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Patologia Cardíaca Cardiopatia Valvar · A estenose é a falha de uma valva em abrir-se completamente, impedindo, assim, o fluxo para frente. · A insuficiência resulta de falha de uma valva em fechar-se completamente, permitindo fluxo inverso. · As anormalidades podem ser isoladas ou múltiplas, e podem ocorrer um uma ou mais valvas. · A regurgitação funcional é a incompetência de uma valva, originada de uma anormalidade em uma de suas estruturas de suporte, em vez de um defeito primário da valva. · A dilatação do ventrículo direito ou esquerdo pode empurrar os músculos papilares ventriculares para baixo e para fora impedindo o fechamento adequado. · A destruição súbita da cúspide de uma valva aórtica por infecção pode causar regurgitação aguda, maciça e rapidamente fatal. · Estenose mitral reumática pode ser de modo indolente ao longo dos anos, e os efeitos clínicos podem ser bem tolerados por períodos prolongados. · As maiores demandas de débito na gestação pode exacerbara doença valvar e levar a resultados desfavoráveis para a mãe e feto. · A estenose valvar leva a hipertrofia cardíaca por sobrecarga de pressão, ao longo que a insuficiência mitral ou aórtica leva a sobrecarga de volume; ambas podem levar a insuficiência cardíaca. · As anormalidades valvares podem ser adquiridas ou congênitas. · Principais causas funcionais de valvulopatias: · Estenose aórtica: calcificação e esclerose da valva anatomicamente normal ou bicúspide de origem congênita. · Insuficiência aórtica: dilatação da aorta descendente pela hipertensão ou envelhecimento. · Estenose mitral: cardiopatia reumática. · Insuficiência mitral: degeneração mixomatosa (prolapso). Degeneração valvar por Calcificação Estenose Aórtica Calcificada · Mais comum de todas as anormalidades valvares. · Uso e desgaste relacionado a idade tanto em valvas normais quanto bicúspides de origem congênita. · Prevalência de 2% e aumentando devido ao aumento da expectativa de vida. · A forma senil ocorre geralmente na sétima a nona década de idade e as de valvas bicúspides de 1 a 2 décadas antes. · Provavelmente uma consequência da lesão crônica recorrente devido á hiperlipidemia, hipertensão, inflamação e outros fatores semelhantes àqueles implicados na aterosclerose. · As valvas bicúspides sofrem mais lesão que as normais. · A lesão crônica progressiva leva a degeneração valvar e provoca deposição de hidroxiapatita. · As valvas anormais contém células semelhantes a osteoblastos que sintetizam proteínas da matriz óssea e promovem a deposição de sais de cálcio. · Morfologia (não reumática): · Massas calcificadas e amontoadas dentro das cúspides aórticas projetadas para a via de saída para dentro dos seios de Valsava e impedindo a abertura das cúspides. · Envolve as valvas bicúspides e tricúspide. · Margens livres geralmente não são acometidas. · A arquitetura é em parte preservada e o processo de calcificação começa na camada fibrosa, na superfície da via de saída e nos pontos de flexão máxima das cúspides. · A inflamação é variável e osso metaplásico pode ser visto. · Eventualmente pode causar uma obstrução importante da via de saída e submeter o ventrículo esquerdo a sobrecarga de pressão. · Morfologia (reumática): · Fusão das comissuras geralmente não é observada. · A valva mitral geralmente é normal, embora possa ter prolongamento direto dos depósitos para o folheto mitral anterior. · Anormalidades estruturais características e concomitantes na valva mitral. · Clínica: · Ocorre o estreitamento gradual do orifício e um aumento gradual da pressão através da valva calcificada. · Gera hipertrofia concêntrica do ventrículo. · Funções sistólica e diastólica podem estar prejudicadas e pode ocorrer desconpensação cardíaca e ICC. · Angina, ICC ou síncope são sinais de descompensação cardíaca e mal prognóstico. · Se não houver tratamento e ocorrer descompensação, os indivíduos podem morrer entre 2 e 5 anos. · Tratamento é a substituição cirúrgica da valva. Estenose Calcificada da Valva Aórtica Bicúspide de Origem Congênita · A VAB possui prevalência de 1%. · Alguns casos com predisposição familiar, geralmente associada com malformaçõesda aorta e via de saída do ventrículo esquerdo. Pode decorrer de alterações nos cromossomos 18q, 5q e 13q e foi identificado alterações de perda de função em NOTCH1. · Existem duas cúspides funcionais, mas uma é maior que a outra, a maior apresente uma rafe na linha média que representa separação incompleta no desenvolvimento e é o principal local de depósitos calcificados. · Podem se tornar incompetentes com o resultado da dilatação aórtica, prolapso das cúspides e endocardite infecciosa. · A valva mitral geralmente está normal. · Geralmente são assintomáticos no início da vida e as complicações tardias são estenose ou regurgitação aórtica, endocardite infecciosa e dilatação e/ou dissecção da aorta. · VAB estão sujeitas a calcificação progressiva. · São responsáveis por 50% dos casos de estenose aórtica em adultos. · Anormalidades estruturais na parede da aorta geralmente costumam acompanhar. Calcificação do Anel Mitral · Os depósitos calcificados degenerativos na valva mitral normalmente se desenvolvem no anel fibroso. · Macroscopia: nódulos irregulares com consistência pétrea e ás vezes ulcerados, na base dos folhetos. · Geralmente não afeta a função valvar. · Pode lavar à regurgitação, estenose, arritmias, trombose e endocardite infecciosa. · É mais comum em mulheres com mais de 60 anos e indivíduos com prolapso da valva mitral. Prolapso da Valva Mitral (Degeneração Mixomatosa da Valva Mitral) · Um ou ambos os folhetos da valva mitral estão frouxos e sofrem prolapso ou abaulamento para dentro do átrio esquerdo durante a sístole. · Afeta de 2% a 3% das pessoas e numa proporção de 7:1 de mulheres-homens. · Pode ser um achado incidental no exame físico, mas pode levar a complicações sérias. · Patogenia: · Na maioria dos casos não se sabe a base da etiologia. · Pode estar associada com defeitos no tecido conectivo que interfere na via do TGF-beta e causar frouxidão. · A forma esporádica o mecanismo é incerto. · Morfologia: · Abaulamento dos folhetos mitrais ou partes deles, podem estar aumentados, redundantes, espessos e elásticos. · As cordas tendíneas podem estar alongadas, adelgaçadas e rompidas e o anel dilatado. · As outras valvas podem estar acometidas. · Microscopia: espessamento acentuado da camada esponjosa com deposição de material mucoide (degeneração mixomatosa) e enfraquecimento da camada fibrosa colagenosa da valva. · Podem estar presentes espessamento fibroso dos folhetos, espessamento linear da superfície do endocárdio, tombos atriais e calcificações na base do folheto posterior. · Clínica: · Maioria é assintomática e a ausculta pode ter um sopro mesossistólico. · Diagnóstico pelo ecocardiograma. · Pode ocorrer dispneia, dor torácica. · 3% desenvolvem complicações: endocardite infecciosa, insuficiência mitral, infarto isquêmico sistêmico, arritmias. Febre Reumática e Cardiopatia Reumática · A Febre Reumática é uma doença inflamatória aguda, imunomediada e multissistêmica, que classicamente ocorre algumas semanas após um episódio de faringite por estreptococos do grupo A. · Pode ser decorrente de infecção em outros locais, como a pele, mas é raro. · A CR é caracterizada por doença valvar fibrótica deformante que envolve, em particular, a valva mitral. · CR é praticamente a única cauda de estenose mitral. · Patogenia: · Resulta das respostas imunes do hospedeiro aos antígenos dos estreptococos do grupo A, que tem reação cruzada com as proteínas do hospedeiro. · Os anticorpos e as células T CD4 são direcionados contra a proteína M dos estreptococos, mas podem reconhecer autoantígenos cardíacos. · Assim recrutam células portadoras do receptor Fc, produção de citocinas pelas células T ativam os macrófagos. · Morfologia: · Na FR aguda, ocorre lesões inflamatórias em vários tecidos. Nódulos de Aschoff são focos de linfócitos T e ás vezes plasmócitos e macrófagos que são chamados de células de Anitschkow. · Essesnódulos podem ser encontrados em qualquer uma das camadas do coração ou em todas. · A inflamação do endocárdio resulta em necrose fibrinoide no interior das cúspides ou cordas tendíneas. · Podem ocorrer pequenas vegetações denominadas verrugas. · Placas de MacCallum: lesões subendocárdicas exacerbadas por jatos de regurgitação que produz espessamentos irregulares no átrio esquerdo. · Macroscopia: espessamento dos folhetos, fusão e o encurtamento das comissuras e o espessamento e fusão das cordas tendíneas. · O acometimento da valva mitral e da aórtica é em 25% dos casos, já a tricúspide geralmente não é afetada e a pulmonar raramente é afetada. · A estenose mitral reumática, produz calcificação e as pontes fibrosas através das comissuras valvares dão origem às estenoses “em boca de peixe” ou “em botoeira”. · Pode ocorrer dilatação do átrio esquerdo com formação de trombos murais, alterações vasculares e parenquimatosas pulmonares e hipertrofia do ventrículo direito. · Microscopia (crônica): organização da inflamação aguda, com neovascularização pós-inflamatória, e fibrose transmural, nos nódulos de Aschoff não são observados. · Clínica: · Achados: poliartrite migratória das grandes articulações, pancardite, nódulos subcutâneos, eritema marginado da pele e coreia de Sydenham. · Critérios de Jones. · FR aguda aparece em 10 dias a 6 semanas após a infecção por estreptococos em 3% dos pacientes. · Ocorre na faixa de 5 e 15 anos de idade. · Estreptolisina O e DNAse B positivas. · Manifestações clínicas predominantes são artrite e cardite. · Cardite aguda inclui atrito pericárdico, taquicardia e arritmias. Pode levar a dilatação cardíaca. · Após o ataque inicial, os pacientes tornam-se mais vulneráveis à reativação da doença após novas infecções faríngeas e é provável que apareçam as mesas manifestações em cada ataque. Endocardite Infecciosa · É uma infecção microbiana das valvas cardíacas ou do endocárdio mural, que leva a formação de vegetações compostas por fragmentos trombóticos e organismos, frequentemente associado com a destruição dos tecidos adjacentes. · A maioria é caudada por bactérias, mas pode ocorrer por fungos. · A endocardite infecciosa aguda é causada por uma infecção de uma valva cardíaca anteriormente normal por um organismo altamente virulento (S. aureus) que rapidamente produz lesões necrosantes e destrutivas, geralmente o tratamento é com cirurgia. · A endocardite infecciosa subaguda é causada por organismos de baixa virulência (S. viridans) com baixa destruição valvar e pode obter cura com antibiótico terapia. · Distúrbios precursões: prolapso da valva mitral, estenose valvar calcificada degenerativa, valva aórtica bicúspide, valvas artificiais, defeitos congênitos e cardiopatia reumática com cicatrização valvar. · Valvas naturais: S. viridans (cavidade oral), S. aureus (pele, usuários de droga IV), enterococos, e grupo HACEK (Haemophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella e Kingella). · Valva protética: estafilococos coagulase-negativos (S. epidermidis), bacilos gram-negativos e fungos. · Cultura negativa em 10% dos casos. · Pode ocorrer disseminação hematogênica por procedimento odontológico ou cirúrgico, agulha compartilhada ou rompimento das barreias epiteliais do intestino, cavidade oral e pele. · Morfologia: · Vegetações nas valvas são friáveis, volumosas e potencialmente destrutivas que contém fribina, células inflamatórias e microrganismos. Podem sem únicas ou múltiplas. Podem produzir abcesso, embolização (infartos sépticos e aneurismas micóticos). · Valvas aórtica e mitral são as mais acometidas. · Em usuários de droga IV pode ocorrer acometimento do lado direito. · Microscopia: tecido de granulação na base e posteriormente pode ocorrer fibrose, calcificação e infiltrado crônico. · Clínica: · Inicio violento, febre, calafrios, fraqueza e cansaço. · Febre pode estar ausente. · Sopros presente em 90% dos pacientes com EI do lado esquerdo. · Critérios de Duke modificados. · Complicações: depósito de complexo antígeno-anticorpo no glomérulo. · Manifestações a longo prazo: lesões eritematosas ou hemorrágicas indolores nas palmas e plantas (lesões de Janeway), nódulos subcutâneos na polpa dos dedos (Nódulos de Osler) e hemorragias retinianas (Manchas de Roth). Vegetações não Infectadas Endocardite Trombótica não Bacteriana · Caracterizada pela deposição de pequenos trombos estéreis nos folhetos valvares. · Tamanho de 1 a 5 mm e ocorrem de modo isolado ou múltiplo ao longo da linha de fechamento dos folhetos. · Compostas de trombos macios inseridos frouxamente na valva e não são invasivas e não produzem inflamação. · Pode ser fonte de êmbolos sistêmicos. · Ocorre em pacientes debilitados, como em câncer ou sepse (endocardite marântica); concomitante a TVP, êmbolos pulmonares, estados de hipercoagulação sistêmica (adenocarcinomas mucinosos) e trauma endocárdico. Endocardite do LES (Doença de Libman-Sacks) · Valvulite mitral e tricúspide com pequenas vegetações estéreis. · A incidência diminuiu devido ao uso de esteroides. · As vegetações são pequenas, isoladas ou múltiplas, estéries e róseas com aparência verrucosa. · Localizadas nas superfícies inferiores das valvas atrioventriculares, no endocárdio valvar, nas cordas ou no endocárdio mural dos átrios e ventrículos. · Microscopia: vegetações de material eosinofílico, fibrinoso e finamente granular que contém restos celulares, incluindo aqueles do núcleo. · Associadas a intensa vasculite, caracterizada pela necrose fibrinoide da substância da valva, e que reflete a ativação do complemento e o recrutamento de células portadoras do receptor Fc. · A valva mitral está envolvida com mais frequência do que a aórtica, e a regurgitação é uma anormalidade comum. Cardiopatia Carcinoide · Distúrbio sistêmico, caracterizado por rubor cutâneo súbito, diarreia, dermatite e broncoconstrição, que é causado por compostos bioativos liberados por tumores carcinoides. · As lesões cardíacas normalmente não ocorrem até que exista uma sobrecarga metastática hepática maciça. · O endocárdio e as valvas do lado direito são as mais acometidas (tumores carcinoides do TGI). O lado esquerdo pode ser acometido por defeitos do átrio e do septo e de fluxo da direita para esquerda ou por tumores carcinoides pulmonares. · Patogenia: · Produção de serotonina, calicreína, bradicinia, histamina, prostaglandinas e taquicininas. · A serotonina e sua excreção urinária se relacionam com a gravidade das lesões cardíacas. · As lesões nas valvas são semelhantes as lesões em pacientes que usam fenfluramina ou alcaloides do ergot que afetam o metabolismo da serotonina. · Morfologia: · Espessamento da íntima, brilhantes, esbranquiçados, semelhantes a placas; localizados nas superfícies endocárdicas das câmaras cardíacas e dos folhetos valvares. · Compostas por células musculares lisas e fibras colágenas esparsas, entranhadas em uma matriz rica em mucopolissacarídeo ácido. · Com envolvimento do lado direito, ocorre insuficiência tricúspide e estenose pulmonar. Complicações das Valvas Artificiais · As valvas podem ter origem mecânica (material não fisiológico) e teciduais (súino, bovino e humanas congeladas). · O tratamento químico das valvas de animais forma uma ligação cruzada com as proteínas valvares, principalmente o colágeno, tornando inviáveis. O congelamento e descongelamento também prejudica a qualidade. · 60% dos receptores de valvas substitutas desenvolvem problemas graves relacionado à prótese dentro de 10 anos após a cirurgia. · Complicações: tromboembolismo, hemorragia relacionada a anticoagulantes, endocardite de valva protética, deterioração estrutural, cicatrização inadequada, hemólise intravascular, ruído excessivo devido à dificuldade de contato entre as partes rígidas móveis.
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