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LISANDRA TAIS AMORIM - Relatório 1 vista em processo com pedido de tutela provisória, de urgência ou de

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Curso de Direito
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
Disciplina: Estágio Supervisionado I
RELATÓRIO DE ATIVIDADE PRÁTICA
	ALUNO(A): LISANDRA TAIS AMORIM
	E-MAIL: lisandra.tais.amorim@gmail.com
	ANO/SEMESTRE:
	PERÍODO: 8º
	Comarca ou Subseção Judiciária: PALMAS PR
	Vara: VARA DA FAZENDA PÚBLICA
	Nº Processo: 0002096-25.2019.8.16.0123
	Parte autora: MINISTERIO PUBLICO
	Parte ré: ESTADO DO PARANÁ E MUNICIPIO DE PALMAS
Terceiro: VICTOR HUGO DOS SANTOS ALMEIDA PENTEADO representado(a) por ANDREI LUIZ DE ALMEIDA PENTEADO
	Rito processual: procedimento ordinário
	Tipo de atividade (assinalar):
[ x ] Vista em processo [ ] Participação em audiência
	Preencher os campos abaixo apenas em caso de participação em audiência
	Data da audiência:
	Hora:
	Tipo de audiência (assinalar):
[ ] Presencial [ ] Remota/ao vivo [ ] Virtual/gravada
	Link (caso virtual/gravada):
1. RESUMO DOS FATOS, FUNDAMENTOS JURÍDICOS E PEDIDOS CONSTANTES DA PETIÇÃO INICIAL
	O pai do menor Victor Hugo, procurou o Ministério Público pois necessita de implantação de aparelho VNS para tratar as crises convulsivas em razão da epilepsia. 
Segundo relatado por ele, seu filho já foi submetido a diversos tratamentos, inclusive retirada de parte do cérebro no ano de 2013, porém as convulsões estão cada vez mais frequentes, ocorrendo de 03 a 04 vezes no dia, expondo-o a risco de morte, sendo que uma das medidas possíveis de serem tomadas seria a retirada de outra parte do cérebro, porém tal procedimento acabaria por paralisar parte do corpo de seu filho.
A alternativa repassada a ele, seria a terapia VNS, cuja implantação amenizaria as convulsões e diminuiria a medicação, porém o alto valor do procedimento (entre R$160.000,00 e R$180.000,00 reais) torna inviável sua realização.
Em relação a legitimidade ativa do Ministério Público, este menciona que a Constituição Federal de 1988 ampliou o campo de atuação do Ministério Público, atribuiu-lhe a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127), sendo que pode promover todas as medidas necessárias, administrativas ou judiciais para assegurar os direitos fundamentais. Por outro lado, o artigo 25, da Lei nº. 8625/93 estabelece, como função do Ministério Público a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para proteção a interesses individuais indisponíveis, que é o caso em tela, em que o Estado do Paraná e o Município de Palmas violaram direitos constitucionalmente assegurados ao paciente, como o acesso à saúde
Quanto a legitimidade passiva, o MP aduz que é concorrente entre os entes federados para a realização de prestações positivas no tocante ao direito à saúde, em decorrência de sua responsabilidade jurídica concorrente. Assim, por se tratar de decorrência imediata do dever solidário inerente aos três poderes em garantir o direito fundamental à Saúde (CF, artigos 196 e 198), não há dúvida acerca da responsabilidade solidária disjuntiva entre Município, Estado e União pelo fornecimento do tratamento ora pretendido
A parte autora ainda menciona que a CF e a Lei Orgânica da Saúde consagraram a prevalência dos direitos fundamentais à vida e à saúde que, no caso concreto, foram flagrantemente vulnerados. 
Argumenta que a vida e a saúde são os direitos mais elementares do ser humano, razão pela qual merece especial cuidado. A CF impõe que as ações e serviços públicos de saúde constituam um sistema único, conferindo prioridade aos serviços assistenciais, com base na Lei 8080/1990. Menciona ainda, que no âmbito estadual, a Lei nº 14.254/2003 também garante o direito aqui pleiteado em favor do paciente, conforme seu artigo 2º, XXII. Logo, sendo a saúde direito do cidadão e dever do Estado, esse direito há de ser satisfeito de modo integral e gratuito, em consonância com as disposições dos artigos 7º e 43 da Lei Orgânica da Saúde
Dessa forma, o Autor enfatiza que não só pela impossibilidade econômica da família do menor para arcar com os custos de aquisição do tratamento, principalmente, por estar-se diante de um direito fundamental violado, e que, se respeitado, proporcionaria ao paciente a oportunidade de manutenção e a consequente melhora na sua qualidade de vida, é que se busca a garantia da prestação por parte da Secretaria Estadual de Saúde.
O MP pleiteia tutela de urgência, devido à importância do procedimento, sendo medida satisfativa, com base no art 300, CPC. Ademais, o direito à vida e à assistência à saúde e seu efetivo atendimento são impostergáveis, inderrogáveis, irrenunciáveis, indisponíveis e urgentes, porque deles dependem a própria existência humana.
O autor aduz que se a tutela pretendida for postergada para o final da lide, quando da prolação da sentença, o dano à vida e saúde do requerente poderá ser
irreversível, dada a imprescindibilidade do tratamento prescrito
Assim, dentre os pedidos está a concessão da tutela inaudita altera partes, para o fornecimento imediato do aparelho VNS para o tratamento das crises convulsivas, bem como a total procedência dos pedidos para condenar definitivamente os réus ao prosseguimento do tratamento. 
2. RESUMO DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA PEÇA DE DEFESA
	Em manifestação do Estado do Paraná, este aduziu que diante da inclusão da União no polo a demanda deve ser encaminhada à Justiça Federal, bem como se manifestou pelo indeferimento do pedido alegando não ter sido demonstrado que o paciente se enquadra no quadro indicado para o tratamento de estimulação do nervo vago. Ainda, em outra manifestação, baseado no enunciado n. 18, aprovado na I Jornada de Direito da Saúde do Conselho Nacional de Justiça, que diz que sempre que possível, as decisões liminares sobre saúde devem ser precedidas de notas de evidência científica emitidas por Núcleos de Apoio Técnico em Saúde – NATS, solicitou a remessa dos autos ao NAT.
	A União, por sua vez, através de embargos de declaração, também se manifestou pelo indeferimento do pedido e requereu a exclusão da União do polo da ação ou, alternativamente, que seja encaminhada à Justiça Federal.
	O MP em manifestação, pleiteou pela exclusão da União do polo passivo
3. OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES
(Reconvenção, pedido contraposto, perícia, requerimentos, incidentes, memoriais, etc. e seu conteúdo/resultado)
	Foi concedida tutela de urgência, determinando que o Estado providencie no prazo máximo de 05 (cinco) dias, o fornecimento e realização da implantação do aparelho VNS (estimulador do nervo vago) à Victor Hugo.
	Primeiramente, a liminar menciona o artigo 5º, "caput", cumulado com o artigo 196, ambos da Carta Magna, que estabelecem o direito à vida e à saúde entre os basilares dos direitos.
	Ainda enfatiza que para o deferimento da medida antecipatória impõe-se a apresentação de prova inequívoca da verossimilhança da alegação e da existência de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (CPC, art. 300), considerando ambos os requisitos atendidos, concedendo a tutela antecipada.
	Em que pese até o momento da concessão da tutela não ter o parecer do NAT, observa-se dos atestados e laudos que há perda relevante para a qualidade de vida do paciente caso haja demora no tratamento, podendo vir a óbito se não obter o referido tratamento com urgência.
	Após isso, devido ao não atendimento da tutela por parte do Estado, o MP solicitou a penhora de valores, sendo que o magistrado determinou mais 10 dias para o cumprimento da liminar. Após alguns pedidos de prazo por parte do Estado e não cumprida a medida liminar, o magistrado determinou a penhora de valores, o qual foi realizado. 
	O procedimento foi realizado, a parte autora solicitou o julgamento da lide, sendo julgada procedente, confirmando a tutela ora concedida. 
	
4. RESUMO DOS ATOS PRATICADOS NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
(inclusive oitiva de testemunhas, se houver)
	Não houve audiência no presente feito.
5. SÍNTESE DA DECISÃO OU SENTENÇA DADA AO FINAL DO PROCESSO
(se houver sentença, o aluno deve explicar,sinteticamente, seus fundamentos)
	Após a liminar ser concedida e cumprida, o processo foi julgado procedente, confirmando a tutela. 
	Primeiramente, considerou-se cabível o julgamento antecipado do mérito, devido ao material probatório trazido aos autos ser suficiente à resolução do mérito, sendo desnecessária a produção de outras provas em audiência (art. 355, I, do CPC).
	Menciona ser a saúde um direito de todos, conforme art 196, CF e art 2º da Lei 8080/90, bem como ser dever do Estado assegurar o direito à saúde do cidadão, incumbindo a ele fornecer gratuitamente o tratamento médico.
	Ainda, aduz que em sendo a saúde um direito constitucional (cf. artigo 6º da Carta Magna), e sendo o Estado do Paraná um dos responsáveis pela manutenção da saúde (cf. art. 23, II, da CF) não há porque os Réus se negarem a fornecer o medicamento.
	No dispositivo, o magistrado julgou procedente o pedido formulado pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face do ESTADO DO PARANÁ, extinguindo o feito, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, para o fim de, DETERMINAR que o réu forneça e instale, gratuitamente, a VICTOR HUGO DOS SANTOS ALMEIDA PENTEADO, mediante apresentação e nos termos dos receituários médicos acostados ao presente feito, de forma contínua e permanente, enquanto o paciente precisar, o aparelho VNS (estimulador do nervo vago), confirmando a liminar deferida nestes autos.
	
 INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ | Campus Palmas
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