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Prof Vívian Novaes ANTIBIOTICOTERAPIA PARA OS ANIMAIS DOMÉSTICOS 3 Tópicos ■ Macrolídeos ■ Anfenicóis ■ Sulfonamidas MACROLÍDEOS Macrolídeos ■ Os macrolídios são antibióticos que têm um anel lactônico macrocíclico, ao qual se ligam açúcares. ■ Considerando o número de átomos deste anel macrocíclico (constituído de carbono, oxigênio e/ou nitrogênio), estes antibióticos podem ser divididos em três grupos: 14 átomos: eritromicina, oleandomicina, carbomicina (= magnamicina), roxitromicina, claritromicina, fl.uritromicina, diritromicina; 1 5 átomos (chamados de azalidas; possuem um nitrogênio no anel macrocíclico): azitromicina, tulatromicina; 16 átomos: espiramicina,tilosina,josamicina, quitasarnicina (= leucomicina), roquitamicina, midecamicina, miocamicina e tilmicosina Macrolídeos Macrolídeos ■ Os macrolídios são empregados na espécie humana contra Campylobacter, Chlamydia, Legionella e Mycobacterium. ■ Em medicina veterinária, seu uso é limitado devido à toxicidade causada quando administrados a herbívoros por via oral e devido também à dor no local da administração por via intramuscular. ■ Conseguem alcançar elevadas concentrações na mucosa gástrica, ainda que seja metabolizada no fígado, e excretada na bílis e na urina. ■ Este fármaco também se utiliza para tratar a pneumonia, a septicemia hemorrágica, a mastite e a leptospirose em diferentes animais. Macrolídeos ■ A eritromicina foi obtida em 1952 a partir de culturas de Streptomyces erythreus; ■ A espiramicina é o macrolídio de menor espectro de atividade antimicrobiana, sendo inefetivo contra micoplasma, porém apresenta melhor tolerância por via oral e maior concentração tissular do que a eritromicina. ■ A miocamicina também tem boa tolerabilidade digestiva,e a roxitromicina destaca- se pela sua longa meia-vida no soro (superior a 12 h), sendo ambos antibióticos semissintéticos. ■ A tilosina, isolada do Streptomycesfradiae, e a tulatromicina, derivado semissintético introduzido recentemente no comércio,estão disponíveis apenas para uso veterinário. Macrolídeos ■ A josarnicina é um macrolídio natural, obtido em 1964 de culturas doStreptomyces narbonensis, destacando-se pela sua ação contra anaeróbicos. ■ A azitromicina é um macrolídio semissintético, pertencente ao grupo das azalidas, que se caracteriza pelo maior espectro de ação, sendo capaz de atuar contra microrganismos gram-negativos, e com características farmacocinéticas mais favoráveis. Mecanismo de ação ■ Atuam sobre os microrganismos em processo de multiplicação, penetrando com relativa facilidade nas bactérias Gram positivas. ■ Em termos práticos, une-se à subunidade ribossómica 50S e à transladação do aminoácido ARNt nos microrganismos sensíveis. Dado que apresenta um efeito bacteriostático, na realidade não mata as bactérias no intestino, mas sim evita que cresçam e se multipliquem, ajudando desta forma o sistema imunitário a combater a infeção. Mecanismo de ação Mecanismo de ação ■ O local de ligação dos macrolídios no ribossomo é próximo daquele no qual se liga o cloranfenicol, podendo ocorrer antagonismo, caso sejam associados. ■ Os macrolídios inibem a translocação do RNA transportador no local aceptor do aminoácido, interferindo na adição de novos aminoácidos e, dessa forma, impedindo a síntese proteica da célula do microrganismo; ■ Os macrolídios são antibióticos bacteriostáticos; podem ser bactericidas em altas concentrações. A ação bactericida é tempo-dependente, isto é, o fator de maior importância para determinar a eficácia é o período de tempo durante o qual a concentração plasmática fica acima da concentração inibitória mínima (CIM) de uma dada bactéria. Espectro de ação: Eritromicina ■ A eritromicina é ativa principalmente contra bactérias gram positivas, como estreptococos e estafilococos, incluindo os estafilococos resistentes aos antibióticos betalactâmicos, Arcanobacterium pyogenes, Bacillus spp., Corynebacterium spp., Rhodococcus equi, Erysipelothix rhusiopathiae e Listeria spp. ■ São suscetíveis à eritromicina as bactérias gram-negativas aeróbicas Actinobacillus spp., Brucella spp., Campylobacter spp. e Leptospira spp. ■ Dentre as bactérias anaeróbicas suscetíveis à eritromicina encontram-se Actinomycesspp., Clostridium spp. E Bacteroides spp., exceto B.fragilis. ■ Esse antibiótico é ativo também contra Chlamydia spp. e Micoplasma spp. e tem atividade moderada contra enterococos, Pasteurella spp.,Bordetella spp., Ehrlichia spp, Haemophilus spp. e Legionella spp. ■ São resistentes à eritromicina as Enterobacteriaceae, Pseudomonas spp., Nocardia spp., Mycobacterium spp. e alguns Micoplasma spp; Espectro de ação tilosina ■ A tilosina tem espectro de atividade semelhante ao da eritromicina, sendo, de modo geral, menos ativa contra bactérias e mais ativa contra Mycoplasma spp. Espectro de ação: Espiramicina ■ A espiramicina tem espectro de ação menor do que o da eritromici na e é menos efetiva contra Mycoplasma que a tilosina. Espectro de ação: Azitromicina ■ Azitromicina e a claritromicina têm largo espectro de ação; a primeira apresenta o maior espectro in vitro contra bactérias gram-negativas, incluindo atividade moderada contra Salmonella enterica, e a claritromicina é a mais ativa contra Rhodococcus equi; Resistência bacteriana ■ A resistência bacteriana aos macrolídios é geralmente mediada por plasmídios, porém uma mutação cromossômica que leva a modificação em ribossomos também já foi observada. ■ Três são os mecanismos que levam à resistência bacteriana aos macrolídios: (1) modificação no local de ligação; (2) efluxo ativo; (3) síntese de enzimas bacterianas que hidrolisam o anel de lactona. Os dois primeiros mecanismos são os mais frequentes. Farmacocinética e Farmacodinâmica ■ Os macrolídios são bases fracas, com pK1 entre 6 e 9; a eritromicina, por exemplo, tem pK. de 8,7-8,8 ■ A eritromicina base é pouco absorvida quando administrada por via oral, sendo inativada no pH gástrico. Por esse motivo foram desenvolvidas formulações como estolato ou estearato de eritromicina e de liberação entérica para melhorar sua absorção e tolerabilidade; ■ Há também formulações desenvolvidas para serem misturadas à ração ou à água das aves e suínos. Após a administração oral do sal, a eritromicina se dissocia no intestino, sendo absorvida na forma livre. ■ A administração subcutânea ou intramuscular de eritromicina pode causar irritação tecidual e dor; portanto, prefere-se, quando possível, a administração oral. Farmacocinética e Farmacodinâmico ■ A tilosina é bem absorvida no trato gastrintestinal e não necessita de formulações especiais para manter sua estabilidade no estômago. Já a tilmicosina tem baixa absorção (biodisponibilidade de 22%). ■ Os macrolídios tendem a se concentrar em algumas células por causa de seu caráter básico, sendo então captadas por células que têm o pH mais ácido que o do plasma. As concentrações teciduais de eritromicina, tilosina e tilmicosina são maiores que as concentrações plasmáticas, particularmente nos pulmões sendo, por isso, indicadas para o tratamento de infecções pulmonares; ■ A eritromicina não atravessa a barreira hematencefálica em quantidade suficiente para uso terapêutico porém cruza a barreira placentária e atinge concentrações terapêuticas no feto. ■ A biotransformação dos macrolídios é feita pelas enzimas microssomais hepáticas e a eliminação é via bile e fezes. ■ Sofrem desmetilação pelas enzimas hepáticas, perdendo grande parte da sua atividade antimicrobiana. ■ Essas enzimas podem ser induzidas, por exemplo, pelo fenobarbital; portanto pacientes tratados com fenobarbital e eritromicina podem ter prejuízo na resposta ao antimicrobiano, devido ao aumento da sua biotransformação. ■ Grande parte da eritromicina biotransformada no fígado (90%) é eliminada pela bile e apenas 2 a 5% são excretados inalterados pela urina; portanto,a disfunção renal não tem efeito significativo na meia-vida de eliminação da eritromicina. Farmacocinética e Farmacodinâmico Efeitos adversos ■ Irritação tecidual que eles acarretam, levando à dor, quando da administração intramuscular, e a tromboflebites e periflebites, quando da administração por via intravenosa, além de reações inflamatórias após administração intramamária; ■ Distúrbios gastrintestinais (náuseas, vômito, diarreia, cólica intestinal) em coelhos e equinos; ■ A diarreia por disbiose e por alteração na musculatura intestinal. ■ Vômitos em cães; ■ Embora a eritromicina possa causar diarréia grave em equinos, é indicada, associada à rifampina, para o tratamento da pneumonia causada por Rhodococcus equi em potros. Apresentações comerciais Apresentações comerciais ANFENICÓIS Anfenicóis ■ Os anfenicois são antibacterianos de amplo espectro; ■ Atuam contra bactérias gram positivas, negativas e riquétsias; ■ São bacteriostáticos; ■ O cloranfenicol (descoberto em 1947), produzido pelo Streptomyces venezuelae, também pode, atualmente, ser obtido por síntese laboratorial. Mecanismo de ação ■ O cloranfenicol e derivados inibem a síntese proteica dos microrganismos sensíveis, ligando-se irreversivelmente à subunidade 50 S do ribossomo bacteriano, desta forma interferindo na formação do peptídio pelo bloqueio da enzima peptidiltransferase, impedindo o alongamento da cadeia polipeptídica. ■ São antibióticos bacteriostáticos. ■ Inibem também a síntese proteica mitocondrial das células da medula óssea dos mamíferos de maneira dose-dependente Espectro de ação ■ Bactérias gram-positivas, gram-negativas, riquétsias, espiroquetas e micoplasma.; ■ O tianfenicol é uma a duas vezes menos ativo quando comparado ao cloranfenicol, enquanto o florfenicol é levemente menos ativo que o cloranfenicol. ■ A presença de um átomo de flúor na molécula do florfenicol impede a acetilação provocada pela enzina, fazendo com que cepas bacterianas resistentes ao cloranfenicol e ao tianfenicol se tornem sensíveis ao florfenicol; Farmacocinética e farmacodinâmica ■ Em animais monogástricos, o cloranfenicol é bem absorvido no trato digestivo; ■ Em ruminantes, é destruído pela flora ruminal ■ Liga-se com as proteínas plasmáticas (cerca de 30 a 45%) e distribui-se relativamente bem por todos os tecidos (é lipofílico), atravessando inclusive a barreira placentária. ■ Cloranfenicol se difunde bem no leite e nos líquidos pleural e ascítico. Farmacocinética e Farmacodinâmica ■ Biotransformação hepática; ■ Eliminação por meio de conjulgação com ácido glicurônico; ■ Meia vida variável conforme a espécie e idade; ■ Metabólitos inativos são excretados pela urina e bile; ■ Em relação às interações medicamentosas, foi observado antagonismo entre cloranfenicol e penicilina G no tratamento de meningite e endocardite em seres humanos. ■ A associação de cloranfenicol com fluorquinolonas também não é recomendada. Efeitos adversos ■ Anemia aplástica; ■ Nos países da União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Brasil e em outros países, o uso de cloranfenicol é proibido em animais utilizados para consumo humano, ■ A depressão da medula óssea, levando à anemia hipoplástica e à redução da síntese de anticorpos, são efeitos adversos relacionados com a dose e duração do tratamento, sendo os gatos mais sensíveis que os cães; ■ Manifestações digestivas, como vômitos e diarréias, são ocasionalmente descritas em cães e gatos, bem como reações alérgicas; Apresentações comerciais Grandes animais: uso restrito parenteral (injetável). Pequenos animais: uso parenteral, oral ou tópico. SULFONAMIDAS Sulfanamidas ■ As sulfonamidas (sulfanilamidas) são as amidas de ácidos sulfônicos. ■ As sulfas foram os primeiros antimicrobianos eficazes utilizados por via sistêmica na prevenção e cura das infecções bacterianas em homem e nos animais; ■ São antimicrobianos de amplo espectro de ação contra bactérias gram--positivas e algumas gram- negativas; ■ Na década de 1970, com a descoberta do trimetoprim, houve o renascimento do uso destes quimioterápicos. O trimetoprim é uma substância que quando utilizada em associação com as sulfas, potencializa sua ação antimicrobiana ■ Sulfonamidas ■ A eliminação renal, por filtração glomerular. Pode haver também a eliminação no leite, por isso a utilização do leite de vacas tratadas deve ser somente após 4 dias. ■ Com o desenvolvimento das sulfonamidas nas décadas de 1930 e 1940, pela primeira vez pôde-se ter um controle mais efetivo da coccidiose aviária, permitindo ampliação dos plantéis avícolas mundiais. ■ Dentro deste grupo destaca-se a sulfaquinoxalina como a mais potente e de menor toxicidade para as aves, apesar de apresentar espectro de ação limitado a algumas espécies de eimeria. Mecanismo de ação As sulfonamidas, quando administradas em concentrações Terapêuticas, são bacteriostáticas; Em concentrações altas, são bactericidas, mas nestas concentrações podem causar graves reações adversas ao hospedeiro. Este quimioterápico é um análogo estrutural do ácido p-aminobenzoico (PABA) Mecanismo de ação 1.Inibem a enzima bacteriana dihidropteroato sintetase 2.Impedem a catalisação enzimática 3.Não ocorre a formação de ácido fólico. 4.Agem como precursores de DNA e RNA da bactéria Farmacocinética e Farmacodinâmica ■ As sulfas são administradas principalmente pela via oral. ■ Estes quimioterápicos podem também ser aplicados topicamente (pele, útero e glândula mamária); ■ Com exceção da sulfadiazina de prata, as sulfas podem promover reações alérgicas e retardo na cicatrização. ■ Além disso, o pus, os produtos de metabolismo tecidual e o sangue diminuem bastante a eficiência destes quimioterápicos. ■ Os sais monossódicos das sulfas podem ser administrados por via intravenosa, porém, com exceção da sulfadimidina e sulfadirnetoxina sódica, estes quimioterápicos não devem ser administrados por nenhuma outra via parenteral, pois são altamente alcalinos e instáveis. Farmacocinética e Farmacodinâmica ■ As sulfas se distribuem amplamente por todos os tecidos do organismo. ■ Estes quimioterápicos atravessam a barreira hematencefálica e placentária, podendo apresentar níveis fetais semelhantes aos dos plasmáticos. ■ As sulfonamidas são biotransformadas no fígado, principalmente por acetilação e oxidação. ■ A acetilação se faz no grupo amino ligado ao C4 do núcleo benzênico, resultando um metabólito denominado N4-acetil derivado (acetilsulfatiazol). Este metabólito, além de não possuir atividade antimicrobiana, é menos solúvel em água; portanto há aumento dos riscos de efeitos tóxicos, devido à maior probabilidade de precipitação nos túbulos contornados do rim. ■ Os produtos de oxidação são os responsáveis por várias reações tóxicas sistêmicas, como lesões cutâneas e fenômenos de hipersensibilidade. Farmacocinética e Farmacodinâmica ■ A eliminação das sulfas se faz por via renal, por filtração glomerular, embora possa haver também secreção tubular. ■ Algumas sulfas, como a sulfadiazina, podem sofrer reabsorçãotubular. Uma pequena proporção de sulfas ■ Pode ser eliminada através de secreções como saliva, suor e leite; Efeitos adversos • Toxicidade aguda: salivação, diarréia, hiperpnéia, excitação, fraqueza muscular e ataxia. • Toxicidade crônica: cristalúria sulfonamídica, aumentando com a acidez da urina Os principais sinais e sintomas observados na cristalúria sulfonamídica são diminuição da micção e dor, hematúria e cristalúria. Efeitos adversos Hidratação do paciente (o animal deverá ter livre acesso à água); Administração concomitante de bicarbonato de sódio para elevação do pH urinário Uso combinado de sulfas, pois estas se solubilizam independentemente umas das outras, não havendo, portanto, efeito aditivo na concentração destes quimioterápicos ao nível cios túbulos renais. Frequentemente usa-se a associação de sulfadiazina,sulfamerazina e sulfapiridina; deve-se evitar que o tratamento com as sulfas se prolongue por um período superior a uma semana Indicações ■ As sulfas são antimicrobianos de amplo espectro de ação efetivos contra bactérias gram-positivas e algumas gram negativas, como Enterobacteriaceae. ■ Têm ainda ação contra Toxoplasma sp. e alguns protozoários, como Coccidia. ■ Eeficazes quando administraras no início do curso da doença; infecções crônicas, principalmente podem não respondem bem ao tratamento Apresentações comerciais
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