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Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 1 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA EPIDEMIOLOGIA: As DCNT são responsáveis por cerca de 70% das mortes globais. No Brasil, 72% das mortes resultam de DCNT, sendo 30% devidas a DCV, 16% a neoplasias e 6% a doenças respiratórias. A definição de DCV pode variar de acordo com o estudo, desde a inclusão de todas as doenças listadas no Capítulo IX da CID-10 até o simples agrupamento de 03 principais causas (DIC, AVC e insuficiência cardíaca) engloba 10 causas: cardiopatia reumática, DIC, doença cerebrovascular, cardiopatia hipertensiva, cardiomiopatia, miocardite, fibrilação e flutter atrial, aneurisma aórtico, doença vascular periférica e endocardite. Custo da atenção à saúde: Brasil custos diretos e indiretos por redução de produtividade (incapacitação e ausência no trabalho) US$ 4,18 bilhões de 2006 e 2015. ANATOMIA CORONARIANA: Coronária direita nasce no sulco átrio-ventricular na face anterior do coração dá origem às marginais e na face posterior dá origem à descendente posterior, irriga a parede inferior do coração, principalmente, do lado direito. Coronária esquerda nasce no óstio coronário esquerdo: descendente anterior que percorre o sulco interventricular (face anterior do coração). Também dá o ramo das circunflexas: Responsável pela parede lateral do coração. CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA: Aguda: angina instável, IAM, morte súbita Crônica: angina estável, assintomática. A principal causa é a aterosclerose, sendo responsável por mais de 90%. Causas não aterosclerótica de DAC são menos de 10%. EVOLUÇÃO DA ATEROSCLEROSE AO LONGO DO TEMPO: 1ª década: células espumosas e estria de gordura Principal crescimento devido a acumulação de lipídeos Desde a 3ª década: lesão intermediária e ateroma Principal crescimento devido a acumulação de lipídeos Desde a 4ª década: placa fibrosa e lesão complicada\ruptura Músculo liso e colágeno Com trombose e hematoma Início da aterogênese, o endotélio é o fator primordial. Inicia-se com disfunção endotelial por dislipidemia, HAS, fumo, diabetes (alterações do endotélio implicando em perdas das propriedades antiadesiva, antiproliferativa e anticoagulante). Recrutamento de leucócitos para a íntima formação da estria gordurosa (papel dos macrófagos) papel dos linfócitos T na perpetuação da aterosclerose progressão complicações. Anos ou décadas, remodela/o centrifugo, na parede da artéria, e invade o lúmen quando excede a capacidade de remodelamento centrifugo. Crescimento da placa parece ser descontínuo, com períodos de maior e menor crescimento. Considerações: Lesões acima de 50% podem ter expressão clínica quando houver demanda cardíaca aumentada dominância. Pode haver oclusão total do vaso sem história prévia de infarto colateral evita demonstrar angina. Pode ocorrer infarto em estenoses menores que 50%. Trombose arterial principal mecanismo da agudização da doença aterosclerótica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Acontece em artérias de médio e grande calibres Doença cerebrovascular: AVC e TIA Doença coronária: angina, IAM, morte súbita. Doença aórtica: aneurismas. Doença vascular periférica: claudicação, isquemia crítica Patogênese similar em todos os vasos. Co- existente. Desenvolvimento silencioso. DAC oculta em pacientes: disfunção erétil e claudicação intermitente. ETIOPATOGENIA E FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CORONARIANA: É baseada na oferta e no consumo de O2. Oferta pode ser comprometida por tônus vascular, tempo de diástole, fluxo coronário, autorregulação local e anemia. A autorregulação é o fator mais importante. Demanda depende da frequência cardíaca, contratilidade e tensão parietal. Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 2 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Diminuição da oferta: Fluxo sanguíneo reduzido: obstruções coronarianas fixas, vasoespasmo, hiperviscosidade sanguínea, alterações microvasculares Anemia Hipóxia: Aumento do Consumo: Taquiarritmias Estenose aórtica importante Hipertrofia ventricular esquerda Hipertensão arterial sistêmica grave Crise tireotóxica Sepse Oferta de oxigênio: Depende da capacidade de transporte do O2 pelo sangue e do fluxo coronário (5% do DC). Na ausência de anemia ou doença pulmonar, a capacidade de transporte de O2 é, em geral, constante. O fluxo coronariano é bem mais dinâmico, pressão de perfusão e resistência coronariana. Ao contrário da maioria dos tecidos, o coração não pode aumentar sua taxa de extração de oxigênio quando ocorre aumento da demanda, uma vez que em seu estado basal a extração de oxigênio do sangue já é máxima (75% em repouso e 90% durante a isquemia) Qualquer necessidade adicional de oxigênio só pode ser suprida através do aumento do fluxo de sangue ao miocárdio. A auto regulação do tônus vascular é o mediador mais importante nesse processo. Os fatores que participam da regulação da resistência coronariana são o acúmulo de metabólitos, fatores endoteliais e inervação autonômica. Consumo miocárdico de oxigênio: Tensão da parede ventricular Frequência cardíaca Inotropismo ESTREITAMENTO DA LUZ VASCULAR: A partir de 70% de obstrução a pressão do fluxo após a lesão passa a ser limitante e a vasodilatação compensatória não impede que o fluxo seja reduzido após a obstrução, causando isquemia. Durante um aumento de demanda, como a que ocorre em uma atividade física, resta muito pouca reserva de fluxo. Obstruções superiores a 90% causam uma redução de fluxo que diminui a oferta de oxigênio mesmo em condições basais, gerando, então, isquemia em repouso. HISTÓRIA CLÍNICA\PESQUISA DE FATORES DE RISCO: A presença ou não deles irá dirigir a conduta a ser tomada com o paciente. Pesquisar obrigatoriamente: sexo, idade, tabagismo, HAS, dislipidemia, obesidade, diabetes, passado de doença coronariana ou de doença cérebro-vascular, história familiar para doença coronariana ou cérebro-vascular. FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE: Clássicos: Não modificáveis: gênero, idade, hereditariedade. Potencialmente modificáveis: tabagismo (considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo), nutrição, dislipidemia, HAS (fator mais prevalente, principal causa de morte no mundo), diabetes (causa importante de complicações cardiovasculares), psicossocial Emergentes: Fibrinogênio, homocisteína, adiponectina, Lp A, inflamação (PCR US, TNF, IL), vitamina D, apnéia obstrutiva do sono. Estratificação de risco cardiovascular: prevenção evento agudo e diminuir a progressão da aterosclerose. Um evento coronariano aguda é a primeira manifestação da doença aterosclerótica em aproximadamente metade das pessoas que apresentam essa complicação. Dessa forma, a identificação dos indivíduos assintomáticos com maior predisposição é crucial para a prevenção efetiva com a correta definição das metas terapêuticas. Para estimar a gravidade da DCV foram criados os chamados escores de risco. O escore de risco global (ERG) de Framingham inclui a estimativa em 10 anos de eventos coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca (IC) e foi o escore adotado pelo Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-DA). Avaliação inclui: sexo (exclusivo para mulheres ou para homens), idade, HDL-C, colesterol total, pressão arterial sistólica não tratada, PAS tratada, fumo e diabetes. A avaliação é feita por uma calculadora. Risco muito alto: são classificados nessa categoria os indivíduos que apresentam doença aterosclerótica significativa (coronária,cerebrovascular ou vascular periférica) com ou sem eventos clínicos. Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 3 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Com obstrução maior ou igual 50% com ou sem eventos clínicos território: Coronário Cerebrovascular Vascular periférico Alto risco cardiovascular: Homens com score de risco global menor que 20% Mulheres com escore de risco global menor que 10%: US de carótidas com presença de placa ITB menor que 0,9 Score de CAC maior que 100 U Agastston Placas ateroscleróticas na angiotomografia coronária Aneurisma de aorta abdominal DCR definido por Taxa de Filtração Glomerular maior que 60 mL\min, em fase não dialítica Pacientes com LDL-c maior ou igual a 190mg\dL Diabetes tipos 1 ou 2, com LDL-c entre 70 e 189 mg\dL e presença de ER ou DASC Pacientes com risco intermediário: Pacientes do sexo masculino com escore de risco global de 5 a 20% Pacientes do sexo feminino com escore de risco global de 5 a 10% Paciente com DM, mas sem fatores estratificadores de risco Risco baixo: Pacientes do sexo masculino com escore de risco global menor que 5% Mulheres com escore de risco global menor que 5% AVALIAÇÃO: Risco muito alto: evento cardiovascular prévio ou estenosa arterial maior ou igual a 50% Risco no mínimo moderado: diabetes Alto risco: CiCr menor que 60, AAA, aterosclerose subclínica, LDL maior ou igual a 190 Aumento do LDL maior ou igual a 190 Aneurisma da aorta abdominal Aterosclerose subclínica A queda do CiCr menor que 60 Alto score de risco DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA: Mais comumente devido à obstrução coronariana por uma placa ateromatosa. Inicialmente, não há sintomas, sendo o desconforto torácico o sintoma predominante. Artérias coronarianas normais aterosclerose assintomática: Síndrome coronariana aguda: angina instável, IAM e morte. Progressão da placa: angina estável e progressão assintomática da estenose. É uma doença que sofre influência de fatores de risco e imuno-inflamação, o que leva a uma insuficiência coronária podendo ser aguda (rotura de placa trombose/fibrinólise) ou crônica (obstrução, disfunção endotelial). ICO CRÔNICA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Desconforto retroesternal; Dor retroesternal e suas características; Dispneia aos esforços sem angina; A angina noturna deve levantar a hipótese de apneia do sono. Angina geral: alcança intensidade máxima em minutos, quase nunca em segundos, pacientes procuram repousar, alívio em 5 a 10 minutos com repouso ou nitroglicerina. Caracterização da dor: Localização e tipo Irradiação ou sintomas associados Fatores desencadeantes, de melhora e de piora A dor sugestiva de isquemia miocárdica localiza-se geralmente em região precordial, retroesternal e\ou epigástrica, e o tipo é em aperto, queimação, constrição ou desconforto torácico não adequadamente caracterizado ANGINA INSTÁVEL: Doença coronariana crônica que se caracteriza clinicamente pela angina desencadeada aos esforços, que piora de forma gradual, que melhora com o repouso e com o uso de nitratos, com duração média de 05 minutos. Relaciona-se com a presença de uma obstrução fixa no sistema coronariano (lesão aterosclerótica), causando déficit de suprimento sanguíneo e, portanto, de oxigênio ao miocárdio. As lesões ateroscleróticas somente são clinicamente evidentes em lesões com 70% de obstrução do vaso. DOR TORÁCICA NÃO CORONARIANA: Duração fugaz menor que 01 minuto; Dor relacionada a movimento respiratório ou dos membros superiores ou a palpação do examinador; Dor que não respeita a topografia da dor anginosa. Eventos dolorosos abaixo da cicatriz umbilical e superiores ao ramo da mandíbula não Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 4 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA são relacionados a evento isquêmico coronariano; Dor pontual, com área maior que uma polpa digital, mesmo sobre a região mamária; Dor prolongada com horas de duração, sem comprovação de isquemia miocárdica através dos exames complementares. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA DOR TORÁCICA: Angina típica (definitiva): Desconforto ou dor retroesternal; Desencadeada pelo exercício físico ou estresse emocional; Aliviada com o repouso ou uso de nitroglicerina. Angina atípica (provável): Presença de somente dois dos fatores acima. Dor torácica não cardíaca: Presença de somente um ou nenhum dos fatores acima EXAME FÍSICO: Geralmente, inexpressivo. Arco corneano; Xanteloma; Pressão pode elevar-se aguda durante período anginoso; Associação entre doença vascular periférica e DAC; Associação entre doença carotídea, mesmo em fase inicial, aumenta a possibilidade de DAC; Sopros apicais transitórios na disfunção do músculo papilar durante episódio de isquemia; B3 e B4 e impulso apical ventricular nas disfunções Graduação da Angina de Peito: Classe I: atividade física habitual, como caminhar, subir escadas, não provoca angina. Angina ocorre com esforços físicos prolongados e intensos Classe II: discreta limitação para atividades habituais. A angina ocorre ao caminhar ou subir escadas rapidamente, caminhar em aclives, caminhar ou subir escadas após refeições, ou no frio, ou ao vento, ou sob estresse emocional, ou apenas durante poucas horas após despertar. A angina ocorre após caminhar 2 quarteirões planos ou subir mais de um lance de escada em condições normais Classe III: limitação com atividades habituais. A angina ocorre ao caminhar um quarteirão plano ou subir um lance de escadas Classe IV: incapacidade de realizar qualquer atividade habitual sem desconforto – os sintomas anginoso pode estar presentes no repouso METODOLOGIA COMPLEMENTAR DIAGNÓSTICA NA DOENÇA CARDIOVASCULAR: Eletrocardiograma no infarto: Radiografia de tórax; Teste ergométrico: é o método não invasivo utilizado com maior frequência na AE, visando, especialmente, a confirmação diagnóstica, determinação prognóstica e definição de conduta terapêutica. Deve ser feito por pacientes com dor aos esforços moderados Cintolografia miocárdica; Holter; MAPA; MRPA; Ecocardiograma transtorácico; Ecocardiograma transesofágico; Ecocardiograma sob estresse físico ou farmacológico; Tomografia computadorizada; Ressonância nuclear magnética; Cateterismo cardíaco TRATAMENTO DA DAC ESTÁVEL: Correção dos mecanismos desencadeadores ou de doenças associadas; Controle dos fatores de risco; Mudança de estilo de vida; Medicamentoso: estabilizar doença aterosclerótica, para fazer a prevenção Prevenção do IAM e óbito; Redução dos sintomas e da isquemia miocárdica medicamentoso. Tratamento intervencionista – quando não consegue estabilização (invasivo) TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Medicamentos comprovados que reduzem a mortalidade: IECA ou BRA, betabloqueadores, aspirina e estatina Aspirina e estatina, principalmente, doença diagnóstica. Drogas anti-anginosas: Beta-bloqueadores: 1ª linha – seletivos de preferência (atenolol, bisoprolol, metoprolol e nebivolol). FC = 50 a 60 bpm. EInducações: taquiarritmias, IC com FE reduzida, passado de IAM, hipertireoidismo Bloqueadores do canal de cálcio (BCC): verapamil, diltiazen e amlodipina. Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 5 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Nitratos de ação rápida: dinitrato de isossorbida sublingual. Nitratos de ação longa: dinitrato de isossorbida oral, mononitrato de isossorbida e propatilnitrato.Drogas consideradas de terceira linha. Não esquecer: risco de hipotensão associado a inibidores da fosfodiesterase. Trimetazidina: modulador metabólico – inibição oxidação ácidos graxos. Ranolazina: ação parece ser nas correntes tardias dos canais de sódio. Aspirina: prevenção primária/secundária. Ivabradina: ação no nó sinusal – canais f. Preferência a medicações que reduzem mortalidade na DAC crônica: inibidores da enzima de conversão (IECA), estatina, beta bloqueador e aspirina ANGINAS POR DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA NÃO OBSTRUTIVA: Angina variantes de Prinzemetal: Causada por vaso-espasmo localizado e intenso. Pode estar ou não correlacionada com lesão aterosclerótica coronariana e melhora com a administração de nitratos, fazer cateterismo Os pacientes portadores de Angina de Prinzmetal tendem a ser mais jovens que os portadores de DAC crônica, e muitos não apresentam os fatores de risco clássicos para doença coronariana, exceto pelo tabagismo. A dor tende a ser severa e a ocorrer durante a madrugada, por vezes em surtos repetidos 2 ou 3, em um período de até 01 hora. Ao contrário da angina instável, não ocorre normalmente história de angina de esforço prévio. Episódios de IAM por espasmo em artérias angiograficamente normais são bem documentados. O TTO inclui nitratos e bloqueadores de cálcio como drogas de escolha. Betabloqueadores e aspirina podem piorar os sintomas. Síndrome X: Síndrome anginosa ou angina like, com artérias coronárias normais, que deve ser diferenciada da doença coronariana clássica. Ocorre mais frequentemente em mulheres na fase Peri e pós-menopausa, enquanto a DAC obstrutiva ocorre mais em homens e mulheres pós-menopausa. Menos da metade dos pacientes tem sintomas de angina típica, no entanto esta dor pode ser incapacitante, mesmo que benigna no ponto de vista de mortalidade. O prognóstico normalmente é excelente. Os pacientes são encaminhados para coronariografia por suspeita de DAC. A causa da síndrome não é completamente entendida. Aumento da incidência de desordens psiquiátricas nos pacientes com dor torácica e coronárias normais. Drogas antianginosas, aspirina, controle fatores de risco e estatina Cardiomiopatia de takotsubo: é reversível Ponte miocárdica: anomalia congênita. Segmento coronário intra-miocárdico (mais comum na DA). Clínica: assintomático ou angina estável. Usar preferencialmente betabloqueadores, segunda opção BCC. Evitar nitratos Anomalias congênitas das artérias coronarianas Embolia coronariana Dissecção coronária espontânea Arterite coronariana Radioterapia Estenose aórtica Cardiomiopatia hipertrófica ETAPAS DO ATENDIMENTO: História clínica e exame físico: Probabilidade alta de DAC drogas que diminuem mortalidade. Exames complementares iniciais: Laboratório: glicemia, HGA1C, hemograma, creatinina, perfil lipídico, TSH, EAS e outros. Eletrocardiograma, ecotranstorácico e US carótidas/ITB/Escore de cálcio coronário. Estimar a probabilidade ou carga de doença aterosclerótica, fatores de risco e metas de controle risco do paciente. Retorno do paciente: Outros exames: teste ergométrico e/ou ecotranstorácico NORMAL OK segue tratamento. Duvidoso ou alterado encaminhado especialista para realização cintilografia miocárdica esforço/escoestresse/ressonância magnética/tomografia de coronárias. Invasivo: cateterismo cardíaco. ATEROSCLEROSE: Situação atual do paciente; Focar prevenção – MEV; Farmacologia – aspirina, estatina, BB e IEC. Lembrar sempre da progressão da doença; Complicações agudas da doença. Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 6 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA SÍNDROME CORONARIANA AGUDA: A anamnese é o pilar diagnóstico mais importante e deve ser explorada de forma criteriosa para um adequado manejo terapêutico subsequente DIAGNÓSTICO: A principal manifestação clínica em um paciente com isquemia miocárdica é a dor torácica em região precordial ou retroesternal, de intensidade variável (geralmente, forte) em pacientes com infarto agudo do miocárdio. Dor com suas irradiações. Algumas vezes, a apresentação clínica é atípica, com ausência de sintomas ou presença de desconforto, peso ou mal-estar torácico indefinido, sudorese e fraqueza sem causa aparente. Essas formas de apresentação podem aparecer, principalmente, em idosos, diabéticos, mulheres e em portadores de insuficiência cardíaca. Vale lembrar que algumas condições clínicas, como confusão mental, dispneia, edema agudo de pulmão, síncope, parada cardiorrespiratória, tromboembolismo arterial cerebral ou periférico podem ter o IAM como substrato patológico mesmo na ausência de precordialgia. Síndrome coronariana aguda (SCA): IAM com supra de ST, IAM sem supra de ST e angina instável. SCA sem supra de ST tem que fazer diagnóstico diferencial com angina instável. SCA sem supra de ST: evidência de necrose = aumento de troponina. O que diferencia as SCA: é que no IAM sem supradesnivelamento ocorre necrose das células miocárdicas, enquanto na angina instável ocorre isquemia miocárdica, porém, sem a necrose dos cardiomiócitos. Diagnóstico de SCA sem supra: Dor anginosa prolongada (maior que 20 minutos) em repouso; Angina CCS II ou III de início com menos de 2 meses; Piora de classe funcional da angina para CCS III ou IV; Angina pós-infarto. Angina atípica é mais comum em idosos, mulheres, diabéticos, renais crônicos e pacientes com demência. FISIOPATOLOGIA: Critérios para IAM quarta definição universal: elevação (com pele menos um valor acima do percentil 99) e\ou queda com curva sugestiva Sintomas de isquemia miocárdica Alterações do segmento ST\onda 1\BRE novo Desenvolvimento de ondas Q patológicas no ECG Perda de músculo miocárdico viável ou alteração da motilidade segmentar em método de imagem Identificação do trombo intracoronariano por angiografia ou autópsia Injúria miocárdica: ocorre aumento de troponina, pode ser aguda ou crônica É secundária à isquemia miocárdica Todo infarto apresenta injúria Classificação: Tipo 1: estabilidade da placa. Tipo 2: desbalanço oferta x demanda. Consumo de O2. Tipo 3: morte súbita. Tipo 4: relacionado a ATC. Angioplastia. Tipo 5: relacionado à cirurgia cardíaca. Marcadores de Injúrias Miocárdicas: Enzimas: mioglobina, troponina, CKMB Mioglobina é o marcador mais precoce de injúria miocárdica. Troponina é a mais utilizada. Elevação em torno de 36 horas e permanece até 10 a 14 dias. Troponina representa lesão, necrose miocárdica. Início: 03 horas. Pico: 18 a 24 horas. Duração até 10 dias. Órgão específico, mas não doença específica. CKMB: pico em 24 horas e em 4-5 dias voltam ao normal Causas: Condições Cardíacas: IC Miocardite Crise hipertensiva Cardiomiopatias Síndrome de Takotsubo Choque de desfibrilação\cardioversão Outros procedimentos cardíacos Ablação por cateter Revascularização coronária Contusão cardíaca Condições Sistêmicas: Sepse e choque séptico Doença renal crônica Hipotireoidismo AVC isquêmico\hemorrágico subaracnóide Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 7 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Embolia pulmonar Doenças infiltrativas Quimioterapia Doentes críticos Exercício extenunante ECG: Idealmente, o ECG de doze derivações deve ser realizado e interpretado dentro de 10 minutos após a admissão do paciente. Alterações no ECG em pacientes com SCASSST incluem depressão do segmento ST, elevação transitória do segmento ST ou nova inversão da ondaT. Ressalta-se que AI e IAMSSST são, geralmente, indistinguíveis pelo ECG e que este, sendo normal, não exclui o diagnóstico de SCASSST. Nesse caso, deve ser repetido de forma mais freqüente (por exemplo, com intervalos de 15 a 30 minutos na primeira hora) A acurácica diagnóstica de um ECG anormal aumenta quando se dispõe de um traçado de ECG prévio para comparação. Alterações dinâmicas no segmento ST (depressão ou elevação do ST) ou inversões da onda T durante episódio doloroso são importantes marcadores de prognóstico adverso. Pacientes com alterações de ST em derivações anterosseptais e/ou inversão simétrica da onda T (igual ou maior que 2 mm(0,2mV)) em derivações precordiais, comumente apresentam estenose significativa da artéria coronária descendente anterior e constituem um grupo de alto risco. Alterações eletrocardiográficas sugestivas de isquemia miocárdica: Supra de ST em 2 derivações contíguas maior ou igual a 1 mm: No caso de V2 e V3, o ponto de corte é maior ou igual a 2,5 mm em homens até 39 anos, e maior ou igual a 2 mm em homens com 40 anos ou mais, e maior ou igual a 1,5 mm em mulheres Infra de ST típico maior ou igual a 0,5 mm em 2 derivações contíguas Inversão de onda T maior que 1 mm com razão entre a onda R e S maior que 1 Novo BRE ou BRD (não frequência-cardíaca dependentes): atentar para os critérios (Sgarboss) que indicam isquemia na vigência de BRE Registrar V7 e V8 em ECG considerados normais quando a clínica for muito sugestiva. Elevação isolada de aVR equivale ao supra de ST EXAMES LABORATORIAIS : Aumento de troponina acima do percentil 99 Variação maior que 20% entre as dosagens: Se tiver evidência de isquemia se trata de infarto Se for infarto com desbalanço entre oferta e demanda é IAM tipo 2 Se for estabilização de placa é IAM tipo 1 Se não tiver evidência de isquemia é injúria miocárdica, devido a IC aguda e miocardite Variação menor que 20% entre as dosagens: pode ser injúria devido a ICC e DRC CLASSIFICAÇÃO DE BRAUNWALD PARA ANGINA INSTÁVEL: Gravidade dos sintomas: Classe I: angina de início recente (menos de 2 meses), frequente ou de grande intensidade (três ou mais vezes ao dia), acelerada (evolutivamente mais frequente ou desencadeada por esforço progressivamente menores) Classe II: angina de repouso subaguda (um ou mais episódios e repouso nos últimos 30 dias, o último episódio ocorrido há mais de 48 horas) Classe III: angina de repouso agudo (um ou mais episódios em repouso nas últimas 48 horas) Circunstâncias das Manifestações clínicas: Classe A: angina instável secundária (anemia, febre, hipotensão, hipertensão não controlada, emoção não rotineiras, estenose aórtica, tireotoxicoses, hipoxemia) Classe B: angina instável primária Classe C: angina pós-infarto do miocárdio (mais de 24 horas e menos de duas semanas) Intensidade do tratamento: Classe 1: sem tratamento ou com tratamento mínimo Classe 2: terapia antianginosa usual Classe 3: terapia máxima IAM SEM SUPRA DE ST: ESCORE DE RISCO: Todos possuem pontuação 1: Idade maior que 65 anos Lesão coronariana maior ou igual a 50% Uso de AAS nos últimos 7 dias 2 crises de angina com duração menor que 24 horas Desvio de ST maior ou igual a 0,5 mm Aumento do marcador de necrose 0-2: risco baixo Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 8 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA 3-4: risco intermediário 5-7: risco alto ESCORE DE RISCO PARA SANGRAMENTO: O sangramento é associado a prognóstico adverso na coronariopatia aguda e, sempre que possível, todos os esforços devem ser realizados para reduzi-lo. Parâmetros: Idade: 0-100 FC: 0-46 PAS: 58-0 Creatinina: 1-28 Killip: 0-59 PCR na admissão:39 Desvio de ST: 28 Elevação de marcadores de necrose: 14 Pontuação: Baixo risco: menor que 108 pontos Médio risco: de 109-140 Alto risco: maior ou igual a 141 pontos TRATAMENTO: Medicamentoso: Antiagregantes plaquetários: Ácido acetilsalicílico (ASS): inibidor da COX, com duração eterna Ataque: 200-300mg (mastigado). Manutenção: 75-100mg/dia. Clopidogrel: Inibidor do receptor P2Y12 com duração de 01 ano Ataque: 300mg. Manutenção: 75mg/dia. Outros podem ser utilizados associados sempre a aspirina. Anticoagulantes Enoxaparina / duração: até angioplastia, alta ou 08 dias 1 mg/kg SC 12/12h. Correções: RFG < 30ml/min 1mg/kg SC 1x/dia. Igual ou maior que 75 anos 0,75 mh SC 12/12h. Outras terapias Suplementação de O2: SpO2 < 90% ou PaO2 < 60 mmHG. Antianginosos: Nitratos e morfina. Melhorar remodelamento e sobrevida a longo prazo: Estatina de alta potência, beta- bloqueador, IECA ou BRA. Medidas iniciais: Os principais objetivos do tratamento são aliviar os sintomas, reduzir o risco de morte e de complicações e limiar a extensão da lesão miocárdica. Para isso, é fundamental que o paciente com suspeita de SCACSST seja atendido o mais rapidamente possível. Oxigênio História e exame físico direcionados MONA-beta-CH Marcadores de necrose, coagulação, heboglobina e plaquetas ECG de 12 derivações Radiografia de tórax\ecocardiograma A primeira medida medicamentosa a ser tomada é a administração de ácido acetilsalicílico (AAS) em dose de ataque, que pode anteceder inclusive ao ECG. O paciente com suspeita de SCA deve ser conduzido à sala de emergência onde será monitorizado. Acesso venoso e oxigênio. Medicamentos: morfina, oxigênio, nitroglicerina, AAS, BB, clopidogrel e heparina TERAPIA DE REPERFUSÃO: Angioplastia primária é o tratamento de escolha, quando possível. Está indicada a pacientes com choque cardiogênico em até 36 horas após o início da dor e até 18 horas após o início do choque. O tempo porta-balão deve ser < 2 horas em qualquer paciente submetido à angioplastia primária. Nos pacientes que se apresentam em até 2 horas do início dos sintomas, esse tempo deve ser idealmente < 90 minutos. Contraindicações ao uso dos trombolíticos nas síndromes coronárias aguda: Absoluta: Sangramento intracraniano prévio ou AVC de origem desconhecida Neoplasia do SNC Sangramento ativo AVC isquêmico nos últimos 3 meses Trauma importante em rosto ou cabeça ou cirurgia maior nos últimos 3 meses MAV cerebral conhecida Dissecção aguda de aorta Relativas: Punções em locais não compressíveis nas últimas 24 horas AVC isquêmico há mais de 3 meses Gestação ou primeira semana no pós-parto Uso de anticoagulantes orais Sangramento interno recente (menos que 4 semanas) Ressuscitação prolongada Hipertensão refratária Úlcera péptica ativa RCP traumática ou superior a 10 minutos Distúrbios Cardiovasculares – Amanda Longo Louzada 9 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Cirurgia nas últimas 3 semanas Endocardite infecciosa Doenças hepática avançada Uso há mais de 5 dias ou alergia à estreptoquinase
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