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Hemograma Completo

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Aula via Zoom 05.08.2021 
 
Conceito: 
Trata-se de uma análise quantitativa e qualitativa dos elementos figurados do 
sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas); 
Originalmente realizado com auxílio de câmaras de contagem, centrifugação, 
métodos colorimétricos e microscopia de esfregaço; atualmente é feito por 
métodos eletrônicos; 
Consiste da análise das séries vermelha e branca, e atualmente da contagem 
de plaquetas; 
Técnica original: 
Câmara de Neubauer -> técnica original; 
 
Esfregaço sanguíneo -> coloca uma gota de sangue na ponta de uma lâmina 
quadriculada, e com outra lâmina a 45º esfrega o sangue e o colora com 
corante tricromo. Depois olhava pelo microscópio e contava quantos 
quadradinhos quantas hemácias tinham, quantos leucócitos e dava o valor em 
mm³. Posteriormente, as células eram analisadas por patologistas, 
farmacologistas ou oncologistas, afim de ver a qualidade. 
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Alguns achados morfológicos podem ser vistos por essa técnica e não pelo 
equipamento mais moderno. 
 
 
Série vermelha (sangue): 
1. Contagem de hemácias (Hm); 
2. Hematócrito (Ht ou Hto); 
3. Dosagem da hemoglobina (Hb); 
4. Volume corpuscular médio (VCM); 
5. Hemoglobina corpuscular média (HCM); 
6. Concentração da hemoglobina muscular média (CHCM); 
7. Índice de ansiocitose (RDW); 
 
Alterações quantitativas: 
• Anemia -> é a redução da concentração da hemoglobina no sangue 
periférico abaixo dos valores normais para a idade e sexo do paciente; 
• Policitemia ou poliglobulia -> é o aumento na concentração de hemácias 
acima do valor normal para a idade e sexo do paciente; 
 
1. Contagem de hemácias (Hm): 
Técnica -> câmaras de contagem; atualmente realizada de forma 
eletrônica; 
Valores normais: 
Homens – 4.500.500 a 6.500.000/mm³ 
Mulheres – 3.800.00 a 5.800.000/mm³ 
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Recém-nascidos – 4.000.000 a 6.000.000/mm³ 
Crianças/1 ano – 3.600.000 a 5.200.000/mm³ 
Crianças maiores de 1 ano – 4.000.000 a 5.400.000/mm³ 
 
2. Hematócrito (Ht): 
Sinônima na língua inglesa: PCV (Packed Cell Volume); 
Fundamento: centrifugação do sangue incoagulável em um tubo graduado; 
É dependente do volume globular e do volume plasmático; 
Hemácias são geralmente depositadas no fundo do frasco por ser mais 
pesada; 
Limites normais: 
35 a 45% nas mulheres; 
43 a 49% nos homens; 
44 a 64% nos recém-natos; 
32 a 44% nas crianças até 3 meses; 
37 a 45% nas crianças até 12 anos; 
 
3. Dosagem da hemoglobina (Hb): 
Cada 100 cm³ de sangue contém 14 a 16g de Hb; pode corresponder a 1kg 
em um adulto de, aproximadamente, 70kg; 
Técnica tradicional: colorimétrica; 
Limites normais: 
13,5 a 18g/dl nos homens; 
11,5 a 19,5g/dl nas mulheres; 
13,5 a 19,5g/dl nos recém-natos; 
11 a 13g/dl nas crianças até 1 ano; 
11,5 a 14,5g/dl nas crianças de 1 até 12 anos; 
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4. Volume corpuscular médio (VCM): 
Fundamento: devido a morfologia discóide das hemácias, as medições 
microscópicas são inexatas. 
O volume é então calculado segundo a formula: 
 VCM = hematócrito (ml/1000) 
 hemácias (milhões/mm3) 
 
Limites normais: 
80 a 94 ft = normocitose; 
Maior de 94 = macrocitose; 
Menos de 80 = microcitose; 
Obs: fl = µ³ (micracúbico); 
 
5. Hemoglobina corpuscular média (HCM): 
Fundamento: é a proporção real de Hb que corresponde, em termos 
médicos, a cada hemácia, em termos absolutos. É calculada pela formula: 
HCM = Hb (em g/1000) 
 hemácias (milhões/mm³) 
 
Limites normais: 27 a 32 pg. 
 
6. Concentração corpuscular média de hemoglobina (CCMH): 
Fundamento: informa a concentração de Hb por eritrócito em termos de 
percentagens. 
CCMH = Hb (em g/1000) x 100 
 hematócrito (ml/100) 
Limites normais: 35 a 38%. 
 
7. Índice de anisocitose (RDW): 
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RDW = Red Cell Distribuition Width; 
É um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho), sendo normal 
de 11 a 14%, representando a percentagem de variação dos volumes 
obtidos; 
O aumento do RDW habitualmente precede o aparecimento de anemia, 
sobretudo por deficiência de ferro. Contudo, esse índice não é específico. 
Anisocitose: 
 
Poiquilocitose: 
 
Hematoscopia: 
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 Hemácias em alvo Hemácias falcêmicas 
 
 Esferócitos Macrocitose com corpúsculos de 
Howell-Jolly 
 
Alterações: 
1. Anemias Normocíticas (VCM normal): 
Habitualmente também são normocrômicas (HCM) normal; 
Perda aguda de sangue (hemorragias); 
Anemia das doenças crônicas; 
Insuficiência renal crônica; 
Hipoplasia e aplasia medular; 
 
2. Anemias Microcíticas (VCM baixo): 
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Geralmente acompanhadas de hipocromia (HCM baixo): 
Deficiência de ferro (causa mais comum): por carência na ingestão do 
elemento (sobretudo nas crianças); por perda crônica de sangue, 
principalmente tubo gastrointestinal (parasitoses, tumores, doença 
péptica e outros) ou aparelho genital nas mulheres. 
Deficiência na síntese da cadeia da globina: talassemias. 
 
3. Anemias Macrocíticas (VCM alto): 
Deficiência de vitamina b12: anemia perniciosa, pós-gastrectomia total; 
Deficiência de acido fólico: etilismo, uso de medicamentos, hemólise 
crônica; 
Hipotireoidismo; 
Anemias sideroblásticas; 
Síndromas mielodisplásicas; 
 
Caso clinico nº 1 
Uma mulher de 37 anos procurou o medico devido à fadiga e cansaço fácil. 
Apresentava palidez cutânea evidente com mucosa hipocoradas (+++/4+). Não 
havia linfonodomegalias ou hepatoesplonomegalia. A FC era de 108 bpm e havia 
um sopro cardíaco. Um hemograma realizado na urgência mostrou: 
 Hm = 2.350.000/mm³; Ht = 21%; Hb = 7,6 g/dl; VCM = 72 fl; HCM = 21pg; CHCM 
= 32%. 
Caso clinico nº 2 
Mulher de 32 anos, com hipotireoidismo, em reposição hormonal há 3 anos, 
procurou o medico devido anemia. Desde há um ano vem apresentando fadiga 
crescente, tendo já feito tratamento com sulfato ferroso oral, sem sucesso. No 
exame físico havia palidez cutâneo-mucosa; não havia hepatoesplenomegalia. 
Um hemograma inicial ofereceu o seguinte resultado: 
Hm = 2750.000/mm³; Ht = 24%; Hb = 8,2g/dl; VCM = 109 fl; HCM = 28pg; CHCM 
= 36%. 
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4. Poliglobulia 
Tem de ser diferenciada da hemoconcentração, típica das desidratações; 
Principais causas: 
• Dpoc e Cor Pulmonale; 
• Grandes altitudes; 
• Tabagismo; 
• Cardiopatias congênitas; 
• Intoxicação por dióxido de carbono; 
• Policitemia vera; 
• Outras causas 
 
Série branca (leucócitos): 
Corresponde a contagem total dos leucócitos (absoluta) assim como a relaçãonumérica que existe entre as diversas variedades de leucócitos do sangue 
periférico (relativa ou hemograma de Schiling). Os elementos presentes 
correspondem a seis tipos diferentes, facilmente diferenciáveis entre si, e cujas 
características morfológicas podem ser verificadas através de colorações tipo 
May-Grunwald-Giemsa. 
Valores normais: 6.000 a 10.000 leucócitos por mm³. 
Células Valores normais % 
Granulócitos Basófilos 0-100 0-15 
 Eosinófilos 60-500 1-5 
 Neutrófilos Mielócitos 0 0 
 Metamielócitos 0 0 
 Bastões 120-500 2-5 
 Segmentados 3.600-7.500 60-75 
Linfócitos 1.200-3.000 20-30 
Monócitos 180-600 3-8 
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 Basófilo Eosinófilo 
 
 Mielócito Metamielócito 
 
 Bastão Segmentado 
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 Linfócito Monócito 
 
Linfócitos atípicos: 
Alteração da morfologia dos linfócitos com aumento de tamanho e 
basofilia citoplasmática em decorrência a infecção viral e outros 
estímulos imunológicos; 
Infecções virais (VEB), distúrbios auto-imunes, rejeição a transplantes, 
e outros. 
 
Alterações Quantitativas: 
1. Leucocitose -> é o aumento da leucometria acima de 10.000/mm³. 
2. Leucopenia -> é a redução da leucometria abaixo de 5.000/mm³. 
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Leucocitose – Alterações Qualitativas: 
3. Fisiológica -> recém-natos, ao final da gravidez, em situações de estresse, 
após grande esforço muscular e outros; 
4. Neutrofilia com desvio para a esquerda (aumento de bastões) -> infecções 
agudas 
5. Neutrofilia não infecciosa -> neoplasias, radioterapia, necroses tissulares 
assépticas, doenças inflamatórias, doenças metabólicas, intoxicações 
exógenas, e outros; 
6. Eosinofilia -> parasitoses e estados alérgicos, reações de hipersensibilidade, 
linfoma de Hodgkin, doença de Addison, síndromes hipereosinofílicas, 
pênfigo, Leucemia Mieloide Crônica, e outros; 
7. Basofilia -> Leucemia Mieloide Crônica, estados de hipersensibilidade, 
distúrbios mieloproliferativos, e outros; 
8. Linfocitose -> mononucleose infecciosa (VEB), estados virais agudos, 
tuberculose, brucelose, leucemia linfocítica, e outros; 
9. Monocitose -> tuberculose, calazar, febre maculosa, sarcoidose, doença de 
Crohn, e outros; 
10. Reações leucemoides – número total de leucócitos acima de 
50.000/mm³. Aumento do número de células mieloides, desvio até 
promielócito, eventualmente mieloblasto. 
Principais causas: 
• Infecções pirogênicas (S. aureus, Streptococcus pneumoniae); 
• Tuberculose, brucelose, toxoplasmose; 
• Doenças inflamatórias agudas; glomerulonefrite aguda, 
insuficiência hepática, artrite reumatoide; 
• Cetoacidose diabética 
 
Leucopenia – Alterações Qualitativas: 
11. Neutropenia – medicamentos, intoxicações exógenas, doenças 
profissionais, síndromes mielodisplásicas, hiperesplenismo, síndrome de 
Felty, pós-radioterapia, e outros; 
12. Linfopenia – infecção pelo HIV/AIDS, rubéola, sarampo, doença de 
Hodgkin, uso de drogas imunossupressoras, e outros; 
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Caso clínico nº 3 
Um homem de 65 anos, tabagista de longa data, procurou a emergência com 
dispneia e febre. A família relatava três internações anteriores por doença 
semelhante. Ao exame inicial apresentava-se francamente dispneico, com 
cianose de extremidades (++/4+); anictérico; fase pletórica; presença de 
roncos e sibilos bilaterais; jugulares turgidas; bulhas cardíacas hipofonéticas; 
PA = 130/90mmHg e FC = 118bpm com algumas extrassístoles; fígado a 2 cm 
do rebordo costal direito; edema de membros superiores (confirmar no 
áudio) (+/4+). O hemograma: 
Leucometria 15.650/mm³ 
Baso Eoso Mie Meta Blast Seg Linf Mono 
0 0 0 1 15 64 17 3 
0/1 1/5 0 0 2-5 60/75 20/30 3/8 
 
Caso Clínico nº 4 
Um indivíduo de 28 anos, do sexo masculino, procurou o hospital com história 
de febre e diarreia há 6 meses. Nesse período emagreceu aproximadamente 
10% do peso corporal. Na história pregressa informava blonorragia e cancro 
duro. No exame físico apresentava dermatites seborreica, placas 
esbranquiçadas na orofaringe e linfonodomegalias cervicais. A ausculta 
pulmonar era normal e não havia hepatoesplenomegalia. O hemograma 
completo realizado na admissão mostrou: 
Hm = 3.800.000; Ht = 35%; Hb = 11,2g/dl; VCM = 86fl; HCM = 30pg; CHCM = 
37%; Leucometria = 3.250/mm³. 
Baso Eoso Mie Meta Blast Seg Linf Mono 
2 5 0 0 5 72 12 4 
0/1 1/5 0 0 2-5 60/75 20/30 3/8 
 
 
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Plaquetas: 
Menor componente celular; 
Fragmentos citoplasmáticos sem núcleo; 
Valor normal: 150.000 – 400.000/mm³. 
Alterações: 
1. Trombocitopenia – valores inferiores a 150.000/mm³. 
2. Trombocitose – valores superiores a 600.000/mm³.

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