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LITÍASE BILIAR Iole Guimarães Firmino Interna de medicina LITÍASE BILIAR É presença de cálculo na vesícula, nos ductos biliares ou em ambos. ANATOMIA DAS VIAS BILIARES IRRIGAÇÃO DAS VIAS BILIARES IRRIGAÇÃO DAS VIAS BILIARES Trígono de calot Conteúdo: artéria cística DRENAGEM VENOSA Veias císticas Gânglio e plexo celícaco A vesícula tem intima relação com a face interna do fígado, nessa área de contato forma uma depressão no fígado chamada de FOSSA DA VESÍCULA BILIAR. Na fossa não existe capsula de gleisson e é ai que ocorre boa parte da drenagem venosa da vesícula. FISIOLOGIA Excreção de toxinas e metabólitos pelo fígado Como a liberação de bilirrubina. Auxilia na absorção de nutrientes no trato gastrointestinal como a emulsificação da gordura no intestino. FUNÇÕES DA BILE : A BILE SOFRE AÇÃO DE DOIS HORMÔNIOS • SECRETINA – PRODUZIDA PELO INTESTINO E ESTIMULA A PRODUÇÃO DE BILE • COLECISTOQUININA ( CCK) – AGE ESTIMULANDO A CONTRAÇÃO DA VESÍCULA BILIAR E O RELAXAMENTO DO ESFINCTER DE ODDI. FISIOLOGIA RELEMBRANDO O METABOLISMO DA BILIRRUBINA: PROTEÍNA BILIRRUBINA DIRETA (CONJUGADA) SAIS BILIAIS FOSFOLIPÍDIOS COLESTEROL BILE ÁGUA ELETRÓLITOS MANUTENÇAO DA SOLUBILIDADE DA BILE. O COLESTEROL É SOLUBILIZADO PELOS SAIS BILIARES E FOSFOLIÍDEOS. FISIOLOGIA COLESTEROL SAIS BILIARES E FOSFOLIÍDEOS CRISTAIS LAMA BILIAR CÁLCULO FISIOLOGIA CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA: • Vale lembrar que apenas uma pequena % dos sais biliares é produzida pelo fígado. A maioria dele é reciclada pela circulação entero-hepática. E apenas 5% é excretada Vias biliares duodeno íleo terminal reabsorvida fígado COMO A VESÍCULA CONSEGUE ACUMULAR A BILE? Mecanismo retrogrado. No jejum há um aumento da contração do esfíncter de oddi causando um retorno de forma retrograda e um armazenamendo da bile na vesícula. CÁLCULOS: PODE SE DAR DE FORMA MULTIFATORIAL • Alterações do soluto da bile • Problemas de esvaziamento da vesícula • Infecções ou corpos estranhos TIPOS DE CÁLCULOS TIPOS DE CÁLCULOS: • Cálculos de colesterol (amarelos) – 80% dos casos • Puros – só colesterol • Mistos – colesterol e sais de cálcio • Cálculos pigmentados • Negros – colesterol + bilirrubina. Associado a doença hemolítica • Marrons – estase biliar + infecção previa. Pode se formar no ducto colédoco. COLELITÍASE EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA: • Mais comum nas mulheres • Rara na infância e pouco frequente em adolescentes • Aumenta a incidência a partir da vida adulta No brasil: • 9,8% da população acima de 20 anos tem litiase biliar • A partir dos 50 anos 30% das mulheres e 20 % dos homem tem litiase biliar. Essa diferença entre os sexos tende a diminuir com a idade FATOR DE RISCO: Sexo feminino Gestação Idade avançada Fator genético Obesidade Doença, ressecção ou derivação ileal – altera a circulação entero -hepática. Anemia hemolítica – aumento da saturação dos pigmentos biliares Hipertriglideridemia Mudança rapida de peso – gera uma alteração na concentração dos solutos da bile. Estase da vesícula: dm, nutrição parenteral, pós vagotomia .... COLELITÍASE ASSINTOMÁTICOS • 65 a 80% dos casos são assintomaticos • 20 a 30% pode evoluir para sintomas • Apenas 1% tem complicação. • São encontrados de modo acidental. COLELITÍASE ASSINTOMÁTICOS Não tem necessidade de colecistectomia profilática Exceto : Pacientes com anemia hemolítica. Pessoas com vesícula de porcelana Cálculos > 2,5 cm Pacientes que se submetem a cirurgia bariátrica Pacientes imunossuprimidos COLELITÍASE SINTOMÁTICA – CÓLICA BILIAR • É uma obstrução temporária do custo cístico Cólica biliar Aparecimento ou piora dos sintomas após ingesta de alimentos gordurosos Pode ter: Distensão, náusea e vómito. Se dor > 24h e/ou presença de febre Colecistite aguda ? DIAGNÓSTICO : EXAMES DE IMAGEM ULTRASSONOGRAFIA • Técnica mais barata segura e sensível para avaliar vias biliares. • Melhor método para avaliar vesícula • É operador dependente • Consegue distinguir se a icterícia é clinica ou cirúrgica • Visualiza obstrução. ULTRASSONOGRAFIA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) • Consegue fazer reconstrução anatômica da arvore biliar • Menos sensível que a USG, não consegue visualizar bem cálculos na vesícula. • Pode ser utilizada para identificar causa e local da obstrução. • Permite uma melhor avaliação de parênquima hepático e pancreático. RADIOGRAFIA: • Consegue visualizar apenas uma pequena % dos cálculos • Não é um bom exame COLANGIOGRAFIA INTRAOPERATÓRIA: • Durante a cirurgia de colecistectomia visualiza obstrução das vias biliares principais ainda na cirurgia. TRATAMENTO: Tratamento definitivo colecistectómica eletiva A cirurgia a pesar de baixos riscos, ainda é passível de complicações. Então deve-se sempre avaliar risco e benefício. Sintomas discretos e esporádicos 1 a 3% de complicações ao ano. MEV é indicado para população. Sintomas mais intensos e recorrentes 7% de complicação ao ano. Então a colecistectomia laparoscópica eletiva é justificável. COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA ABERTA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA Menos dor, menor tempo de internação hospitalar 4 incisões: • Linha axilar anterior direita • linha hemiclavicular direita • Subxifoide • Porta umbilical ( 1,2cm) – câmera TÉCNICA CIRÚRGICA: 1) Vesícula é tracionada para cima para expor o infundíbulo e a porta hepática 2) Traciona o infundíbulo inferolateral – exposição do trígono de calot, identificação da artéria cística 3) Retirada do tecido fibrogorduroso só trÍgono de calot. 4) Visão critica de segurança 5) É realizada a clipagem da artéria e ducto cístico e a separação da vesícula do leito hepático com o eletrocaltério. 6) Vesícula é retirada pela porta umbilical COLECISTECTOMIA ABERTA Diminuiu a incidência por conta do surgimento videolparoscopia Normalmente é feita quando associada a outra cirurgia aberta ou em alguns casos de colecistite COMPLICAÇÕES DA LITÍASE BILIAR COLECISTITE AGUDA LITIÁSICA COLEDUCOLITIASE COLANGITE AGUDA ILEO BILIAR PANCREATITE BILIAR COLECISTITE AGUDA LITIASICA COLECISTITE AGUDA LITIASICA É o bloqueio não resolutivo do ducto cístico. Causando inflamação, edema e hemorragia subserosa. Há um aumento da pressão do lúmen da vesícula isquemia necrose Pode ter infecção secundária há patógenos intestinais ( aeróbios e anaeróbicos). COLECISTITE AGUDA LITIASICA Clínica: • Dor em hipocôndrio direito • Sinal de Murphy positivo • Anorexia, náusea e vômitos • Febre • Aumento de FA, bilirrubina, transaminases e leucocitose COLECISTITE AGUDA LITIASICA Diagnóstico: COLECISTITE AGUDA LITIASICA Classificação: COLECISTITE AGUDA LITIASICA Conduta : • Reposição volêmica • Correção de distúrbios hidroeletrolíticos • Monitorização de sinais vitais • Analgesia • ATB de largo espectro. COLECISTITE AGUDA LITIÁSICA Tratamento : Vai depender do grau de gravidade do paciente Grau 1 Leve Baixo risco cirúrgico Alto risco cirúrgico COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA Tratamento conservador COLECISTECTOMIA POSTERIOR. Grau 2 Moderado COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA OU ABERTA CASO NECESSÁRIO Alto risco cirúrgico DRENAGEM BILIAR PERCUTÂNEA Grau 3 Grave Inicialmente deve realizar ATB, suporte clínico e correção da disfunção orgânica Sem resposta ao tratamento clínico ou com alto risco cirúrgico COLECISTECTOMIA POSTERIOR. DRENAGEM BILIAR PERCUTÂNEA Baixo risco cirúrgico DRENAGEM BILIAR PERCUTÂNEA/ COLECISTOSTOMIA COLEDOCOLITÍASE Esse cálculo pode ser • Primário: quando o calculo surge no próprio ducto. Cálculos marrons. • Secundário: migram da vesícula para o colédoco Cálculo residuais achadas até 2 anos após colecistectomiaCOLEDOCOLITÍASE Quando há presença de cálculo no colédoco. COLEDOCOLITÍASE Clínica: • Cólica biliar • Sinais de icterícia obstrutiva: Colúria Acolia fecal Icterícia Prurido • Alteraçoes laboratoriais: FA, gama GT, AST e ALT e leucocitose. Febre + Dor em QSD + Icterícia TRÍADE DE CHARCOT QUÍNTADE DE RAYNOLDS COLANGITE ASCENDENTE: Infecção das vias biliares principais. Maioria decorrente da coledocolitíase. Tríade de charcot + Confusão mental + Hipotensão COLEDOCOLITÍASE Diagnostico: exames de imagem sugestivo de colédocolitíase Exames de imagem: USG: Pode identificar a presença de calculo no colédoco ou apenas dilatação do ducto > 8 mm . Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM): Altamente sensível > 90% e 100% de especificidade. Colangiografia: normalmente realizado no intraoperatorio para identificação de calculo no colédoco COLEDOCOLITÍASE • Colangiopancreatografia endoscópica retrograda (CPRE) • Exploração laparoscópica do ducto biliar comum • Exploração aberta do colédoco Tratamento: COLANGIOPANCREATOGRAFIA ENDOSCÓPICA RETROGRADA (CPRE): • Método diagnostico e terapêutico. • É realizada uma esfincterotomia endoscópicas com extração de cálculos. • 5 a 8% de taxa de complicação. Tem 50% de chances de recorrência se não realizada a colecistectomia posteriormente. EXPLORAÇÃO LAPAROSCÓPICA DO DUCTO BILIAR: • É realizada no momento da colecistectomia. • Pode ser abordado por veia trancística ou colecocotomia. EXPLORAÇÃO ABERTA DO COLÉDOCO • Diminuiu a frequência devido ao surgimento dos métodos laparoscópicos. • Utilizada quando os métodos laparoscópicos e endoscópicos não conseguem tirar o cálculo do colédoco • Pacientes com cirurgia previa de desvio gástrico. (by-pass) • Calculo impactado na ampola de vater ou múltiplos cálculos. EXPLORAÇÃO ABERTA DO COLÉDOCO 1. Realizada manobra de kocher para exploração distal do duodeno 2. Localização manual do cálculo 3. Faz a colecucotomia em região supra duodenal 4. Colocação de uma cânula de borracha para remoção do cálculo. 5. Após a remoção do cálculo uma colangiografia é realizada para descartar calculo residual TÉCNICA: ESFINCTEROPLASTIA TRANSDUODENAL • Calculo impactado na ampola de vater ou múltiplos cálculos. EXPLORAÇÃO ABERTA DO COLÉDOCO ILEO BILIAR É uma obstrução intestinal mecânica causada pela impactação de cálculos biliares no trato gastrointestinal, sendo este evento secundário à formação de uma fístula biliodigestiva. PANCREATITE BILIAR REFERÊNCIAS BONADIMAN, Adorisio et al. CONDUTA ATUAL NA COLECISTITE AGUDA. REVISTA UNINGÁ, v. 56, n. 3, p. 60-67, 2019. Gastroenterologia Tratado de Gastroenterologia - Da Graduação à Pós- graduação, Schilioma Zaterka, Jayme Natan Eisig, eds. 2ª ed, São Paulo: Editora Atheneu, 2016. MOORE, K. L.; DALEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª.edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014. Sabiston Textbook of Surgery, 20ª edição, Towsend and Beauchamp. 2020. SANTOS, José Sebastião et al. Colecistectomia: aspectos técnicos e indicações para o tratamento da litíase biliar e das neoplasias. Medicina (Ribeirão Preto), v. 41, n. 4, p. 449-464, 2008.
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