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Prévia do material em texto

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO 
NA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
Me. Lucimara Acosta 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
1 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SABERES: 
 
Planejamento e Avaliação no âmbito da formação de professores 
 
Existem duas ocasiões distintas em que examinamos nossa própria conduta e 
buscamos vê-la sob a luz que o observador impessoal a veria: primeiro quando 
estamos prestes a agir; e segundo, depois que agimos (Adam Smith- 1759) 
 
Objetivo 
A epígrafe de um filósofo que viveu há três séculos e não de um educador 
contemporâneo pode causar algum estranhamento ao leitor. A escolha do mote desta 
conversa foi para oferecer a grande dimensão das três faces indissociáveis que regem 
nossas vidas. Planejar o futuro antes de agir / Agir no presente / Avaliar o passado depois 
de ter agido. Por ser um círculo virtuoso que instala a dinâmica das coisas e dos 
acontecimentos, ele também rege o processo de ensino/aprendizagem. 
 
Introdução 
Adam Smith usa o verbo agir que para nós educadores se reveste de sentidos 
ligados aos fazeres pedagógico. Com essa forma de entendimento planejar e avaliar não 
são meras estratégias de trabalho, mas algo que incorpora uma dimensão filosófica, tanto 
no âmbito moral como ético. Não é uma técnica que se usa e sim um componente essencial 
de nossa identidade que nos leva a vislumbrar metas que nos impulsionam a agir e depois 
a fazer o que antigamente, desde os cidadãos de república romana, chamavam de “Exame 
de consciência”. 
 
 
 
Acesse o endereço abaixo para se informar um pouco sobre Adam Smith e sua 
obra. 
http://www.infoescola.com/economia/adam-smith/ 
 
 
 
Desenvolvimento 
Hoje, uma palavra em desuso – consciência – não deixou de existir, eu a sinto 
remexer quando minhas ações são de indiferença, suspeita e acusação. Ela me incomoda 
e me obriga a ter cautela. Não é porque nos esquecemos dela, que ela deixou de existir, a 
consciência pesada causa muitos desconfortos internos, sentimo-nos estranhos a nós 
http://www.infoescola.com/economia/adam-smith/
 
 
2 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mesmos e nem dietas, academias nem o mundo fitness diminuem o peso incômodo. 
Tentamos calá-la com a magia da elevação da autoestima, dos batons da temporada, nem 
com o tom de cabelo da moda com selfies que nos certificam minuto a minuto, com a 
mesma avaliação: continuamos jovens, belos, desejáveis, seguidos, invejados e aprovados 
conforme o paradigma do século XXI. Nem nos damos conta que tal avaliação feita em 
ritmo vertiginoso da tecnologia capta o engano no qual nos jogaram e que iludidos, 
aceitamos. Nossos antepassados faziam a avaliação pessoal e profissional olhando a 
própria consciência a partir dos valores pessoais em relação com o todo, ou seja, em 
relação aos outros, em relação à sociedade. 
 
 Fui pesquisar em busca do início da autoavaliação e tive uma surpresa. Ela 
está antes dos tempos. Encontrei numa interpretação metafórica da Criação do Mundo. 
Vamos lembrar dos fatos narrados no livro Sagrado e fazermos uns comentários 
metafóricos. Deus planejou a criação do mundo, o que fazer na sequência dos dias e assim 
o fez. No último segundo, tomou o barro e com as mãos moldou uma figura, empregando 
um método diferente de tudo aquilo que havia criado. E concluiu a criação do Homem com 
um sopro. Depois de ter feito os planos e de ter agido olhou em volta e sentiu que faltava 
algo. ELE avaliou o próprio trabalho e deliberou que faltava algo. Decide continuar a Criação 
empregando uma nova metodologia. Faz o Homem dormir e da sua costela faz a Mulher. 
Vemos que só depois da retomada do plano, após a autoavaliação, Deus, O Todo 
Poderoso, pode pensar em ter um descanso – por pouco tempo – mas enfim, concluiu a 
primeira etapa de seu plano. 
 
 Além da Criação do Universo narrada por aqueles que tem a fé, Gênesis nos 
apresenta a sequência indissociável entre Planejar – Fazer – Avaliar. E a educação, um 
dos fazeres humanos tão nobres, também precisa se sustentar nessa trilogia. 
 
 Aqui em nossa conversa precisarei abordar a temática de forma didática e 
segmentar os conceitos, os saberes, as experiências. Por isso darei um tratamento em itens 
separados nos textos do Guia da Disciplina e nas videoaulas. 
 
 
 
3 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Já entrando na linha da história de nosso país, a inclusão do planejamento no âmbito 
educacional acontece só com os Pioneiros (1935)1. É quando o planejamento passa a ser 
visto como um compromisso de aspecto amplo que apresentasse um paradigma a partir do 
qual cada uma das escolas pudesse se inspirar para que não houvesse a desorganização 
entre a educação oferecida por diferentes escolas, estados etc. O Manifesto dos Pioneiros 
parte da análise da situação da educação na República e afirmaram que nenhum problema 
nacional se sobrelevava em importância e gravidade ao da educação e afirmaram que todos 
os esforços educacionais nos 43 anos de República, “foram construções isoladas, 
fragmentadas e desarticuladas, sem visão global, sem unidade de plano e sem espírito de 
continuidade” e, por isso “não lograram [até então ] criar um sistema de organização 
escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do país”. A análise crítica 
apontou como causa da desorganização a falta “da determinação dos fins da educação 
(aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos 
problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, 
na resolução dos problemas da administração escolar”. 
 
Algumas iniciativas desse momento histórico vão marcar a trajetória do planejamento 
educacional no Brasil, até o momento atual de elaboração do Plano Nacional de Educação 
2011-2020. É para se destacar: 
 
A presença de uma liderança do movimento dos educadores, organizados para a 
construção de um plano nacional de educação, que toma forma e expressão numa V 
Conferência Nacional de Educação de 1932, que até hoje existe na Conferência Nacional 
de Educação de 2014 (CONAE) 
• A ênfase na organização da educação brasileira de forma sistêmica, para a 
superação das reformas fragmentadas e desarticuladas, seja na relação da 
educação com o projeto de sociedade, seja entre as diferentes etapas da 
educação 
• A afirmação do direito de cada indivíduo à educação integral e o dever do Estado 
de oferecer escola para todos, meta perseguida há 81 anos. 
• A função social da escola e seu caráter eminentemente público, fundada nos 
princípios da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade; 
 
1Mani fes to dos P ione i ros d a Educaçã o Nova n o B ras i l 
h t tps : / /p t .w ik iped ia .o rg /w ik i /Ma n i fes to _dos_P ione i ros_ da_Educa%C3%A7%C3%A 3o_Nova 
 
 
4 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• A autonomia na gestão da função educacional, assegurada “pela instituição de 
um fundo especial ou escolar (...) administrado e aplicado exclusivamente no 
Desenvolvimento da obra educacional, pelos próprios órgãos do ensino, 
incumbidos de sua direção” fato materializado apenas na década de 90 do século 
passado. 
• A busca da unidade na multiplicidade, pela aplicação da doutrina federativa e 
descentralizadora, materializada a partir de CF de 1988, superando “o 
centralismo estéril e odioso; 
• A associação entre sistema e plano, este situado no contexto da organização da 
educação brasileira, e destes com uma concepção de bases e diretrizes 
nacionais, a articular o todo num projeto nacional de educação. 
Para o planejamento chegar até nossas salas de aula, foi preciso ir ao longo dos 
tempos criar uma cultura de planejamentoda educação em âmbito nacional. 
 
 
 
No Link abaixo você lerá o capítulo 2 do livro Gênesis, do Velho Testamento E 
poderá acompanhar uma narrativa do momento do re-planejamento da Criação. 
http://www.camaramarilandia.es.gov.br/Arquivo/Documents/PAG/bibliasagrad
a.pdf 
 
http://www.camaramarilandia.es.gov.br/Arquivo/Documents/PAG/bibliasagrada.pdf
http://www.camaramarilandia.es.gov.br/Arquivo/Documents/PAG/bibliasagrada.pdf
 
 
5 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. O QUÊ E O PORQUÊ PLANEJAR NA ÁREA DA EDUCAÇÃO 
 
Objetivo 
Fazer uma relação entre o Plano Nacional da Educação que planeja a forma de “agir” 
no âmbito nacional e o planejamento educacional dos estados, municípios e nos diferentes 
sistemas de educação, até alcançar cada uma das escolas. 
 
Introdução 
Estamos no século da possibilidade de conexão de cada cidadão com todos 
habitantes do planeta e vivemos num mundo em que as fontes de informação são cada vez 
mais acessíveis, por isso é tarefa da escola possibilitar uma educação de qualidade a seus 
alunos e para que isto aconteça, o trabalho começa na gestão escolar. Entenda-se gestão 
escolar não apenas um fazer reservado a um número restrito de protagonistas e sim uma 
gestão escolar participativa em que o todo se faz com os protagonismos dos docentes, do 
corpo de coordenação, funcionários e comunidade a que pertence a escola. Afinal a gestão 
envolve todos os segmentos sob a batuta mobilizadora e orientadora da direção escolar. 
 
Desenvolvimento 
Como ponto de partida, temos o planejamento educacional anual, este deve ser 
inspirado no Plano Nacional de Educação e integrado com à jornada pedagógica, que são 
dias em que se dão as reuniões da Direção da Escola. As reuniões não devem ser apenas 
do diretor ou do coordenador mas de todo o corpo docente que com espírito colaborativo 
contribui para desenhar o caminho pedagógico da escola. O planejamento surgiu da 
necessidade, quando a questão escolar transformou-se em uma questão política pública A 
ideia de planejar é projetar, organizar os objetivos da escola para o ano que se inicia. E 
também estabelecer prioridades, metas, agendas, instrumentos e espaços. 
 
Durante muito tempo a escola ficou estacionada quanto à atenção dada à avaliação. 
A avaliação era direcionada apenas para medir e rotular os alunos classificando-os em dois 
grupos: os bons e os que não sabiam nada. Esta avaliação era usada para formação de 
classes que eram planejadas segundo esses critérios impregnados de uma postura de 
exclusão. Era a avaliação da aprendizagem sedimentada em verdades filosóficas, 
psicológicas e sociológicas que abonavam a ideia de quem estava aprendendo dentro da 
escola eram apenas os alunos. Adultos e profissionais não precisariam mais aprender. 
Oras, como esses adultos supostamente não aprendiam, não eram avaliados 
 
 
6 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Atualmente, avaliar é uma importante ferramenta para gestores e para os 
professores poderem acompanhar a consecução dos objetivos e das metas, pois a análise 
dos dados avaliados oferece alternativas de mudança. O verbo mudar ganha assim um 
novo sentido, não é mais mudar por mudar para ser original, criativo ou fazer propaganda 
da escola, mas mudar para transformar e garantir a aprendizagem de todos, numa 
sociedade complexa e com tantas diferenças. Saber as razões para mudar, demanda ter 
conhecimento detalhado de todo o Planejamento como as suas etapas. E para conhecê-lo 
o ideal é o docente participar de sua concepção. 
 
A avaliação do processo de aprendizagem possibilita investigar e refletir a respeito 
da ação do aluno e do professor, instigando a transformação consciente, tendo diferentes 
metas, sendo uma delas, propor novos métodos de ensino/ aprendizagem de estudo e 
pesquisa. 
 
Conforme Turra et al. (1996) antes de se p lane jar e avaliar é necessário 
conhecer a realidade dos alunos, a comunidade em que estão inseridos, os problemas 
sociais locais, entre outras informações. Hoje é fundamental se debruçar sobre os 
indicadores do IDEB, do Censo Escolar e os resultados do ENEM em escolas que ofereçam 
o ensino médio. 
 
Durante sua formação, o licenciando pode exercitar o olhar crítico, identificando 
momentos em que a avaliação foi apenas uma decisão, uma ação deliberativa de aprovar 
ou reprovar sem haver evidências da tomada de decisão. Ou aproveitar para relembrar 
avaliações que foram julgamentos de resultados. Essa postura crítica ajuda a proteger o 
jovem educador a não adotar uma atitude que seja apenas o reflexo dos modelos 
vivenciados por eles próprios, quando ainda eram estudantes no ensino básico. Engana-
se o jovem educador que adota como paradigma, o conceito de avaliação empregada no 
milênio passado. Com o passar do tempo a escola se transformou da mesma forma que a 
sociedade, tanto que se fizéssemos uma avaliação da educação das décadas de 70, 80, 
90 a partir dos depoimentos dos alunos que ainda não experimentaram o exercício do olhar 
crítico, todas as escolas foram perfeitas, porque até hoje estão embaladas nas lembranças 
saudosas da infância ( e assim devem ficar), mas são incapazes de dar uma explicação 
coerente para justificar o analfabetismo funcional e o baixo letramento que vivenciamos no 
presente. Isso para não falar do baixo desempenho social apresentado pelo país para 
produzir o crescimento econômico, de promover a melhora na proteção da vida e do 
 
 
7 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
planeta, nos cuidados com a saúde e até mesmo encontrar formas para impulsionar a 
limitada produção científica. Por isso, quando discutimos sobre avaliação escolar nos 
deparamos com problemas, questões, acertos e desacertos em relação a cada um dos 
componentes que a constituem. Mesmo percebendo as limitações quanto ao processo de 
ensino e aprendizagem e buscando novos paradigmas, as décadas se passaram sem que 
fossem apresentadas melhoras em todos os níveis de ensino. CERVI (2008, p.66) ao 
analisar a educação das décadas passadas registra que “as escolas passaram a ser vistas 
como fábricas, os alunos como matéria-prima, e os conceitos pedagógicos, filosóficos e 
sociológicos foram submetidos a uma razão técnica”. 
 
Hoje estamos no meio do furacão e sentimos a ansiedade de ver o problema 
resolvido, pois na escola como no país não há de fato critérios definidos para toda 
educação, tanto que cada escola segue um rumo, um método, ou um palpite o que vem 
agravando o determinismo social da pobreza e a estagnação na caminhada para uma 
sociedade menos desigual. 
 
A avaliação é um instrumento criticado por educadores, que mesmo assim, não 
abrem mão de utilizá-lo e mais sério ainda, não sugerem uma alternativa a essa prática 
contestada. Reduzindo a avaliação a um instrumento de controle, uma simples conferência 
de resultados, um simples teste da capacidade do aluno de reproduzir conteúdos. 
 
Segundo Cervi (2008), a avaliação deve ser feita com objetividade, sabendo aonde 
se quer chegar em termos de eficiência, eficácia, efetividade, relevância e pertinência. E 
pergunta-se: onde devem estar explicitados com clareza os indicadores a serem 
analisados? O planejamento de aprendizagem da escola que precisa ser reelaborado a 
cada ano por educadores que vem estudando os descritores2 explicitados nas Provas Brasil 
e anunciados de forma detalhada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao longo 
das últimas décadas. 
 
 Planejar de forma genérica, vaga num documento que pode sustentar diferentes 
projetos é correr riscos, é construir em areia movediça, pois não haverá alicerces para se 
executar a avaliação e o docente estará assumindo um fazer pedagógico que desconhece. 
 
2 um enu nc iado s i n té t i co, p rec iso e ob je t i vo , i nd icando o que se esp era que o a luno s e ja capaz de 
fazer . 
 
 
8 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Como é o docente que deve coletar informações confiáveis com o objetivo de formar um 
juízo de valor sobre o que foi avaliado, caso não tenha o domínio dos saberes, 
estratégias e métodos arrolados no planejamento, ele se sentirá incapaz de avaliar seus 
alunos. 
 
O planejamento é um conjunto de ações coordenadas entre si, que concorrem para 
a obtenção de muitos e de diversos objetivos. Planejar é uma atividade que está dentro da 
educação, pois controla a improvisação, imagina o futuro, estabelece caminhos que 
possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa. É um processo 
de racionalização, organização e coordenação da ação docente, num projeto coletivo, 
articulando a atividade escolar e os desafios do contexto social. Para tanto, a atividade de 
planejar deve ser o resultado da contribuição de todos aqueles que compõem o corpo 
profissional da escola. 
 
Ouvimos a todo o momento, docentes e gestores falando a respeito das avaliações 
externas que estão acontecendo e revelam que essas provas permitem identificar fortalezas 
e debilidades, do sistema de ensino além de analisar a dinâmica do sistema em perspectiva 
histórica. Com isso, o sistema nacional de educação pretende mapear os locais com 
desempenhos abaixo do esperado e desencadear processos que ajudem a modificar a 
realidade. 
 
Se antes avaliar significava testar a capacidade de reprodução do conteúdo e regras 
transmitidas pelo professor, hoje a questão da avaliação torna-se mais complexa, pois esta 
não deve ser feita apenas através das provas e muito menos com repetição do que foi lido. 
 
De acordo com Pinto3 deve-se ter cuidado para não se adotar a política de 
ranqueamento e se esquecer dos fatores extracurriculares que influenciam diretamente na 
avaliação, como por exemplo, a realidade da escola e comunidade. “Desse modo os bons 
profissionais fogem das escolas com notas baixas e os exames punem quem mais precisa 
de auxílio”, PINTO (2008). 
 
 
3 José Marc e l ino de Rezend e P in to , es pec ia l i s ta em p o l í t i ca educac io na l e p ro fess or da Facu lda de 
de F i los of ia , C iê nc ias e Let ras da USP em R ibe i rão P r e to , a u ma ent r ev is ta d ada a Rev is ta Nova Esco la , 
ed ição esp ec ia l Ges t ão Esco lar , agos t o 200 8 . 
 
 
9 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A avaliação deveria ser vista como meio de buscar melhorias nas escolas. 
Infelizmente não é isto que acontece, de acordo com Vasconcellos (2000) houve uma 
inversão dos papéis: “[...] a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo 
educacional, acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da 
escola; o famoso estudar para passar” (VASCONCELLOS, 2000, p.26). Com isso vem a 
importância do planejamento educacional. 
 
 
 
 
CERVI, Rejane de Medeiros. Planejamento e avaliação educacional. 2ªed. rev., 
atual e ampl. Curitiba: Ibpex, 2008. 
 
TURRA, Clódia Maria Godoy. Planejamento de Ensino e Avaliação. 11ª ed. 
Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1996. 307p. 
 
 
 
 
Para entender o que seja um descritor, peço que leia as tabelas que estão no 
endereço eletrônico. Faz parte da programação semanal a leitura e o 
entendimento de como são apresentados os descritores nos planejamentos e 
avaliações brasileiras. Basta você ter uma visão do conjunto e reconhecer 
alguns descritores da Provinha Brasil 
http://download.inep.gov.br/download/provinhabrasil/2011/matriz_provinh
a_leitura.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
http://download.inep.gov.br/download/provinhabrasil/2011/matriz_provinha_leitura.pdf
http://download.inep.gov.br/download/provinhabrasil/2011/matriz_provinha_leitura.pdf
 
 
10 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. RELAÇÕES ENTRE CURRÍCULO E PLANEJAMENTO: 
 
 “A avaliação e o planejamento estão interligados. Enquanto o planejamento é o ato 
pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na 
verificação de como estamos construindo o nosso projeto. Portanto a avaliação não 
existe se não for prevista no planejamento.” 
Renata Dessbesel e Rosane Marlene Strieder 
 
Objetivo 
Já sabemos que Educar é mais que passar conteúdos, exercícios, provas. Para se 
entender esse algo a mais que é educar é bom ver o planejamento e a avaliação escolar 
diretamente relacionados com o prazer em ensinar, administrar, organizar, questionar e 
interpretar a Escola. Por isso convido você a ler este texto para compreender o 
planejamento escolar como atividade fundamental no desenvolvimento de atividades de 
ensino e aprendizagem nos espaços escolares e não escolares. 
 
Introdução 
Todo trabalho docente está orientado para finalidades educativas e para meios de 
ação de natureza genuinamente educativos. Portanto, o sentido da docência, em princípio, 
não é ensinar pura e simplesmente, mas mobilizar mecanismos para fazer com que o aluno 
aprenda e ganhe autonomia para aprender. Para isso, o docente deve dominar um conjunto 
de conhecimentos sobre desenvolvimento e aprendizagem, bem como sobre a didática e 
aplicação dos princípios de aprendizagem, no contexto da sala de aula. Apresentar 
habilidades para fazer a contextualização do ensino de acordo com os conhecimentos 
espontâneos dos alunos, e saber problematizar situações conceituais a partir dos 
interesses deles e vencer o desafio de manter o envolvimento do aluno durante a atividade 
de aprendizagem. Essas demandas devem ser previstas no plano de ação do ensinar, ou 
seja, no planejamento. 
 
Desenvolvimento 
Planejar implica trabalhar com competências e habilidades para o favorecimento de 
uma ação bem-sucedida. Para tanto, o docente precisa possuir domínio da didática, do 
conteúdo especializado e da prática de ensino. Ou seja: possuir noções básicas dos 
fundamentos educacionais e das áreas de atuação; conhecer os princípios de 
aprendizagem – seus mecanismos e resultados; ter habilidade para construção de um plano 
de ação docente consistente, com o projeto pedagógico da escola; e disponibilizar-se para 
 
 
11 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
participar da elaboração das políticas educacionais da escola, cooperando dentro da 
instituição com professores, alunos e demais segmentos. 
 
 Você está certo (a) ao achar que a docência requer também a mobilização de 
conhecimentos disponíveis no currículo, quer seja oculto4 ou oficial: os valores são 
construídos na diversidade cultural e étnica brasileira, surgem das necessidades especiais 
de aprendizagem, das diferenças, da postura e da prática do professor no cotidiano e são 
referências na construção das situações de ensino e aprendizagem em sala de aula. 
 
Para Guiomar Namo de Melo (2000), o professor deverá saber fazer relações entre 
os conhecimentos adquiridos no curso de formação de nível superior com os 
conhecimentos das demais áreas ou disciplinas do currículo da educação básica, 
trabalhando, assim, de maneira interdisciplinar e favorecendo em seus alunos a 
compreensão das relações entre as várias áreas do conhecimento. 
 
O planejamento deve ser construído de forma coerente com as abordagens 
didáticas, pedagógicas, bem como as concepções de currículo. Este não pode ser visto 
como um documento que determina um conjunto de matérias ou conteúdos... vai muito 
além disso, possui referências dentro e fora da escola a partir dos condicionantes 
socioculturais, pedagógicos e políticos. Estes fatores influenciam o projeto político 
pedagógico da instituição. 
 
Vamos conhecer as dimensõesa serem consideradas na estruturação do 
Planejamento nos diversos espaços educativos: 
• A dimensão socioinstitucional age como elemento relação entre a prática social 
e o que acontece nas instituições: uma dimensão de múltiplas faces e significa 
dizer que a prática educativa ocorre tanto em espaços escolares e não escolares, 
o que leva a contradições e conflitos. 
 
 
4 CURRÍCULO OCULTO: usado par a deno mina r as in f l uênc ias que a f e tam a ap rend iz agem d os a lunos 
e o t raba lh o dos pro f essores , repr esent ando tudo o que os a lu nos apr ende m d iar ia ment e e m meio às vár ias 
prá t i cas , a t i t udes , com por t amen tos , ges t os , p ercepçõ es , que v igo ram no meio soc ia l e esco lar ; sendo oc u l to 
por que n ão ap arece no p lane ja mento d o pro fesso r . 
h t tp : / / cu r r i cu lo2 014. b logspo t .com. br /2 012/1 0 /aprese ntaca o.h tml 
Acesso em 11 de o utub ro de 2 01 6 
http://curriculo2014.blogspot.com.br/2012/10/apresentacao.html
 
 
12 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Deve ser analisada cuidadosamente, pois a escola não é um universo a parte, 
compreende o todo social - suas tendências, práticas e abordagens pedagógicas são um 
“reflexo” da sociedade; ou melhor, podemos dizer que se orientam por um determinado 
paradigma. 
 
• A segunda destaca a história e a identidade dos sujeitos que estão envolvidos 
no processo de ensino e aprendizagem. As reflexões sobre a construção do 
currículo escolar, de certo modo, sintetizam resultados que correspondem, 
também, às dimensões da identidade profissional e dos alunos, e fazem parte 
de um conjunto de intenções expressas em um projeto político cultural e de um 
conjunto de vivências que constituem as práticas que desenvolvemos as quais 
podemos também chamar de currículo. Resultam também em um projeto 
profissional e um “modelo” de ação pedagógica. 
 
• A dimensão que se refere à ação pedagógica integra a visão que dá origem aos 
currículos, aos programas de ensino, às práticas em sala de aula, aos 
procedimentos metodológicos, à avaliação, enfim, o planejamento. Atribui-se à 
escola a competência para concretizar um projeto de indivíduo para um projeto 
da sociedade. E esse projeto social está vinculado aos Princípios da Nação em 
sua Carta Magna. Essa preocupação com o projeto maior da educação, e por 
consequência da instituição, possibilita-nos estabelecer uma relação de trabalho 
cooperativo que é necessário em todos os espaços escolares, e serve como 
princípio norteador do planejamento em todos os níveis. 
 
Planejar pressupõe uma tarefa de organização que considera os fundamentos 
teóricos, pois eles determinam a constituição da atividade, ou seja, o reconhecimento dos 
fazeres e saberes que estão interligados à necessidade de compreensão da dinâmica da 
prática educativa. É uma prática sistêmica de organização do trabalho pedagógico, em que 
interagem elementos humanos, científicos e técnicos, como você está podendo constatar 
ao longo de sua formação universitária. 
 
 
 
 
 
 
 
13 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
COM PARA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Analisando o gráfico, podemos interpretar, em linhas gerais, cada fase do 
planejamento e determinar os passos essenciais, veja: 
1. Caracterização do contexto: corresponde à análise da realidade na qual se deseja 
atuar – quais são as variáveis envolvidas na elaboração do projeto educativo e o 
desenvolvimento da ação. 
2. Constituição da proposta: refere-se ao que se deseja; pautada em metas e 
objetivos em relação ao projeto pedagógico. 
3. Coerência entre ensinar e aprender: A consequência entre o que se deseja com 
relação aos objetivos e o que se produz, é, também, a relação entre a teoria e a prática. O 
grande objetivo do ensino ou de uma ação pedagógica é, a aprendizagem do aluno, ou 
seja, o acompanhamento do processo através da avaliação contínua. 
4. Objetivos: são planejados no início do projeto e vão se concretizando ao longo da. 
Os objetivos são atingidos quando os alunos respondem os descritores dos conteúdos, 
demonstram habilidades e competências. O aprender implica mudança de 
Caracterizar o 
projeto 
Coerência 
Ensinar/ aprender 
Ações compartilhadas 
Objetivos/ 
recursos/ 
metodologia 
Roteiro metodológico 
Executar o 
projeto 
Concretizar os 
objetivos 
 
 
14 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
comportamento e a aceitação e respeito a valores projetados nos planos 
pedagógicos. 
5. Ações compartilhadas: o professor não está sozinho no processo, pois deve ter 
em conta que seu aluno possui experiências prévias e que há condicionantes externos que 
devem ser referências para a ação docente e para a execução do projeto. 
6. Execução do projeto: uma vez relacionados, todos os elementos serão colocados 
em prática levando em conta o equilíbrio das escolhas metodológicas feitas pelo professor. 
 
Enfim, o ciclo nunca se fecha, se pensarmos que o desejável é conseguir elaborar 
uma reflexão constante, envolvendo o professor e sua prática; e os alunos e seu projeto de 
aprendizagem. Para demonstrar que planejar e avaliar andam juntos apresento uma Tabela 
de Descritores da Prova Brasil que oferece um instrumento claro para o educador avaliar o 
seu planejamento: Avaliar o que o alunos aprenderem e o que ainda falta aprender. 
 
 
 
 
15 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. AS FORMAS DE PLANEJAMENTO DE ACORDO COM O PROJETO 
DA ESCOLA (PPP). 
 
Objetivo 
A seguir, você terá a oportunidade de conhecer algumas formas de organização do 
trabalho escolar e de planejar um projeto ou aula. Você, como aluno em formação e futuro 
professor, deverá selecionar em conformidade às orientações e decisões colegiadas de 
cada instituição. 
 
Introdução 
Há muitas formas de organização do ensino em um projeto político pedagógico de 
uma escola. Aqui veremos duas formas: Temas geradores e projetos de trabalho. 
 
Desenvolvimento 
Uma das formas de organização do ensino e de intervenção pedagógica: é por meio 
de temas geradores. Esta opção cabe muito bem se a proposta de educação for pensada 
por currículos modulados ou por competências. A modulação pode se apresentar como 
uma proposta diferenciada diante do conhecimento. Diferente se o conteúdo estiver 
organizado por disciplinas, assim como são a maioria das propostas educativas nas escolas 
brasileiras, com raras exceções. O módulo5 pode ser desenvolvido com um tema gerador. 
 
A adoção de um currículo modulado exige mudanças de paradigmas, principalmente 
quanto à postura do professor, que deverá ter uma atitude de mediador e líder de equipes, 
que, em conjunto com os alunos e outros professores, construirão o conhecimento de forma 
integrada, interdisciplinar ou multidisciplinar. 
 
Esta proposta de ensino concebe o aluno como um sujeito ativo, agente na 
construção do seu conhecimento, propõe claramente o que se espera dele e o que o aluno 
espera da instituição, sugere organização da escola e dos planejamentos com propostas 
educativas que incorporem aspectos fundamentais das disciplinas por meio da visão de 
focos mais abrangentes do conhecimento e não disciplinares. 
 
5 É bom lembrar que o currículo por módulo também pode ser desenvolvido de forma linear e tradicional, se não houver uma 
postura política e crítica envolvida. 
 
 
 
16 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
De maneira esquemática, podemos dizer que o “Método Paulo Freire” está dentro doque seria o trabalho por temas geradores, que levam a construir competências6 gerais, em 
que as disciplinas se entrelaçam, construindo um conjunto. 
 
O trabalho por temas geradores, cujo expoente é Paulo Freire, consiste de três 
momentos dialéticos ( tese, síntese e antítese) e interdisciplinarmente entrelaçados: 
1. A investigação temática pela qual aluno e professor buscam, no universo 
vocabular do aluno e da sociedade em que ele vive, as palavras e temas centrais 
de sua biografia, ou do contexto. 
2. A tematização (temas) que sugere as influências as quais os alunos estão 
submetidos; estes buscam, através dos temas, o significado social que gera uma 
consciência crítica do mundo vivido. 
3. A problematização na qual os alunos buscam superar uma visão primária e de 
senso comum, construindo uma visão crítica. Esta surge da transformação do 
contexto vivido – na valorização do cotidiano de cada aluno. 
 
Dada essa interdisciplinaridade, a obra de Paulo Freire pode ser vista como 
referência na construção de uma visão contextualizada de mundo e que parte da realidade 
da sociedade em que os homens vivem e não de fora dela – ali, está incluída a dimensão 
política e ideológica do conhecimento, da educação e do mundo. 
 
Portanto, trabalhar com temas geradores não é trabalhar com um método, mas com 
uma proposta político-pedagógica, voltada à emancipação do sujeito ativo na sociedade em 
que vive. 
 
Outra forma de trabalho decorre da Organização do ensino e intervenção pedagógica 
por meio de projetos de trabalho. 
 
A organização do currículo por projetos de trabalho implica uma postura curiosa e 
interdisciplinar, além de uma atualização constante, tanto do professor, quanto do aluno. 
 
6 As competências, enquanto ações e operações mentais, articulam os conhecimentos, o “saber”, as habilidades, o “saber fazer” 
elaborado de modo cognitivo, social e afetivo, os valores e as atitudes da ordem do “saber ser” e do “saber conviver”. (DELORS, 2000) 
 
 
 
17 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em entrevista à revista Nova Escola, ed. 154/ agosto de 2002, Fernando Hernandez diz o 
seguinte: 
O modelo propõe que o docente abandone o papel de “transmissor 
de conteúdos” para se transformar num pesquisador. O aluno, por sua vez, 
passa de receptor passivo a sujeito do processo. É importante entender que 
não há um método a seguir, mas uma série de condições a respeitar. (p. 18-
25). 
 
 
Não há um método fixo a seguir. O professor precisa abandonar a postura de dono 
do saber ou transmissor de conhecimento, como dizia Paulo Freire (2002) sobre a 
educação bancária - o aluno deve ser “ensinado” a ter uma postura de “atividade” e 
agente do processo. 
 
Convém ler uma descrição de como são as etapas de um projeto de trabalho.Com 
base nos princípios apresentados por Fernando Hernández (2002) apontamos como 
possíveis etapas: 
 
1. Escolher do tema para desencadear problema a ser lançado como desafio e/ ou 
para iniciar uma investigação. Pode partir de uma inquietação dos alunos, sugerida por eles 
ou pode ser uma sugestão do professor. Basta que se tenha “uma questão inicial” e se vá 
em busca de variáveis para o desenvolvimento. A partir daí, é importante trabalhar as 
maneiras de olhar o mundo, que são diversas. Mas não interessa só localizá-las, e sim 
entender o significado delas. O resultado é que se constrói uma situação de aprendizagem 
em que os próprios estudantes começam a participar do processo de criação, pois buscam 
resposta as suas dúvidas. 
 
2. Planejar e organizar são as ações previstas para o desenvolvimento do tema - 
divisão dos grupos, definição dos assuntos a serem pesquisados, procedimentos e 
delimitação do tempo de duração, realizar o tratamento das informações. 
 
3. Socializar periodicamente os resultados obtidos nas investigações (identificação 
de conhecimentos construídos) e discussões de estudo devem ser sistematicamente 
socializados em forma de atividades com os alunos. 
 
4. Definir os critérios de avaliação: estabelecer com o grupo os critérios de 
avaliação. Avaliar cada etapa do trabalho, realizando os ajustes necessários. O portfólio é 
 
 
18 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
uma técnica que tem sido usada e é uma importante estratégia de aprendizagem e 
feedback. 
 
5. Finalizar o projeto, propondo uma produção final, como elaboração de um livro, 
apresentação de um vídeo, uma cena de teatro ou uma exposição que dê visibilidade a 
todo processo vivenciado e possa servir de foco para outro projeto educativo. E novas 
perspectivas para trabalho futuro – outras perguntas para futuros trabalhos. 
 
Para Hernandez (2002, p.18-25), 
 
“O projeto avança à medida que as perguntas são respondidas e o ideal é 
fazer anotações para comparar erros e acertos — isso vale para alunos e 
professores porque facilita a tomada de decisões”. 
 
Todo o trabalho deve estar alicerçado nos conteúdos pré-definidos pela escola e 
pode (ou não) ser interdisciplinar. Antes, defina os problemas a resolver, depois, escolha 
a(s) disciplina(s). Nunca o inverso. A conclusão pode ser uma exposição, um relatório ou 
qualquer outra forma de expressão. 
 
QUADRO SÍNTESE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tema ou problema 
O que se vai pesquisar, estudar ou desenvolver com os alunos? 
 
 
 
Questões ou hipóteses 
O que sabemos sobre o assunto? O que os alunos levantam sobre a temática? Quais são as principais 
curiosidades para que se possa iniciar o estudo? 
Fontes de informação 
Onde buscar as informações e fontes para desenvolver o tema – que estratégias vamos usar? 
Critérios de ordenação e de interpretação das fontes 
Como vamos tratar os dados coletados? O que vamos fazer com o que vamos coletando? 
Relações com outros problemas 
Que relações ainda são possíveis de ser feitas? 
 
 Avaliação 
Como será a avaliação do processo junto com o aluno? O que vou avaliar no decorrer das atividades? 
 
 
 
19 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
 
 
Assim, de tudo o que foi abordado, é fundamental que você compreenda que existem 
 
Muitas maneiras de planejar o ensino e a aprendizagem. É interessante que o 
professor proporcione diversas alternativas de organização das situações de aprendizagem 
– aulas expositivas, seminários, trabalho em grupos e individualmente, uso de tecnologias, 
criação de mídias e ferramentas, como blog, fóruns, ou seja, proporcionar o estudo sob 
diferentes situações com atividades diversificadas. 
 
É importante lembrar, no entanto, que muitas formas de ensino e de conceber o 
currículo afastam os alunos do mundo real. Segundo Hernandez (2002, p. 18-25), 
 
Há muitas maneiras de garantir a aprendizagem. Os projetos são apenas uma 
delas. É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, 
participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem 
em diferentes situações. 
 
É preciso planejar e programar propostas que promovam aproximação do aluno com 
o mundo, acolhendo, no interior dos projetos, suas necessidades; certamente, os resultados 
do professor serão melhores. 
 
 
 
 
 
 
 
Conexão com novo tema ou problema 
Há possibilidade de emendar outro projeto? Isto vai acontecer naturalmente? 
Produto final 
O que fazer com o resultado ao longo dos estudos e pesquisas? 
 
 
20 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 
 
Objetivo 
Nesse capítulo, você será convidado a refletir sobre a importância do Projeto Político-
Pedagógico como instrumento teórico-metodológico, bem como compreender seu 
significado, e a relação que se estabelece com a escola. Você verá também aspectos quedefinem e caracterizam um projeto, bem como conhecer as possibilidades de se estruturar 
um PPP. 
 
Introdução 
Entendendo-se que a importância e a finalidade do Projeto Político- Pedagógico no 
contexto educacional é elaborado por meio de um processo que coletivo, reflexivo e 
dinâmico. Por isso na formação profissional daqueles que irão integrar a comunidade 
pedagógica é fundamental um conhecimento sólido e a capacidade de dialogar 
empregando argumentos válidos e aceitos pela academia e assim se afastarem do senso 
comum. 
 
Desenvolvimento 
Você sabe quanto o Projeto Político-Pedagógico contribui para a organização do 
trabalho pedagógico como um todo e aponta no sentido de transformar a realidade escolar. 
Para a construção de um projeto eficiente é importante a participação de todos os 
envolvidos, no sentido de apontar um diagnóstico da situação atual da escola, assim 
como a definição de novos objetivos. Sendo assim, cada escola deve elaborar sua proposta 
pedagógica com a participação de todos aqueles que, direta ou indiretamente, estão ligados 
à dinâmica do processo educativo: diretor, orientador educacional, professores, alunos e 
comunidade escolar. 
 
 Para dar início ao processo de construção do Projeto Político-Pedagógico, é 
fundamental sensibilizar e comprometer o grupo, a escola e toda comunidade, fazendo-os 
perceber a necessidade do empenho e dedicação de todos os envolvidos no processo, para 
que, de fato, se concretize. Tal construção não deve ocorrer simplesmente porque é uma 
exigência legal, mas, por constituir-se no instrumento que norteia as ações da escola para 
a promoção da cidadania e, por consequência, para a promoção das mudanças sociais. 
 
Pensando em todas as dimensões do termo, podemos dizer que: 
 
 
21 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O termo Projeto busca um norte, um rumo, uma direção. E se traduz numa ação 
intencional, num compromisso que é assumido e definido coletivamente. (VEIGA, 2010a). 
 
Já o termo Político se traduz no sentido de que toda a ação pedagógica é 
também política. E, segundo Vasconcellos (2009, p.20), “Ser político significa tomar 
posição nos conflitos presentes na Polis; significa, sobretudo, a busca do bem comum. 
Não deve ser entendido no sentido estrito de uma doutrina ou partido”. 
 
O termo Pedagógico, “no sentido de definir as ações educativas e as características 
necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.” (VEIGA, 
2010a, p. 13). 
 
A escola é formada por uma teia de relações, tendo no seu centro sujeitos que, ao 
se modificarem, modificam seu entorno. Ela é um espaço complexo e dinâmico que traz 
em seu centro possibilidades de mudança. Pois bem, para Veiga, “a escola é o lugar de 
concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita 
organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos.” 
 
Há, então, esta questão mais elementar hoje colocada, que é a valorização do 
planejamento, o estar mobilizado para fazê-lo, entendê-lo realmente como uma 
necessidade. Trata-se de um problema filosófico-axiológico, de posicionamento 
valorativo, de ver sentido, acreditar. O planejamento é político, é hora de tomada de 
decisões, de resgate dos princípios que embasam a prática pedagógica. Mas para 
chegar a isto, é preciso atribuir-lhe valor, acreditar nele, sentir que planejar faz 
sentido, que é preciso. (VASCONCELLOS, 2010). 
 
Nessa lógica, entende-se que o Projeto Político-Pedagógico é um instrumento de 
intervenção na realidade educacional, constituindo-se como proposta para transformar e 
superar as concepções que desvinculam a prática dos professores e da escola do contexto 
social. 
 
Se no PPP é fundamental a construção dos sujeitos, portanto, na parceria professor e 
aluno no processo de ensino-aprendizagem, tem-se que as interações planejadas em sala 
de aula contribuem para a 
 
[...] construção compartilhada de significados, orientados para a autonomia do 
aluno, e que não opõe a autonomia – como resultado de um processo – à ajuda 
necessária que este processo exige, sem a qual dificilmente se poderia alcançar 
 
 
22 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
com êxito a construção de significados que deveriam caracterizar a aprendizagem 
escolar. (ZABALA, 2002, p. 92). 
 
 
Volta-se aqui ao valor que a interação planejada, intencional, em no processo de 
ensino-aprendizagem. O Projeto Político-Pedagógico é imbuído de intencionalidade, mas não 
pode ficar apenas na intenção. “Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos 
o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que 
temos, buscando o possível. ” (VEIGA, 2010a, p.12). 
 
 É altamente enriquecedor que o Projeto Político-Pedagógico mostre em sua 
sistematização, um texto que revele um desejo de mudança, de querer transformar a 
realidade; onde a intencionalidade se traduz ao documentar a proposta do trabalho da escola, 
em busca da melhoria da qualidade de ensino. 
 
Para que a construção do Projeto Político-Pedagógico seja possível, Veiga (2010a, 
p. 16) nos apresenta, como organização do trabalho pedagógico na escola, os princípios 
que deverão nortear a escola democrática. 
 
Igualdade de condições para acesso e permanência na escola. Igualdade de 
oportunidades requer, portanto, mais que a expansão quantitativa de ofertas; requer 
ampliação do atendimento com simultânea manutenção da qualidade. 
 
Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais. O desafio 
é propiciar uma qualidade para todos. A qualidade na formação dos profissionais é condição 
imprescindível da participação de todos os envolvidos na construção do PPP. 
 
Gestão democrática é um princípio consagrado pela Constituição vigente (CF, art. 
206, VI) e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige uma 
ruptura histórica, na prática administrativa da escola. 
 
Autonomia é outro princípio educacional. A autonomia faz parte da própria natureza 
do ato pedagógico. E também o compromisso dos adultos para garantir o direito aprender, 
ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direcionados para uma intencionalidade 
definida coletivamente e com tomadas de decisão colegiadas. 
 
 
 
23 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Valorização do magistério é um princípio central na discussão do projeto político-
pedagógico. A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar 
cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país 
relacionam-se estreitamente com a formação (inicial e continuada), condições de trabalho 
(recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução do 
número de alunos na sala de aula etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à 
profissionalização do magistério. (VEIGA, 2010a). 
 
Para a construção do projeto político-pedagógico, devemos ter claro o que se quer 
fazer e porque vamos fazê-lo. Assim, o projeto não se constitui na simples produção de um 
documento, mas na consolidação de um processo de ação-reflexão-ação que exige o 
esforço conjunto e a vontade política do coletivo escolar. (VEIGA, 2010b). 
 
Veiga sugere pelo menos sete elementos básicos constitutivos da organização do 
PPP pois contribuem para a elaboração do projeto: “a definição de suas finalidades da 
escola, a estrutura organizacional, o currículo, o tempo escolar, o processo de decisão, as 
relações de trabalho, a avaliação”. 
 
A escola persegue finalidades. É importante ressaltar que os educadores precisam 
ter clareza das finalidades de sua escola. Para tanto, há necessidade de se refletir sobre a 
ação educativa que a escola desenvolve com basenas finalidades e nos objetivos que ela 
define. As finalidades de uma escola referem-se às mudanças que ela pretende realizar. 
 
 A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estruturas: administrativas 
e pedagógicas. As primeiras asseguram, praticamente, a locação e a gestão de recursos 
humanos, físicos e financeiros. As estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, 
às interações políticas, às questões de ensino-aprendizagem e de currículo. Nas estruturas 
pedagógicas, incluem-se todos os setores necessários ao desenvolvimento do trabalho 
pedagógico. 
 
 O Currículo é um importante elemento constitutivo da organização escolar e 
promove, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e a 
opção por um referencial teórico que o sustente. Neste sentido, o currículo refere-se à 
organização do conhecimento escolar. Na organização curricular, é preciso considerar 
alguns pontos básicos. O primeiro é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O 
C
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2
 
 
 
24 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
segundo ponto é o de que o currículo não pode ser separado do contexto social, uma vez 
que é historicamente situado e culturalmente determinado. O terceiro ponto diz respeito à 
organização curricular que a escola deve adotar. O quarto ponto refere-se à questão do 
controle social, já que o currículo implica em controle. 
 
O tempo é um dos elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico. 
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se necessário que a escola reformule 
seu tempo, estabelecendo períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores, 
fortalecendo a escola como instância de educação continuada. 
 
Uma estrutura administrativa da escola, adequada à realização de objetivos 
educacionais, de acordo com os interesses da população, deve prever mecanismos que 
estimulem a participação de todos no processo de decisão. 
 
 É importante reiterar que, quando se busca uma nova organização de trabalho 
pedagógico, está se considerando que as relações de trabalho, no interior da escola, 
deverão estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de participação 
coletiva, em contraposição à organização regida pelos princípios da divisão do trabalho, da 
fragmentação e do controle hierárquico. 
 
Acompanhar as atividades e avaliá-las leva-nos à reflexão, com base em dados 
concretos sobre como a escola se organiza para colocar em ação seu projeto político-
pedagógico. O processo de avaliação envolve três momentos reflexivos: a descrição e a 
problematização da realidade escolar, a compreensão crítica da realidade descrita e 
problematizada e a proposição de alternativas de ação, momento de criação coletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 
 
Objetivo 
Refletir sobre a avaliação como elemento integrante da organização e da dinâmica 
do trabalho pedagógico, necessária ao aprimoramento dos processos educativos, sob a 
ótica da avaliação da aprendizagem e da avaliação institucional. 
 
Introdução 
Diante dos desafios que se impõem atualmente à melhoria da qualidade da 
educação, a avaliação destaca-se como um conjunto de conhecimentos imprescindíveis à 
atividade docente, à medida que se deve constituir como prática reflexiva do processo 
ensino e aprendizagem. 
 
Desenvolvimento 
No âmbito educacional, a avaliação não decorre de forma isolada. Assim como 
outros elementos do processo, a avaliação decorre de forma articulada com outras etapas 
de ensino, como por exemplo, a do planejamento. Isto quer dizer que, sem ações 
pedagógicas planejadas, não há como avaliar a aprendizagem, pelo menos da forma que 
se deseja, ou seja, comprometida. 
 
Para que a avaliação seja possível, Luckesi (2011) considera que o passo inicial é o 
de estabelecer uma ação claramente planejada, sem o que a avaliação fica sem 
possibilidades de dimensionar-se e ser praticada, pois o seu mais profundo significado, a 
serviço da ação, é oferecer apoio com o propósito de chegar aos resultados almejados. 
 
Por muito tempo vigorou uma perspectiva de avaliação como momento determinado, 
separado do processo de aprendizagem. Nesse sistema, a transmissão de informações 
precisava ser memorizada progressivamente e o aluno era considerado como receptador 
passivo. Lembre-se que Paulo Freire denominava “educação bancária” pois se faz com o 
deposito de conteúdos e a retirada deles com juros e correção monetária. 
 
 A avaliação faz parte de um processo, por este motivo não podemos fazer o caminho 
inverso e equivocado cuja ideia é creditar que apenas mudando o processo de avaliação, 
se alcançará a qualidade da educação. A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu 
 
 
26 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sentido à medida que se articula com um projeto pedagógico e com seu consequente 
projeto de ensino e aprendizagem, (LUCKESI, 2011). 
 
As práticas de avaliação constituem-se em valiosos procedimentos que possibilitam 
conhecer o sistema educativo desde o estabelecimento de políticas públicas, em geral, até 
as realidades escolares. Discutir e analisar as práticas de avaliação é uma das melhores 
maneiras de compreender o que se vivencia na escola. 
 
 
De acordo com Esteban (2003), é importante continuar discutindo a avaliação 
como parte de um processo mais amplo que engloba a questão do fracasso 
escolar, a questão dos mecanismos que o constituem e possibilidades de 
reversão desse cenário, com a construção do sucesso escolar de todos os 
alunos, especialmente daqueles que estejam limitados por carências 
individuais ou sociais e que efetivamente vivem cotidianamente com o 
fracasso escolar. 
 
 Vamos agora fazer um retrospecto breve sobre a dimensão histórica do conceito de 
avaliação 
 
Por séculos, a avaliação esteve associada à ação de medir e de verificar as 
aprendizagens. Portanto, é importante, a partir de agora, que você reflita se esta postura 
tem se revelado nas práticas de avaliação. Mas é desde o século XVII, a partir da proposta 
de Comenius, que o exame surge de forma institucionalizada. Em 1631, Comenius, em sua 
Didática Magna, toma o exame como um problema metodológico, que deve ser entendido 
como instrumento de aprendizagem e não de verificação. Para Comenius, se o aluno não 
aprendesse, seria necessário repensar o método, pois para ele o exame era um precioso 
auxílio a uma prática docente mais adequada ao aluno. 
 
 
 
Comenius foi considerado o primeiro educador ocidental a interessar--se pela 
relação ensino e aprendizagem. A sua obra Didática Magna é reconhecida como 
o primeiro tratado sistemático de Didática. Comenius compreende a Didática 
como a arte universal de ensinar tudo a todos. 
 
 
 
27 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mas é desde o século XVII, a partir da proposta de Comenius, que o exame surge 
de forma institucionalizada. Em 1957, Comenius, em sua Didática Magna, toma o exame 
como um problema metodológico, que deve ser entendido. 
 
Na definição de Libâneo (1994), a avaliação é um componente do processo de 
ensino e aprendizagem que visa, através da verificação e qualificação dos resultados 
obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, então, 
embasar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. No mesmo 
sentido, Luckesi (2011) define a avaliação como um juízo de qualidade sobre dados 
relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. 
 
Observe que os dois conceitos indicam que avaliação envolve valor, e isso envolve 
pessoa, pois quandovocê avalia alguém, envolve-se por inteiro, ou seja, o que você sabe, 
o que sente, o que conhece e a relação que se tem com essa pessoa. E é partir destes 
elementos que o professor constrói sua relação com o aluno. Por conta disso, o sentimento 
de compromisso em relação aquela pessoa e com a verdade com quem se está 
relacionando é a premissa básica do processo de avaliação. Avaliar é muito mais que 
conhecer o aluno, é reconhecê-lo como pessoa digna de respeito e de interesse. Um aluno 
que está numa caminhada durante a qual deve evidenciar seu processo de crescimento em 
todos os aspectos de sua personalidade com nos saberes: entender, fazer e ser. 
 
 O conceito de avaliação é formulado a partir das determinações da conduta de 
atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação, que, por si, 
implica um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso 
de ação avaliado. Isto quer dizer que o ato de avaliar vai além da verificação. A avaliação, 
diferentemente da verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção de configuração 
do objeto, exigindo decisão do que fazer ante ou com ela. 
 
 A seguir nos dedicaremos às Funções da Avaliação a fim de identificar os 
propósitos da avaliação escolar. Há diferentes posicionamentos e entre eles há os que 
consideram como meio de coerção e controle exercido por professores, escolas e sistemas 
educacionais que representam o poder. 
 
 Há também quem veja a relação entre avaliação e controle, mas diferencia duas 
dimensões distintas para o controle: uma delas vê controle como cerceamento e outra 
 
 
28 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
como acompanhamento. Para a primeira dimensão, o controle serve para julgar, basta 
observar, registrar, coletar dados do processo de desenvolvimento. Na outra dimensão, 
quando o controle se dá para ajudar, é necessário acompanhar o aluno no seu 
desenvolvimento, apoiando-o, conversando, negociando, sugerindo rumos adequados. 
 
A dinâmica da avaliação tem seu grau de complexidade e uma delas se deve ao fato 
da necessidade em acompanhar os percursos individuais de aprendizagem que se dão no 
coletivo. Note que em cada momento do processo de ensino e aprendizagem o professor 
precisa avaliar de diversas maneiras. 
 
Numa proposta mais radical, há o ponto de vista que prevê que uma escola sem 
avaliação, em que o aluno passaria sua trajetória escolar sem qualquer apreciação sobre 
seu empenho e seu aproveitamento. Como consequências de tal posicionamento, o 
professor ficaria impossibilitado de emitir qualquer juízo de valor e, por consequência, sem 
qualquer hipótese de tomar decisões e sem também receber dados para sua autoavaliação. 
Mesmo apresentando alguma sedução a proposta de não haver avaliação da aprendizagem 
é necessária visto que a avaliação possui funções sobre as quais o sistema educacional se 
apoia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 
 
Objetivos 
Refletir sobre os processos de avaliação institucional nas perspectivas interna e 
externa e discutir a auto avaliação da escola quanto seu desempenho. 
 
Introdução 
As práticas de avaliações institucionais são procedimentos fundamentais para 
encontrar alternativas a novos encaminhamentos em relação ao sistema educacional, em 
geral, e a novas práticas educativas, em particular. Tais práticas que, além da avaliação da 
aprendizagem, abrangem outras propostas de avaliação como as de curso e de currículo, 
da instituição e de sua gestão e do próprio do sistema educacional. 
 
Desenvolvimento 
I - Avaliação externa 
No contexto da educação brasileira, a partir dos anos noventa do século XX, a a 
importância da avaliação se tornou ainda maior à medida que inúmeros programas e 
sistemas passaram a ser criados sob a coordenação dos governos federal, estadual e, 
em alguns casos, municipal. Deste modo, para além das questões relativas à avaliação da 
aprendizagem, aquela realizada pelo professor em sua sala de aula, agora a avaliação 
passou a se constituir em uma das tarefas das diferentes instâncias de governo. Por 
serem demandas de governo, neste caso, são consideradas avaliações de caráter 
externo, mesmo sabendo que muitas envolvem diretamente as escolas, e cumprem uma 
legislação que acompanha indicadores para monitorar a melhoria dos índices de 
desempenho dos sistemas. 
 
A Constituição de 1988 estabelece como um dos princípios do ensino “a garantia 
de padrão de qualidade” (Art. 206, inciso VII). Em sintonia a LDB n° 9.394/1996 vem 
reafirmar esse princípio e estabelecer como uma das incumbências da União o papel de 
 
[...]assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino 
fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, 
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino [...] 
e [...] assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação 
superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre 
este nível de ensino. (Art. 9°, inciso VI e VIII). 
 
 
 
30 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Deste modo, em articulação com esse preceito legal, presenciou-se no país, a 
implementação de exames, por vezes definidos como sistemas de avaliação educacional, 
que visavam aferir o nível de domínio de conteúdos em determinadas disciplinas ou campos 
de saber, e que vieram a influenciar na gestão dos sistemas de ensino e das próprias 
escolas. Na educação básica, implantou-se o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da 
Educação Básica) e o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e, no ensino superior, 
implantou-se o Provão, posteriormente substituído pelo ENADE (Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes). E posteriormente a nota do IDEB (índice de 
desenvolvimento da Educação Básica). 
 
Na perspectiva da avaliação, vale lembrar o papel significativo dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, quanto à constituição de padrões de desempenho esperados. 
Assim, os conteúdos a serem ensinados nas escolas serão os exigidos nas provas 
elaboradas pelas instâncias externas à escola e recomendados também para as escolas 
particulares. 
 
Os resultados dos sistemas de avaliação externa podem vir organizar o que se 
ensina nas escolas, potencializando assim o poder dos testes de rendimento. 
 
É importante ressaltar que os resultados dos sistemas de avaliação evidenciam o 
ranquiamento das escolas baseado na premiação ou na punição de escolas, fato que deve 
ser combatido pela sociedade, uma vez que é redutor a aplicação de testes como meios de 
medir o rendimento escolar. Potencializar a dimensão educativa e formativa da avaliação, 
supõe, certamente, na promoção da autonomia pedagógica e didática da escola e não a sua 
conformação. 
 
É fato que avaliação tem ocupado lugar central nas políticas educacionais no país. 
Assume-se como uma estratégia capaz de propiciar o alcance dos objetivos de melhoria da 
eficiência e da qualidade da educação, os quais têm sido declarados em planos e propostas 
governamentais, direcionadas às várias instâncias e instituições dos sistemas de ensino. A 
melhoria que se anuncia visa à eficiência, a qual refere-se ao fluxo escolar pelas taxas de 
conclusão, de evasão, de repetência, estimulando a implantação da progressão 
continuada, classes de aceleração, organização curricular em ciclos, bem como a 
racionalização orçamentária via programas de avaliação de desempenho e descentralização 
administrativa. Com o Plano Nacional de Educação as avaliações externas tornaram-se 
 
 
31 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
instrumentos de acompanhamentode recuos e avanços nas metas estipuladas pelo 
Conselho Nacional da Educação. 
 Avaliação interna da escola serve para análise do desenvolvimento dos alunos 
e para que haja a sua evolução, ainda podendo servir de parâmetro avaliativo do 
professor. Mesmo estando relacionadas, a avaliação da aprendizagem dos alunos e da 
escola, devem ser diferenciadas. A análise das condições institucionais da escola pode 
ajudar a explicar os resultados da avaliação da aprendizagem, que por sua vez, é um 
importante referencial para avaliação institucional. Mas, a aprendizagem pode ser 
apenas uma das dimensões a ser avaliada na escola. O MEC (Ministério da Educação) 
elaborou em 2005 indicadores de qualidade para as escolas com seis dimensões 
orientadoras: ambiente educativo; prática pedagógica e avaliação; gestão escolar 
democrática; formação e condições de trabalho dos profissionais da escola; espaço físico 
escolar; e acesso e permanência dos alunos na escola. 
 
Torna-se importante ressaltar que para além destas dimensões, as escolas podem 
construir e desenvolver outros indicadores de qualidade, explorando espaços para construí-
las e incluí-las nas atividades avaliativas. Para cada uma das dimensões é constituída por 
um grupo de indicadores. Os indicadores, por sua vez, são avaliados por perguntas a serem 
respondidas coletivamente. A resposta a essas perguntas permite à comunidade escolar 
avaliar a qualidade da escola quanto aquele indicador, sendo a situação classificada como: 
boa, média ou ruim. A avaliação dos indicadores deve levar a análise da dimensão. 
 
Por pertencer a um mesmo país, a um mesmo momento histórico, é 
compreensível e esperado que haja entendimentos muito próximos do que é uma 
escola de qualidade. Nesses dois contextos, muitos educadores e gestores podem 
concordar com o fato de que uma boa escola é aquela em que os alunos aprendem coisas 
essenciais para sua vida, como ler e escrever, resolver problemas matemáticos, conviver 
com os colegas, respeitar regras, trabalhar em grupo. Mas, quem pode definir bem e 
dar vida às orientações gerais sobre qualidade na escola, de acordo com o s contextos 
socioculturais locais, é a própria comunidade escolar. Não existe um padrão ou uma receita 
única para uma escola de qualidade. Qualidade tem a ver com profundidade, perfeição, 
principalmente com participação e criação. Está mais para o ser do que para o ter. 
 
 
 
32 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Apesar de não existirem padrões e modelos para todas as escolas, existem 
referenciais constituídos para auto avaliação, com sugestões de critérios e indicadores de 
qualidade, que podem servir como ponto de partida. Outro documento que pode ser 
consultado na auto avaliação escolar é o documento “Indicadores da Qualidade na 
Educação Infantil”. (MEC, 2009). 
 
 
Os Indicadores da Qualidade na Educação foram criados para ajudar a 
comunidade escolar na avaliação e na melhoria da qualidade da escola. Este é 
seu objetivo principal. Compreendendo seus pontos fortes e fracos, a escola 
tem condições de intervir para melhorar sua qualidade de acordo com seus 
próprios critérios e prioridades. Para tanto, identificamos sete elementos 
fundamentais – aqui nomeados de dimensões – que devem ser considerados 
pela escola na reflexão sobre sua qualidade. Para avaliar essas dimensões, 
foram criados alguns sinalizadores de qualidade de importantes aspectos da 
realidade escolar: os indicadores. Confira os indicadores da qualidade em 
documento oficial do MEC 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf - Acesso 
em 22 de outubro. 
 
A auto avaliação da escola é um processo que deve se fazer presente não só em 
sala de aula entre professores e alunos ou entre gestores e professores, mas, entre todos 
os sujeitos envolvidos no processo educativo. A constituição dos conselhos escolares, 
embasados pela ótica da gestão partilhada, tem esse papel de envolver a comunidade 
escolar na participação de avaliação da escola. É uma proposta de avaliação reflexiva, sem 
a intenção de punir ou constranger, indo em busca de resultados e soluções para o 
crescimento mútuo e contínuo. 
 
Quando a escola se organiza para construir um processo de avaliação institucional 
ela está se auto avaliando e, por consequência, está buscando a sua qualidade. Quando 
a escola se organiza para construir um processo de avaliação institucional, a partir do 
planejamento participativo, ela conecta de forma substantiva gestão democrática com 
avaliação. 
 
 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf
 
 
33 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. AVALIAÇÃO MEDIADORA 
 
 “Corrigir não é avaliar, interpretar é avaliar” 
 J. Hoffmann 
 
 Objetivos 
Para abordagem do tema Avaliação Mediadora, optamos por introduzir uma 
concepção ousada para inspirar os educadores a fim de estudarem, debaterem as ideias 
de Jussara Hoffmann e aos poucos coloquem em prática em suas escolas de forma 
responsável, pois afinal, nós educadores não nos sentimos confortáveis com a longa 
vigência da avaliação burocrática a que estamos engajados. 
 
 Introdução 
Jussara Hoffmann é Professora Mestre reconhecida por suas contribuições à 
melhoria da educação no país, é autora de dez livros, de vários capítulos em livros no Brasil 
e no exterior, de numerosos artigos em jornais e revistas, destacando-se, entre suas obras 
mais conhecidas: Avaliação mito & desafio: uma perspectiva construtivista, Avaliação 
mediadora; uma prática em construção da pré-escola à universidade, Avaliar para 
promover: as setas do caminho; O jogo do contrário em Avaliação e Avaliação e Educação 
Infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. 
 
Desenvolvimento 
Voltando à epígrafe, não podemos deixar de nos surpreender com a revolucionária 
afirmação da autora, chega até a ser provocativa. Afinal ela mexe com uma tradição de 
canetas vermelhas e contar os erros para abaixar as notas. Para ressignificar o ato de 
acompanhar a aprendizagem de alunos Jussara introduz na Avaliação, o conceito de 
Mediação, ou seja: um “diálogo intelectual” para compreender o pensamento do aluno. Para 
que isso aconteça, é preciso aproximar-se dele para conhecer a história do sujeito. 
Refletindo sobre as notas atribuídas aos estudantes, Jussara salienta que “o problema da 
análise quantitativa pouco significa como dado a apreensão de habilidades e saberes, pois 
números não me falam das pessoas e nem do que elas estão aprendendo”. 
 
 Em palestra, a professora que vem se dedicando ao estudo e pesquisa da Avaliação 
Mediadora aponta o que é preciso mudar para que a prática a Avaliação Mediadora seja 
 
 
34 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
adotada pelas escolas, para argumentar a professora reflete sobre os conceitos de 
avaliação. Vejamos: 
 
Uma grande questão é que avaliar envolve valor, e valor envolve pessoas. Nós 
somos o que sabemos em múltiplas dimensões. Quando avaliamos uma pessoa, nos 
envolvemos por inteiro - o que sabemos, o que sentimos, o que conhecemos desta pessoa, 
a relação que nós temos com ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu 
aluno. Então, para que ele transforme essa sua prática, algumas concepções são 
extremamente necessárias. 
 
Em primeiro lugar, o sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com 
quem está se relacionando. Avaliar é muito mais que conhecer o aluno, é reconhecê-lo 
como uma pessoa digna de respeito e de interesse. Em segundo lugar, o professor precisa 
estar preocupado com a aprendizagem desse aluno. Nesse sentido, o professor se torna 
um aprendiz do processo, pois se aprofunda nas estratégias de pensamento do aluno, nas 
formas como ele age, pensae realiza essas atividades educativas. E identifica o quanto o 
aluno deseja aprender. Só assim é que o professor pode intervir, ajudar e orientar esse 
aluno. É um comprometimento do professor com a sua aprendizagem. Assim o docente 
tornar-se um permanente aprendiz. Aprendiz da sua disciplina e dos próprios processos de 
aprendizagem. Por isso a avaliação é um terreno bastante arenoso, complexo e difícil. 
 
Eu mudo como pessoa quando passo a perceber o enorme comprometimento que 
tenho como educador ao avaliar um aluno. (Hoffmann) 
 
Como o professor avalia o aprender, é essencial que se reflita sobre o que é 
aprender. A avaliação tradicional se centrou basicamente no "aprender que". Exemplifico: 
eu aprendo que todas as palavras proparoxítonas são acentuadas, e muitos professores 
ainda estão centrados nessas informações que precisam ser memorizadas. No entanto a 
aprendizagem é muito mais ampla do que o "aprender alguma coisa. O aprender envolve o 
desenvolvimento, o interesse e a curiosidade do aluno, a sua autoria como pesquisador, 
como escritor, como leitor. Aqui, Jussara ao enumerar os múltiplos papéis do aprendiz 
envolve o seu desenvolvimento pleno e aproxima-se muito da conhecida MOTIVAÇÂO que 
na Educação infantil e Ensino Fundamental precisa de um estímulo externo, já a partir do 
 
 
35 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ensino Médio e sobretudo no Superior, carece apenas da automotivação que impulsiona o 
indivíduo a aprender. 
 
É lógico que não se pode atribuir pontos por participação, por tarefas, pela motivação 
do aluno. Não há como somá-las. A análise da aprendizagem é uma análise de conjunto 
de saberes e de fazeres. Esse aprender é um aprender muito mais amplo do que muitos 
professores hoje concebem. No entanto de onde vem esse dever de quantificar e registrar 
toda a caminhada da aprendizagem e atribuir valor? Isso nasceu e ainda perdura porque é 
uma forma de os professores documentar seu trabalho e sua atuação junto ao aluno para 
que haja garantia de que informação foi transmitida ao aluno. Numa sociedade competitiva 
como a nossa é muito difícil para a família aceitar a ideia de que algumas crianças 
aprendem rapidamente e outras levam mais tempo para aprender, daí é que nascem as 
desconfianças e a imaginação nefasta de que há professores que gostam ou perseguem 
os alunos. Esse é o lado desgastante de nossa profissão e garanto que é muito difícil tentar 
modificar essa visão distorcida da sociedade. A ideia de medir e valorar provas e tarefas 
também ganha necessidade para o professor justificar uma reprovação no Ensino Médio, 
quando os pais entram com um recurso junto à Diretoria Regional de Ensino e o recurso 
chega à instância do Conselho Estadual de Educação, pois fica muito difícil argumentar a 
partir a avaliação global do aluno. Por isso todos os registros acabam constituindo o 
processo do aluno. Veja você a contradição em que vivemos: no ensino fundamental 
quando por lei, há progressão dos alunos e apenas retenção (jamais reprovação) ao final 
dos ciclos, a sociedade grita que quer a volta da reprovação. Mas quando se chega o Ensino 
Médio quando a reprovação é prevista por lei, os pais recorrem para que seus filhos sejam 
aprovados. Há necessidade de darmos informações precisas e embasadas na legislação 
para as famílias e a sociedade. 
 
 Na tentativa de mudar as concepções de educação e de avaliação para moldes mais 
avançados, muitas escolas acabam optando por transformar todos esses conceitos dos 
objetivos cognitivos, atitudinais e comportamentais em nota ou conceitos, deixando de lado 
a concepção mediadora de ensino/ aprendizagem. 
 
 O grande desafio da Educação ainda é implementar um sistema que expresse de 
forma razoável a evolução de saberes e aprendizagens de um estudante, tanto que Jussara 
Hoffmann se dedica a desenvolver estudos no sentido de “avaliar para promover”. Não uma 
promoção burocrática, mas uma avaliação para promover o desenvolvimento moral e 
 
 
36 Planejamento e Avaliação na Educação Especial 
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intelectual. Avaliar para promover a cidadania do aluno, como um sujeito digno de respeito, 
ciente de seus direitos e que tenha acesso a todas as oportunidades que a vida social possa 
lhe oferecer. Por isso é preciso promover a aprendizagem significativa que busque a 
formação de um aluno pesquisador, autor, autônomo para ir além da sala de aula e poder 
usufruir dos benefícios da Internet, ou seja retirar da rede internacional de informação (NET) 
conhecimentos, pesquisas para seu crescimento pessoal a não se limitar ao vício das 
sufocantes mensagens de redes sociais. 
 
 Espera-se sim, que na escola haja a realização de testes e tarefas, mas com a 
finalidade de auxiliar e orientar o aluno para uma aprendizagem cada vez mais significativa. 
 
 Voltando ao pensamento de Jussara, ela declara que para a avaliação mediadora 
chegar à escola é preciso, em primeiro lugar, que princípios sejam fundamentados, muito 
mais do que se transformar metodologias, pois as metodologias são decorrentes da clareza 
dos princípios avaliativos. São três os princípios defendidos pela prática avaliativa 
mediadora. O primeiro princípio é o de uma avaliação a serviço da ação. Toda investigação 
sobre a aprendizagem do aluno é feita com a preocupação de agir e de melhorar a sua 
situação. Uma avaliação que prevê a melhoria da aprendizagem. O segundo princípio é o 
da avaliação como projeto de futuro. Melhor explicando: a avaliação tradicional justifica e 
documenta a não-aprendizagem. Ela olha para o passado e não se preocupa com futuro. 
Em uma cultura avaliativa mediadora, por exemplo, 20% do tempo em que os professores 
estiverem reunidos em conselho de classe, eles irão discutir o que vem acontecendo com 
seus alunos e, no restante do tempo, vão encaminhar propostas pedagógicas para auxiliar 
os alunos em suas necessidades. Essa é uma avaliação como um projeto de futuro. O 
terceiro princípio que fundamenta essa metodologia é o princípio ético. A avaliação, muito 
mais do que o conhecimento de um aluno, é o reconhecimento desse aluno. Cada aluno é 
importante em suas necessidades, em sua vivência, em seu conhecimento. Não há regras 
gerais e nem normas que valham para todas as situações. Alunos com necessidades 
especiais precisam de atendimento especial. Não há tempos padronizados para todos, mas 
há, sim, clareza de princípios, parâmetros de qualidade estabelecidos em consenso pelos 
professores, uma proposta político-pedagógica clara para que a prática avaliativa seja 
coerente com o que a escola pretende. Como conclusão deixo o pós-escrito para expressar 
a minha adesão aos estudos de Jussara Hoffmann. 
“Avaliação é sinônimo de evolução!” 
 
 
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9. SUGESTÕES DE JUSSARA HOFFMANN PARA ADOÇÃO DA 
AVALIAÇÃO MEDIADORA PELAS ESCOLAS 
 
Objetivo 
Por reconhecer que mudanças em sistema de avaliação geram mais polêmicas do 
que consensos, apresento nesta última sessão do Guia da Disciplina – a fim de submeter 
à sua reflexão – algumas sugestões da professora Jussara pelas quais eu tive muito 
interesse e já fiz algumas poucas tentativas na busca de uma forma de avaliar mais livre de 
tensões e pressões e que possa desencadear novas formas de aprender. 
 
Introdução 
Mesmo não obtendo êxito na minha busca de avaliação e aprendizagem 
significativas, compartilho com você algumas orientações que podem ir ressignificando sua 
atuação pedagógica. 
 
Desenvolvimento 
Para que haja a transformação de uma prática de avaliação tradicional, centrada nas 
provas finais, na recuperação com hora marcada, Jussara Hoffman oferece algumas 
experiências para se alcançar um processo de avaliação contínua mediadora. Para que

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