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AULA 3 AUDITORIA CONTÁBIL Prof.ª Cristiane Aparecida da Silva 2 CONVERSA INICIAL A NBC TA 01 – Estrutura conceitual define e descreve os elementos e os objetivos de um trabalho de asseguração, identificando os trabalhos aos quais são aplicadas as Normas técnicas de auditoria (NBC TA), Normas técnicas de revisão (NBC TR) e Normas para outros trabalhos de asseguração (NBC TO). Ela proporciona orientação e referência para: • Profissionais de contabilidade na prática de auditoria (auditores independentes) quando executam trabalhos de asseguração. Profissionais de contabilidade no setor público são remetidos para a perspectiva do Setor público no final desta estrutura conceitual. Os profissionais de contabilidade que não estejam nem na prática de auditoria nem no setor público serão encorajados a considerar essa estrutura conceitual quando executarem trabalhos de asseguração; • Outros envolvidos em trabalhos de asseguração, incluindo os usuários previstos do relatório de asseguração e a parte responsável; e • Emissão de normas técnicas (NBC TA, NBC TR e NBC TO) pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Essa estrutura conceitual não estabelece normas próprias nem exigências relativas a procedimentos para execução de trabalhos de asseguração. As NBC TA, NBC TR e NBC TO contêm princípios básicos, procedimentos essenciais e respectiva orientação, de modo consistente com os conceitos dessa estrutura conceitual, para a execução de trabalhos de asseguração. Nesse espaço, a auditoria mostra sua importância. Valendo-se de normas e padrões de natureza técnica e ética claramente determinados, a auditoria torna- se elemento fundamental no sistema de informações, medição de desempenho e prestação de contas da administração. É preciso dirimir um mal-entendido de uma vez por todas. A auditoria não existe para substituir a função da administração da empresa, portanto não deve prosperar o raciocínio de que se há uma estrutura administrativa forte não é necessário o trabalho do auditor ou, contrario sensu, a empresa tem auditor porque sua estrutura é fraca. O administrador deve promover sua execução para apresentar dados informativos e precisos à disposição dos usuários e dos níveis decisórios. A auditoria, por seu turno, procederá a uma avaliação independente sobre a posição 3 patrimonial e as informações financeiras. Não há como interpretar que haja conflitos nem que o trabalho de um iniba o trabalho do outro. O que não é possível é assumir a ideia de que as funções são descartáveis entre si. O administrador é parte do sistema contábil e do controle interno, portanto seu julgamento, discernimento e estratégias são canalizados para certos limites, e a avaliação independente será profissionalmente desenvolvida com as técnicas e a experiência do auditor independente. Ao contador compete conhecer profundamente as técnicas de apresentação das demonstrações contábeis, enquanto ao auditor compete conhecer com minudência as técnicas para avaliar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a posição patrimonial e financeira da empresa. Para começar o estudo desta aula foram enfatizadas suscintamente as competências do administrador, do contador e do auditor. Vimos que compete ao auditor conhecer minuciosamente as técnicas para avaliar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a posição patrimonial e financeira da empresa. A contabilidade foi a disciplina que deu início ao processo de auxílio e prestação de informações ao administrador. Também foi responsável pela especialização conhecida como auditoria, usada como instrumento de confirmação da própria contabilidade. A evolução da auditoria, que é decorrente da evolução contábil, está relacionada ao crescimento econômico dos países, ao resumo do progresso das empresas e à ampliação das atividades produtoras. Baseando-nos nesse contexto, estudaremos também as atividades preliminares do trabalho de auditoria e os modelos de papéis de trabalho do auditor. Entender os principais procedimentos de auditoria facilita o entendimento de como a auditoria se encontra nos moldes contemporâneos e como ela se realiza na prática. Na sequência, estudaremos o programa de auditoria. Para tanto, podemos analisar os próximos temas a seguir. TEMA 1 – O PROGRAMA DE AUDITORIA Antes de iniciar qualquer trabalho de auditoria, convém ter preparado um programa de auditoria, que é um rol de medidas de verificação a serem aplicadas, expostas de forma tal que as inter-relações de um procedimento com outro 4 estejam claramente demonstradas. O julgamento profissional é necessário, em particular, nas decisões sobre os programas de auditoria (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Normalmente, as firmas de auditoria preparam programas-padrão, a serem preenchidos pelos auditores, para todas as áreas das demonstrações financeiras e também para outros assuntos relacionados com o exame auditorial (planejamento, supervisão, riscos em auditoria, avaliação do controle interno etc.). O esboço gráfico de um programa de auditoria é o seguinte (observe que o programa de auditoria é dividido basicamente em três partes): • listagem dos procedimentos de auditoria; • espaço para o auditor assinar ou rubricar, a fim de evidenciar que o serviço foi feito e quem o fez; • espaço para comentários, observações, referências etc. Os principais objetivos dos programas de auditoria são: • estabelecer por escrito a política da firma de auditoria; • padronizar os procedimentos de auditoria dos profissionais de uma mesma organização; • evitar que sejam omitidos procedimentos importantes de auditoria; • melhorar a qualidade dos serviços de auditoria. Tendo em vista que o grau de complexidade da auditoria varia de empresa para empresa, pode ocorrer que determinados procedimentos relatados no programa de auditoria não sejam aplicáveis, como também pode ocorrer que o auditor tenha de adicionar outros procedimentos de auditoria, em função de circunstâncias peculiares de determinada companhia. O programa de auditoria consiste em plano de trabalho para exame de área específica. Ele prevê os procedimentos que deverão ser aplicados para que se possa alcançar o resultado desejado (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Muito já foi dito a favor e contra os programas de auditoria, por exemplo, que eles deveriam ser padronizados, que eles limitam a imaginação do auditor e assim por diante. Não pretendemos explorar ou reprisar os mesmos argumentos e, por isso, consideramos o programa como um suplemento dos planos de auditoria. A Comissão de Normas de Contábeis e Procedimentos de Auditoria já levou em consideração esses problemas e expediu recomendações de que deve 5 ser estimulada a preparação de programas de auditoria detalhados que possam ser adotados para muitos outros tipos de serviços além dos rotineiros. Devem-se considerar os seguintes itens (Crepaldi; Crepaldi, 2019): • Quando deve ser preparado o programa; • Quem deve preparar o programa; • O que deve ser incluído no programa; • Qual é a utilidade do programa; e • Qual é a vantagem de não se preparar o programa. 1.1 Ocasião da preparação Um programa de auditoria muito raramente deve ser considerado completo (talvez nunca) antes de ser iniciado o trabalho de campo e de ter sido feita uma investigação sobre os novos problemas que afetam o cliente e a situação atual do controle interno. Qualquer programa que tenha sido preparado ou qualquer procedimento de auditoria que tenha sido aplicado antes de atingida essa fase deve ser considerado como uma tentativa sujeita a revisão. Mesmo tempos depois de terminadas as investigações preliminares de problemas especiais e as verificações de controle interno, o programa deve ser revisado à luz das descobertas que forem sendo feitas nessas áreas (Crepaldi; Crepaldi,2019). O fato de uma pessoa de responsabilidade na firma ou outro escritório ter preparado o programa não quer dizer que deva ser seguido à risca. A menos que já estejam indicados na ocasião, todos os programas de auditoria preparados antes do início do trabalho de campo devem conter uma indicação de que se trata de um roteiro geral sujeito a revisão em face de circunstâncias posteriores (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 1.2 Responsabilidade pela preparação Levando-se em conta os fatores ligados à eficiência e ao treinamento, o programa de auditoria deve ser preparado pelo sênior encarregado da auditoria, o qual está normalmente familiarizado com os detalhes da auditoria e, por estar em estreito contato com os aspectos do controle interno, sua posição é a melhor possível para recomendar a aplicação de procedimentos de auditoria em certas áreas em que existem fraquezas ou a eliminação de procedimentos nas áreas em que os controles são rígidos, no momento. Ao se exigir do sênior que assuma a 6 responsabilidade pela preparação do programa, tem-se maior certeza de que todos os fatos pertinentes ao trabalho foram considerados, o que não ocorreria se o programa fosse preparado numa instância mais elevada (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Por meio da revisão do rascunho do programa pelo gerente principal ou sócio, estabelece-se uma fiscalização efetiva, à qual se agregam, de forma mais eficiente, os conhecimentos e a experiência do supervisor. Um programa preparado pelo supervisor sem uma investigação no campo representa apenas uma formulação de pontos de vista ideais que têm ou não aplicação nas circunstâncias. 1.3 Conteúdo dos programas Se se reconhece que os programas de auditoria devem ser preparados somente depois que foram estudados os problemas especiais dos clientes, chega- se à conclusão de que eles devem ser feitos sob medida para as circunstâncias (Crepaldi; Crepaldi, 2019). E se os programas estão sujeitos à revisão em função de condições existentes, é óbvio concluir que eles nunca se devem reduzir a uma simples lista de verificações. Esses objetivos podem ser atingidos se forem observados, entre outras, as seguintes condições: • O programa não deve ser preparado de forma que seja usado de um ano para outro; • O programa não deve ser cópia do Manual de auditoria. O Manual serve apenas como guia geral e, portanto, raramente pode ser aplicado, em toda a sua extensão, a situações específicas. Se os programas forem preparados na base de cópia do Manual, eles se transformarão em meras listas de verificação; • O programa não deve ser uma duplicata do que foi feito no ano anterior. Para melhor eficiência, é conveniente que uma cópia do programa seja preservada como guia para o preparo do programa do ano seguinte; • O programa deve conter detalhes suficientes para demonstrar claramente que é destinado a um cliente específico e para forçar o auditor a considerar as alterações desses detalhes. Os aspectos gerais são aplicáveis a muitas situações diferentes, enquanto as situações específicas são difíceis de ser racionalizadas. As mudanças devem ser anotadas. 7 Assim, os programas de auditoria devem conter procedimentos aplicáveis às circunstâncias, e as condições prevalecentes num exercício não devem ser tidas como válidas no exercício seguinte. Mais ainda, os programas devem conter descrições dos problemas mecânicos encontrados e uma lista de todas as fontes de referências (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Se a fonte de referência não for muito comum, tais como uma relação mecanizada em comparação com registros manuais, deve ser feita uma descrição sobre sua vantagem ou desvantagem para o auditor e, assim, qualquer cálculo matemático que possa confundir os iniciantes deve ser bem explicado. Quanto maior a auditoria, mais importantes tornam-se as anotações nos programas sobre as pessoas que devem ser consultadas e o local em que se encontram. 1.4 Utilidade dos programas de auditoria Pode ser avaliada se fizermos a nós mesmos a seguinte pergunta: qual é a vantagem de não ser preparado o programa? São recomendáveis os programas detalhados de auditoria em grande número de trabalhos, excluídos os pequenos de natureza rotineira, que não devem ser entendidos como uma permissão para não serem mencionados nos papéis de trabalho, os quais não contêm a exigência sobre um programa formal por escrito. Esse fato não constitui uma desculpa para a falta de anotação dos procedimentos de auditoria aplicados (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Assim, a preparação de um programa de auditoria significa sua formalização no papel antecipadamente. Na ausência de um programa escrito, o auditor recorre ao que está gravado em sua memória e não num papel, e esse aspecto deve ser documentado à medida que o trabalho vai sendo executado ou depois de seu trabalho. Um programa de auditoria compreensivo que for preparado para cada trabalho será útil como forma de organização do serviço a ser executado, apresentando, claramente, as instruções e constituindo a prova dos procedimentos que foram aplicados. Se não for preparado nenhum programa, a única vantagem que talvez exista seja a economia do tempo que seria gasto em seu tempo antecipado e a eliminação de qualquer ineficiência resultante do planejamento antecipado num trabalho em que tanto o planejamento como a execução dos procedimentos correm paralelamente (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 8 TEMA 2 – AS ATIVIDADES PRELIMINARES DO TRABALHO DE AUDITORIA Para que essas preocupações sejam atendidas, preliminarmente devem ser levantadas: i. informações gerais sobre a empresa; ii. informações sobre negócios da empresa; e iii. informações sobre as políticas financeiras e contábeis (Imoniana, 2019). O planejamento da auditoria é a etapa do trabalho na qual o auditor independente estabelece a estratégia geral dos trabalhos a executar na entidade a ser executada (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Entre os fatores a serem considerados no planejamento é possível destacar: • O grau de conhecimento da atividade da auditada; • A existência da auditoria interna; • A natureza (o que fazer, quais procedimentos aplicar), oportunidade (quando) e extensão (até onde, o percentual) dos procedimentos a serem aplicados; • Os relatórios a serem entregues; • A equipe técnica. 2.1 Providências para a reunião com a gerência da empresa Entre as providências a serem tomadas, incluem-se as seguintes: • Leia as atas de reunião de acionistas, do conselho de administração, da diretoria e do conselho fiscal; • Leia os relatórios da auditoria interna emitidos durante o exercício social a ser auditado; • Visite a fábrica e os principais departamentos da empresa; • Leia as legislações fiscais e as normas de contabilidade e auditoria emitidas durante o exercício social e aplicáveis à empresa sob exame; • Compare, de forma global e para os principais grupamentos de contas, os números do balanço patrimonial preliminar mais recente com os do fim do exercício social anterior. Compare também os valores da demonstração do resultado preliminar com os do mesmo período do exercício social anterior e com o orçamento. Atente para eventuais flutuações incomuns e 9 significativas, tendências anormais ou qualquer outra situação fora do padrão que lhe chame a atenção; • No caso de primeira auditoria, visite o auditor externo anterior e leia os seus papéis de trabalho; • Leia o parecer e as demonstrações financeiras do exercício social anterior; • Leia o relatório-comentário do exercício social anterior. 2.2 Informações a serem obtidas da empresa Prepare uma carta endereçada à empresa, relacionando as informações necessárias para o serviço de auditoria. Essas informações representam: cópia das demonstrações contábeis; análises de contas; reconciliações bancárias; extratos bancários; cópias deatas; cópias de contratos de empréstimos a longo prazo etc. A carta deve ser elaborada de forma que identifique as principais contas e o tipo de análise ou reconciliação específica que o auditor externo necessita. Essa carta deve ter também, para cada informação, a data prometida (espaço deve ser preenchido pela empresa), a data recebida (espaço deve ser preenchido pelo auditor externo à medida que vai recebendo cada informação) e o nome do funcionário da empresa responsável (espaço deve ser preenchido pela empresa). A carta de pedido de informação é muito importante para possibilitar ao auditor externo planejar mais adequadamente a época de realização dos serviços de auditoria. 2.3 Planejamento das horas Estabeleça a distribuição das horas entre as visitas preliminares e final, por classe de profissional e área de auditoria. Essa distribuição é feita com base nos seguintes dados: • Horas constantes no levantamento que determinou o valor do preço do serviço de auditoria; • Experiência adquirida na execução dos passos anteriores; • Experiência de cada auditor. 10 TEMA 3 – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA Para o auditor chegar ao seu objetivo final da auditoria, que é o de formar uma opinião, de forma imparcial, ele tem a necessidade de utilizar de procedimentos adequados, os quais devem proporcionar a reunião de evidências que seriam materiais necessários à formação de sua opinião. As evidências serão adquiridas mediante aplicação desses procedimentos, aplicados na extensão e na profundidade que o profissional julgar necessários a cada caso que está auditando. Os procedimentos de auditoria dividem-se em testes de observância e testes substantivos. Cada categoria de testes tem características próprias e destina-se a finalidades específicas. 3.1 Testes de observância A princípio, cabe ressaltar que os testes de observância são tratados por vários autores como testes de aderência ou como testes de controle. Santi (1988) define testes de observância como “o conjunto de procedimentos de auditoria destinados a confirmar se as funções críticas de controle interno, das quais o auditor dependerá nas fases subsequentes da auditoria, estão sendo efetivamente executadas” Os testes de observância são realizados nas áreas que necessitam de maior controle, porque estão mais expostos a um risco proporcionalmente maior, em termos de distorções nos saldos das demonstrações contábeis. Para tanto, o auditor verifica as áreas da empresa que apresentam maior risco e que necessitam de controle mais intensivo para então efetuar os testes necessários à avaliação. A literatura atrelada à experiência obtida na atividade de auditoria aponta que os principais testes de observância são: testes de compras, testes de vendas, testes de custos e testes de pessoal. 3.2 Testes substantivos O teste substantivo, por sua vez, é um procedimento de auditoria aplicado para constatar a razoabilidade ou não das transações e saldos contábeis registrados. Tem como intuito a verificação da existência de distorções materiais nas demonstrações contábeis. 11 Testes substantivos são definidos por Santi (1988) como procedimentos de auditoria destinados a obter competente e razoável evidência da validade e propriedade do tratamento contábil das transações e saldos ou, contrariamente e mesmo na ausência de significativa inadequação nos controles internos, inexistência de indícios de erro ou irregularidade material. TEMA 4 – PAPÉIS DE TRABALHO DO AUDITOR O auditor deve documentar as questões que foram consideradas importantes para proporcionar evidência, visando fundamentar seu parecer da auditoria e comprovar que a auditoria foi executada de acordo com as Normas de auditoria independente das demonstrações contábeis, de acordo com a NBC – T – 11 – IT – 02. Registra as evidências obtidas durante a execução do trabalho de auditoria (Crepaldi; Crepaldi, 2019), as quais representam os papéis de trabalho que o auditor prepara à medida que vai analisando as diversas contas da razão geral da contabilidade, com o objetivo de ter um registro de serviço executado. Os auditores utilizam folhas quadriculadas de 6, 12 e 16 colunas no caso de papéis de trabalho preparados manualmente. Também são utilizadas folhas de blocos para redigir explicações mais longas ou memorandos (Almeida, 2019). De acordo com uma das normas de auditoria, o auditor deve elaborar papéis de trabalho que suportem sua opinião para emissão do parecer final. Os papéis de trabalho representam o registro de todas as evidências obtidas ao longo da execução da auditoria (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Constituem a documentação preparada pelo auditor ou fornecida a este na execução da auditoria (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Eles integram um processo organizado de registro de evidências da auditoria, por intermédio de informações em papel, meios eletrônicos ou outros que assegurem o objetivo a que se destinam. Os papéis de trabalho destinam-se a: • Ajudar, pela análise dos documentos de auditorias anteriores ou pelos coligidos quando da contratação de uma primeira auditoria, no planejamento e na execução da auditoria; • Facilitar a revisão do trabalho de auditoria; e • Registrar as evidências do trabalho executado, para fundamentar o parecer do auditor independente. 12 São objetivos dos papéis de trabalho do auditor representar na justiça as evidências do trabalho executado e acumular provas necessárias para dar suporte ao parecer do auditor. Conforme o Código de Ética Profissional do Contador, no que se refere à disponibilização dos papéis de trabalho, relatórios e outros documentos, que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho, para fins de fiscalização pelo Conselho Regional de Contabilidade, o auditor independente está obrigado a atender e a apresentar toda a documentação da auditoria (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Ao conduzir um trabalho de auditoria inicial, o objetivo do auditor com relação a saldos iniciais é obter evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre se: • Os saldos iniciais contêm distorções que afetam de forma relevante as demonstrações contábeis do período corrente; e • As políticas contábeis apropriadas refletidas nos saldos iniciais foram aplicadas de maneira uniforme nas demonstrações contábeis do período corrente, ou as mudanças nessas políticas contábeis estão devidamente registradas e adequadamente apresentadas e divulgadas de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. O trabalho de auditoria inicial atesta que: • As demonstrações contábeis do período anterior não foram auditadas; ou • As demonstrações contábeis do período anterior foram auditadas por auditor independente antecessor. Os saldos iniciais, que são os saldos contábeis existentes no início do período, baseiam-se nos saldos finais do período anterior e refletem os efeitos de transações e eventos de períodos anteriores e políticas contábeis aplicadas no período anterior. Os saldos iniciais incluem também assuntos existentes no início do período, que precisam ser divulgados, tais como contingências e compromissos (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Auditor independente antecessor é o auditor anterior (pessoa física ou jurídica diferente) que auditou as demonstrações contábeis de uma entidade no período anterior e foi substituído pelo auditor atual. 13 TEMA 5 – MODELOS DE PAPÉIS DE TRABALHO DO AUDITOR E ANÁLISE Os papéis de trabalho devem ser os meios pelos quais a prova é obtida e, portanto, devem assumir ampla variedade de formas e modelos. Um papel de trabalho é qualquer registro que o auditor faz de seu trabalho, ou de material que ele encontra, a fim de consubstanciar seu parecer (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Os papéis de trabalho podem ser de natureza corrente ou permanente. Os correntes são utilizados em apenasum exercício social; já os permanentes são utilizados em mais de um exercício social (Almeida, 2019). São exemplos de papéis de trabalho correntes: • Caixa e bancos; • Contas a receber; • Estoques; • Aplicações financeiras; • Investimentos; • Imobilizado; • Intangível; • Contas a pagar; • Imposto de Renda; • Provisões; • Patrimônio líquido; • Receitas e despesas; • Revisão analítica; • Demonstrações financeiras; • Questionário de controle interno. São exemplos de papéis de trabalho permanentes: • Estatuto social ou contrato social; • Cópias de contratos bancários de financiamentos a longo prazo; • Cópias de contratos de assistência técnica; • Cartões de assinaturas e rubricas das pessoas responsáveis pela aprovação das transações; • Manuais de procedimentos internos; • Cópias de atas de reuniões (as decisões tomadas devem abranger mais de um exercício social); 14 • Legislações específicas aplicáveis à empresa auditada. Embora haja grandes diferenças entre os papéis de trabalho, existem certos tipos comuns que, em geral, são usados em todos os trabalhos (Crepaldi; Crepaldi, 2019). São, entre outros: • Análises de contas; • Lançamentos de acertos; • Conciliações; • Balancetes; • Pontos para recomendações; • Programas de auditoria. A maioria dos papéis de trabalho enquadra-se em um desses tipos, embora deva ser reconhecido que as necessidades específicas de cada caso determinam os tipos e quantidades de papéis de trabalho exigidos em determinada situação (Crepaldi; Crepaldi, 2019). O auditor constantemente enfrenta novos problemas, que exigem a elaboração de outros modelos de papel de trabalho, ou a ampliação dos antigos. Uma das características do bom auditor é sua capacidade de idealizar formulários de papel de trabalho de acordo com as necessidades que o problema apresenta (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Os aspectos relativos à custódia dos papéis de trabalho são de propriedade e de uso exclusivo do departamento da auditoria e: • Não devem ser entregues a terceiros ou com estes discutidos, sem a autorização do gerente de auditoria; • Não devem ser discutidos com o pessoal dos setores envolvidos sem a autorização expressa do gerente de auditoria; • As informações constantes nos papéis de trabalho nunca devem ser discutidas fora do departamento de auditoria; • Durante os trabalhos, devem ficar sob controle constante dos auditores. Durante o horário do almoço e depois do expediente devem ficar em local seguro, de preferência fechados a chave; • O local de arquivo dos papéis de trabalho é no departamento de auditoria e não na casa de cada um de seus membros. Na revisão dos papéis de trabalho, deve-se admitir que: 15 • Os papéis estão sujeitos à revisão do sênior que prepara uma folha de “pontos pendentes”; • Representa um comentário crítico do sênior sobre o trabalho do assistente; • A eliminação das pendências deve ser evidenciada nos papéis de trabalho e não na folha de pendências. Nessa folha apenas deve ser indicado que o ponto foi eliminado; • A revisão dos papéis de trabalho pelo sênior é provavelmente o fator mais importante em sua avaliação do desempenho do assistente; • Os papéis estão sujeitos à revisão do gerente de auditoria. 5.1 Características dos papéis de trabalho Os papéis de trabalho devem ser completos, isto é, cada folha de trabalho, ou grupo de folhas, no caso de uma não ser suficiente para determinado fim, deverá ter sua própria utilidade. Essas folhas devem ser esclarecedoras por si mesmas e conter todas as informações pertinentes, quer estejam relacionadas com a preparação da demonstração contábil, quer com a verificação dos dados (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Um conjunto ou grupo de papéis de trabalho deve ser também cuidadosamente controlado por referências cruzadas. A natureza da contabilidade é tal que uma informação constante de um ponto nos papéis de trabalho é frequentemente relacionada com uma informação contida em outro. Sempre que uma folha de trabalho contenha alguma informação que apoie ou se baseie em outra folha de trabalho, é prática habitual indicar o fato em ambos os papéis (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Outras exigências dos papéis de trabalho individuais são as de que cada folha tenha um cabeçalho completo, contendo o nome da empresa sob exame, o nome da conta analisada, ou a descrição dos testes de auditoria que ela registra, bem como a data do exame (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Cada folha de trabalho deve também ser rubricada ou assinada pelos auditores que, individualmente, tenham contribuído para seu preparo. Normalmente, a data em que o trabalho foi completado é registrada juntamente com as iniciais, para o caso de surgir qualquer dúvida quanto à sequência ou à duração de determinadas medidas de verificação (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Para ser útil, a folha de trabalho não deve ser apenas completa, mas também legível. Não há dúvida de que uma folha de trabalho cuidadosamente 16 elaborada e preparada com esmero é mais fácil de revisar e causa melhor impressão como prova (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Há também a possibilidade de que os hábitos de trabalho negligentes possam também conduzir a raciocínio negligente e, portanto, a verificação inadequada (Crepaldi; Crepaldi, 2019). FINALIZANDO Com base no que foi apresentado até aqui, podemos ver que a auditoria é um processo de análise da situação financeira da empresa que permite atestar a precisão dos registros contábeis, identificar falhas de controle ou mesmo fraudes e irregularidades na gestão. Ela é realizada com base no exame de documentos contábeis e em inspeções internas, contando ainda com a apuração de informações junto a fontes externas. Podem ser auditados o fluxo de caixa, o balanço patrimonial e a Demonstração (DRE). Enfatizamos que esse tema, apesar de se ter normas especificas e conhecidas, denota ainda muito debate, e existe ainda muito conteúdo a ser estudado, porém esperamos que a apostila tenha contribuído com o entendimento geral do processo que envolve as atividades do trabalho de auditoria. 17 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C.; Auditoria: abordagem moderna e completa. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2019. IMONIANA. J. O. Auditoria: planejamento, execução e reporte. São Paulo: Atlas, 2019. SANTI, P. A. Introdução à auditoria. São Paulo: Atlas, 1988. https://www.travessa.com.br/Joshua_Onome_Imoniana/autor/eb5a1947-1a39-4b2b-8f5d-c5bd6c300001
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