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PROPEDÊUTICA DO ABDOME AGUDO

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Vitória S. Fraulob T4C 
 
 
PROPEDÊUTICA DO ABDOME AGUDO 
ABDOME AGUDO: 
- Definição → dor na região abdominal não 
traumática de início súbito, de intensidade 
variável com caráter evolutivo associado ou não 
a outros sintomas e requer um tratamento 
precoce (leva o doente a procurar auxílio 
médico); 
- Dura algumas horas até quatro a sete dias, com 
necessidade de intervenção cirúrgica ou clínica; 
- Abdome agudo é diferente de abdome agudo 
cirúrgico; 
RELEMBRANDO: 
 
 
 
 
 
 
ANAMNESE: 
* Identificação: sexo, idade, procedência (área 
endêmica de chagas – Volvo? Megacólon tóxico?) 
* Q.D (dor abdominal): posição e tempo (guia no 
órgão afetado) 
* HPMA: característica e evolução da dor, 
irradiação, fator de melhora, fator de piora, 
acompanha vômitos? 
* ISDA: sintomas específicos = hematêmese, 
hematoquezia, corrimento vaginal... 
* AP/AG: cirurgias prévias? Arritmia? Doenças 
associadas? Ulceras prévias? 
* AF: história de doença na família? Doenças 
hereditárias? 
* Alergias: evitar agravar o quadro 
* HV: tabagista? Etilista? Uso de drogas? 
* Ex FG: icterícia, palidez? 
* Ex FE: AR, ACV, ABD + proctológico 
* HD: diagnóstico sindrômico + etiológico (se 
possível) 
* Exames subsidiários: lab, RX, USG, TC... 
* Conduta: analgésica, solicitação de exames, 
internação, passagem de sondas, indicação de 
cirurgia, transferência... 
- 70% dos diagnósticos são feitos com a história 
clínica 
- 90% associando-se ao exame físico 
- exames subsidiários podem se tornar 
desnecessários 
RECORDANDO EMBRIOLOGIA E FISIOLOGIA: 
1. DOR PARIETAL: é uma dor aguda em pontada, 
localizada e constante; 
- Sistema nervoso cérebro-espinhal (somático) 
- Localizada no peritônio parietal e raiz do 
meso; 
- Distribuição cutânea é unilateral e corresponde 
a área inervada; 
2. DOR VISCERAL: é uma dor profunda, surda e 
não localizada, tem um inicio gradual e de longa 
duração; 
- Sistema nervoso autônomo 
- Localizada na parede de vísceras ocas e na 
cápsula de órgãos parenquimatoso; 
- Sentida na linha mediana por conta da 
inervação ser bilateral (exceção das vísceras 
duplas – unilateral); 
 
Vitória S. Fraulob T4C 
3. DOR REFERIDA: é uma dor superficial 
- É transmitida pela via visceral, propriamente 
dita, que leva à percepção da sensação dolorosa 
em regiões distantes do órgão de origem da dor 
no ponto do segmento medular onde se insere no 
corno posterior da medula; 
- Ex: irritações diafragmáticas provocam dor 
referida no ombro; 
EXAME FÍSICO: 
- Exame sistematizado → todos os órgãos, em 
especial: tórax, abdome, ginecológico e 
proctológico; 
- Manifestação sistêmica: 
* Palidez, taquicardia, sudorese fria → grave 
peritonite ou hemorragia intraperitoneal; 
* Febre → doenças inflamatórias infecciosas; 
EXAME DO ABDOME: 
- Decúbito dorsal → exposição total do abdome + 
tórax + regiões inguinocrurais; 
- Iniciar a avaliação pela inspeção, 
posteriormente, ausculta e percussão e, por fim, 
a palpação; 
* Recomenda-se um tempo mínimo de três 
minutos antes de definirmos um estado de 
aperistalse; 
* Sons metálicos de alta intensidade → 
“peristalse de luta” → fase precoce da 
obstrução intestinal mecânica 
* Defesa abdominal coloca-se as duas mãos sobre 
o abdome comprimindo delicadamente e 
comparativamente. Caso seja voluntária, 
recomenda-se distrair o paciente; 
* Dor a palpação e localizada em algumas 
afecções. A dor costuma se acentuar quando a 
mão que comprime o abdome é retirada 
bruscamente (DB+); 
* Palpação de plastrão, visceromegalia ou 
tumoração; 
SINAIS FÍSICOS RELEVANTES: 
 
SINAL DE MURPHY: é a parada abrupta da 
inspiração profunda por aumento da dor no 
momento em que o fundo da vesícula biliar 
inflamada é pressionado pelos dedos do 
examinador. 
- Observado nas colecistes agudas; 
 
 
SINAL DE BLUMBERG: é DB+ no ponto de 
McBurney (a meio caminho entre espinha ilíaca 
ântero-superior e cicatriz umbilical); 
- Sugere irritação peritoneal clássica da 
apendicite aguda; 
 
 
SINAL DE ROVSING: é o sinal da mobilização das 
massas de ar; palpação do cólon esquerdo com 
mobilização do ar em direção do apêndice. A 
distensão de ceco e apêndice ocasiona 
exacerbação da dor em FID; 
- É encontrado na apendicite; 
 
 
SINAL DE PSOAS: dor à extensão da coxa direita 
ao mesmo tempo em que aplica uma contra 
resistência no quadril, com paciente em 
decúbito lateral; 
- Pesquisa de apendicite; 
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SINAL DO OBTURADOR: é a rotação do quadril 
refletido. Se existir inflamação/massa aderente 
à fáscia do musculo obturador interno, a 
realização da rotação interna da coxa refletida 
em decúbito dorsal resulta em dor hipogástrica; 
- Pode ocorrer nos quadros de apendicite aguda – 
apêndice pélvico 
- Rotação externa do pé e interna da coxa 
(sentido horário) 
 
SINAL DE LENNANDER: é a diferença de 
temperatura axilar X retal → cerca de 1 grau, 
sugerindo abdome agudo inflamatório 
- Não é especifico de apendicite, podendo 
ocorrer em isquemia mesentérica; 
SINAL DE JOBERT: timpanismo pré-hepático e o 
desaparecimento da maciez hepática nos 
grandes pneumoperitônio; 
SINAL DE GIORDANO: punho percussão dolorosa 
das regiões lombares; 
- Sugestiva de quadros de infecções do trato 
urinário; 
 
SINAL DE CULLEN: manchar equimóticas 
periumbilicais; 
SINAL DE GREY TURNER: manchas equimóticas 
em flancos; 
- Ambos sugerem a hipótese de hemoperitônio, 
em especial relacionado com pancreatite aguda 
necrosante; 
CONSIDERAÇÕES NO EXAME FÍSICO ABDOMINAL: 
- Iniciar sempre pelo local onde o paciente não 
refere dor 
- Manobras especiais dirigidas para a HD 
- Crianças: distraia a criança 
CLASSIFICAÇÃO DO ABDOME AGUDO: 
ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO: 
o Apendicite 
o Coleciste aguda 
o Pancreatite 
o Diverticulite 
o Doença inflamatória pélvica 
o Abcessos intra-abdominais 
o Peritonites primárias 
o Peritonites secundárias 
- Causas mais frequentes: apendicite, coleciste 
aguda e pancreatite aguda; 
- Dor: dor em pontada, referida, progressiva e 
bem localizada; 
- Estado geral: choque quando se instala é na 
fase tardia (indicando disseminação 
hematogênica bacteriana e toxemia). Muitas 
vezes em posições antálgicas; 
- Exame: 
* Palpação superficial pouco dolorosa, mas que 
com o passar do tempo e a difusão do processo 
inflamatório poderá passar para irritação 
peritoneal difusa; 
* DB+ 
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APENDICITE AGUDA: 
- Sinal de Blumberg 
- Sinal do obturador 
- Sinal do Psoas 
- Sinal de Rovsing 
Baixo risco → 0 a 4 pontos. Probabilidade muito 
baixa de apendicite, pois casos muito raros 
ocorreram com menos de 4 pontos. 
Risco intermediário → 5 a 6 pontos. Provável 
que o paciente tenha apendicite e avaliações 
seriais, clinicas e laboratoriais, além de alguns 
estudos de imagem 
Alto risco → 7 pontos ou mais. O paciente 
necessita de cirurgia, pois é considerado 
apendicite aguda. 
 
POLICISTE AGUDA LITIÁSICA 
- Sinal de Murphy 
- Pedra acaba fazendo uma obstrução venosa, 
podendo levar a um quadro infeccioso. 
COLANGITE AGUDA: inflamação das vias da 
vesícula biliar 
- Tríade de Charcot: febre icterícia e dor 
abdominal 
- Pêntade de Reynould: febre, icterícia, dor 
abdominal + confusão mental + hipotensão 
 
 
 
ABDOME AGUDO PERFURATIVO: 
o Úlcera gastroduodenal perfurada 
o Neoplasia gastrointestinal perfurada 
o Febre tifoide 
o Divertículos do cólon 
- Dor: forte e intensa, lancinante e facada, 
localizada evoluindo para generalizada; 
- Estado geral: inicialmente o paciente assume 
uma atitude de imobilização com respiração 
superficial, mas podendo evoluir para agitação 
por não encontrar posição. Taquicardia 
importante (neurogênica) podendo rapidamente 
evoluir para sepse (vasogênica); 
- Ex. abdominal → defesa muscular generalizada(abdome em tabua). DB nítida e generalizada 
(percussão já corresponde com DB). 
Impedimento de realizar a palpação profunda. 
* Sinal de Jobert 
* Íleo adinâmico precoce (RHA ausentes) 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO: 
- Definição: impedimento a progressão do 
conteúdo intestinal (pode ocorrer por fator 
mecânico ou funcional); 
o Aderências entre alças como 
consequência de cirurgias abdominais 
prévias 
o Hérnia estranguladora 
o Fecaloma 
o Obstrução pilórica 
o Volvo sigmoide 
o Intussuscepção 
o Íleo biliar 
o Bolo de áscaris 
o Tricobezoar 
o Fitobezoar 
- Dor: abdominal difusa, do tipo cólica; 
- Apresenta associado a náuseas e vômitos: Início 
→ alimentas → gástrico → biliar → fecalóide 
- Parada de eliminação de gases e fezes (cuidado 
com a diarreia paradoxal) 
- Exame: distensão abdominal, timpanismo a 
percussão, RHA podem estar aumentados (início 
do quadro) ou abolidos (fases mais tardias). 
- Avalie a região inguinal e realizar o toque 
fetal; 
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OBSTRUÇÃO ALTA (ESTÔMAGO, DUODENO E 
DELGADO): 
- Associado muitas vezes a cirurgias anteriores 
- Verificar a presença de hernias 
- História de radiação (enterite actínica) 
- Inicia com vômitos precoces 
OBSTRUÇÃO BAIXA (CÓLON E RETO): 
- Distensão abdominal com vômitos mais tardios 
- Toque retal pode auxiliar e descartar 
fecalomas e tumorações em reto baixo 
- Considerações: 
* Dilatações extremas ou em alças fechadas, 
podem evoluir para perfuração (isquemia, 
necrose e perfuração) 
* Paciente pode evoluir para quadros toxêmicos 
ou sépticos por conta da translocação bacteriana 
ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO: 
o Gravidez ectópica 
o Rotura de aneurisma abdominal 
o Cisto hemorrágico de ovário 
o Rotura de baço espontânea 
o Endometriose 
- Os distúrbios fisiopatológicos são proporcionais 
a perda aguda de sangue 
- Choque hemorrágico 
 
 
 
 
 
 
 
- Os sinais e sintomas decorrentes da hemorragia 
intra-abdominal são: 
* Incaracterístico 
* Podem passar despercebidos se for lento ou 
menor que 15% da volemia 
* Hemorragia súbita: sintomas de hipovolemia 
(hipotensão, taquicardia, pulso fino e 
hipotensão), abdome flácido e doloroso 
difusamente com sinais de irritação peritoneal 
mas sem defesa 
* Sinal de Grey Turney (hemorragia 
retroperitoneal) e Culler (hemorragia 
intraperitoneal) 
* Sinal de deBakey: massa palpável e pulsátil em 
região epigástrica. 
 
 
ABDOME AGUDO VASCULAR: 
o Isquemia intestinal por embolia da 
Artéria mesentérica superior (30-50% 
casos) 
o Trombose mesentérica (15-20%) 
o Torção do omento 
o Torção de pedículo de cisto ovariano 
o Infarto esplênico 
- Definição: resultante de um inadequado 
fornecimento de oxigênio para o intestino 
(podendo variar de uma lesão reversível de 
mucosa à um infarto extenso e transmural do 
intestino) 
- Simatologia: variável a depender do quadro 
(suspeite pelos fatores de risco). 
Vitória S. Fraulob T4C 
- Fatores de risco para doença isquêmica 
intestinal: 
✓ Idade avançada 
✓ Cardiopatias 
✓ Doenças vasculares prévias 
✓ Fibrilação atrial 
✓ Doenças valvares 
✓ Hipercoagulação 
- Dor: dor abdominal incaracterística de início 
súbito e intenso 
- História de dor abdominal pós prandial com 
melhora em jejum 
- Exame físico: 
* Presença de sopro ou arritmias na ACV 
* Distensão abdominal com timpanismo. Sinais de 
irritação peritoneal são tardios 
* Dor desproporcional ao exame clinico do 
abdome → presença de sopro ou arritmias na 
ACV 
* TR: fezes sanguinolentas (fezes em geleia de 
amora) 
* TV: presença de sangue na gravidez tubária

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