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Afecções do sistema digestivo

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Afecções do sistema 
digestivo 
DOENÇA GÁSTRICA: 
O vomito é a principal manifestação clínica da 
doença gástrica. 
Sangramento gástrico geralmente ocorre nos 
casos de doença gástrica erosiva-ulcerativa, 
como hematêmese e melena (fezes 
enegrecidas). Sangue vivo é no final do trato e 
escurecido no começo. 
A distensão abdominal é menos comum, 
devendo ser diferenciada de outras causas não 
gástricas, como ascite, organomegalia, 
neoplasia, hiperadrenocorticismo canino e 
obesidade. 
EXAMES LABORATORIAIS: 
• O hemograma pode estar normal em 
gastrites primarias 
• Nos casos de sangramento crônico, pode 
ocorrer anemia arregenerativa, já em 
hemorragias agudas significas é mais 
comum anemia regenerativa 
• Doenças virais, como o parvovírus, podem 
causas neutropenia. A eosinofilia pode 
correr em parasitismos e gastrite 
eosinofílicas 
• Enterocolite bacterianas e doença 
inflamatória intestinal podem causar 
leucocitose com neutrofilia 
RADIOGRAFIA: 
O exame radiográfico contrastado pode ser 
utilizado no diagnóstico de doenças gástricas, 
porem requer tempo e radiografias 
consecutivas. A acurácia e a especificidade 
diagnosticam são limitadas. 
O bário deve ser adm. puro ou misturado ao 
alimento pastoso, as doses recomendadas 8 a 
13mL/kg para cães pequenos ou gatos e 4 a 8 
ML/kg para cães grandes. 
O contraste pode indicar estreitamento no 
piloro, os quais podem ser caracterizados por 
hiperplasias, neoplasias ou doenças 
inflamatórias. 
ULTRASSONOGRAFIA: 
A ultrassonografia pode ser utilizada, sem 
contraindicações, e é a de eleição, 
rotineiramente, mas sua contribuição 
diagnostica são limitadas para avaliação 
gástrica. 
O gás interfere na interpretação do exame 
devido a produção de artefatos. 
Animais que serão submetidos a ultrassom, 
principalmente para avaliação gástrica, devem 
estar em jejum alimentar, porem a adm. de água 
deve ser realizada antes do exame, para 
facilitar a visibilidade da parede gástrica 
A presença de conteúdo alimentar no 
estômago também confunde a interpretação 
diagnostica. 
A endoscopia possibilita a visualização do lúmen e 
do esôfago, do estomago e duodeno, de modo 
minimamente invasivo (porque precisa de 
sedação) 
Ela possibilita visualizar inflamação, 
caracterizada por edema e hiperemia na 
mucosa gástrica, erosões, ulceras, corpos 
estranhos, hiperplasias, hemorragia gástrica, 
pólipos e proliferações teciduais. 
Sua contribuição se estende, ainda, a coleta de 
material para realização de exame citológico e 
ao estudo histopatológico sob orientação visual. 
GASTRITE AGUDA E DOENÇA GÁSTRICA 
ULCERATIVA: 
São várias as causas e fatores que levam a 
gastrite aguda, como ingestão de corpo 
estranho, material erosivo, intolerância e 
indiscrição alimentar, fármacos, parasitos e 
infecções virais. 
Grande parte dos animais responde ao 
tratamento sintomático, porém sem o 
diagnostico conclusivo. Acredita-se que a 
exposição repetida a antígenos pode levar a 
resposta alérgica ou imunomediada que 
causaria gastrite aguda. 
Os mecanismos fisiopatológicos gerais de 
ulceração gástrica incluem lesão direta na 
barreira da mucosa gástrica, aumento de 
secreção dos ácidos gástricos, retardo na 
renovação de ept gástrico e diminuição do fluxo 
sanguíneo na mucosa. 
São mutas as causas de ulceração e erosão 
gástrica. Entre as mais comuns, está a adm. de 
antinflamatórios não esteroidais. Os AINE 
cassam uma gastrite por inibição da síntese de 
prostaglandinas protetoras. 
CARACTERÍSTICA CLÍNICA: 
O início das manifestações clinicas acontece de 
modo agudo e se caracteriza por vômitos 
intermitentes, hematêmese, melena, dor, apatia 
e choque. 
O DIAGNÓSTICO: 
Deve se basear no histórico clinico, como 
tratamento com AINE ou corticosteroides, e 
nas manifestações clinicas. 
O exame radiográfico contrastado pode ser útil 
apenas em casos e ulceras muito profundas. 
A ultrassonografia pode indicar espessamento 
de mucosa gástrica pela inflamação e liquido livre 
nos casos de perfuração. 
A endoscopia é o método diagnostico mais útil, 
por possibilitar a visibilidade direta da lesão e 
confirmar o diagnóstico. Biopsias de erosão e 
ulceras visibilizadas durante o procedimento 
endoscópico devem ser realizadas e 
encaminhadas para estudo histopatológico, 
principalmente quando houver lesões 
proliferativas ulceradas. 
TRATAMENTO: 
A via oral deve ser evitada até que o vomito seja 
interrompido. A adm. De fluidoterapia mantem o 
animal hidratado e a perfusão gástrica. 
A nutrição enteral ou parental deve ser 
instituída para manter aporte nutricional 
adequada. O jejum prolongado não é indicado. Em 
casos de sangramento significativo, a 
transfusão é indicada para reposição sanguínea, 
assim como a cirurgia nos casos de transfusão 
é de, no mínimo, 2 a 3 semanas. 
Os inibidores da bomba de prótons (omeprazol e 
lanosprazol) bloqueiam a enzima sodiopotassio 
adenosina trifosfatase da célula parietal e 
inibem a formação de ácido gástrico. 
Os antagonistas de receptor de H2 se ligam a 
seus receptores nas células parietais 
produtoras de ácido e tornam as células menos 
responsivas a gastrina e a acetilcolina. Os 
antagonistas são famotidina, cimetidina, a 
nizatidina e a ranitidina. A diferença entre eles 
está na capacidade supressora de ácido e nos 
efeitos pró-cinéticos. 
A ranitidina e a nizatidina tem efeito procinético 
e antiácido, pois, além de diminuírem a acidez 
gástrica, aumentam a motilidade e o 
esvaziamento gástrico, auxiliando na diminuição 
dos refluxos gastresofágicos e 
enterogástrico. 
O Sucralfato é indicado, por ser eficaz no 
tratamento de gastrites erosivas e 
ulcerativas, pois se adere as lesões, formando 
uma camada protetora. A dose é de 0,5 a 1g a 
cada 6 a 12 horas. 
Os fármacos pró-cinéticos melhoram o 
esvaziamento gástrico e diminuem o refluxo 
enterogástrico, auxiliando na cicatrização e 
diminuindo a lesão gástrica. 
A metoclopramida tem efeito antiemético 
central e procinético periférico, agindo na 
musculatura lisa do trato gastrintestinal 
(contração antral, pilórica e duodenal). 
Pode ser usada na dose 0,2 a 0,5 mg/kg a cada 8 
horas ou 0,01 a 0,02 mg/kg/h em infusão 
continua por via intravenosa (IV) 
A eritromicina é um antibiótico que estimula 
receptores de motilidade da musculatura 
gastrintestinal lisa. Age, principalmente, no 
esvaziamento de sólidos, devendo ser 
administrada em jejum. A dose pró-cinética de 
eritromicina é de 0,5 a 1mg/kg por via oral (vo) a 
cada 8h. 
GASTRITE HEMORRÁGICA AGUDA IDIOPÁTICA: 
A causa da gastrite hemorrágica não é bem 
defina, mas pode representar uma reação 
imunomediada envolvendo o trato 
gastrintestinal. 
Sua fisiopatologia se assemelha a enterite 
hemorrágica aguda em humanos induzida por 
cepas enteroxigênicas de E. coli 
Uma característica importante é a 
Hemoconcentração (hematócrito > 55%), com 
concentrações normais de proteína plasmática 
total. 
A azotemia renal ou pré renal e a 
trombocitopenia podem estar presentes em 
animais gravemente acometidos. 
E Hemoconcentração, associada as 
manifestações clinicas caracterizadas, pode 
indicar gastrenterite hemorrágica. 
Fluidoterapia agressiva é de extrema 
importância para corrigir a desidratação aguda 
e evitar choque, coagulação intravascular 
disseminada secundária à hipoperfusão e 
insuficiência renal secundaria a hipovolemia. 
Indicam-se fármacos antissecretores como: 
• Ranitidina (2 mg/kg, a cada 12 ou 8 h), 
omeprazol (1 mg/kg, a cada 12 a 24 h) 
• Fármacos para o controle do vomito, 
metoclopramida (0,2 a 0,5 mg/kg, a cada 12 a 
8 h) e ondansetrona (0,5 mg/kg, a cada 12 a 8 
h). 
• A administração de antibióticos é útil para 
evitar possível proliferação das bactérias 
intestinais (p. ex., amoxicilina, ampicilina, 
enrofloxacina, metronidazol). 
• O Sucralfato auxilia na cicatrização de 
úlceras. 
GASTRITE CRÔNICA – FISIOPATOLOGIA: 
A gastrite crônica ocorre frequentemente em 
cães e gatos, porém sua prevalência real não é 
conhecida. Entreas causas de gastrite crônica, 
estão alergias alimentares, terapia crônica com 
AINE e infecções bacterianas, parasitarias e 
fúngicas. 
A gastrite crônica é caracterizada por 
episódios intermitentes de vômitos, algumas 
vezes com episódios agudos, sem resposta ao 
tratamento empírico. Outras manifestações 
clínicas, como anorexia, perda de peso e dor 
abdominal, podem ocorrer. 
DIAGNOSTICO: 
O exame radiográfico simples é útil nos casos 
em que a causa é a presença de corpo 
estranho, dependendo de sua radiopacidade. O 
exame radiográfico contrastado pode 
contribuir nos casos de retardo no 
esvaziamento gástrico. 
O exame ultrassonográfico pode ser útil na 
mensuração de parede gástrica e, em alguns 
casos, indicar que existe corpo estranho. 
A endoscopia digestiva alta é efetiva nesses 
casos, pois visibiliza a inflamação na mucosa 
gástrica. 
GASTRITE ASSOCIADA AO HELIOCOBACTER SPP . : 
A bactéria em espiral gram-negativa, chamada 
de Heliocobacter, infecta o estômago de 
mamíferos. Esses microrganismos produzem 
urease, enzima que ajuda a bactéria a se 
adaptar ao ambiente ácido gástrico. 
• Em humanos, o Helicobacter pylori está 
associado a gastrites primárias, doença 
ulcerativa e pode ser causa predisponente 
de carcinoma e linfoma. 
• Em cães e gatos, esse microrganismo pode 
ser encontrado no estômago, porém não é 
comprovado que seja a causa de gastrite 
nessas espécies. A prevalência de 
Helicobacter spp. em cães é alta. 
TRATAMENTO: 
O tratamento em cães e gatos geralmente é 
instituído quando a infecção estiver associada a 
manifestações clínicas relacionadas ou à 
ausência de outras doenças que o justifique. Em 
humanos, o tratamento inclui a associação de 
antibióticos com bismuto. 
O bismuto tem atividade antimicrobiana contra 
Heliocobacter. 
Metronidazol, azitromicina, amoxicilina e 
tetraciclina são antibióticos usados em 
humanos, associados ao omeprazol. 
RETARDO NO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO: 
Alterações na motilidade gástrica resultam em 
doenças que podem interromper, direta ou 
indiretamente, o funcionamento gástrico. 
Entre as causas mais comuns de retardo no 
esvaziamento gástrico, estão obstrução 
mecânica, alterações funcionais, estenose 
pilórica e gastropatia pilórica hipertrófica 
crônica (CHPG –chronic hypertrophic pyloric 
gastropathy). 
A obstrução mecânica pode ser secundária a 
lesões anatômicas em piloro e/ou duodenais. 
Estenose pilórica ocorre devido à hipertrofia da 
musculatura pilórica e, assim como a CHPG, pode 
ser congênita ou adquirida. As raças mais 
predispostas são as braquicefalicos ou 
pequenas, como Lhasa Apso, Boxer, Shih Tzu, 
Boston terrier e Maltês, e machos de meia-idade 
são mais acometidos. 
Neoplasias infiltrativas ou pólipos em piloro ou no 
duodeno também podem prejudicar o 
esvaziamento gástrico. 
O tratamento para CHPG e estenose pilórica é 
cirúrgico. O prognóstico normalmente é bom, 
mas alguns pacientes necessitam de refeições 
pequenas e frequentes e do auxílio de 
medicamentos pró-cine ́ticos, como a 
metoclopramida. 
No caso de retardo funcional, no qual não há 
causa mecânica ou metabólica, o tratamento 
baseia-se em alimentação específica e na 
utilização desses medicamentos. 
O fármaco pró-cinético mais eficaz é a 
cisaprida, pois coordena as contrações de antro, 
piloro e duodeno, aumentando o tempo entre as 
contrações duodenais, sem efeitos colaterais. 
A metoclopramida também acelera o 
esvaziamento gástrico e pode ser utilizada em 
alterações de motilidade associadas a causas 
metabólicas, as quais podem estimular o centro 
do vômito. 
Os antagonistas de receptores H2, ranitidina e 
nizatidina, também são utilizados como pró-
cine ́ticos, inibem a secreção de a ́cido gástrico, 
estimulam o esvaziamento gástrico e a 
motilidade do intestino delgado e do cólon. 
GASTRITE PARASITÁRIA: 
Nematoides, como Physaloptera spp. habitam o 
estômago e o duodeno proximal de muitos 
carnívoros. 
A existência desses parasitos no estômago 
causa vômitos intermitentes e gastrite. 
Em cães, encontra-se o nematoide 
Physaloptera rara; nos gatos, o Ollulanus 
tricuspis. 
TRATAMENTO: 
• O tratamento com pamoato de pirantel (5 
mg/kg, por 3 semanas) elimina o 
Physaloptera rara. 
• O tratamento para Ollulanus tricuspis é 
incerto. 
• O fembendazol (10 mg/kg, a cada 24 h, por 2 
dias) pode ser eficaz. 
CORPOS ESTRANHOS GÁSTRICOS: 
A manifestação clínica mais frequente é o 
vômito. A ingestão de corpos estranhos é mais 
comum por filhotes, mas cães adultos, e até́ 
mesmo idosos, podem ingerir objetos. 
O vo ̂mito pode ser consequência de obstrução 
da saída gástrica ou irritação da mucosa. Nos 
casos em que não ocorre lesão grave na 
mucosa ou obstrução, o objeto pode 
permanecer no estômago por meses, sem 
manifestações clínicas ou com vômitos 
esporádicos. 
Corpos estranhos lineares podem causar 
perfuração intestinal com subsequente 
peritonite, por isso o diagnóstico deve ser 
preciso. 
TRATAMENTO: 
Corpos estranhos pequenos podem passar pelo 
trato gastrintestinal sem causar lesões 
importantes, porém grande parte necessita de 
remoção, que pode ser realizada por meio de 
cirurgia ou endoscopia. 
DILATAÇÃO VÓLVULO GÁSTRICO: 
Dilatação-vólvulo gástrico (DVG) ocorre, em 
geral, devido ao acúmulo de gás e líquido em 
excesso, dilatando o estômago. 
A aerofagia, fermentação causada pelo 
conteúdo alimentar e por bactérias, também 
contribui para o acúmulo de gás. 
A dilatação gástrica pode ser inicialmente 
simples, mantendo sua posição anatômica, ou 
progredir para torção, a qual pode ser parcial ou 
total. Essa rotação pode ocorrer no sentido 
horário ou anti-horário, entre 270° e 360°. 
O sentido horário é o mais comum, 
caracterizado pela rotação do piloro pela direita, 
passando por cima do fundo e corpo gástrico. 
Dependendo do grau da torção, o baço pode 
estar envolvido, juntamente com o omento 
maior, passando por cima do corpo gástrico e 
ficando à direita na parede abdominal. 
Durante a torção gástrica, o fluxo gástrico é 
interrompido e há́ mais formaça ̃o de ga ́s. 
O grande volume gástrico causa congestão 
mesentérica devido à obstrução das veias 
hepática e cava, levando a diminuição do débito 
cardíaco, choque e coagulação intravascular 
disseminada (CID). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
DVG ocorre, predominantemente, em cães de 
grande porte, devido ao tórax profundo. A 
ingestão de grandes volumes de comida e água 
pode causar a distensão do estômago, 
facilitando a torção, assim como a realização de 
exercícios com o estômago repleto. 
Os cães podem apresentar dor abdominal, 
vômitos improdutivos e distensão abdominal 
timpânica. A acidose metabólica ocorre 
comumente no paciente com DVG devido à 
diminuição do volume sanguíneo circulante, à 
hipoxia e à acidose láctica. Devido à alteração 
circulatória importante, os cães podem evoluir 
rapidamente ao choque. Por isso, DVG 
caracteriza-se como emergência. 
TRATAMENTO: 
• O tratamento deve ser iniciado o mais rápido 
possível como nos casos de choque, com 
fluidoterapia agressiva (50 ml/kg nos 
primeiros 15 min). O mesmo volume deverá 
ser administrado por mais 30 a 45 min. 
Dependendo da resposta do paciente, o 
cristaloide pode ser diminuído para 20 a 40 
ml/kg/h pelas próximas 2 h e, então, para 11 a 
22 ml/kg/h. 
• O uso de coloides pode ser de grande valia (11 
ml/kg em bolus, em 10 a 15 min). 
• A aferição de pressão venosa central ou 
pressão arterial sistêmica, débito rinário, 
pulso e preenchimento capilar é útil para 
monitoramento e para avaliar a quantidade 
de fluidoterapia a ser administrada. O 
volume globular e a proteína total plasmática 
devem ser monitorados devido à 
hemodiluição. 
A descompressão gástrica deve ser feita 
imediatamente, pois melhora o débito cardíaco e 
alivia a oclusãoda veia cava caudal e das veias 
portais. Pode ser feita pela passagem de tubo 
ou sonda gástrica ou centese gástrica. 
A centese é mais bem tolerada e pode ser feita 
com um cateter 14 ou 16 G do lado esquerdo. 
Caso seja possível a passagem da sonda, o 
conteúdo gástrico deve ser removido, sendo 
necessário sedar o animal. A incapacidade de 
passagem da sonda não significa que o vólvulo 
está presente, e vice-versa. 
O esto ̂mago deve ser reposicionado e a 
gastropexia, feita para evitar recidiva. A 
mucosa do estômago deve ser inspecionada 
quanto a ulcerações, isquemia e necrose. 
Se necessário, o tecido desvitalizado deve ser 
removido. O comprometimento vascular do 
baço deve ser avaliado e, se necessário, 
realizada a esplenectomia.3 Antibioticoterapia é 
indicada devido à alta probabilidade de 
ocorrência de sepse. Recomendam-se ampicilina 
(22 mg/kg), enrofloxacino (5 mg/kg) e cefalexina 
(20 mg/kg). 
O uso de corticoides pode ser benéfico para o 
tratamento inicial devido ao choque. Altas doses, 
no início, podem melhorar o fluxo sanguíneo, 
diminuir a permeabilidade dos vasos e reduzir a 
absorção intestinal. 
Recomenda-se succinato sódico de prednisolona 
(40 mg/kg IV, a cada 1 a 3 h) ou fosfato sódico 
de dexametasona (10 mg/kg IV, a cada 3 a 6 h, 
conforme a necessidade) para o choque. 
Os antagonistas de receptor H2 podem ser 
administrados, assim como o omeprazol nos 
casos de lesão gástrica grave. As arritmias 
podem se desenvolver até 72 h após o início de 
DVG. 
DOENÇAS DO INTESTINO DELGADO: 
DIARREIAS AGUDAS: 
Causas comuns associadas a diarreias agudas 
são alterações ou intolerâncias dietéticas, 
medicamentos, toxinas, parasitos intestinais, 
agentes infecciosos (bactérias, vírus e 
riquétsias), além de distúrbios sistêmicos ou 
metabólicos. Embora existam exceções, as 
diarreias agudas associadas a dieta, parasitos e 
medicamentos são geralmente menos graves e 
autolimitantes. 
Algumas causas de diarreias agudas graves que 
requerem rápida intervenção por 
representarem risco de vida aos animais 
ocorrem mais frequentemente em animais 
jovens (idade menor ou igual a 12 meses) e são 
causadas por enterites infecciosas. Como 
exemplo, têm-se as infecções pelo vírus da 
parvovirose canina (CPV). 
FISIOPATOGENIA: 
Vários são os mecanismos de ação envolvidos 
na instalação do quadro de diarreia, sendo 
quatro os principais: alterações osmóticas, 
distúrbios promotores de hipersecreção, 
elevação na taxa de permeabilidade das 
mucosas e motilidade intestinal alterada. 
Em função da grande quantidade de secreções 
fisiológicas diárias provenientes de glândulas 
salivares, estômago, intestinos delgado e 
grosso, pa ̂ncreas e fígado, uma grande 
quantidade de fluidos é perdida caso o trato 
intestinal não estiver com seu funcionamento 
regular e equilibrado. A concentração de solutos 
osmoticamente ativos retidos no lúmen 
intestinal determinará o teor hídrico encontrado 
nas fezes. 
O aumento excessivo na permeabilidade de 
mucosas resulta em perda de fluidos, 
eletrólitos, proteínas e hemácias no interior do 
lúmen intestinal. Esse aumento de 
permeabilidade está́, frequentemente, 
associado a processos erosivos, ulcerativos, 
inflamatórios e neoplásicos, como as doenças 
intestinais inflamatórias e os linfomas. 
TRATAMENTO: 
A fluidoterapia com soluções cristaloides 
(solução de ringer com lactato ou NaCl a 0,9%) 
deve ser iniciada com o objetivo de repor a 
volemia rapidamente. Esses animais estão 
sempre desidratados, portanto, a reposição 
das perdas estimadas deve ser realizada nas 
primeiras 4 a 6 h. Animais em choque 
hipovolêmico devem receber uma quantidade de 
fluido igual a um volume sangui ́neo na primeira 
hora, até́ o restabelecimento do equili ́brio 
hemodina ̂mico: 
• Desidratação = desidratação estimada (%) × 
peso (kg) 
• Manutenção = 40 a 60 ml/kg/dia 
• Perdas (vômito e diarreia) = 40 a 60 
ml/kg/dia. 
• A reposição de eletrólitos, principalmente o 
potássio sérico, é muito importante. 
• A administração de glicose é indicada para 
pacientes com hipoglicemia. Nesse caso, 
deve-se administrar glicose a 25% embolus e, 
a seguir, infundir fluidos que contenham 5% 
de glicose para manutenção da 
normoglicemia. 
• A antibioticoterapia geralmente é 
preconizada para prevenção da sepse 
• (amoxicilina-clavulanato) 
DIARREIAS CRÔNICAS: 
Podem ser classificadas em doenças de má 
digestão (ou doenças intraluminais) e má 
absorção (ou doenças da mucosa intestinal). O 
acometimento da drenagem linfática intestinal 
ou linfangiectasia é classificado como um 
distúrbio “pós-mucosa” devido à sua localização 
(submucosa). 
A seguir, são destacadas as classificações e as 
doenças mais comuns de cada uma delas: 
• Distúrbios intraluminais (má digestão): 
• Parasitismo 
• Insuficie ̂ncia pancreática exócrina 
• Supercrescimento bacteriano intestinal 
A seguir, são destacadas as classificações e as 
doenças mais comuns de cada uma delas: 
• Distúrbios da mucosa intestinal (má 
absorção): 
• Síndrome do intestino curto 
• Hipersensibilidade alimentar 
• Doença inflamatória intestinal 
• Linfoma intestinal ou outras neoplasias 
• Distúrbios “pós-mucosa”: 
• Linfangiectasia (congênita ou adquirida). 
A distinção entre os distúrbios da mucosa 
intestinal e os intraluminais é muito importante 
para o prosseguimento do diagnóstico 
diferencial. 
Os próximos passos incluem exames 
laboratoriais, de imagem e, algumas vezes, 
exame histopatológico de fragmento obtido 
por biopsia do trato gastrintestinal. 
DOENÇAS DO CÓLON: 
COLITES CRÔNICAS: 
As colites crônicas são causas comuns de 
diarreia de intestino grosso. Cães e gatos com 
colite têm hematoquezia e fezes com muco. A 
consistência das fezes é variável. Inicialmente as 
fezes podem ser aquosas e com volume 
aumentado, seguidas da eliminação de pequenas 
quantidades com muco e sangue. 
Normalmente esses pacientes apresentam 
tenesmo, disquezia e urgência para defecar. 
Embora a definição “clássica” de diarreia crônica 
seja diarreia que persiste por mais de 2 
semanas, cães com colite crônica podem ter 
crises intermitentes que, com o passar do 
tempo, vão se tornando mais frequentes. 
ETIOLOGIA E FISIOPATOGENIA: 
A etiologia e a fisiopatologia das colites de 
pequenos animais são desconhecidas. Em seres 
humanos, as principais doenças inflamatórias do 
cólon são a doença de Crohn e a colite ulcerativa. 
Embora a maior parte das colites crônicas de 
cães seja menos grave do que as doenças de 
seres humanos, uma etiologia semelhante é 
postulada. 
Acredita-se que essas doenças sejam 
decorrentes de interação anormal entre as 
bactérias intestinais e o sistema imunológico. 
Uma das hipóteses é que, nessas doenças, há 
perda da tolerância imunológica contra 
antígenos microbianos normais. O defeito 
primário é do sistema imune da mucosa, que faz 
uma resposta inflamatória inadequada contra a 
flora normal, qualitativa e quantitativamente. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
Além da diarreia típica de intestino grosso, cães 
e gatos com colite geralmente têm poucos 
sintomas associados. Aqueles pacientes com 
colite intermitente podem apresentar anorexia 
e vômito, que precedem o episódio de colite. 
A crise geralmente não dura mais do que 2 dias 
e o animal volta ao normal. Geralmente ocorre 
emagrecimento. Sintomas como anorexia 
prolongada e emagrecimento são indícios de 
doença mais grave. 
DIAGNOSTICO: 
O diagnóstico definitivo depende da avaliação 
histológica de espécimes de biopsia do cólon. A 
colonoscopia é um método eficiente e pouco 
invasivo para avaliação da mucosa colônica e a 
obtenção de fragmentos para análise. 
Como a etiologia das doenças inflamatórias 
intestinais de cães e gatos é desconhecida, abiopsia é importante para descartar 
malignidade, para classificar a gravidade do 
quadro e servir como base para o tratamento. 
O diagnóstico definitivo depende da avaliação 
histológica de espécimes de biopsia do cólon. A 
colonoscopia é um método eficiente e pouco 
invasivo para avaliação da mucosa colônica e a 
obtenção de fragmentos para análise. 
Como a etiologia das doenças inflamatórias 
intestinais de cães e gatos é desconhecida, a 
biopsia é importante para descartar 
malignidade, para classificar a gravidade do 
quadro e servir como base para o tratamento. 
TRATAMENTO: 
Inclui a administração de antibióticos, anti-
inflamatórios e manejo dietético. 
ANTIBIÓTICOS 
O uso de antibióticos é geralmente 
recomendado nos casos de colite cro ̂nica, 
devido à hipótese de esses quadros serem 
decorrentes de uma resposta imunológica 
inapropriada contra a flora do cólon. O 
metronidazol é um dos mais utilizados, e alguns 
pacientes com colite branda podem ser 
tratados apenas com esse antibiótico. A dose 
empregada é de 10 a 20 mg/kg, 2 vezes/dia. 
ANTINFLAMATÓRIOS: 
Os derivados da mesalamina ou ácido 5-
aminosalicilíco são os medicamentos de escolha 
para o tratamento das colites crônicas em 
cães. A mesalamina é um fármaco semelhante 
ao ácido acetilsalicílico, que tem grande ação 
anti-inflamatória no cólon. 
A mesalamina, quando administrada por via oral, 
sofre absorção no estômago e no intestino 
delgado. Por esse motivo, derivados da 
mesalamina, como a sulfassalazina e 
preparados da mesalamina com proteção 
entérica, são os medicamentos mais usados na 
rotina clínica. 
MANEJO DIETÉTICO: 
O uso de dietas de eliminação ou hipoalerge ̂nicas 
é recomendado a pacientes com colite 
eosinofílica e felinos com colite crônica. 
Constipação intestinal, obstipação e megacólon: 
Constipação intestinal é um quadro 
caracterizado por defecação infrequente e 
fezes excessivamente firmes e ressecadas. 
O termo “obstipação” é usado para casos de 
constipação intestinal intratável, decorrente de 
alterações irreversíveis da função do cólon. 
O termo “megacólon” é usado em casos de 
dilatação colo ̂nica total. 
Muitos casos estão relacionados com a 
disquezia e o tenesmo, o que faz com que o 
paciente evite a defecação. 
Ocorre, então, absorção de água dessas fezes 
retidas e, na próxima tentativa, a defecação 
será mais dolorosa. 
Fatores ambientais ou de manejo também 
podem fazer que o animal evite a defecação. 
Assim, esse ciclo de constipação intestinal e dor 
é estabelecido. 
TRATAMENTO: 
Pacientes com constipação intestinal moderada 
a grave, incapazes de defecar, devem ter as 
fezes removidas antes de tentativas de 
tratamento domiciliar. 
Em alguns casos, a administração de enema de 
lactulose misturado com água, na proporção de 
1:1, é suficiente para lubrificar e hidratar as fezes 
e o paciente consegue defecar 
espontaneamente. Enemas fosfatados sa ̃o 
contraindicados a felinos, pois podem causar 
hiperfosfatemia, hipernatremia e hipocalcemia 
graves. 
TERAPIA DIETÉTICA: 
As fibras formadoras de massa são 
compostos de fibras solúveis como o farelo de 
trigo e o Psyllium, polissacarídios não absorvíveis. 
Sua ação baseia-se na capacidade de esses 
compostos atrair e reter água, proporcionando 
a formação de fezes mais macias e facilitando 
a defecação. 
Esses compostos também são metabolizados 
por bactérias do cólon em ácidos graxos 
voláteis, que também têm efeito positivo na 
motilidade do co ́lon. 
LAXANTES: 
Os laxantes osmóticos, como a lactulose, são 
opções para tratar a constipação intestinal a 
curto prazo, por exemplo, para facilitar a 
defecação em um paciente enquanto se 
aguarda a correção da causa de constipação 
intestinal. 
A lactulose é um dissacarídio não absorvível, que 
causa retenção de água nas fezes, por 
aumentar a osmolalidade do bolo fecal. 
A flatulência é o efeito colateral mais comum. 
Como é um açúcar, o sabor pode ser um fator 
limitante para seu uso, principalmente em felinos. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
• A colectomia parcial é indicada para gatos 
com obstipação, e os resultados são bons. 
• Os resultados da colectomia em cães são 
variáveis, e muitos animais podem ter 
incontine ̂ncia fecal após a cirurgia. 
PRINCIPAIS DOENÇAS ANORRETAIS: 
SACULITE ANAL: 
É a inflamação dos sacos anais (ou glândulas 
para-anais) que causará decomposição da 
secreção glandular, com posterior infecção 
secundária. 
Os cães de porte pequeno parecem ser mais 
predispostos, como Lhasa Apso, Shih Tzu, Maltês 
e Daschund. Não há predisposição etária. 
Observam-se eritema, edema, secreção 
purulenta acompanhada de prurido e lambedura. 
Eventualmente, o paciente pode apresentar 
disquezia. 
O diagnóstico, na maior parte dos casos, é clínico, 
mas pode ser necessária a realização de exame 
histopatológico para descartar neoplasias. 
FÍSTULA PERIANAL 
• A fístula perianal, também denominada 
furunculose anal ou abscesso anorretal, é 
uma doença imunomediada, com formação 
de trajetos fistulosos ulcerados de caráter 
progressivo. 
• As lesões podem ser acompanhadas de dor, 
disquezia, hematoquezia e incontine ̂ncia 
fecal. 
Há similaridades da fístula perianal com a doença 
de Crohn em seres humanos, que é uma doença 
inflamatória intestinal responsiva a fármacos 
imunossupressores. Existem relatos que 
sugerem correlações de endocrinopatias, como 
o hipotireoidismo, e que talvez possam contribuir 
para o desenvolvimento da doença. 
• Prednisolona 
• Imunossupressores: ciclosporina, azatioprina, 
tacrolimus

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