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O BRINCAR 4
PSICANÁLISE E BRINCAR
As relações entre brincar e psicanálise são muito estreitas e estão 
presentes desde o início da teoria psicanalítica. De fato, o brincar e os jogos 
fazem parte de uma técnica muito apurada utilizada para o diagnóstico e 
o tratamento de bebês, crianças, adolescentes e pessoas com sofrimento 
psíquico intenso.
Antes do brincar e os jogos serem utilizados como técnica, Freud 
(1900; 1908; 1909) interessou-se no brincar como forma de compreender os 
processos inconscientes. 
Nesta etapa vamos trabalhar a concepção que a psicanálise tem do 
brincar e dos jogos, a utilização do brincar como método de compreensão 
da subjetividade e os campos de aplicabilidade destes conhecimentos. 
Faremos, em um primeiro momento, uma breve introdução de alguns 
poucos conceitos necessários para poder contextualizar o brincar na teoria 
psicanalítica para depois aprofundar nas questões mais específicas ligadas ao 
lúdico tal como é abordado por esta teoria.
APRESENTAÇÃO
Organização
Carlos Alberto 
Medrano e Fernanda 
Germani de Oliveira
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
PSICANÁLISE 
E BRINCAR
.04
1 INTRODUÇÃO
As relações entre brincar e psicanálise são muito estreitas e estão 
presentes desde o início da teoria psicanalítica. De fato, o brincar e os jogos 
fazem parte de uma técnica muito apurada utilizada para o diagnóstico e 
o tratamento de bebês, crianças, adolescentes e pessoas com sofrimento 
psíquico intenso.
Antes do brincar e os jogos serem utilizados como técnica, Freud 
(1900; 1908; 1909) interessou-se no brincar como forma de compreender os 
processos inconscientes. 
Nesta etapa vamos trabalhar a concepção que a psicanálise tem do 
brincar e dos jogos, a utilização do brincar como método de compreensão 
da subjetividade e os campos de aplicabilidade destes conhecimentos. 
Faremos, em um primeiro momento, uma breve introdução de alguns 
poucos conceitos necessários para poder contextualizar o brincar na teoria 
psicanalítica para depois aprofundar nas questões mais específicas ligadas ao 
lúdico tal como é abordado por esta teoria.
2 A PSICANÁLISE NOS PRIMÓRDIOS DO SÉCULO XX 
Psicanálise é o nome escolhido por Sigmund Freud para designar 
um particular método psicoterapêutico criado por ele com o objetivo de 
tratar e curar doenças de origem psíquica por meio da palavra. Esta técnica 
psicoterápica deu origem, no intuito de tentar explicar o porquê das doenças 
e sofrimento psíquico, a uma teoria geral do funcionamento do ser humano.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
FIGURA 1 – FREUD
FONTE: Disponível em: <http://www.biografiasyvidas.com/
biografia/f/freud.htm>. Acesso em: 20 maio 2012.
Trata-se de uma teoria que surge da prática, da observação minuciosa 
da vida psíquica desde o nascimento até a morte. Nunca pretendeu ser 
meramente um saber descritivo e, sim, um saber explicativo voltado para a 
resolução de conflitos e sofrimento mental.
3 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS
Para poder entender a origem dos processos patológicos, Freud (1900; 
1908; 1909) mergulhou no mais profundo da alma humana e o fez por 
caminhos que facilitassem o acesso ao Inconsciente. 
O Inconsciente é o objeto de estudo da psicanálise. Ou seja, que toda a 
teoria psicanalítica se organiza a partir da compreensão e explicação do que 
são os processos inconscientes.
No ano de 1900, Freud publica o livro “A interpretação dos sonhos”. Neste 
livro ele descreve a primeira teoria do aparelho psíquico. Ele descreve três 
instâncias: Inconsciente (Inc), Consciente (Cc) e Pré-consciente (Pre-cc). 
A popularização da psicanálise na sociedade e cultura contemporânea 
fez com que o uso de certos conceitos perdesse o sentido original dado 
pelos psicanalistas. É comum as pessoas falarem de inconsciente, atos falhos, 
sexualidade, superego e muitos outros termos, sem saber qual o significado 
desses termos. 
Cada um desses conceitos tem uma especificidade dentro do campo do 
saber e atuação da psicanálise, e para compreender como se articulam em 
redor das concepções sobre o brincar e, em particular, as consequências que 
na prática têm na vida das crianças e adultos, é que vamos definir e entender 
cada um deles.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
4 INCONSCIENTE
Para Freud (1900; 1908; 1909), a maior parte da vida psíquica do ser 
humano acontece no Inconsciente. É o inconsciente quem domina nossos 
atos, nossas escolhas, nossa forma de pensar e de agir. 
Freud (1900; 1908; 1909) descreve que na história da humanidade o ser 
humano sofreu uma série do que ele chamou de feridas no narcisismo. Isto 
significa ter passado pela dor de saber que já não se é o que se imaginava ser.
As feridas a que Freud (1900; 1908; 1909) fez referência aconteceram 
quando primeiramente a humanidade se deparou com a novidade de que a 
Terra não era o centro do universo. Que na verdade a Terra é um planeta — 
bem menor, por sinal — que gira em torno de uma estrela que faz parte de 
uma de milhões de galáxias. Imagine a sensação de desamparo que significou 
imaginar-se o centro e medida de todas as coisas para passar a saber que 
vivemos em um mundo que é um pequeno, um muito pequeno grão de areia 
perdido na imensidão do universo. Isto aconteceu quando Galileu Galilei, a 
partir das suas observações, confirma este lugar do planeta Terra em relação 
aos outros corpos celestes.
A segunda ferida aparece quando Darwin levanta a teoria de que o ser 
humano surge a partir da evolução dos primatas. Já não mais é possível pensar 
a espécie humana como tendo sido criada do nada, senão como o produto 
de um lento e prolongado processo evolutivo.
A terceira corresponde, segundo Freud (1900; 1908; 1909), à psicanálise. 
Mais especificamente no que se refere ao conceito de inconsciente. 
No sentido “tópico”, inconsciente designa um dos sistemas definidos por 
Freud no quadro da sua primeira teoria do aparelho psíquico. É constituído 
por conteúdos recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema pré-
consciente-consciente pela ação do recalque (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, 
p. 235).
Conforme Laplanche e Pontalis (2001), o inconsciente está formado por 
representações que são regidas pelo que Freud chamou de processo primário, 
isto é, mecanismos de condensação e deslocamento. As representações 
estão investidas por energias pulsionais que procuram retornar à consciência 
em forma de pensamento ou como ação. As representações recalcadas só 
conseguem aceder à consciência por meio de formações de compromisso 
após terem sido submetidas às deformações por parte da censura. As 
representações recalcadas estão relacionadas direta ou indiretamente com 
desejos infantis organizados em forma de complexos.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
5 RECALQUE
O recalque consiste no ato de repelir ou de manter representações no 
inconsciente (imagens, recordações, pensamentos) vinculadas a algum desejo, 
cuja satisfação poderia ameaçar provocando desprazer no Eu (LAPLANCHE; 
PONTALIS, 2001).
Uma das consequências do recalque e do funcionamento do Inconsciente 
é a existência de dois tipos de conteúdos, ou de duas cenas diferentes na vida 
psíquica de um sujeito. Os conteúdos são chamados de latentes ou manifestos.
Os conteúdos manifestos ou cena consciente são aqueles a que 
temos acesso e formam parte dos relatos com os quais nos representamos 
e organizamos nossa vida. Por sua parte, o conteúdo latente ou cena 
Inconsciente são todas aquelas representações, pensamentos e imagens que 
controlam nossa vida, mas aos quais não temos acesso por se encontrarem 
recalcados. 
No caso do brincar também temos duas cenas: um brincar manifesto, 
que é o que aparece durante o desenvolvimento da brincadeira, e um brincar 
latente, que representa o sentido e significado dessa cena.
A forma que se tem de entender o que acontece no sujeito que brinca 
é através da interpretação e traduçãodo conteúdo manifesto, para chegar 
ao latente e com isso a compreensão das motivações inconscientes do 
comportamento.
6 CONDENSAÇÃO E DESLOCAMENTO
São dois dos principais modos de funcionamento dos processos 
inconscientes. 
As representações, pensamentos, imagens recalcadas se organizam 
conforme a lógica da condensação e a do deslocamento. No caso da 
condensação, se organizam de forma tal que uma representação consciente ou 
do conteúdo manifesto está representando várias significações inconscientes.
No deslocamento, o significado inconsciente pode aparecer no conteúdo 
manifesto em representações aparentemente pouco importantes. Podemos 
dizer que o importante se esconde por trás do sutil ou falsamente insignificante.
Por isso que no brincar, quando se analisa uma brincadeira, todos os 
detalhes, até os mínimos, podem ser a chave que abre o entendimento das 
vivências psíquicas de um sujeito.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
O inconsciente se manifesta por meio do que Freud (1900; 1908; 1909) 
chamou de “Formações do Inconsciente”. Uma das que mais interessa para 
compreender o fenômeno lúdico são as fantasias e devaneios que estão 
intimamente relacionados com o ato criativo.
Estes conceitos ajudarão mais adiante para a compreensão do papel 
do brincar na constituição da subjetividade e como meio de expressão na 
vida da criança e do adulto. Por enquanto, necessitamos entender como a 
Psicanálise pensa o processo de subjetivação, isto é, o processo pelo qual 
vamos nos tornando humanos.
Alguns dos caminhos que Freud descobriu sobre como construímos 
nossas escolhas e decisões foram os sonhos, os atos falhos e os 
diferentes tipos de produções criativas.
Em 1908, Freud escreve o artigo “Escritores Criativos e Devaneios”. Neste 
artigo o brincar é relacionado com a capacidade criativa do ser humano. 
Brincar e criar estão estreitamente ligados. E isto não se refere a uma etapa 
da vida em particular, infância, adolescência ou vida adulta, senão que está 
presente durante a experiência histórica que cada sujeito vai construindo 
em torno de si mesmo. Neste sentido, podemos afirmar que o adulto jamais 
deixa de brincar (MEDRANO, 2004).
No artigo a que fazíamos referência, Freud (1908) relaciona o brincar da 
criança com a fantasia do adulto e com a produção de vivências prazerosas. 
Será que deveríamos procurar já na infância os primeiros traços de atividade 
imaginativa? A ocupação favorita e mais intensa da criança é o brinquedo 
ou os jogos. Acaso não poderíamos dizer que ao brincar toda criança se 
comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, 
reajusta os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade? 
Seria errado supor que a criança não leva esse mundo a sério; ao contrário, 
leva muito a sério a sua brincadeira e despende na mesma muita emoção. 
A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda 
a emoção com que a criança catexiza o seu mundo de brinquedo, ela o 
distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações 
imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o 
que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’. O escritor criativo faz o mesmo 
que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a 
sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto 
mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem 
preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética.
Segundo Olga de Sá (2012), para Freud era imprescindível utilizar a 
psicanálise para compreender uma obra de arte e, com isto, interpretá-la, 
descobrir-lhe o significado e o conteúdo latente.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
Interessa-lhe saber de que fontes o artista - esse estranho ser - retira seu 
material e desperta em nós emoções que desconhecíamos. Somos também 
incapazes, por mais explicações que encontremos, de tornar-nos poetas ou 
escritores. Freud levanta a hipótese de procurar, na infância, os traços da 
atividade imaginativa do artista. Encontra-os na atividade favorita e mais 
intensa da criança, que são os jogos e o brinquedo. Ao brincar, toda criança 
comporta-se como um artista, cria um mundo novo, ajustando em forma nova 
os elementos de seu próprio mundo. A antítese do brincar é o real. O poeta 
faz o mesmo que a criança ao brincar: cria um mundo de fantasia, leva-o a 
sério, investe nele grande quantidade de emoção - catexia - e distingue-o 
muito bem da realidade. Ao crescerem, diz Freud, as pessoas param de brincar 
e perdem o prazer da infância. Mas não renunciam a ele. Trocam-no por 
outro, pelo fantasiar. Criam devaneios, difíceis de observar, porque os adultos 
se envergonham de suas fantasias e as ocultam, por serem infantis e, muitas 
vezes, por serem proibidas. 
7 COMO NOS TORNAMOS HUMANOS?
Para responder a esta questão necessitamos aceitar a hipótese de que 
para a psicanálise não nascemos humanos. Nascemos com a potencialidade 
de ser humanos. A bagagem genética que nos diferencia dos outros seres vivos 
é uma condição necessária, mas não suficiente. Para que essa potencialidade 
se concretize será necessária uma serie de intervenções vindas do exterior 
ao indivíduo. 
Esta primeira condição para o desenvolvimento é compartilhada com a 
psicologia de Vygotzky. O simples ato de nascer não pode desencadear o longo 
processo de humanização. O ser humano se torna um sujeito cultural e social 
a partir da intervenção de alguém. A presença de outro se torna imprescindível 
para inserir a cria humana no mundo da cultura e, consequentemente, 
começar a fazer parte de uma determinada ordem histórica. Não se trata de 
uma presença meramente física, deve vir acompanhada de significados.
A cria humana nasce indefesa, imatura o suficiente para não conseguir 
sobreviver sem o auxílio de um adulto. Este adulto (na verdade, os adultos que 
intervêm das mais diferentes maneiras na criação do bebê), além de oferecer 
os cuidados corporais (alimentação, proteção contra o frio ou calor excessivo), 
deve se tornar alguém capaz de significar cada um dos atos de cuidado. 
O que chamamos de Pai e Mãe, a diferença de genitor e genitora, são os 
que, estabelecendo vínculos significativos e fazendo investimentos libidinais, 
inserem essa cria no mundo da cultura. Esta inserção supõe a adjudicação de 
sentidos e significados a cada uma das experiências de interação entre adulto 
e bebê. Também é o ato pelo qual se cria um espaço e universo simbólico 
ao qual nunca mais poderá renunciar. 
Essa inscrição simbólica nos condena a sermos humanos. Como cada 
um lida com essa condenação, fará parte da forma como a história de cada 
sujeito será construída e contada. 
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
As experiências que o bebê vai vivendo são o produto do que é 
chamado de maternagem. Estas experiências vão acompanhadas de sentidos 
e significados atribuídos pelas pessoas que exercem a função materna.
8 A MATERNAGEM
Mas por que é imprescindível maternar?
Tal como explicávamos anteriormente, o grau de indefeso define o tipo 
de relação que é estabelecida entre a criança quando nasce e o/os adulto/s 
que farão o trabalho de maternagem. Para Sachetti (2007, p. 25):
O bebê possui um alto grau de dependência e imaturidade ao nascer, e o 
que poderia ser considerado um indicador de fragilidade é também um fator 
que impulsiona sua inserção em uma rede de interações sociais necessárias 
para sua sobrevivência. Assim, a imaturidade ao nascer leva à interação com 
o outro, o que constitui a base sobre a qual o desenvolvimento irá ocorrer.
Essa imaturidade e incapacidade para sobreviver, por si só, cria um estado 
de dependência em relação a quem cumpre a função materna. Note-se que 
falamos aqui de função materna independentemente de quem seja esse 
adulto, independentemente do sexo ou do tipo de relacionamento familiar 
ou não que tenha com relação a essa criança. 
O tipo de vínculo estabelecido, os significadosdados por todos aqueles 
que cumpriram de alguma ou outra forma a função materna e paterna, 
vão configurar o núcleo a partir do qual vai se constituir o inconsciente. 
Os determinantes culturais, familiares, históricos e políticos também serão 
elementos significantes constituintes do Inconsciente.
Antes de continuar com esta linha explicativa sobre como alguém 
vai construindo sua subjetividade, queremos reforçar a importância que o 
estabelecimento do vínculo tem na vida futura do sujeito humano. Lembre 
que uma das aproximações em relação a tentar definir o brincar nos levou a 
resgatar na etimologia aquele termo latim “vinculum”. 
9 O VÍNCULO
Rene Spitz (1887-1974) descreveu um particular estado de depressão 
infantil decorrente de hospitalizações ou longas internações em diferentes 
tipos de instituições que podem provocar atraso no desenvolvimento mental 
e físico ou até a morte. Ainda que nessas instituições são fornecidos os 
cuidados básicos, a falta de afeto e a impossibilidade de estabelecer vínculos 
e apegos necessários para aferrar-se à vida desencadeiam tais fenômenos de 
depressão e mudanças fisiológicas. 
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
10 O PAPEL DO BRINCAR NA TEORIA PSICANALÍTICA
Você pode estar se perguntando: por que inserimos estes conceitos 
neste curso? Pois bem, quem se encarrega de dar início e de acompanhar o 
processo de subjetivação (familiares, professores, babás, etc.) inaugura um 
espaço relacional muito particular e singular com essa criança. A este espaço 
chamamos de “espaço de brincar”.
O método psicanalítico inicialmente foi construído para atender pacientes 
adultos. A técnica priorizava a palavra como meio de acesso ao inconsciente 
e, consequentemente, aos conteúdos recalcados. Esse método é conhecido 
como “associação livre”. Devido ao êxito obtido na cura de pacientes adultos, 
alguns psicanalistas começaram a se perguntar se era possível aplicar este 
método ao trabalho com crianças. 
O primeiro tratamento de que se tem registro foi publicado por Freud 
em 1909: “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”. Alguns anos 
mais tarde, durante a década de 1910 a 1920, alguns psicanalistas começam 
a propor técnicas específicas para o tratamento de crianças portadoras de 
algum tipo de sofrimento psíquico. 
As vivências prazerosas podem ser originadas tanto por situações de 
gozo quanto de angústia (MILLER, 1988). Você pode estar se perguntando: 
como é possível, partindo de uma situação de mal-estar, de desconforto, de 
angústia, transformar tudo isso em uma vivência de prazer?
É por todos conhecido o valor em termos de prazer que é sentido no 
ato de falar, de “botar para fora”, de desabafar, em suma, quando colocamos 
em palavras situações de angústia, de dor, de constrangimento. A palavra 
técnica que a psicanálise utiliza para esta situação é catarse.
Catarse é uma descarga, uma purificação que produz alívio em relação 
a sentimentos ou ideias contidos. A catarse foi uma técnica psicoterapêutica 
utilizada junto com a hipnose nos primórdios da psicanálise. 
Este “por em palavras” é o que produz a sensação de prazer, a sensação de 
ter se desfeito de um peso. Falar nos deixa mais leves. As ideias, representações, 
sentimentos e sensações podem ser tanto conscientes quanto inconscientes. 
É dizer que o sujeito pode até nem saber antes do ato catártico quais os 
motivos do seu mal-estar. Mas isto é possível ser afirmado para quem tem 
construído a capacidade de expressão por meio da fala. 
No caso das crianças, foi necessário encontrar, descobrir, qual era a 
principal, quando não a exclusiva, forma de comunicação capaz de produzir 
os efeitos decorrentes do ato catártico. 
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
Uma vez estabelecida por Pfeifer, em 1919, a relação entre o que Freud 
chamou de formações do inconsciente (sonhos, atos falhos, piadas, sintomas) 
e o brincar, foi possível entender que esta atividade própria da vida infantil se 
estrutura também a partir de um conteúdo manifesto e um conteúdo latente. 
Sendo que o conteúdo manifesto corresponde ao que é desenvolvido em cada 
brincadeira, e o conteúdo latente o significado desse brincar. Retomaremos 
esta ideia mais adiante.
É Sophie Morgenstern quem começa o estudo dos jogos e dos desenhos 
infantis tentando descobrir esse significado oculto no conteúdo manifesto. 
O resultado deste trabalho acabou constituindo a base do método de todos 
os psicanalistas que se dedicam à psicanálise com crianças e o utilizam até 
o presente (MEDRANO, 2004).
Rambert começa a utilizar jogo de fantoches, onde cada um deles 
vem representar personagens significativos na infância, tais como pai, mãe, 
professores, médicos, entre outros. Percebe que a criança consegue fazer falar 
a esses fantoches coisas que, quando perguntadas de forma direta, fica inibida 
para comunicar. Esta técnica abre a possibilidade de uma maior disponibilidade 
para colocar em palavras situações traumáticas e, com isso, poder elaborá-las 
e resolvê-las (SANTA ROSA, 1993). A sistematização da técnica psicanalítica 
com crianças se deu a partir dos trabalhos de Melanie Klein, que começou 
a utilizar o brincar e sua interpretação como recurso para o tratamento de 
crianças e adolescentes (MEDRANO, 2004). 
Melanie Klein (1882-1960) é considerada uma das mais importantes 
psicanalistas de crianças. Criadora da Escola Inglesa de Psicanálise, ampliou 
as fronteiras da psicanálise em relação ao trabalho psicoterapêutico com 
crianças e no que se refere às patologias que aparecem precocemente e 
comprometem seriamente a vida psíquica.
FIGURA 2 – MELANIE KLEIN
FONTE: Disponível em: <http://www.larousse.fr/encyclopedie/
personnage/Klein/127633>. Acesso em: 20 jun. 2012.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
Suas construções teóricas ajudaram a compreender os estágios iniciais 
do desenvolvimento e da constituição da subjetividade, tais como autismo, 
diferentes tipos de psicoses e o que chamamos atualmente de “Transtornos 
Globais do Desenvolvimento”. 
A década de 1920 foi o momento em que se criam as condições teóricas 
e técnicas para avançar na institucionalização definitiva da psicanálise com 
crianças. É durante os anos 20 que aparece em cena outra das psicanalistas 
mais importantes que se dedicaram a impulsionar o campo de intervenção 
com crianças e adolescentes, tendo como principal recurso técnico o brincar. 
Anna Freud (1895-1982) publica uma série de trabalhos e comunicações e abre 
o primeiro seminário de estudos psicanalíticos sobre crianças e adolescentes. 
Também se ocupou de criar instituições com o objetivo de criar os primeiros 
intentos de articular psicanálise e educação. 
Anna Freud e Melanie Klein, embora tivessem posições divergentes sobre 
como conduzir os tratamentos psicanalíticos com crianças, reconhecem no 
brincar a principal via de acesso ao inconsciente das crianças. O brincar é a 
expressão simbólica de ansiedades, fantasias e representações recalcadas ou 
inibidas de serem colocadas em palavras. 
O brincar equivale, para estas autoras, à associação livre do adulto. A 
comunicação infantil tem no jogar e no brincar as formas pelas quais o mundo 
pode ser reinventado, construído e, o que é mais relevante, a possibilidade 
de elaborar situações internas e externas. Desta forma, brincar é o motor e 
causa da cura. 
E isto não se restringe ao tratamento psicanalítico nem a algum outro 
método psicoterapêutico. A importância do jogar e brincar como forma de 
expressão e comunicação foi apontada por autores como Piaget e Vygotzky. 
É o brincar o principal meio para aproximarmos e compreender o mundo da 
criança. 
Assim como uma mãe necessita se adaptar às capacidades e possibilidades 
comunicacionais do seu bebê (olhar, tônus postural, sons, etc.), os adultos, 
quando necessário, deverão apreender a “linguagem” particular com que as 
crianças se comunicam. Os adultos são os responsáveis por desenvolver sua 
própria capacidade para brincar. É no próprio brincar do adulto que este serelaciona com a criança que brinca.
Ao encontro desta ideia surge um importante pediatra e psicanalista 
que, no nosso entender, revoluciona a concepção do brincar e cria um dos 
conceitos que deixou marca na educação, especialmente na educação infantil. 
Trata-se de Donald Winnicott (1896-1971). 
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
FIGURA 3 – DONALD WINNICOTT
FONTE: Disponível em: <https://raspas.com.br/pensadores/273>. 
Acesso em: 20 jun. 2012.
Winnicott (1975) é o psicanalista que deu ao brincar um lugar de destaque 
no corpo teórico. O livro “O brincar e a realidade” (WINNICOTT, 1975) é obra 
de consulta obrigatória para todo aquele que pretenda se aprofundar na 
temática do brincar. 
Antes de desenvolver o conceito de brincar para Winnicott (1975), vamos 
conhecer algumas das ideias e trabalhos mais significativos da sua obra.
11 HOLDING
Como não temos um termo na língua portuguesa que consiga reproduzir 
o sentido que o conceito de holding tem para Winnicott (1975), ainda usamos 
o termo em inglês. Uma ideia aproximada do significado é o ato de suster o 
bebê por quem cumpre a função materna. Este é, talvez, o principal ato que 
define a função materna e deve se fazer presente com cada uma das pessoas 
que vierem a cumprir este papel.
Aqui o brincar da mãe se torna condição para estabelecer os vínculos 
necessários para o processo de subjetivação.
Dizemos aproximada porque, para Winnicott (1975), não se trata de um 
ato isolado. O holding é tanto a capacidade da figura materna de sustentar 
o bebê no tempo. Esta condição do holding se dar no tempo é a que vai 
proporcionar a sensação de segurança e previsibilidade à criança. O sufixo 
ing é justamente o que dá a ideia de continuidade, de um estar acontecendo. 
A utilização, por parte de Winnicott (1975), de gerúndios tais como 
holding (sustentar), playing (brincar), pretende introduzir a importância 
da continuidade no tempo dessas ações. Se aplicadas isoladamente, sem 
que façam parte da cotidianidade, perdem os efeitos de constituição, 
construção e manutenção dos efeitos sobre a subjetividade.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
O hold ing é mui to mais do que segurar f i s icamente . Trata-se 
fundamentalmente de um sustentar também no plano figurativo. A mãe 
(e quem cumpra essa função) é quem deve se oferecer para o bebê poder 
construir as imagens e representações com as quais começará a desenvolver 
os primeiros vínculos. 
Neste holding estão incluídos os olhares, a comunicação silenciosa, o 
toque, a voz, os cheiros, que aos poucos começam a se tornar familiares, os 
ritmos e todos aqueles tipos de trocas entre a figura materna e a criança.
FIGURA 4 – Detalhe do quadro As três idades da mulher, de Gustav Klint.
FONTE: Disponível em: <http://girodeideias.blogspot.com.br/2008_12_28_
archive.html>. Acesso em: 20 jun. 2012.
Winnicott (1975) afirma que entre o brincar do adulto e o da criança não 
existem diferenças significativas. No caso do adulto é necessário estar atento, 
em particular, à comunicação verbal, na escolha de palavras, no sentido de 
humor e nas inflexões de voz. Fora isso, o brincar para uns e para outros tem 
a mesma função e as mesmas características.
O brincar está relacionado com a saúde. É muito importante estar atentos 
à ausência de brincar em um sujeito. Em particular com as crianças. Uma das 
primeiras atividades que fica inibida durante um processo patológico (seja de 
origem física ou mental) é o brincar.
Podemos afirmar que a ausência de brincar em uma criança é um sinal 
de estarmos nos deparando com uma situação que merece ser investigada.
O problema, muitas vezes, é colocado sobre a criança que brinca em 
demasia, com a criança que “só pensa em brincar”, com o aluno que não 
acata a indicação de acabar com suas brincadeiras. O que deveria preocupar 
é a situação contrária: a criança (ou o adulto) que não brinca, que se sente 
inibida para brincar e jogar.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
O brincar como recurso técnico é muito utilizado pela psicopedagogia 
clínica e a pedagogia tal como foi desenvolvida pela psicopedagoga Alicia 
Fernandez.
Vejamos o que esta autora desenvolveu com relação ao brincar e os 
processos educativos.
12 O BRINCAR NAS PRÁTICAS DA PEDAGOGIA
Caro acadêmico, vejamos como a psicopedagoga Alicia Fernandez (1991; 
2001) articula muitos dos conceitos desenvolvidos nas etapas anteriores deste 
curso e os aplica mais especificamente na relação ensinar/aprender.
FIGURA 5 – ALICIA FERNANDEZ
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/
entrevista-alicia-fernandez-402342.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2012.
Alicia Fernandez nasceu em Buenos Aires em 1944. Estudou psicopedagogia 
na Universidade de El Salvador. Estudou psicologia na Universidade de Buenos 
Aires, onde teve contato com a psicanálise através de Pichon Rivière e Bleger, 
professores que lecionavam naquela faculdade, pouco antes de 1966. Após 
seus estudos, começa a trabalhar como orientadora educacional (desde 1962 
a 1974), trabalhando com a população carente. Atualmente é supervisora das 
atividades psicopedagógicas em numerosos hospitais públicos e privados 
da cidade de Buenos Aires. Assessora de atividades psicopedagógicas em 
diferentes instituições educativas e de saúde no Brasil (São Paulo, Porto 
Alegre, Rio de Janeiro, Fortaleza e Goiânia) e na Argentina (Buenos Aires, 
Córdoba, San Juan e Rio Negro). Coordenadora de "Grupos de Tratamento 
Psicopedagógico Didático para Psicopedagogos" em Buenos Aires, São Paulo, 
Rio de Janeiro e Porto Alegre (Experiência grupal com base psicanalítica de 
revisão da modalidade de aprendizagem e ensino do psicopedagogo e do 
professor). Diretora da “Escuela Psicopedagogica de Buenos Aires” em nível 
de pós-graduação (Escola de Formação em Psicopedagogia Clínica para 
psicólogos, médicos, pedagogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos). 
Autora dos livros “A Inteligência Aprisionada”, “A mulher Escondida na 
Professora” (CEPAI, 2012).
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
Para Alicia Fernandez (2001), entre ensinante e aprendente se situa um 
espaço muito particular, que é o espaço onde é possível vivenciar a experiência 
de alegria e prazer. Esta experiência pode ser facilitada ou inibida por parte de 
quem ensina. Mais do que mostrar conteúdos e conhecimentos, ser ensinante 
supõe inaugurar espaços de aprender. 
Ensinante não se limita ao professor. Para Fernandez (2001, p. 29), 
“ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da 
família, como também os professores e professoras e os companheiros na 
escola”. 
Caro acadêmico, veja como vai aparecendo a importância que tem o 
adulto no brincar da criança. Ainda mais quando se considera o espaço de 
aprender como sendo o mesmo que o espaço de brincar.
 
Mas, se o espaço de aprender é um espaço que pertence tanto aos 
professores quanto aos alunos, devemos estar atentos não somente ao que 
acontece durante as brincadeiras e jogos dos alunos. É muito importante que 
o professor se pergunte sobre seus espaços de brincar, como ele vive suas 
fantasias, sobre como escreve e inscreve suas experiências criativas.
Nesse sentido, convidamos você, acadêmico, a refletir com relação a 
estas belas palavras sobre o brincar:
Brincar é descobrir as bondades da linguagem; é inventar novas histórias, 
é ass is t i r à poss ib i l idade humana de cr iar novos pulsares , e isso é 
maravilhosamente prazeroso. Brincar é pôr a galopar as palavras, as mãos e os 
sonhos. Brincar é sonhar acordado; ainda mais: é arriscar-se a fazer do sonho 
um texto visível. Um grande obstáculo para instrumentalizar um programa 
educativo em que a criança e seus jogos estejam no centro é a dificuldade 
que têm os professores para jogar. (MORALES apud FERNANDEZ, 2001, p. 36).
Uma das interseções entre o brincar e o aprender se dá quando alguém 
consegue fazer próprio o conhecimento do outro. Esta apropriação, segundo 
Fernandez (1991, p. 165), só pode se dar jogandoe brincando.
Não pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento. 
Ao falar de jogo, não estou fazendo referência a um ato, nem a um produto, 
mas a um processo. Estou me referindo a esse lugar e tempo que Winnicott 
chama de espaço transicional, de confiança, de criatividade. Transicional 
entre o crer e o não crer, entre o dentro e o fora. 
Neste sentido é que o espaço transicional e o espaço de aprendizagem 
coincidem, já que é em um espaço transicional onde é possível aprender.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
Isto nos obriga a refletir sobre uma das ideias lançadas por Winnicott 
(1975), quando afirma que é na interseção dos espaços de brincar entre duas 
pessoas que se permite estabelecer o vínculo necessário para, por exemplo, 
os processos terapêuticos. Alicia Fernandez utiliza esta ideia e a aplica ao 
fenômeno do aprender.
O aprender vai se dar na intersecção de dois espaços de brincar, o 
do ensinante e o do aprendente. É condição para que esse aprender possa 
acontecer que os dois habilitem, disponham de espaço de brincar. Este espaço 
se refere ao espaço subjetivo, que é como cada um se relaciona com seu 
brincar, como se abre a experiência de brincar e da criatividade.
Se o aprendente não consegue ou está inibido para brincar, a primeira 
tarefa que compete ao ensinante é ajudar o aprendente a inaugurar ou 
desenvolver o espaço da ludicidade.
FIGURA 6 – Maurito Cornelio Escher “Drawing Hands” Litografia de 1948.
FONTE: Disponível em: <http://www.wikipaintings.org/en/m-c-escher/
drawing-hands>. Acesso em: 20 jun. 2012.
Se, pelo contrário, é o ensinante quem não sabe ou não consegue brincar, 
então não tem a menor condição de ocupar esse lugar de ensinante.
Lembre, caro acadêmico, que, tal como foi colocado anteriormente, o 
papel de ensinante e aprendente excede o papel de professor e aluno, e que 
esta fórmula se aplica além do espaço particular da escola.
Como no desenho, um faz o outro.
Desenvolver sua capacidade para brincar, para jogar, para a criatividade, 
é condição para fazer do seu trabalho um fazer que mereça a pena ser 
vivido de forma criativa e prazerosa. Fazendo dele um brincar.
 CURSO LIVRE - PSICANÁLISE E BRINCAR
REFERÊNCIAS
CEPAI. Personalidades. Disponível em: <http://www.cepai.com.br/sobre_
personalidades.php, 2012>. Acesso em: 2 ago. 2012.
FERNANDEZ, A. A inteligência aprisionada. Abordagem psicopedagógica 
clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1991.
______. O saber em jogo. A psicopedagogia propiciando autorias de 
pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001. 
FREUD, S. A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Imago, 1900. CD-
ROM.
______. Escritores criativos e devaneios. Rio de Janeiro: Imago, 1908. CD-
ROM.
______. Análises de uma fobia em um menino de cinco anos. Rio de 
Janeiro: Imago, 1909. CD-ROM.
LAPLANCHE; PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001. 
MEDRANO, C. Do silêncio ao brincar. São Paulo: Vetor Editora, 2004. 
MILLER, J. Percurso de Lacan: Uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1988.
SÁ, Olga de. O de Psicanálise e Literatura: a interpretação. Disponível em: 
<http://www.pucsp.br/pos/cos/face/psicanal.htm>. Acesso em: 2 ago. 2012.
SACHETTI, Azevedo Reis. Um estudo das crenças maternas sobre 
cuidados com crianças em dois contextos culturais do Estado de 
Santa Catarina. (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, 
Florianópolis, 2007. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~ppgp/
Virginia%20Azevedo%20Reis%20Sachetti.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012.
SANTA ROZA, Eliza. Quando o Brincar é Dizer. A experiência psicanalítica 
na infância. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993. 
WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora, 
1975.

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