia hepática através de uma prótese expansível, criando uma anastomose portossistêmica, com desvio do sangue portal para a circulação geral e consequente queda da pressão portal. Apresenta bom controle no sangramento, porém, não altera a sobrevida. O principal efeito colateral é a encefalopatia hepática, variando a incidência entre 10 e 25%. TRATAMENTO CLÍNICO DA HDA VARICOSA: Existem a profilaxia primaria e secundária do paciente que recebe o diagnóstico de hipertensão portal por conta de varizes. Primária: • Para a profilaxia primaria significa que esse paciente nunca sangrou, sabemos que ele tem chance de ter hemorragia digestiva e queremos evitar que esse sangramento aconteça. • Se o paciente tem hipertensão portal medida pela espessura da veia porta, fizemos a endoscopia e não tem varizes nenhuma, não fazemos nada. A profilaxia só pode ser feita se houver varizes de esôfago. • Se ele foi identificado varizes de fino calibre, faz beta bloqueador não seletivo (BBNS) se tiver sinais da cor vemelha ou se for de classificação de cirrose Child C. • Se o paciente apresentou varizes de baixo a grosso calibre vai fazer beta bloqueador não seletivo ou então vai oferecer ligadura elástica das varizes esofágicas Obs: Os betabloqueadores não seletivos são o propranolol, nadolol ou carverdilol. Eles previnem e/ou retardam o primeiro episódio de sangramento varicoso. Obs: A ligadura elástica também é uma alternativa para a profilaxia primária, sendo tão eficaz quanto o uso dos betabloqueadores não seletivos na prevenção do sangramento. A escolha da terapêutica deve levar em consideração a expertise do local, a presença de contraindicação à profilaxia medicamentosa e os eventos adversos. Secundária: • O paciente já sangrou e está voltando para o seu consultório para fazer a profilaxia → Necessariamente faz a combinação de ligadura elástica com betabloqueador não seletivo. Precisa ser as duas. • Se houver falha na combinaçãode ligadura elástica com bloqueador não seletivo, está indicado o TIPS. Obs: Prevenção de ressangramento A primeira linha de tratamento para evitar o ressangramento digestivo é o uso do betabloqueador não seletivo (propranolol ou nadolol) em combinação com a terapêutica endoscópica, de preferência, a ligadura elástica. A endoscopia deve ser realizada, em média, a cada duas semanas, até a obliteração das varizes. O carvedilol não é indicado como terapêutica na profilaxia secundária. ÚLCERA GÁSTRICA E DUODENAL: - É a segunda causa principal de HDA - As úlceras acontecem porque existe um desequilíbrio, ocorre uma ruptura do epitélio da mucosa que permite a exposição da submucosa, que é onde temos os vasos, propiciando o sangramento. OBS: A diferença entre uma erosão e uma ulcera está na profundidade. A erosão acomete somente a rigião epitelial da mucosa, já a úlcera chega a ultrapassar a muscular da mucosa chegando até a submucosa. Luíza Barreto – Medicina 2021.1 - Temos como causas principais a infecção por H. pylori e em segundo lugar o uso de AINEs. Entre as outras causas têm a Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma), hiperpatireoidismo, doenças graulomatosas como Crohn e sarcoidose, infecções que causam úlceras como tuberculose, sífilis, herpes simples e citomegalovírus, etc. - A úlcera acontece porque há um desequilíbrio e os fatores protetores acabam sendo reduzidos. Quais são os fatores protetores: produção de bicarbonato, produção de prostaglandinas, produção do muco e o fluxo sanguíneo na mucosa é interrompido, permitindo que microrganismos ou substâncias como pepsina e anti-inflamatórios consigam agir com mais facilidade. - A úlcera duodenal é muito mais frequente do que a úlcera gástrica, cerca de 5x mais. - O diagnóstico da úlcera gástrica e duodenal sempre vai ser endoscópico. E as vezes pode não ser tão simples, porque tem que ter uma visão endoscópica que permite classificar aquela úlcera como benigna ou maligna, pois o tratamento difere. - Existem algumas características das úlceras malignas que nos dizem a favor delas, como o formato irregular, a base dessa úlcera tem coloração necrótica, escura, mais amarronzada, bordos endurecidos. - A maior parte do sangramento de úlcera cessa espontaneamente (em mais de 90% dos casos). CONDUTA HDA NÃO VARICOSA: - A abordagem terapêutica inicial da hemorragia digestiva alta não varicosa consiste em medidas do ABC. - O uso de inibidor de bomba de prótons (IBP) antes da endoscopia é recomendado para pacientes com suspeita de hemorragia gastrointestinal de origem ulcerosa. - Na endoscopia, se o endoscopista achar a base da úlcera limpa e sem coágulo, não faz nada. Se depois da lavagem do coágulo, ainda tiver com sangramento ativo, vai ser necessário a terapia endoscópica, que é feita com a escleroterapia, é feito um cateter que tem uma agulha na ponta, que é exposta quando entra na luz gástrica para injetar álcool absoluto, etonolamina, polidocanol ou adrenalina diluída até parar de sangrar. Aliado a isso, faz também a infusão venosa de bomba de prótons. Se o sangramento cessar, vai seguir com o tratamento para H. Pylori, porque na maioria das vezes o paciente vai ter. Se o sangramento se tornar muito recorrente, avaliar quanto ao tratamento cirúrgico. - A infecção pelo Helicobacter pylori é a principal etiologia da doença ulcerosa péptica, e a sua erradicação reduz substancialmente as taxas de recorrência da doença. Por conseguinte, justifica-se a investigação e a erradicação da bactéria nos pacientes com HDA por úlcera péptica, com o objetivo de reduzir a chance de ressangramento. SÍNDROME DE MALLORY WEISS: - É uma condição em que o paciente tem laceração da mucosa esofágica devido a um esforço repetitivo (esforço de vomito ou soluço). - 80 a 90 cessa espontaneamente. Se não tiver cessado espontaneamente, o tratamento é endoscópio feito através da esclerose dessa região ou tratamento cirúrgico, que consiste na hemostasia endoscópica. - É comum em alcoólatras, já que estes frequentemente experimentam intensos episódios eméticos. A presença de hipertensão portal com varizes esofágicas aumenta muito o risco de surgir a síndrome. Vale lembrar que qualquer situação de aumento súbito da pressão intra-abdominal pode gerar laceração da junção esofagogástrica (tosse intensa, grande esforço durante evacuação etc.). As lacerações não são transmurais, acometendo somente a mucosa. O local mais acometido é a mucosa gástrica próximo à junção escamocolunar, mas qualquer parte da mucosa esofagiana pode ser envolvida. LESÃO AGUDA DE MUCOSA GASTRO-DUODENAL: A Lesão Aguda de Mucosa Gástrica (LAMG) ocorre no curso de uma doença grave, frequentemente nos pacientes de CTI, já nas primeiras 72h da internação. O mecanismo de injúria não é totalmente conhecido, mas há participação fundamental de isquemia mucosa. Os principais fatores de risco são: (1) coagulopatia (plaquetas < 50.000/ml e/ou INR > 1.5); (2) ventilação mecânica > 48h. Na ausência desses fatores, o risco de hemorragia digestiva cai para < 0,1%... Outros fatores de risco são: trauma cranioencefálico, grandes queimaduras, sepse, corticoterapia, uso de vasopressores e história de doença péptica complicada por hemorragia digestiva prévia. FISIOPATOLOGIA: Como toda a lesão de mucosa, existe a quebra da barreira de proteção da mucosa, que expõe a submucosa ao ácido, que leva a uma alteração do fluxo sanguíneo, causando uma isquemia. Pacientes que tem esse tipo de lesão estão na CTI por algum motivo, são grandes queimados, tem uremia ou tem alguma lesão cerebral, por conta de AVC. São paciente que tem a sua hemodinâmica comprometida e ainda sofrem por conta dessa quebra de barreira da mucosa. - Não tem tratamento para a lesão aguda de mucosa. O que pode ser feito é a profilaxia, sendo tanto farmacológica como não farmacológica. • O método não farmacológico mais comum é feito oferecendo a nutrição parenteral tão logo a condição clínica desse paciente permita, isso porque a nutrição enteral, ou seja, via sonda, estimula o trato gastroenteral. Então, mesmo que a sonda seja posicionada após o piloro, é o melhor estímulo para que mantenha a peristalse, para que se evite o supercrescimento bacteriano, para evitar translocação bacteriana. • Foi provado que o tratamento em jejum prologado além de piorar a situação clínica do paciente, porque desnutre muito rápido esse paciente, propicia esses eventos de supercrescimento bacteriano e translocação bacteriana e isso tudo posterga a alta desse paciente da CTI. • O tratamento farmacológico, é o mais utilizado dentro desses ambientes e é feito através da prescrição de inibidor de bomba de prótons de forma venosa. • No histórico de paciente que tem lesão aguda de mucosa é muito comum encontrar abuso de AINE, uso de antiagregante plaquetário ou uso de álcool.
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