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Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH BACILOS GRAM POSITIVOS FORMADORES DE ESPOROS – Bacillus e Clostridium 1. Gênero Bacillus Compreendem mais de 200 espécies; Bacillus anthracis: antraz ou carbúnculo Bacillus cereus: gastrenterites, infecções oculares traumáticas, sepse associada ao uso de cateteres e pneumonia grave (raramente); 1.a. Bacillus anthracis Bacilo Gram positivos grandes (1x3 a 8um), isolados, aos pares ou em cadeias longas; Imóveis e anaeróbio facultativo; Produzem endósporos em cultura, esporos central ou subterminal; Doença de herbívoros (bovinos, caprinos, ovinos e equinos); Fator de virulência: Cápsula Linhagens virulentas: presença de plasmídeo que carreia genes para produção das toxinas * Letal (LeTx – morte de macrófagos); * Edemaciante / formadora de edema (EdTx) – acúmulo de líquido nos tecidos; Epidemiologia: Habitat solo; Humano hospedeiro acidental: exposição a animais ou produtos contaminados (lã); Transmissão: inalação (bioterrorismo), inoculação (95% dos casos – forma cutânea) ou ingestão (raro); Antraz → comum em países onde a vacinação de animais não é praticada; Síndromes clínicas: Os esporos germinam no tecido da porta de entrada e o crescimento dos microrganismos na forma vegetativa leva a formação de um edema gelatinoso. Os bacilos propagam-se pelos vasos linfáticos para a corrente sanguínea, multiplicando-se livremente no sangue e nos tecidos. Antraz cutâneo (carbúnculo) → introdução dos esporos no tecido. Início pápula indolor, evolui para úlcera circundada por vesículas e escara necrótica – edema maciço. Mortalidade 20% devido à septicemia. Antraz gastrointestinal → invasão do trato intestinal superior, formação de úlceras na boca e esôfago. Invasão do ceco ou íleo terminal – náusea, vômito, mal estar, doença sistêmica. Mortalidade 100%. Antraz por inalação → inalação dos esporos que alcançam os alvéolos pulmonares e são fagocitados por macrófagos. Germinação, multiplicação e disseminação pela corrente sanguínea. Septicemia e choque. Sintomas: febre, dores musculares, mal estar, tosse seca, insuficiência respiratória e sepse. Morte dentro de 3 dias após o aparecimento dos sintomas. Diagnóstico laboratorial: Cultura de sangue, escarro e líquido ou pus das lesões; Semeadura em ágar sangue: colônias não hemolíticas, grandes e mucóides; Pesquisa de toxinas por métodos moleculares; Coloração de Gram cadeias filamentosas de bacilos Gram +; Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH Tratamento, prevenção e controle: Penicilina, doxicilina e ciprofloxacina. Resistência: combinação de antibióticos (vancomicina, imipenem, rifampicina); Resistência a sulfonamidas e cefalosporinas; Vacinação dos animais, cremação ou sepultamento de animais; 1. b. Bacillus cereus Bacilos Gram positivos, móveis e esporulados; Habitantes comuns do solo; Produção de enterotoxinas: toxina emética (termoestável) e toxina diarreica (termolábil); Patogênese: Intoxicação alimentar → forma emética e forma diarreica; Forma emética: ingestão de arroz contaminado. PI: 1-6 horas. Sintomas: náusea, vômito e cólicas abdominais. Não há febre nem diarreia; Forma diarreica: ingestão de carne e verduras contaminadas. Microrganismo se multiplicam no trato intestinal do paciente – produção de toxina. Diarreia aquosa e cólica. A enterotoxina pode estar pré-formada no alimento ou ser produzida no intestino; Infecção ocular: traumatismo com penetração do esporo. Produção das toxinas necrótica, cereolisina e fosfolipase C; Infecções oportunistas: endocardite e septicemia; Diagnóstico laboratorial: cultura do alimento; Tratamento, prevenção e controle: rápido consumo de alimentos após cozimento ou refrigeração adequada. Infecções: vancomicina e clindamicina; 2. Gênero Clostridium Bacilos Gram positivos, anaeróbios estritos ou aerotolerantes; Esporulados, presença de endósporos grandes no Ubíquoss: encontrados no solo, esgoto e trato intestinal humano e de animais; Clostridium tetani, C. botulinum, C. perfringens, C. difficile, C. septicum, C. histolyticum; Infecções de pele, tecidos moles, intoxicação alimentar, diarreia, colite associada ao uso de antibióticos; 2.a. Clostridium perfringens Crescimento rápido em tecidos e culturas e produção de hemólise; Produção de toxina: toxina alfa (A) (lecitinase →hidrolisa hemácias, plaquetas, leucócito e células endoteliais), toxina beta (necrose tecidual), toxina épsilon (aumenta a permeabilidade vascular), enterotoxina (liberada durante a esporulação no intestino → diarreia); Habitat: solo e trato intestinal dos seres humanos e animais; Síndromes clínicas: Infecções de tecidos moles (celulite, fasciite ou gangrena gasosa) – associada a traumas ou cirurgias (presença de corpos estranhos, insuficiência vascular); Intoxicação alimentar – caracterizada por início súbito de cólica abdominal, acompanhadas de diarreia; náusea é comum, mas vômito e febre geralmente estão ausentes. Necessário 108 células produtoras de enterotoxinas. No intestino a bactéria esporula e a enterotoxina acumulada inracelularmente é liberada na lise celular para liberação do esporo; Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH Septicemia; Diagnóstico laboratorial: material de ferida, pus, fezes e tecido. Coloração de Gram e cultivo; Detecção de enterotoxina nas fezes; Tratamento, prevenção e controle: gangrena gasosa → debridamento cirúrgico do tecido necrosado; Penicilina ou associação de antibióticos (penicilina _ clindamicina); 2.b. Clostridium tetani Móveis; Esporos terminais arredondados, semelhantes a uma raquete; Bactéria de difícil cultivo: anaeróbia estrita; Tétano é uma doença manifestada por espasmo da musculatura esquelética e distúrbio do sistema nervoso autônomo; Patogênese: produção de hemolisina sensível ao oxigênio (tetanolisina); produção de toxina termolábil (tetanospasmina – neurotoxina) – codificada por plasmídeo não conjugativo; As células vegetativa de C. tetani produzem a toxina tetanospasmina. Liga-se a receptores na superfície dos neurônios motores é internalizada e transportada, retrogradamente, pelos axônios para os neurônios motores localizados na medula espinhal e tronco cerebral; Neurotoxina tetânica: liberada no espaço intersináptico entre o neurônio motor e o neurônio inibitório, onde se liga a vesículas sinápticas e é endocitada; No citoplasma, impede a liberação dos neurotransmissores ácido aminobutírico (GABA) e glicina pelo neurônio, bloqueando assim os impulsos motores, levando a paralisia espástica. Ligação da toxina é irreversível – formação de novos axônios terminais; Síndromes clínicas: período de incubação de 5 a 15 dias; Tétano generalizado: trismo, riso sardônico, salivação, sudorese, irritabilidade e espasmos dorsai persistente (opistótono); Tétano localizado: musculatura no local da infecção primária; Tétano cefálico; Tétano neonatal (mal de sete dias): infecção inicial no cordão – manifesta-se 3 a 12 dias após o nascimento de bebês de mães não vacinadas. Dificuldade de sugar, rigidez de nuca, tronco e abdome; Diagnóstico: observação clínica e detecção de toxina no soro; Tratamento, prevenção e controle: Debridamento do ferimento → limpeza (soro e água oxigenada) e remoção do tecido desvitalizado. Sedação e uso de relaxantes musculares; Uso de metronidazol; Imunização passiva com imunoglobulina antitetânica (soro antitetânico IgG); Vacinação com toxóide (vacina tríplice – 3 doses e reforço a cada 10 anos). A doença não confere imunidade; 2.c. Clostridium botulinum Bacilo Gram positivo, com esporos ovais subterminais; Produção de 7 tipos de toxinas botulínicas (A-G); Habitat: solo, poeira, sedimento marinho; Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH Fatores de virulência: toxina botulínica → impedea liberação do neurotransmissor acetilcolina bloqueando a via de contração dos músculos → paralisia flácida; Síndromes clínicas: Botulismo alimentar: ingestão de alimentos contendo a toxina botulínica pré-formada. PI: 18-36 horas; Sintomas: visão dupla, dificuldade de deglutir e falar e constipação. Paralisia respiratória → morte. Não há febre; Botulismo infantil (botulismo intestinal): mel contaminado com esporo. Estabelecimento no intestino onde ocorre a produção da toxina → ausência de competidores; Clostridium botulinum produção da toxina “in vivo” no intestino; Botulismo de ferida: pouco comum, produção da toxina nas feridas contaminadas; Diagnóstico laboratorial: isolamento do microrganismo ou detecção da toxina botulínica nas fezes ou soro do paciente e no alimento; Tratamento, prevenção e controle: Administração de antitoxina trivalente → neutraliza toxina circulante na corrente sanguínea; Medidas gerais de suporte e monitorização cardiorrespiratória; Eliminação do microrganismo do trato gastroinstestinal: metronidazol ou penicilina → controverso > liberação de toxina; Alimentos: pH < 4,5; refrigeração, aquecimento dos alimentos (toxinas são destruídas pelo calor a 100°C durante 20 minutos); 2.d. Clostridium difficile Coloniza o trato intestinal de um pequeno número de pessoas saudáveis e pacientes hospitalizados. Resistência a clindamicina, cefalosporina e fluoroquinolonas; Habitat: solo, rios, lagos, vegetais; Fatores de virulência: Produção de enterotoxina A: infiltração de neutrófilos e liberação de citocinas → inflamação intensa. Secreção de fluidos e aumento da permeabilidade intestinal → diarreia; Citotoxina (toxina B): despolimerização de actina e destruição do citoesqueleto celular; Síndromes clínicas: doenças gastrointestinais associadas ao uso de antibióticos → diarreia autolimitada; colite pseudomembranosa → presença de muco nas fezes e febre. Pode ser fatal; Etapas da patogênese: (1) alteração da microbiota intestinal pelo uso de antimicrobianos; (2) colonização por C> difficile; (3) Produção de toxina A e B; (4) Danos à mucosa, recobertas de muco, proteínas séricas e células inflamatórias: pseudomembrana; Diagnóstico laboratorial: sinais e sintomas clínicos; detecção da presença de enterotoxina e citotoxina em amostras de fezes dos pacientes → ensaios imunoenzimáticos; Tratamento, prevenção e controle: Interrupção do uso de antibióticos. Hidratação; Metronidazol e vancomicina. Recidiva é comum – esporos; Uso de probióticos: Saccharomyces boulardii; BACILOS GRAM POSITIVOS NÃO FORMADORES DE ESPOROS – Corynebacterium 1. Corynebacterium diphtheriae Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH Bacilo Gram positivos pleomórficos (cocobacilo), em forma de clava, agrupados letras chinesas ou paliçada; Aeróbios ou anaeróbios facultativos, imóveis e não esporulados; Presença de grânulos metacromáticos (grânulos de polifosfato): azul de metileno (vermelho); Epidemiologia: Ubíquas; Colonizam a pele, trato respiratório superior, trato gastrointestinal e trato geniturinário humano; Taxa de portadores na população varia de 1-3%; Transmissão: inalação de aerossóis de doentes ou portadores assintomáticos e contato com a pele; Difteria: doença toxi-infecciosa comunitária, respiratória e de notificação compulsória; Fatores de virulência: Toxina diftérica: exotoxina de ação sistêmica. Produção codificada por bacteriófagos lisogênico (fago beta). Expressão do gene: baixa concentração de ferro extracelular; Toxina se fixa a receptores específicos na superfície da célula hospedeira (fator de crescimento epidérmico ligante de heparina) encontrado em células cardíacas, nervosas e renais. Internalização. Bloqueio da síntese de proteína – inibição do fator de alongamento 2 (EF-2) → morte celular; Manifestações clínicas → são associadas com: nível de imunidade do hospedeiro, sítio de infecção e virulência do microrganismo; Bacilos não-lisogênicos colonizam a garganta e causam faringite comum; Difteria respiratória: fixação, bactéria se multiplica nas células epiteliais da faringe → produção de exotoxina. Irritação da garganta, mal estar e febre. Formação de pseudomembrana branco-acizentada, rígida e aderente às tonsilas e orofaringe (exudato fibrinoso – bactéria, células inflamatórias e fibrina). Melhora do paciente → expectoração da pseudomembrana. Pode ocorrer obstrução das vias aéreas; Difteria cutânea: contato com pessoas infectadas; Pápula – úlcera crônica → não cicatriza, coberta por uma membrana acinzentada; Diagnóstico laboratorial: Swab da nasofaringe, orofaringe e/ou lesão suspeita; Semeadura em ágar sangue, ágar chocolate suplementados com telurito de potássio, meio de Löeffler. Colônias de coloração negra; Identificação: teste para verificação da produção de exotoxina (teste de toxigenicidade – imunológicos e moleculares); Tratamento, prevenção e controle: Administração de antitoxina diftérica (soro antidiftérico SAD) → neutraliza a toxina não ligada presente no sangue (administração intramuscular ou endovenosa); Antibioticoterapia: penicilina e eritromicina (inibição do crescimento, paralização da produção da toxina e redução da incidência dos portadores crônicos); Recomenda-se o tratamento dos indivíduos que tiveram contato com pacientes com difteria. Profilaxia com antibióticos e dose de reforço da vacina; Imunização de crianças com toxóide diftérico (TD). Doses de reforço. Vacina pentavalente; No Brasil: - 1980 → 4646 casos de difteria foram confirmados resultando em 518 óbitos; Bruna Stefany Alves Françozo – MEDICINA – FAMINAS-BH - 1990 → confirmados 640 casos; - 1999 → apenas 56 casos foram notificados; - 2003 → 40 casos notificados; - 2004 e 2005 → notificados apenas 17 e 18 casos; - 2006 →somente 9 casos de difteria no país. Com PNI o número de casos vem diminuindo.
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