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Patologia do Trato Genital Feminino Corpo uterino e endométrio Histologia endometrial no ciclo menstrual Endométrio gravídico Sangramento uterino disfuncional · Um sangramento uterino sem qualquer anormalidade orgânica (estrutural subjaceste). · Causas variam com o grupo etário: · Ciclo anovulatório: · Causa mais frequente de SUA. · Mais comuns na menarca e no perimenopausa. · Resultado de: distúrbios endócrinos (doença da tireoide, adrenal ou de tumores de hipófise), lesões ovarianas (tumores e SOP) e distúrbios metabólicos generalizados (DM e obesidade). · A falha na ovulação resulta em uma estimulação endometrial excessiva peles estrogênios, que não é contraposta pela progesterona. · Em situações precoces ocorre dilatação cística das glândulas endometriais, já em casos repetidos, pode aparecer condensação estromal e uma metaplasia epitelial eosinofílica e o endométrico carece de características dependentes de progesterona (alterações secretoras das glândulas e pré-decidualização estromal). O endométrio é composto por glândulas pseudoestratificadas e contem figuras mitóticas dispersas. · Consequência mais grave é hiperplasia endometrial. · Fase lútea inadequada: · Infertilidade associada ou com aumento de sangramento ou amenorreia. · Acredita-se que a causa seja a produção inadequada de progesterona no período pós-ovulatório. · A biópsia revela endométrio secretor com características que não correspondem àquelas esperadas pela data. Distúrbios inflamatórios Endometrite Aguda · Rara e limitada a infecções bacterianas originadas após o parto ou aborto. · O principal fator predisponente é produtos de concepção retidos. · Os agentes causadores são: estreptococos hemolíticos do grupo A, estafilococos e outras bactérias. · Microscopia: infiltrado linfomorfonuclear. · Tratamento: remoção dos fragmentos gestacionais e antibioticoterapia. Endometrite Crônica · Associada com: DIP, tecido gestacional retido, DIU e tuberculose miliar ou drenagem linfática da salpingite tuberculosa. · Diagnóstico: identificação de plasmócitos no estroma. · Clínica: sangramento anormal, dor, secreção e infertilidade. · A clamídia pode ter infiltrado inflamatório agudo ou crônico. · Antibioticoterapia é indicada mesmo diante de culturas negativas. Adenomiose · Caracterizada pela presença de ninhos de endométrio no interior da parede do útero, no miométrio. · Teorias para o surgimento da adenomiose: · Teoria da metaplasia mesenquimal: células indiferenciadas presentes no miométrio possam se diferenciar formando glândulas e estroma endometrial · teoria da implantação secundária a uma penetração traumática: devido à contração do miométrio no período menstrual, ocorra a entrada de glândulas do endométrio na parede miometrial. Endometriose no trajeto da ferida cirúrgica em pacientes pós-cesariana. · Sintomatologia: metrorragia (sangramento fora do período menstrual), dismenorréia (dor intensa durante a mentruação). · Macroscopia: útero sem nenhuma alteração, somente microscópica ou útero com lesão tipo nodular mal delimitada, de aspecto trabecular ou pontos hemorrágicos em meio a área difusamente espessada da parede miometrial. · Microscopia: glândulas ectasiadas que ficam dentro da parede do útero, glândulas e estroma endometrial típicos, em meio ao miométrio, acúmulo de hemossiderina nos macrófagos e subsequente formação de tecido fibroso. · Diagnostico diferencial: fácil de confundir com leiomioma. Endometriose · Presença de tecido endometrial “ectópico” em um local fora do útero. · Locais: pélvica (óvario, trompas, vaginas, ligamentos útero-sacros, septo retrovaginal, outros0 e extra pélvica (por disseminação linfática/vascular para pulmão, pleura, baço, osso, intestino, peritônio). · Teorias: · Teoria regurgitante: fluxo menstrual reverso levando a implantação em outros órgãos. · Teoria das metástases benignas: o tecido pode se disseminar via vasos sanguíneos e linfáticos. · Teoria metaplásica: o endométrio surge do epitélio celômico junto com os ductos de Müller, os remanescentes mesinéfricos podem sofrer diferenciação endometrial e gerar tecido endometrial ectópico. · Teoria das células-tronco/progenitoras extrauterinas: células-tronco/progenitoras da medula óssea se deferenciam em tecido endometrial. · Deposição iatrogênica. · Predisposição genética. · A patogenia envolve liberação de fatores pró-inflamatorios, aumento da produção de estrogênios pelas células entromais endometrióticas (possuem aromatase) que aumentam a sobrevivência delas. · Há uma associação entre a endometriose e o câncer dos ovários dos tipos de células endometrioides e claras. · Características principais: 1/3 assintomáticos, dor aguda geralmente em fase (pré)menstrual, maior na gravidez e menor na menopausa. · Sintomas: dismenorreia, dispareunia, dor abdominar (QI), dor a defecção, náuseas e vômitos, dor pélvica e inguinal, dor com exercício, disúria e poliúria (ureter), obstrução ureteral e hidronefrose (bexiga) e obstipação (intestino). · Massa anexial hipersensível: endometrioma. · Ruptura do endometrioma: dor aguda generalizada em fase não menstrual. · Fatores de risco: história familiar, menarca precoce, ciclos menstruais curtos, fluxo menstrual de longa duração, defeitos em útero e trompas. · Tratamento: laparoscopia e biopsia (diagnóstico definitivo). Pólipos endometriais · Massas tipicamente sésseis (até 3 cm de diâmetro, com protrusão no interior da cavidade endometrial) ou pediculadas. · Formação de tecido endometrial hiperplásico (mais comum) ou por endométrio funcionante. · Mais comum na perimenopausa. · Assintomáticos ou podem sofrer necrose ou ulceração, com sangramento anormal. · Transformação maligna é rara · Macroscopia: · Maioria no fundo uterino, · Maioria solitários (20% múltiplos). · Tamanho: de mm até o total preenchimento da cavidade. · Microscopia: · Glândulas endometriais dilatadas e císticas. · Estroma endometrial fibromatoso. · Vasos sanguíneos dilatados,espiralados, com parede espessa. · Revestimento: epitélio endometrial. · Manifestações Clínicas: sangramento intermenstrual devido a ulceração da superfície ou o infarto hemorrágico > sinal que deve ser diferenciado com câncer na mulher idosa. · Pólipos Endometriais não são pré-neoplásicos · Adenocarcinoma ocorre em 0,5% dos casos Hiperplasia endometrial · Aumento da proliferação das glândulas endometriais relativas ao estroma, resultando em maior proporção de glândulas para estroma em comparação ao endométrio normal. · Precursora mais frequente dos tipos mais comuns de carcinoma endometrial. · Fatores de risco: aumento do estrogênio. · Obesidade. · Menopausa. · SOP. · Tumores de células granulosas funcionais do ovário. · Função cortical ovariana excessiva. · Administração prolongada de substâncias estrogênicas. · Patogenia: · Inativação do gene supressor de tumor PTEN é uma alteração genética comum tanto nas hiperplasias endometriais quanto nos carcinomas endometriais. · Quando a função do PTEN é perdida, a via PI3K/AKT se torna mais ativa. · Na Síndrome de Cowden que é causa por inativação do PTEN, tem incidência alta de carcinoma endometrial e de certos outros tumores, particularmente câncer de mama. · A sinalização PI3K/AKT melhora a capacidade do receptor de estrogênio de ativar a expressão de seus genes-alvo, levando ao crescimento excessivo de tipos celulares dependentes de estrogênio (células epiteliais endometriais e mamárias). · Segundo a OMS pode se classificar em: hiperplasia não atípica e hiperplasia atípica. · Macroscopia: endométrio espesso, suculento, brilhante e homogêneo, com alguns pontos de hemorragia · Microscopia: · Glândulas e estroma proliferados excessivamente. · Descamação endometrial fora do período menstrual. · Classificação Histológica: · Simples (cística ou discreta): glândulas ectasiadas, cisticamente dilatadas; proliferação do epitélio, com pseudo-estratificação · Complexa (adenomatosa ou moderada): aumento do número de glândulas, e formas irregulares, colocadas lado a lado, epitélio proliferado, com pseudo-estratificaçãosem atipias. · Atípica (acentuada): glândulas proliferadas, em quantidade e justapostas. Epitélio proliferado com atipias · Quadro clínico: metrorragia. · Evolução para o Carcinoma de Endométrio: 37% nas hiperplasias atípicas · Período de evolução: Hiperplasia atípica > aproxiadamente 4 anos. · Tratamento: · hiperplasia simples: curetagem e uso de progestágenos · hiperplasia complexa: mesma forma; ou por histerectomia (aspecto social e prevenção de erro médico) · hiperplasia atípica: histerectomia. Tumores malignos do endométrio Carcinoma do endométrio · Tipo 1 (endometrioide): · idade entre 55 a 65 anos. · Predisposição: estrogênio sem oposição, obesidade, hipertensão e diabetes. · Precursor: hiperplasia endometrial. · Mutações: PTEN (via PI3K/AKT) e mais tardiamente p53(não se apresenta nos bem diferenciados). E também perda da expressão dos genes reparadores de erros do DNA. · Comportamento: indolente e disseminação através dos vasos linfáticos. · Tipo II (seroso) · Mulheres entre 65-75 anos. · Situação clínica: atrofia e biotipo magro. · Vários subtipos histológicos: carcinoma seroso, carcinoma das células claras e tumor mülleriano misto maligno. · Mutações: p53, a maioria é missense com acúmulo de proteína. · O carcinoma seroso supostamente começa como uma neoplasia epitelial de superfície, que se estende para estruturas glandulares adjacentes, e mais tarde invade o estroma endometrial. · Comportamento: agressivo, disseminação intraperitoneal e linfática. · Quadro clínico: Leucorréia acentuada e sangramento irregular. · Macroscopia: · Lesão de aspecto vegetante (geralmente localizada, melhor prognóstico), ou · Endométrio macio e espessado ,ou · lesão de aspecto infiltrativo (difuso). · Microscopia: · Adenocarcinoma endometrióide – mais comum · Adenocarcinoma com metaplasia escamosa · Carcinoma de células claras · Carcinoma papilífero/seroso Fatores prognósticos: · 1° fator: Grau de diferenciação · Bem diferenciado (Grau I) – túbulos e papilas · Moderadamente diferenciado (Grau II) – túbulos e áreas sólidas · Pouco diferenciado (Grau III) – somente sólido · 2° fator: Grau de invasão na parede do útero · Estratos do miométrio: 1-estrato mucoso; 2-estrato muscular e 3-estrato subseroso · 3° fator: Estadiamento clínico · Grau I - restrita ao corpo do útero · Grau II - pode se estender ao colo do útero e vai além dos limites do corpo · Grau III - além do corpo do útero e preenche a pelve · Grau IV - metástases locais e à distância. Tratamento: Histerectomia e quimioterapia (dependendo do estadio) Tumores müllerianos mistos malignos · Também são denominados carcinossarcomas. · São adenocarcinomas endometriais com um componente mesenquimal maligno. · Além de contem células tumorais que lembram elementos mesenquimais uterinos (sarcoma estromal, leiomiossarcoma), enquanto outros contem tipos celulares malignos heterólogos (rabdomiossarcoma, condrossarcoma). · Possuem mutações no PTEN, p53 e no PIK3CA identificadas. · Morfologia: geralmente são volumosos e polipoides, salientes no óstio cervical, consistem em adenocarcionomas misturados com elementos mesenquimais malignos (sarcomatosos). · Ocorrem em mulheres pós-menopausa e se apresentam acompanhados de sangramento. Tumores do estroma endometrial Tumores estromais · Duas categorias: nódulos estromais benignos e sarcomas de estroma endometrial. · Os sarcomas são divididos em de baixo e alto grau. · Patogenia: translocações que silenciam genes e levam a formação de novos genes. · Alto índice de recidiva e taxas de sobrevida baixa Adenossarcomas · Crescimentos polipoides endometriais de base larga e ampla que podem sofrer prolapso pelo óstio cervical. · Diagnostico: presença de estroma de aspecto maligno, que coexiste com glândulas endometriais benignas, porém com aspecto normal. · Entre a 4ª e 5ª década de vida. · Baixo grau de malignidade. · Dilema: diferenciar de grandes pólipos benignos. · Sensível ao estrogênio e responde à ooforectomia. Tumores de miométrio Leiomiomas · Tumor Benigno – proliferação monoclonal de células de músculo liso uterino por influência dos estrogéneos, progesterona e fatores de crescimento. · Sinais clínicos: assintomáticos, sangramento uterino anormal, dor pélvica, dispareunia, distúrbios vesicais, distúrbios da fertilidade. · Na gravidez aumenta o crescimento e na menopausa cessa o crescimento. · Geralmente múltiplos de tamanho variável. Podem ser pediculados. · Intramurais, subserosos, submucosos, intraligamentares, cervicais. · Consequências locais: degeneração, edema, hemorragia focal, calcificações. · Complicações: hemorragia, infertilidade (distorção útero), aborto, parto pré-termo. · Macroscopia: tumores bastantes circunscritos, nítidos, arredondados, firmes, de cor cinza-esbranquiçada, variando em tamanho de nódulos pequenos, pouco vizualizaveis, a tumores volumoos. · Microscopia: feixes de células musculares lisas que lembram o miométrio não envolvido. Núcleo oval característico e processos citoplasmáticos bipolares longos e finos. Leiomiossarcomas · Neoplasia malígna - massas volumosas · Diferenciação - 10 mitoses / 10CGA / atipias celulares e necrose central · Disseminação abdominal · Metástases a distância: pulmões, ossos e cérebro. · Prognóstico ruim - 40% - 5 anos · Origem a partir do miométrio ou de células precursoras do estroma endometrial.
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