Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Embriologia do Sistema Reprodutor Masculino Referências: MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N.; Torchia M.G.; Embriologia Clínica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Wathyson Alex de Mendonça Santos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. DESCREVA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DAS GÔNADAS, DUCTOS E GLÂNDULAS GENITAIS MASCULINAS. As gônadas são derivadas de três fontes: -Mesotélio (epitélio mesodérmico) revestindo a parede abdominal posterior. -Mesênquima subjacente (tecido conjuntivo embrionário). -Células germinativas primordiais (primeiras células sexuais indiferenciadas) Os estágios iniciais do desenvolvimento gonadal ocorrem durante a quinta semana, quando uma área espessada de mesotélio se desenvolve no lado medial do mesonefro, rim primitivo. A proliferação desse epitélio e do mesênquima subjacente produz uma saliência no lado medial dos mesonefros, as cristas gonadais. Cordões epiteliais digitiformes, os cordões gonadais, logo crescem para dentro do mesênquima subjacente. As gônadas indiferenciadas (órgãos primordiais antes da diferenciação) agora consistem de um córtex externo e uma medula interna. Em embriões com um complexo cromossômico sexual XX, o córtex da gônada indiferenciada se diferencia em ovário, e a medula regride. Em embriões com um complexo cromossômico sexual XY, a medula se diferencia em um testículo, e o córtex regride. Durante a quinta e sexta semanas, o sistema genital está em um estágio indiferenciado, e estão presentes dois pares de ductos genitais. Os ductos mesonéfricos (ductos de Wolf) desempenham uma parte importante no desenvolvimento do sistema reprodutor masculino. Os ductos paramesonéfricos (ductos de Müller) têm um papel condutor no desenvolvimento do sistema reprodutor feminino. Os testículos fetais produzem hormônios masculinizantes (p. ex., testosterona) e SIM. As células de Sertoli produzem a SIM com 6 a 7 semanas. As células intersticiais começam a produzir testosterona na oitava semana. A testosterona estimula os ductos mesonéfricos a formar ductos genitais masculinos, enquanto o HAM faz os ductos paramesonéfricos regredirem. Sob a influência da testosterona produzida pelos testículos fetais na oitava semana, a parte proximal de cada ducto mesonéfrico se torna altamente convoluta para formar o epidídimo. À medida que o mesonefro degenera, alguns túbulos mesonéfricos persistem e são transformados em dúctulos eferentes. Esses dúctulos se abrem no ducto do epidídimo. Distal ao epidídimo, o ducto mesonéfrico adquire um revestimento espesso de músculo liso e se torna o ducto deferente. Glândulas Seminais: Evaginações laterais da extremidade caudal de cada ducto mesonéfrico tornam-se as glândulas (vesículas) seminais, as quais produzem uma secreção que constitui a maior parte do líquido no ejaculado e nutre os espermatozoides . A parte do ducto mesonéfrico entre o ducto dessa glândula e da uretra se torna o ducto ejaculatório. Próstata:Múltiplas evaginações do endoderma surgem da parte prostática da uretra e crescem adentro do mesênquima circundante. O epitélio glandular da próstata se diferencia a partir dessas células endodérmicas, e o mesênquima associado diferencia-se no estroma (arcabouço de tecido conjuntivo) e no músculo liso da próstata. Os genes Hox controlam o desenvolvimento da próstata bem como das glândulas seminais. Secreções da próstata contribuem para o sêmen (ejaculado). Glândulas Bulbouretrais: Essas glândulas do tamanho de uma ervilha desenvolvem-se a partir de evaginações pareadas derivadas da parte esponjosa da uretra. As fibras musculares lisas e o estroma se diferenciam do mesênquima adjacente. As secreções dessas glândulas também contribuem para o sêmen. 2. DESCREVA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DA GENITÁLIA EXTERNA MASCULINA E CANAIS INGUINAIS. A masculinização da genitália externa indiferenciada é induzida pela testosterona produzida pelas células intersticiais dos testículos fetais. À medida que o falo primordial aumenta e se alonga para formar o pênis, as pregas uretrais formam as paredes laterais do sulco uretral na superfície ventral do pênis. Esse sulco é revestido por uma proliferação de células endodérmicas, a placa uretral, a qual se estende a partir da parte fálica do seio urogenital. As pregas uretrais se fundem uma com a outra ao longo da superfície ventral do pênis para formar a uretra esponjosa. O ectoderma superficial se funde no plano mediano do pênis, formando a rafe peniana e confina a uretra esponjosa dentro do pênis. Os canais inguinais formam caminhos para os testículos descerem da parede abdominal dorsal através da parede abdominal anterior para dentro do escroto. Os canais inguinais desenvolvem-se em ambos os sexos por causa do estágio morfologicamente indiferenciado de desenvolvimento sexual. À medida que o mesonefro degenera, um ligamento, o gubernáculo, se desenvolve em cada lado do abdome a partir do polo caudal da gônada. O gubernáculo passa obliquamente através da parede abdominal anterior em desenvolvimento no local do futuro canal inguinal e se fixa caudalmente à superfície interna das saliências labioescrotais (futuras metades do escroto ou dos grandes lábios). 3. DESCREVA COMO OCORRE O DESLOCAMENTO DOS TESTÍCULOS NO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO. A descida dos testículos está associada: • Ao aumento dos testículos e atrofia do mesonefro (rins mesonéfricos), permitindo o movimento dos testículos caudalmente ao longo da parede abdominal posterior. • À atrofia dos ductos paramesonéfricos induzida pela SIM, possibilitando o movimento transabdominal dos testículos para os anéis inguinais profundos. • Ao aumento do processo vaginal que guia o testículo através do canal inguinal para dentro do escroto. Com 26 semanas, os testículos já desceram retroperitonealmente (externos ao peritônio) da região lombar superior da parede abdominal posterior para os anéis inguinais profundos. Essa mudança de posição ocorre à medida que a pelve fetal aumenta e o corpo ou tronco se alonga. O movimento transabdominal dos testículos é em grande parte um movimento relativo que resulta do crescimento da parte cranial do abdome afastando-se da futura região pélvica. A descida dos testículos através dos canais inguinais para dentro do escroto é controlada por androgênios (p. ex., testosterona) produzidos pelos testículos fetais. O gubernáculo forma um caminho através da parede abdominal anterior para o processo vaginal seguir durante a formação do canal inguinal.O gubernáculo ancora o testículo ao escroto e dirige sua descida para dentro do escroto. A passagem do testículo através do canal inguinal também pode ser auxiliada pelo aumento na pressão intra-abdominal que resulta do crescimento das vísceras abdominais. A descida dos testículos através dos canais inguinais para dentro do escroto usualmente começa durante a 26ª semana, e em alguns fetos leva de 2 a 3 dias. Em torno de 32 semanas, ambos os testículos estão presentes no escroto, na maioria dos casos. Os testículos passam externos ao peritônio e ao processo vaginal. Depois que os testículos entram no escroto, o canal inguinal se contrai em torno do cordão espermático. Mais de 97% dos recém-nascidos a termo têm ambos os testículos no escroto. Durante os primeiros 3 meses após o nascimento, a maioria dos testículos que não desceram, descem para dentro do escroto. O modo de descida do testículo explica porque o ducto deferente cruza anterior ao ureter, também explica o trajeto dos vasos testiculares. Esses vasos se formam quando os testículos estão localizados no alto da parede abdominal posterior. À medida que os testículos descem, eles levam consigo o ducto deferente e os vasos e são embainhados pelas extensões das fáscias da parede abdominal. • A extensão da fáscia transversal se torna a fáscia espermática interna.• As extensões do músculo oblíquo interno e fáscia se tornam o músculo e fáscia do cremaster. • A extensão da fáscia transversal se torna a fáscia espermática interna. Dentro do escroto, o testículo se projeta dentro da extremidade distal do processo vaginal. Durante o período perinatal, o pedículo de conexão do processo normalmente se oblitera, formando uma membrana serosa, a túnica vaginal, a qual cobre a frente e os lados do testículo 4. CONCEITUE HIPOSPÁDIA E EPISPÁDIA E DESCREVA O MECANISMO ATRAVÉS DO QUAL ELAS OCORREM Hipospádia Hipospádia é o defeito mais comum do pênis. Há quatro tipos principais: • Hipospádia na glande, o tipo mais comum • Hipospádia peniana. • Hipospádia penoescrotal. • Hipospádia perineal. Em 1 a cada 125 recém-nascidos masculinos, o orifício uretral externo é na superfície ventral da glande peniana (hipospádia na glande) ou na superfície ventral do corpo do pênis (hipospádia peniana). Usualmente, o pênis é insuficientemente desenvolvido e curvado ventralmente As Hipospádias da glande e peniana constituem aproximadamente 80% dos casos. Na hipospádia penoescrotal, o orifício uretral é na junção do pênis e do escroto. Na hipospádia perineal, as pregas (saliências) labioescrotais deixam de se fundir e o orifício uretral externo é localizado entre as metades não fundidas do escroto. Uma vez que a genitália externa nesse tipo grave de hipospádia é ambígua, as pessoas com hipospádia perineal e criptorquidismo (testículos não descidos) são, às vezes, erroneamente diagnosticadas como tendo DDS 46,XY. Hipospádia resulta da produção inadequada de androgênios pelos testículos fetais e/ou receptores inadequados para os hormônios. Mais provavelmente, estão envolvidos fatores genéticos e ambientais. Foi sugerido que a expressão de genes relacionados à testosterona está afetada. Esses defeitos resultam em falta de canalização do cordão ectodérmico na glande peniana e/ou falta de fusão das pregas uretrais; como consequência, há formação incompleta da uretra esponjosa. Epispádia Em 1 a cada 30.000 bebês masculinos, a uretra se abre na superfície dorsal do pênis; note que quando o pênis está flácido, sua superfície dorsal é dirigida anteriormente. Embora a epispádia possa ocorrer como uma entidade separada, ela é muitas vezes associada com extrofia da bexiga. A epispádia pode resultar de interações ectodérmicas-mesenquimais inadequadas durante o desenvolvimento do tubérculo genital. Como consequência, o tubérculo genital desenvolve-se mais dorsalmente que em embriões normais. Consequentemente, quando a membrana urogenital se rompe, o seio urogenital se abre na superfície dorsal do pênis. A urina é expelida na raiz do pênis malformado, que é localizada na bolsa perineal superficial. 5. QUAL A DIFERENÇA ENTRE CRIPTORQUIDISMO E TESTÍCULO ECTÓPICO? COMO OCORREM? Criptorquidismo O criptorquidismo (testículos ocultos) é o defeito mais comum em recém- nascidos; ocorre em cerca de 30% dos meninos prematuros e 3% a 5% dos meninos nascidos a termo. Isso reflete o fato de que os testículos começam a descer para o escroto em torno do final do segundo trimestre. O criptorquidismo pode ser unilateral ou bilateral. Na maioria dos casos, os testículos que não desceram, descem para o escroto até o fim do primeiro ano. Se ambos os testículos permanecerem dentro ou imediatamente fora da cavidade abdominal, eles deixam de amadurecer e a esterilidade é comum. Se o criptorquidismo não for corrigido, esses meninos têm um risco significativamente mais alto de desenvolver tumores de células germinativas, especialmente em casos de criptorquidismo abdominal. Testículos que não desceram são, muitas vezes, histologicamente normais ao nascimento, mas a falta de desenvolvimento e a atrofia são detectáveis em torno do fim do primeiro ano. Os testículos criptorquídicos podem estar na cavidade abdominal ou em qualquer local ao longo do caminho usual de descida dos testículos, mas eles geralmente estão no canal inguinal. A causa da maioria dos casos de criptorquidismo é desconhecida; entretanto, uma deficiência de produção de androgênios pelos testículos fetais constitui um fator importante. Testículos ectópicos À medida que os testículos passam através do canal inguinal, eles podem se desviar do seu caminho usual de descida e chegar a várias localizações anormais: • Intersticial (externo à aponeurose do músculo oblíquo externo). • Na parte proximal da coxa medial. • Dorsal ao pênis. • No lado oposto (ectopia cruzada). Todos os tipos de testículos ectópicos são raros, mas a ectopia intersticial ocorre mais frequentemente. Um testículo ectópico ocorre quando uma parte do gubernáculo passa para uma localização anormal e o testículo o acompanha.
Compartilhar